~Pov Hermione

Quando saí da sala precisa com Luna e ela foi para o quarto eu corri para o apartamento. Antes de entrar fui surpreendida por Blás e Lilá saindo nervosos do apartamento, ele tinha um frasco de poção na mão esquerda.

–Blás o que foi? –Perguntei assustada.

–Ele é um idiota! A mesma criança mimada e teimosa que entrou aqui aos 11 anos, não mudou nada!!

–A febre só está piorando! –Completou Lilá cruzando os braços.

–Ele não quer tomar a poção não é? –Perguntei e eles assentiram. –Acham que se eu tentar ele vai aceitar?

–A possibilidade é bem maior. –Eu balancei a cabeça suspirando e estendi a mão.

–Pode deixar que eu faço isso. –Blás sorriu e me entregou a poção.

–Por que vocês não conversam sobre o motivo da briga e depois voltam?

–Não é tão simples Blás. –Respondi. –Ele se alimentou direito hoje?

–Sim, conseguimos fazê-lo comer. –Respondeu Lilá.

–Ei Mione, obrigado pela ajuda. –Começou Blás. –Sei que vai ser difícil pra você falar com ele depois que terminaram. –Eu balancei a cabeça concordando e olhando para a poção.

–Me deseje sorte com esse teimoso. –Murmurei e ele sorriu seguindo o caminho junto com Lilá.

Antes de entrar no apartamento eu fui até a cozinha e pedi aos elfos uma maçã-verde já que sei que ele gosta. Quando voltei respirei fundo e bati na porta do quarto dele, entrando em silêncio.

Eu o encontrei sentado fazendo o dever na escrivaninha de costas pra porta. Draco usava a blusa de frio do uniforme mesmo nesse calor.

–Blásio eu vou falar pela ultima vez: Eu. Não. Vou. Tomar. Isso. –Ele disse pausadamente sem se virar e ainda escrevendo. –Não adianta me ameaçar.

–N-não é o Blás. –Murmurei e ele se virou pra mim me olhando surpreso. –Eu trouxe pra você. –Eu dei um leve sorriso e coloquei a maçã ao lado de seu dever fazendo-o sorrir.

–Obrigado.

–Você está melhor? –Perguntei e ele assentiu. Eu me aproximei lentamente e coloquei minhas mãos em seu rosto suspirando triste ao perceber que estava com muita febre. –Ainda está com febre. –Ele desviou o olhar para o chão e eu tirei a poção do bolso estendendo para que ele pegasse. –Toma, isso vai te deixar melhor.

–Não, eu não preciso disso.

–Draco você vai beber essa poção. Está com muita febre, vai ficar pior! –Falei e ele se levantou da cadeira parando a poucos centímetros de mim.

–Eu não quero.

–Pega, por favor?

–Não, eu estou bem assim.

–Você tem cinco segundos para deixar de ser teimoso e tomar essa poção. –Ele ficou imóvel, apenas olhando atentamente em meus olhos. O loiro estava perto demais, e por mais que todos os meus instintos me dissessem para recuar eu não o fiz. –Draco, por favor, bebe isso! –Eu quase implorei. –E tira essa blusa, você vai morrer de calor aí dentro!

Eu tirei sua gravata e logo em seguida comecei a abrir os botões de sua blusa. Quando joguei a blusa e a gravata em cima da cama e o olhei novamente reparei na Marga Negra, ela ainda estava ali para me lembrar do motivo do término e de tudo aquilo. Ele percebeu que eu estava olhando já que suspirou triste, então eu me virei e fui até suas roupas pegando uma blusa verde sem mangas que encontrei e lhe entregando. O Sonserino a pegou e olhou pra mim estranhando tudo o que eu estava fazendo.

–O que foi? Não é nada que eu não tenha visto. –Respondi olhando em seus olhos azuis acinzentados e sorrindo. Ele sorriu também e colocou a blusa. –Pode me responder uma pergunta? –Ele não respondeu, apenas cruzou os braços e me olhou sério. –Por que saiu da sala daquele jeito? Eu sei que não ficou tonto.

–Por que eu me odeio por fazer você chorar. –Ele colocou minha franja atrás da minha orelha e eu abaixei minha cabeça me arrepiando com o toque. –Agora é sua vez de responder a uma pergunta minha. –Eu o olhei esperando dizer a pergunta. -Por que está cuidando de mim? Você deveria me odiar agora, eu nem sei como ainda não fui preso.

–E-eu... –Murmurei e em seguida suspirei olhando em seus olhos. –Se eu responder você tem que beber a poção.

–Talvez eu beba.

–Talvez? Lógico que não! Você vai beber!

–Um talvez é melhor que um não. –Ele deu um sorriso e eu bufei irritada enquanto cruzava os braços. Se ele quer mesmo saber o motivo tudo bem, mas se não tomasse a poção eu o obrigaria nem que tivesse que amarrá-lo pra isso.

–Okay, você quer a resposta então vai ter! –Ele cruzou os braços também e me encarou atentamente se sentando na escrivaninha em que estava fazendo o dever quando eu cheguei. –Eu estou cuidando de você porque talvez eu esteja pensando em você desde que acordei! Ou talvez eu não consiga parar de olhar aquela maldita foto que Gina tirou no nosso baile de Natal quando estávamos nos beijando depois daquela briga! –Eu nem tentei segurar as lágrimas dessa vez, eu sabia que seria uma tentativa inútil.

“Quem sabe seja porque talvez eu não consiga tirar tudo de bom que vivemos juntos da cabeça e fico revivendo esses momentos até eu chorar! Ou talvez seja porque eu só quero esquecer que nós dois terminamos Draco Malfoy! Eu só quero estar em seus braços mais uma vez mesmo com medo do que você se tornou! Eu estou fazendo tudo isso porque eu me importo com você, eu me preocupo e por mais que eu queira te odiar eu não consigo porque eu ainda te amo, esse foi o motivo para que eu não tenha conseguido te entregar aos dementadores! ENTÃO PEGA LOGO ESSA POÇÃO ANTES QUE EU ACABE TE OBRIGANDO A FAZER ISSO!”

Draco se levantou e se aproximou de mim mais uma vez parando a poucos centímetros. Ele pegou a poção e colocou em seu bolso, e então secou minhas lágrimas.

–Quantas vezes vou ter que dizer que eu odeio quando chora? Principalmente quando o motivo sou eu. –Eu olhei em seus lindos olhos azuis acinzentados mais uma vez e foi como se eu me esquecesse de todos os problemas. –Não chore por mim, muito menos por isso. –Foi o que ele disse antes de selar nossos lábios.

Um beijo para matar a saudade. Era carinhoso e calmo fazendo com que minhas pernas ficassem bambas e trêmulas assim como minhas mãos. As únicas coisas que me seguravam de pé me impedindo de cair eram suas mãos em minha cintura. Eu ainda estava em choque, mas isso não me impediu de levar minhas mãos ao seu cabelo e puxá-lo mais pra mim. Eu ouvi um gemido de dor que me deixou preocupada quando ele me segurou com mais firmeza, acho que ele sabia que se me soltasse eu iria cair.

Quando perdemos o fôlego e eu firmei minhas pernas no chão ele me soltou devagar. Por mais que eu quisesse continuar ali em seus braços eu simplesmente saí de lá tentando entender o que aconteceu, correndo até Luna. Quando a encontrei ela estava com Blás.

–Ele vai beber a poção. –Falei parando para recuperar o fôlego e os dois sorriram.

–Eu sabia que você conseguiria. –Blás disse sorrindo.

–Luna não dá pra continuar assim. –Falei preocupada com o que aconteceria se eu continuasse tentando conversar com Draco sem me importar com a presença de Blás ali, Draco contaria pra ele mesmo.

–Assim como?

–Nós nos beijamos!

–Vocês voltaram? –Ele perguntou abraçando a loira, ambos sorridentes.

–Não. –Respondi. –Como eu disse: não é tão simples.

–Vocês dois são teimosos, isso sim! –Disse Luna e eu revirei os olhos.

–Eu vou pra biblioteca, tenho muita coisa na cabeça.

~Pov Luna

–Oh meu Merlin por que justo o casal mais teimoso do mundo é o que temos que ajudar? –Perguntei cruzando os braços.

–Como fez os dois conversarem? –Blás perguntou.

–Apenas disse algo que minha mãe falava pra ela. –Respondi lhe dando um selinho. –Agora vá até o quarto dele e veja como ele está. Finja que não sabe do beijo e veja o que ele vai falar.

–Okay. –Ele me deu um selinho e seguiu para o apartamento onde Draco estava.

~Pov Draco

–Você é bom, mandou a Hermione me entregar a poção já que sabia que eu não recusaria por muito tempo. –Falei sorrindo para Blás por mais que minha Marca Negra estivesse queimando desde que ela se aproximou de mim.

–Ela falou com você?

–Falou e nós nos beijamos.

–E vocês voltaram?

–Ela ainda está com medo do que eu posso fazer se voltar.

–Fala com ela!

–Não, eu vou deixá-la em paz. Como a convenceram a voltar a falar comigo?

–Agradeça a mãe da Luna. –Eu o encarei estranhando já que eu sabia que a mãe dela morreu quando ela era pequena. –Luna disse algo que a mãe costumava dizer para que a Herms pelo menos olhasse na sua cara.

–Aah sim. Sabe onde Hermione está?

–Biblioteca como sempre. É verdade que você beijou a Lucy? –Passei a mão no cabelo e suspirei tentando esquecer que tinha feito isso. –Pelo visto não foi mentira da Harrison.

–Não, não foi.

–Hermione já sabe?

–Não. –Falei pegando a maçã que a morena tinha trago pra mim e mordendo-a.

–Lucy tem alguma chance com você?

–Não sei Blás. Eu não sei nem se devo continuar a ser monitor. As rondas em greve de silêncio não estão muito animadas.

–Quando é a próxima?

–Hoje.

Blás foi embora minutos antes de Hermione chegar para irmos à ronda. Quando ela voltou da biblioteca – carregando 4 livros – eu já estava sentado na sala esperando-a para mais uma ronda em talvez greve de silêncio.

–Bebeu a poção? –Ela perguntou depois de deixar os livros no quarto. Eu balancei a cabeça e ela se aproximou colocando as mãos em meu rosto e sorrindo aliviada em seguida. –A febre passou, se não estiver se sentindo bem eu posso ir sozinha.

–Não, tudo bem. –Falei me levantando. –Vamos? –Ela balançou a cabeça sorrindo e nós seguimos para a ronda. Depois de alguns longos minutos em silêncio eu resolvi perguntar o que tanto me intrigava desde a festa no salão comunal da Grifinória. –Está ficando com o Weasley?

–Não. –Ela respondeu como se fosse óbvio. –Lucy, Lilá e Pansy devem estar felizes. Agora não tem mais Hermione Granger pra atrapalhar. –Eu abaixei minha cabeça sem responder. –Blás e Luna se acertaram.

–Eu sei, mas o Blás ainda que matar o Longbotton.

–Vocês Sonserinos são mais ciumentos do que o normal. –Ela disse e nós rimos.

–Nós não somos ciumentos, o termo correto é egoísta. –Ela revirou os olhos. –Não gostamos que mexam no que é nosso.

–Ciúme, egoísmo, chame do que quiser. Eu ainda me lembro de você quase matar o Tyler apenas por dançar comigo naquela festa.

–Ele estava passando a mão em você e eu só queria cuida pra que ninguém encostasse na minha morena. –Falei, mas logo que me dei conta simplesmente olhei pra baixo. Ela não era mais a minha morena. –Me desculpe, eu tenho que parar com isso.

–Não, está tudo bem. –Dei um sorriso triste e nós voltamos a andar.

Ficamos até o final da ronda sem nos falar, exceto quando encontramos dois alunos da Lufa-Lufa.

~Pov Hermione

Incrível o fato de que eu tinha certeza de que com a Marca Negra no braço ele não seria mais o mesmo. Achei que ele voltaria a odiar nascidos trouxas como eu assim como quando entrou na escola e que ficaria mais violento e nervoso. Isso é o que mais me assusta em tudo o que aconteceu, ele é o mesmo.

O mesmo insuportável que eu amei e amo até hoje, aquele insuportável Sonserino que eu não consigo tirar da cabeça. O mesmo que me chamava de morena e que me beijava como se não tivesse amanhã bem como fez hoje. O idiota da minha vida. Eu ainda estava com o beijo de mais cedo em minha cabeça, mas talvez seja melhor assim com nós dois separados. Ou será que não?