Hoje era Sexta, então depois das aulas, eu fui até a biblioteca. Estou determinada a descobrir o que aconteceu comigo naquele dia em que ataquei o Malfoy. O único problema é que eu não faço ideia por onde começar...

Você por acaso já teve que procurar algo que nem sabia o que era? É frustrante!

Comecei a procurar coisas como “olhos em chamas”, “raiva descontrolada”, “Motivos para perda de memória”, mas não achei nada disso. Bufei na cadeira em que eu estava, em frente a uma mesa cheia de livros que não me serviram pra nada.

Pensa, Evanna, o que aconteceu exatamente? Bem, o Malfoy te provocou, você sentiu uma raiva descomunal, então seus olhos ficaram em chamas e você atacou ele, só que você não se lembra disso. Depois você desmaiou e acordou na ala hospitalar.

Isso parece magia das trevas... será que... ? É, vou precisar da capa de invisibilidade do Harry, porque vou ter que olhar a seção reservada.

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Depois de passar o resto da tarde na biblioteca, sem conseguir achar nada, eu me dirigi à sala precisa, para mais uma reunião da AD.

A sala estava bonita, toda decorada para o natal. Harry me disse que Dobby, o elfo doméstico, havia a decorado. Como dentro da sala não estava tão frio, tirei minha blusa e a joguei em um canto.

Hoje na reunião, Harry disse a todos que, como seria nossa última aula antes das festas, deveríamos repassar tudo que já aprendemos.

Começamos praticando a azaração Impedimenta, depois praticamos um pouco mais do Expelliarmus, então partimos para o feitiço de estuporamento.

Pude ver orgulho no rosto de Harry ao constatar o grande progresso de Neville. Ele realmente está muito bom agora!

Então no final da reunião, Harry chamou a atenção de todos para uma conversa.

– Muito bom! – Ele começou. – Todos aqui progrediram bastante! Bem, não vamos nos reunir até depois das festas, então quando voltarmos acho que podemos começar com algo mais importante, como o patrono!

Ouviram-se murmúrios de excitação pela sala. Ela foi se esvaziando aos poucos. E eu fui seguindo o fluxo. Haviam várias pessoas na minha frente e a sala ia se esvaziando demoradamente, em pequenos grupos, para garantir que não fôssemos pegos.

Quando finalmente saí, uma corrente fria me atingiu. Ah, eu esqueci minha blusa dentro da sala!

Entro de novo na sala e vou até o canto onde deixei minha blusa. Quando me viro para sair novamente, percebo que Harry e Cho ainda estão aqui. Em um canto. Se beijando! ALELUIA SENHOR!

Saio da sala sem fazer barulho para não atrapalhar os dois. Vou andando sozinha em direção ao salão comunal.

Nem acredito que aqueles dois finalmente se beijaram! Estou tão... pera aí... eu não estou feliz pelos dois como achei que estaria. Eu estou... chateada? Sim, eu estou me sentindo chateada, mas... por quê?

...

Ai. Meu. Deus.

Nesse momento eu parei de andar e levei minha mão à boca, arregalando os olhos.

Como pode eu perceber os sentimentos de todo mundo, mas não conseguir enxergar os meus? Eu não acredito.

Eu gosto do Harry!

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Depois que eu descobri ter um certo sentimento além da amizade pelo meu melhor amigo, eu resolvi que ninguém ia ficar sabendo. Harry gosta da Cho, eles se beijaram.

Okay, pensar nisso não ajuda.

Quando cheguei ao salão comunal, ainda haviam algumas pessoas lá, então passei despercebida e subi até o dormitório masculino, peguei a capa da invisibilidade do malão do Harry, me cobri com ela e desci.

Enquanto passava pelo salão comunal em direção ao buraco do retrato, pude ver Ron e Mione sentados em um sofá. Eles estão esperando Harry voltar. Provavelmente eles também perceberam que Harry ficou sozinho com a Cho e querem saber o que aconteceu.

Continuei meu caminho e saí do salão comunal, rumo à biblioteca. Não tinha ninguém lá, então caminhei sem medo até a seção reservada.

Passei por cada corredor olhando cada título. Admito que alguns me chamaram a atenção, mas quis focar na minha “missão”, que era achar algo que me explique o que se passa comigo.

Continuo olhando título por título, até que um me chama atenção. “Demônios internos”.

No começo não achei que aquilo pudesse ter algum valor, mas depois lembrei da letra de uma das minhas músicas favoritas. “Look into my eyes, it’s where my demons hide” (Olhe nos meus olhos, é onde meus demônios se escondem).

Tudo começou quando meus olhos entraram em chamas, então... será? Bem, não custa ver.

Abri o livro e comecei a lê-lo. E tenho certeza de que é o livro certo

“Demônios internos são lembranças ruins, e quando existem em imensa quantidade, tendem a não ser muito saudáveis. Rancor e mágoa também formam esses demônios. Eles não são demônios de verdade, isso é apenas um nome simbólico. Pois em momentos de extrema raiva, a pessoa é tomada por esses maus agouros e se descontrola, não respondendo pelos seus atos e geralmente não se lembrando do ocorrido. Porém isso não acontece com todas as pessoas que possuem demônios internos, apenas com as que escondem seus sentimentos. Não desabafar faz com que os sentimentos reprimidos também se transformem em demônios, e do tipo mais forte.”

Sim... é exatamente isso. Eu tenho muitas lembranças infelizes... digamos que eu não tinha uma vida muito feliz no orfanato. Eu também guardo muito rancor... e principalmente, não expresso meus sentimentos.

Eu não acredito que o fato de que eu escondo meus sentimentos faz com que eu vire uma louca descontrolada em momentos de extrema raiva. Ou como o nome simbólico que consta no livro diz, um demônio.

Agora eu tenho duas opções: começar a compartilhar meus sentimentos e evitar que eu faça coisas imprudentes, ou continuar vivendo minha vida como sempre vivi já que em 15 anos isso só aconteceu uma vez.

Prefiro a segunda opção.

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Quando voltei ao salão comunal, ele estava completamente vazio. Melhor assim, no momento não estou afim de compartilhar minha descoberta. Bem, na verdade descobertas, que eu tenho demônios internos e que eu gosto do Harry.

Ainda estou com a capa da invisibilidade... ah, eu devolvo amanhã. Posso inventar que fiquei com fome de madrugada e peguei a capa para ir até a cozinha.

Subi até o dormitório feminino, coloquei meu pijama e me joguei na cama. E a música do Imagine Dragons na minha cabeça.

“I wanna hide the truth, I wanna shelter you

But with the beast inside, there’s nowhere we can hide

No matter where we’re breed, we still are made of greed

This is my kingdom come, this is my kingdom come”

(Eu quero esconder a verdade, eu quero te proteger

Mas com a besta aqui dentro, não tem onde se esconder

Não importa onde crescemos, ainda somos feitos de ganância

Esse é meu reino de amanhã, esse é meu reino de amanhã)