~Pov Hermione

Três horas da manhã e eu ainda não peguei no sono. Me levantei e deixei o quarto tentando encontrar algo interessante pra fazer e vi Draco sentado pensativo sem ao menos piscar e rapidamente a lembrança do beijo veio até mim. Eu sacudi a cabeça tentando afastar meus pensamentos, mas foi em vão, as lembranças agora eram do dia em que ele me mostrou a Marca Negra. Ele estava sentado com os cotovelos apoiados nos joelhos e de blusa de mangas curtas deixando aquela Marca bem visível em seu braço.

–Ainda acordada? –Ele perguntou sem olhar pra mim.

–Estou. –Respondi. –O que faz acordado há essa hora?

Ele se levantou e ficou de frente pra mim. Eu ainda olhava para a Marca Negra ali e ele percebeu já que rapidamente pegou uma jaqueta que estava no sofá e colocou tampando-a.

–Só estava pensando. –Ele respondeu triste por ver que eu ainda ficava abalada por olhar aquilo.

–Pensando em quê?

–Em você. –Eu suspirei triste.

–Draco... –Eu tentei falar, mas ele chegou perto de mim e colocou a mão em meu rosto o que me causou um arrepio por todo o corpo e me fez perder toda a força que impedia minhas lágrimas de cair.

E foi aí que aconteceu o mais estranho. Ele poderia ter me beijado ou tentado me convencer a voltar, mas Draco simplesmente me abraçou e eu não tentei me soltar, pelo contrário. O puxei para mais perto chorando silenciosamente e soluçando. Ele me envolveu com firmeza afogando meus cabelos e pressionando o rosto contra minha cabeça.

–O que eu tenho que fazer pra nunca mais te ver chorar? –Ele perguntou e eu apenas balancei a cabeça. –Eu sinto tanto e eu sei que pedir desculpas não vai mudar nada, mas eu não vou aguentar se você não me perdoar. –Eu levantei os olhos e encontrei a imensidão acinzentada mais uma vez, eu me sentia tão segura ali.

“Eu sei que deveria te deixar em paz e encarar o fato de que você não quer mais olhar pra mim, mas eu não consigo Hermione! Eu não vou desistir de você, não se esqueça disso, mas se o problema sou eu ou o que eu me tornei eu vou te deixar ser feliz e seguir a vida. É isso o que quer?”

–O que quer dizer com isso? –Perguntei soluçando e ele beijou minha cabeça.

–Será feliz se não me ter por perto? –Ele perguntou me soltando.

–Draco eu não estou entendendo. –Falei preocupada.

–Eu estou pensando em deixar a escola. –O Sonserino respondeu e eu chorei ainda mais. Por mais que estivesse assustada eu não queria perdê-lo.

Foi quando resolvi fazer a primeira coisa que me veio em mente, simplesmente lhe dei um tapa bem forte no rosto por apenas me propor aquilo. Eu comecei a dar socos e tapas em seus ombros, no peito, em qualquer lugar que eu alcançasse.

–ACHA QUE PODE SIMPLESMENTE IR EMBORA?! –Eu gritei chorando e ainda batendo nele, que tentava se defender. Tinha sucesso algumas vezes, mas em outras fracassava. –SAIR ASSIM?! EXPERIMENTE IR EMBORA DRACO MALFOY, EU SEI ONDE VOCÊ MORA E POSSO IR ATÉ LÁ SÓ PRA TE DAR UM CRUCIO! –Ele deu um leve sorriso porque ficou claro que eu não o queria longe de mim enquanto continuava tentando me segurar. –EU NÃO AGUENTEI LILÁ, LUCY E PANSY PRA VOCÊ IR EMBORA E ME DEIXAR! EU VOU TE BATER!

–Já está me batendo. –Ele disse com um sorriso nos lábios.

–ENTÃO EU VOU TE BATER MAIS! VOCÊ É UM IDIOTA! PATÉTICO! IMBECIL! –Gritei quando ele conseguiu segurar meus pulsos e então apenas o encarei com raiva.

Eu ainda chorava e tinha uma enorme vontade de lhe dar um Crucio e então ele me beijou. Eu não quis corresponder no início, mas ele era Draco Malfoy e eu não resistia aos seus beijos. Ele sabia muito bem disso já que sorriu. ELE É UM CANALHA! Um canalha que beija muito bem por sinal. Assim que eu me lembrar quem eu sou ou o que estou fazendo – coisas que ele me faz esquecer tão facilmente – ele vai se ver comigo.

O loiro soltou um dos meus pulsos devagar e quando percebeu que com aquele beijo ele estava levando embora toda a minha raiva e vontade de matá-lo – depois faço isso – ele soltou o outro passando uma das mãos em minha nuca e a outra em minha cintura.

Agarrei com força sua jaqueta puxando-o desesperadamente pra mim e ele pressionou seu corpo contra o meu. Meus pulmões gritaram por ar e nós nos separamos. Ele encostou sua testa na minha e fechou os olhos, ofegante.

–CANALHA! ARROGANTE! –Voltei a gritar fazendo-o gargalhar e então ele me puxou me beijando mais uma vez.

Onde será que está minha varinha?! Mesmo que eu a encontrasse eu não saberia feitiço nenhum, nem meu nome, mas o nome dele era a única coisa em minha cabeça. Quando dei por mim eu já estava tirando sua jaqueta e sua blusa jogando-as no chão.

Ele sorriu e rapidamente tirou minha camisola jogando-a ao lado de suas roupas e surpreendendo-se porque eu não estava usando sutiã. Ele pegou minha cintura e me puxou pra si selando nossos lábios mais uma vez. Eu o beijava com raiva e arranhava sua nuca com força, mas ele estava merecendo tudo isso.

O loiro me encostou na parede colando seu corpo ao meu e descendo os beijos pelo meu pescoço até que chegou aos meus seios. Ele me dava mordidas e chupões fazendo-me gemer baixinho, por fim ele levou sua mão até a minha intimidade e eu gemi cada vez mais.

Quando eu estava quase chegando ao ápice ele me pegou no colo e eu prendi minhas pernas em sua cintura. O Sonserino me levou até o sofá, me deitando lá e cobrindo meu corpo com o seu. Eu tirei sua calça e ele desceu os beijos para o meu pescoço acariciando todo o meu corpo com calma, devagar, como se eu fosse quebrar a qualquer momento, tendo todo o cuidado do mundo comigo.

Mas ele parou de repente apenas acariciando meus cabelos e olhando atentamente em meus olhos. Por que tudo isso tinha que acabar? Eu sei que ele faria tudo por mim assim como eu faria por ele. E mesmo que meu coração estivesse tão ferido naquele momento ele ainda estava lá.

Nem percebi quando apenas uma lágrima escapou dos meus olhos. Ele sabia que eu sentia medo do que poderia acontecer se continuasse com ele, estaria sendo tola se não tivesse, mas eu ainda o amava mais que tudo, talvez por isso eu estava com tanta raiva. Ele me deu um selinho e secou minha lágrima, eu nem precisei pensar apenas o beijei mais uma vez.

Tirei sua cueca e ele tirou minha calcinha, penetrando sem aviso me fazendo gritar. Eu o abracei enquanto ele beijava meu pescoço de novo. Eu comecei a arranhar suas costas com força, ele merecia minha raiva, como pensou que eu ficaria bem sem ele aqui? Por mais que eu quisesse não conseguiria odiá-lo.

Quando acabamos eu me dei conta de tudo o que aconteceu. Eu não me arrependia de nada que tínhamos feito naquela noite, e depois que eu vi aquele sorriso lindo em seu rosto e os seus olhos brilhando eu me senti bem – mas ainda irritada. Draco me abraçava de um jeito tão protetor.

–Pelo visto alguém não quer que eu vá embora. –Ele murmurou rindo em seguida.

–Eu devia te matar apenas por me beijar enquanto eu estou te agredindo! – Peguei minhas roupas que ficaram espalhadas pela sala e jogando almofadas nele fazendo-o rir. –NÃO TEM GRAÇA DRACO MALFOY!

–Você é a garota mais perfeita desse mundo Hermione Granger. –Eu corei e ele riu mais uma vez fazendo-me bufar irritada e lhe jogar mais algumas almofadas.

–SE VOCÊ FICAR SEM COMER HOJE DE NOVO VOCÊ MORRE! –Eu disse antes de correr para o banheiro para tomar um banho já que estava de manhã e logo iríamos tomar o café da manhã.

Quando saí do banho ele estava do mesmo jeito que o deixei. Deitado no sofá com várias almofadas em cima e o mesmo sorriso lindo nos lábios, não tinha nem sequer se vestido. Então ele se levantou e veio até mim me roubando um selinho.

–Deveria ter se vestido. –Falei irritada cruzando os braços.

–Não é nada que você não tenha visto. –Ele repetiu o que eu disse ao tirar sua blusa no dia anterior me deixando ainda mais com raiva.

–Não pense que só porque isso aconteceu nós vamos voltar, foi só um momento de...

–Não se preocupe, eu entendi bem. Você está com medo e eu não a culpo por isso, mas isso não significa que eu não tenho chances. –Ele me deu mais um selinho e entrou correndo no banheiro.

Fui até o meu quarto e troquei de roupa pensando no que tinha acontecido. Eu me sentia em uma bolha de sentimentos que o rodeavam. Ainda sentia raiva por ele ter pensado em me deixar e pelas brincadeirinhas típicas de antes do nosso namoro, mas acima de tudo eu sentia saudades dele, de dizer que ele era meu.

~Pov Draco

E a única certeza que eu tenho depois dessa noite é que eu não vou desistir dela, não mesmo.

Eu fui para o café da manhã e quando me sentei procurei Hermione com os olhos. Ela estava ao lado do Potter e do Weasley me encarando com ódio. Da próxima eu escuto o que ela tem a gritar primeiro, deixo ela me bater e só então a puxo pra mim como sempre tem que ser.

–O que você fez dessa vez? –Pergunto Blás enquanto eu comia uma torrada.

–Huum? Do que está falando?

–Ela está te encarando desde que entrou no salão, e caso não tenha percebido, ela está girando uma faca. –Eu lancei mais um olhar e ela realmente fazia isso.

–Eu disse que iria embora da escola, então ela começou a gritar e me bater feito uma louca então eu a beijei, nós passamos a noite juntos e cá estamos.

–Sério que passaram a noite juntos? –Ele disse sorrindo e eu balancei a cabeça ainda comendo. –Vai mesmo embora?

–Não se preocupe, ainda terá que me aturar. Hermione me ameaçou, se eu for embora ela me mata.

–Ainda vai desistir dela?

–Não, eu ainda amo aquela sabe-tudo mesmo que ela me odeie.

–Ela não te odeia.

–Cara, ela tá com uma faca. –Nós rimos.

Depois do almoço vou voltar para aquele armário idiota, tem muito tempo que não toco naquela velharia. Fui pegar um copo de suco, mas assim que o segurei minha Marca voltou a queimar fazendo-me soltá-lo rapidamente. O copo caiu e Blás me olhou assustado. Por sorte o correio chegou, desviando a atenção de mim.

“Eu sei de tudo”

Ecoou uma voz em minha cabeça. A voz de Voldemort.

~Pov Hermione

Várias corujas entraram pelo Salão Principal e uma delas parou em cima da mesa de frente pra mim, Gina, Harry e Rony. Ficamos todos olhando o bicho, que ficou impaciente e começou a fazer um barulho irritante e alto com o bico, trazendo a nós a atenção de várias pessoas.

–Alguém pode, por favor, pegar esse saquinho?! –Disse Rony irritado. Ele realmente não tem paciência com animais.

–Vocês sabem de quem pode ser essa coruja? – Perguntou Harry e todos nós negamos, então Gina pegou o saquinho e abriu tirando de lá uma pulseira linda e brilhante que não deve ter sido nem um pouco barata. Tinha um envelope pequeno que ela abriu junto com Harry. A coruja saiu voando feliz e o casal deu o cartão e a pulseira pra mim.

–É p-pra mim? –Todos me olhavam e os dois balançaram a cabeça. Eu peguei o cartão e o abri curiosa para saber quem foi.

“Não quero que fique brava pela noite. Por você eu posso esperar o tempo que quiser morena. Espero que essa poção sempre tenha o mesmo cheiro que tinha quando estávamos juntos.”

Examinei melhor a pulseira prateada, era realmente perfeita. Tinha um pingente médio em formato de coração. Uma metade dele vermelha com o pequeno brasão da Grifinória e a outra metade verde com o pequeno brasão da Sonserina. Dentro do coração havia um liquido, parecia uma poção, mas estava fechado, impossível de abrir, apenas seu cheiro era o que eu sentia. Com certeza era Amortentia reconheci porque tinha o cheiro dele.

Olhei para a mesa das serpentes procurando Draco – ainda não sei quando e nem como ele saiu pra comprar isso – que deu um leve sorriso pra mim. Era tão lindo!

Mais tarde nos encontramos em um corredor. Ele estava com Lucy, Lilá e Parkinson, isso quase me fez dar meia volta, mas nós precisávamos conversar e não seriam aquelas três que me impediriam disso.

–Draco? – Eu chamei e ele se virou rápido.

–Sim? - As três me encaravam com nojo e raiva por estar ali mesmo depois de termos terminado e eu fiquei com medo da reação dele por estar ali no meio delas sozinho, então abracei meus livros com força e respirei fundo.

–Será que podemos conversar? –Eu pedi e Lucy o abraçou.

–Que eu saiba vocês terminaram Granger. –Disse Lilá e ele revirou os olhos.

–Vem comigo. –Ele falou seguindo até o banheiro da Murta que Geme. Ela estava lamentando por sua morte – de novo – por isso nos ignorou. Nós colocamos os livros em algum lugar qualquer no banheiro e então eu resolvi perguntar o que tanto me intrigava.

–O que significa isso? –Perguntei mostrando-lhe a pulseira fazendo-o sorrir colocando as mãos nos bolsos. –Se acha que vai melhorar a sua situação, acredite, não vai.

–Você gostou? –Ele perguntou ignorando o que eu disse por ultimo.

–Olha eu não posso aceitar, isso com certeza foi caro e... –Falei colocando a pulseira na mão dele.

–Você gostou? –Ele repetiu a pergunta.

–Eu amei, mas mesmo assim...

–Aceite, por favor.

–Vai fazer o quê se eu aceitar? Me agarrar de novo? Quem sabe um colar ou anel de brilhantes? –Falei cruzando os braços.

–Se não fossemos tão novos e se você não me odiasse agora eu te daria um anel de brilhantes, além de perguntar se você aceitaria ser a senhora Malfoy. Por favor, aceite e eu prometo que é o último. –Eu não respondi, ele estava insinuando casamento? –Por favor?

–Draco, não...!

–Okay então vou sair e comprar mais e mais. –Ele sorriu.

–Saiba que isso não muda nada. – Falei entendendo o braço para que ele colocasse em mim, e ele fez isso com um sorriso no rosto.

–Por favor, volta pra mim? –Ele pediu. Seus olhos agora estavam da cor de tempestade e ele estava sério.

–Draco, por favor, não me peça isso depois de tudo. –Respondi desviando o olhar já com vontade de chorar.

–Hermione o que quer que eu faça? –Ele segurou meu rosto fazendo-me olhar em seus olhos. –Assim como você me perguntou uma vez eu vou te perguntar também: O que eu sou pra você?

–Eu não sei, você é diferente, é como uma areia movediça pra mim! –Respondi e as lágrimas desceram todas de uma vez.

–O que? –Ele perguntou se afastando um pouco de mim.

–Eu sei que seria esperta em ir embora e te deixar aqui sozinho, mas você é minha areia movediça! Você me prende e me impede de sair, e eu sei que ficar com você é imprudente, mas mesmo assim Draco eu gosto!

“Eu não sei se ficar perto de você é uma escolha ou uma necessidade e eu estou ficando maluca! Quando fecho os olhos eu ouço a minha própria voz me pedindo pra você ficar, pedindo pra eu ficar e o seu nome fica ecoando na minha mente a noite inteira! Esse desejo, amor, tudo o que eu sinto por você é perigoso! Eu não estou me sentindo bem sabendo que o tipo de bruxo que você se tornou odeia bruxos como eu e que adorariam me torturar sem nenhum motivo!”

–Eu não sou como eles! Não quero perder você assim! Eu preciso de você Hermione e eu não posso mudar isso! Eu não sou como eles! –Ele repetiu.

–Se não fosse como eles não teria isso em seu braço esquerdo. –Respondi e ele cruzou o espaço que nos separava me beijando mais uma vez.

–EI VOCÊS DOIS! –Gritou Murta nos assustando fazendo com que parássemos o beijo e ficássemos com a testa encostada uma na outra. –MEU BANHEIRO NÃO É LUGAR PRA ESSAS COISAS!

–Por favor, não me beije de novo. –Implorei chorando ainda mais. –Eu não vou aguentar, por favor! –Seus olhos encontraram os meus e eu percebi que ali havia algumas pequenas lágrimas. –Por favor!

Ainda segurando meu rosto ele me deu um beijo demorado na testa e saiu do banheiro. Murta me encarava, mas eu nem liguei, apenas me sentei no chão frio abraçando minhas pernas e chorando mais.

Eu sentia que estava desabando sem ele, mas eu não podia continuar assim. Não podia deixa-lo pensando que ainda teríamos chances de voltar, ele precisava seguir em frente, quem sabe encontrar uma sangue-puro que ame do mesmo modo como um dia me amou, eu não sei. Só não queria prendê-lo a mim quando eu estava tão assustada e preocupada.

A guerra estava chegando, e nós não estaríamos juntos nela.