~Pov Hermione

–Sabe que foi cruel com ele não é? –Perguntou Murta me olhando enquanto eu ainda chorava no chão do banheiro. –Até eu que estou morta sei que é maldade.

–Vai embora Murta. – Mandei irritada enquanto ela se aproximava de mim.

–Ui que grossa. –Ela disse caindo na gargalhada depois, me fazendo revirar os olhos. –Tem certeza que quer que eu vá? Pense Hermione Granger, eu sei de tudo o que acontece por aqui, assim como sei que isso que acabou de fazer não foi nada justo. Já tentou descobrir o real motivo para todos esses acontecimentos? O motivo dessa Marca?

Eu arregalei os olhos assustada para Murta. Aquela garotinha chorona – no momento eu estou ficando pior que ela – sabia da Marca Negra, a pergunta que não quer calar é: Como ela sabia de tudo isso?

“Você deveria procurar saber, mas ele não vai falar com você. Vai te ignorar assim como pediu. Vai tentar te esquecer e você vai ficar aí chorando pelo bonitão em vez de pular nos braços dele.”

–C-como sabe tudo isso Murta?

–Não sei se você se lembra, mas EU ESTOU MORTA! –Ela gritou. –E QUANDO SE ESTÁ MORTA TUDO É UM TÉDIO! –Ela suspirou. –Então você começa a descobrir coisas sobre os alunos, inclusive que Harry começou a namorar aquela tal de Gina Weasley. –Ela torceu o nariz ao dizer o nome da ruiva. É sério que ela ainda tem uma queda pelo Harry?

–Pode me dizer o motivo de tudo isso?

–Qual seria a graça de te dizer o motivo? Pergunte a ele ou a alguém próximo. –Dito isso ela acenou pulando dentro do vaso sanitário.

Quem seria esse “alguém próximo”? Blásio? Será que ele sabia da Marca Negra e o real motivo de Draco ter se tornado um Comensal? Não, ele não estaria tão próximo dele se soubesse. Ou estaria?

“Vai tentar te esquecer e você vai ficar aí chorando pelo bonitão em vez de pular nos braços dele.”

Murta sabia o motivo e disse que eu não fui justa com ele. Será que ela estava mentindo? Oh meu Merlin eu me odeio e ele também. Fiquei o dia todo no banheiro e depois do jantar corri para o apartamento. Ele não tinha chegado ainda e isso era bom. Será que eu conseguiria evitá-lo? Ou melhor, será que eu conseguiria esquecê-lo?

~Pov Draco

–Draco nós vamos fazer uma festa no nosso Salão Comunal, o que acha? –Disse Pansy chegando perto de mim com um sorriso no rosto.

–Não estou no clima de festas Pan, me desculpe.

–Vamos! Vai ser divertido! Pelo menos pra tenta se animar um pouco e se distrair! –Lilá insistiu.

–Você vai Blás?

–Que escolha eu tenho? A música não vai me deixar dormir mesmo.

–Luna vai?

–Não. Ela não quer ir, disse que vai ajudar Gina com alguma coisa.

–Por favor! –Disse Lucy pegando minha mão. –Se não estiver divertido você pode ir embora, não vamos te impedir.

–Okay, okay, mas saibam que eu não estou no clima e que eu realmente vou ir embora se não estiver divertido. –Respondi e Lucy me puxou, roubando um selinho.

*-*

Eu estava no balcão de bebidas ao lado de Blás e Nott. A festa já tinha começado e a música rolava. Eu não estava me divertindo, mas ainda sim estava lá. Motivo? Bebida. Acabei com tudo o que eu tinha no apartamento desde que Hermione e eu terminamos.

–E como vai a Granger? –Perguntou Nott e eu não respondi, só virei um copo de Whisky. –Você ainda gosta dela não é? –Virei mais um sem respondê-lo. –Okay, já deu pra ver que sim. Cara, ela é uma sangue-ruim, mas eu entendo por que ficou com ela. –Eu o olhei interessado. Sério que ele me entendia? –Ela é bonita, gostosa e ainda por cima inteligente, não é comum achar uma garota assim.

–Cara eu acho melhor você mudar de assunto antes que eu mesmo te dê um soco. –Disse Blás e Nott revirou os olhos.

–Okay, como vai a Di-Lua?

–O nome dela é Luna e eu não vou falar isso de novo. –Disse Blás.

–Okay, okay, Luna. Ela vai vir? –Blás balançou a cabeça negando e Lucy se aproximou de mim.

–O que acha de dançar? –Ela pegou minha mão.

–Não, obrigado. –Respondi.

–Por favor? –Eu balancei minha cabeça negando e ela bufou, saindo nervosa.

–Vai ficar depressivo até quando? –Perguntou Nott. Ele já estava bêbado – e eu um pouco – e isso o deixava muito idiota. –Onde está o Draco Malfoy que eu conheço? O Draco Malfoy que não corria atrás de mulher nenhuma, onde ele está?

–Cara esse Draco Malfoy não existe desde o baile de máscaras do início do ano. –Respondi.

–Não liga, ele está bêbado. –Disse Blás.

–Malfoy a Lucy está dando em cima de você desde que colocou os pés nessa escola, não é homem o suficiente pra ir lá r ficar com ela? Era isso que o antigo Draco faria. Se você quer realmente esquecer a Granger não há nada melhor do que ocupar a cabeça com outra.

–Nott você já está bêbado demais, deixe de ser idiota e larga essa garrafa. –Blás pegou a garrafa de sua mão e eu me levantei.

–Ele tem razão, o único jeito de esquecer a Hermione é ocupando a cabeça.

–Não acredito que vai ouvir o que um cara bêbado que nem sabe mais o próprio nome disse! –Eu revirei os olhos ignorando Blás e indo até Lucy.

Eu a peguei pela cintura puxando-a pra mim e selando nossos lábios. De início ela não teve reação, apenas ficou com os olhos arregalados. Acho que ela não esperava essa atitude de mim depois de tantas vezes que lhe mandei ir embora. Apertei sua cintura e quando tentei aprofundar o beijo ela pareceu entender o que estava acontecendo e se recuperar do choque já que me puxou pra mais perto, correspondendo.

–O que foi isso? –Ela perguntou recuperando o fôlego e sorrindo assim que a soltei.

–Vamos dançar. –Falei pegando ela pela mão.

–Sério? –Eu balancei a cabeça e fui com ela até a pista de dança improvisada no meio daquele salão comunal. Eu a peguei pela cintura e ela colocou as mãos em meu cabelo, bem como Hermione fazia. –O que o fez mudar de ideia?

–O único jeito de esquecer a Hermione é ocupando a cabeça.

–Está me usando pra esquecer a Granger?

–Estou, por acaso se incomoda?

–De forma nenhuma. –Ela sorriu me puxando e me beijando.

Hermione estava lá, na minha cabeça. Ela pedia que eu parasse, mas se parasse eu não conseguiria esquecê-la nunca. Eu sabia que ela sempre estaria ali na minha mente, portanto teria que aprender a lutar contra isso.

Depois de um tempo dançando, Lucy e eu resolvemos ir para o sofá. Os amassos foram ficando mais quentes, mas Blás nos interrompeu, sentando-se no meio de nós dois.

–Como vão? –Ele perguntou e eu cruzei os braços.

–Não vê que estamos ocupados?! –Disse Lucy bufando irritada.

–E você não vê que eu não ligo? –Ele disse sorrindo fazendo-me revirar os olhos. –Pode vir aqui um minuto? –Ele me perguntou e eu bufei com raiva.

–Já volto. –Dei um selinho em Lucy e me levantei indo com Blás até o balcão de bebidas.

–Então vai ser assim? –Ele cruzou os braços irritado.

–Assim como? –Perguntei bebendo mais um pouco de Whisky.

–Vai ficar com qualquer uma que encontrar pra ver se esquece a Herms?! Com a Lucy?! Justo a Lucy que seu pai colocou aqui pra te vigiar?!

–Vai, vai ser exatamente assim! Eu vou pegar qualquer uma que aparecer, seja Lucy, Pansy ou Lilá! Eu não ligo mais, vou enlouquecer se não esquecê-la! Isso se ainda não enlouqueci.

–Tenta mais uma vez com a Hermione, por favor! É dela que você gosta, então lute por ela e peça desculpas por ficar com essa vadia quando está bêbado! –Eu gargalhei.

–Pedir desculpas? Cara, você viu como ela estava com o Weasley e mesmo que ela tenha dito que eles não estão ficando eu não dou uma semana pra começarem, e foda-se eu pego a vadia que eu quiser quando estou bêbado!

–Ela não ama o Weasley, ela ama você por mais imbecil que seja, então eu acho bom você ter juízo e pensar na garota que você ama e em como ela ficaria magoada se você simplesmente desistisse!

–Mais alguma coisa?

–Não, eu já disse tudo o que eu tinha pra falar. Só não faça nada de que vá se arrepender depois. –Dito isso ele me deixou sozinho. Eu bufei irritado e peguei dois copos de Whisky, um pra mim e um pra Lucy.

–Voltei. –Falei e ela veio me beijando. –Eu trouxe pra você. –Entreguei a ela a bebida e ela sorriu.

–Aposto que ganho de você.

–Sem chances, eu sou o melhor nisso. –Falei sorrindo.

–Quer apostar? –Eu balancei a cabeça assentindo. -1...2...3 e já! –Nós viramos e eu ganhei, rindo em seguida.

–Eu avisei Harrison.

–Vem, vamos até o quarto e eu te dou o seu prêmio. –Ela pegou minha mão e me puxou até o seu quarto. –Fico feliz que finalmente tenha ouvido a voz da razão e tenha deixado essa loucura de não ficar com ninguém.

–Desde quando Nott bêbado é a voz da razão? –Perguntei rindo.

–Não importa, nada mais importa. –Ela disse jogando seu vestido no chão, ficando apenas de calcinha e sutiã na minha frente.

Eu sorri e segurei sua cintura selando nossos lábios mais uma vez, mas ela me empurrou na cama e eu caí sentado. Lucy se sentou em meu colo prendendo as pernas em minha cintura e logo se livrou de minha camisa.

Ela me beijou enquanto rebolava sentada em meu colo. Eu segurava sua cintura puxando-a pra mim fazendo-a sorrir, deitei-a na cama segurando seus braços e descendo beijos por seu pescoço, seios, e descendo mais e mais a fazendo gemer, parando no cós de sua calcinha.

Eu ainda sentia Hermione ali. Ela me olhava magoada, de um jeito que eu só tinha visto duas vezes em minha vida: Quando a chamei de sangue-ruim pela primeira vez e quando lhe mostrei a Marca Negra.

“Ela não ama o Weasley, ela ama você por mais imbecil que seja, então eu acho bom você ter juízo e pensar na garota que você ama e em como ela ficaria magoada se você simplesmente desistisse!”

Foi o que Blás disse, mas como não desistir se ela implorou pra que eu não a beijasse mais? Eu não sei, mas mesmo que eu estivesse bêbado eu sabia que ainda tinha uma chance com ela. Se não tivesse ela teria me deixado partir quando lhe ofereci isso, se não tivesse ela não teria me beijado, se não tivesse ela não teria dormido comigo... Se não tivesse ela não teria chorado ao me pedir pra não beijá-la.

Parei os beijos e me levantei rapidamente daquela cama, me afastando de Lucy. Eu não disse nada, apenas peguei minha camisa e a vesti novamente.

–Ei, o que foi? –Perguntou Lucy se levantando estranhando minhas atitudes.

–Me deixa em paz. –Eu disse indo em direção à porta, mas ela parou na minha frente me impedindo de sair.

–Fala sério Malfoy! Vai fazer isso comigo de novo?!

–Não enche garota, a errada em criar esperanças mesmo quando eu disse que nunca ia acontecer foi você, agora sai da frente porque eu cansei. –Ela se aproximou de mim com um sorriso no rosto.

–Você sabe com quem está mexendo Draco? Vai me trocar pela Granger de novo não é? Encare os fatos, ela nunca mais vai olhar pra você. –A castanha gargalhou e cruzou os braços. –O que ela pensaria se soubesse da nossa noite juntos?

–Que noite juntos? Está falando dessa noite? A noite em que eu preferi mais uma vez que a minha Marca queimasse só de pensar na Hermione em vez de escolher ficar com você? Não me faça rir! –Eu disse cruzando os braços.

–Será a sua palavra contra a minha. –Ela ainda sorria, agora estava mais perto de mim, mas eu não recuaria. –O que ela pensaria se eu, a pobre grávida indefesa fosse abandonada pelo pai do bebê? Ela veria que monstro você é. Abandonar o próprio filho tsc, tsc, tsc, isso não se faz.

–Okay, você enlouqueceu. Você não está grávida de mim porque não aconteceu nada, só uns amassos. E outra coisa, eu nunca abandonaria meu próprio filho, nem se você fosse a mãe da criança – nesse caso eu abandonaria você e não o bebê – sabe por quê? Porque eu nunca vou ter filhos.

–Você esquece que eu posso muito bem deixar de tomar algumas poções e ficar com qualquer idiota que eu encontrar até que eu engravide. Lógico que você pediria um feitiço de DNA, mas até que tudo isso aconteça Hermione vai ter tempo pra ficar com o Weasley e te esquecer de vez.

Eu sorri e segurei seus braços empurrando-a com força na parede sem me importando se ela iria se machucar. Colei meu corpo ao seu e comecei a beijar seu pescoço, até que mordi o lóbulo de sua orelha.

–Aguardarei ansiosamente Lucya Owen, boa sorte com o seu planinho, mas depois que provarem que eu não sou o pai dessa criança quem vai cuidar dela? Você? –Falei com a voz rouca e com um sorriso nos lábios. –Terá de encarar suas responsabilidades como mãe solteira já que vai sair abrindo as pernas pra todo mundo aqui de novo e provavelmente não vai saber quem é o pai.

Talvez fosse o efeito do álcool ou qualquer outra coisa que me fez dizer metade do que saiu da minha boca, mas eu não me arrependia de nada. Assim como eu, Lucya Owen era uma criança frustrada. Pais comensais, família sempre em guerra, além dos traumas de infância que nos fazia ter horror às palavras: família e filhos, por isso eu sabia que se ela fosse fazer qualquer coisa não seria aquilo, a assustaria tanto quanto me assusta.

Eu simplesmente a soltei e desci as escadas encontrando Blás conversando com o pessoal do time de Quadribol. Eu fui até lá e o simplesmente disse:

–Conseguiu o que queria Zabini. –Depois fui para o apartamento. Resolvi tomar um banho demorado e após sair troquei de roupa, foi quando eu ouvi Hermione gritar.

Corri até lá rapidamente e abri a porta desesperado com a varinha já em minhas mãos. Ela ainda dormia, mas mesmo assim gritava. Eu a sacudi devagar para não assustá-la e ela acordou rapidamente, suada e ofegante.

~Pov Hermione

–Avada Kedavra! – O raio verde saiu da varinha de Lucius e acertou Draco no peito. Ele caiu morto no chão e eu me debrucei desesperadamente sobre seu corpo. –O Comensal da Morte que se apaixonou pela sangue-ruim... Ele é uma desonra para nós e nossa família. Fez de tudo para salvá-la, até mesmo quando ela o mandou embora, preferindo tornar-se um traidor do sangue e morrer.

Foi quando eu acordei assustada, eu sentia medo, dor e tristeza. Draco estava no meu quarto, me olhava de forma preocupada. Ele estava com o cabelo molhado e bagunçado, estava lindo, e seus olhos brilhavam intensamente.

–Hermione? –Ele chamou e eu o olhei com os olhos cheios de lágrimas. –Está tudo bem? –Eu não respondi, apenas pulei em seus braços o abraçando. De início ele não entendeu, mas depois retribuiu com um abraço protetor. –Ei, ei... –Ele segurou meu rosto fazendo-me olhar em seus olhos. –Por que está chorando?

–E-eu tive um pesadelo. –Respondi escondendo meu rosto e puxando-o mais pra mim.

–Quer falar sobre isso? –Eu balancei minha cabeça negando e ele se levantou. –Draco espera! –Eu quase gritei, e ele se virou me encarando. –Fica aqui comigo, por favor?

–Só vou pegar um copo d’água pra você, depois não vou a lugar nenhum. –Ele disse com um pequeno sorriso no rosto. Alguns minutos depois ele voltou, me entregando o copo e se sentando na cama, ao meu lado.

Eu me aproximei e um pouco relutante encostei-me a seu peito. O loiro acariciou meus cabelos como fazia quando namorávamos para que eu dormisse. Eu levantei os olhos encontrando os seus e ele veio se aproximando mais até que paramos com o nariz encostado um no outro, eu sentia sua respiração, e nossos lábios estavam quase se tocando mais uma vez.

Dessa vez eu não podia negar, tudo o que eu queria era um beijo dele para me deixar bem, mas ele desviou o rosto me dando um beijo demorado na bochecha. Eu sabia que se ele fizesse o que eu pedisse eu sairia machucada, mas não pensei que seria tanto. Assim como Murta disse, ele faria o que eu pedi.

–Boa noite meu amor. –Ele murmurou fechando os olhos, mas continuando a acariciar meus cabelos.