Roses and Demons EX: Crimson Blast escrita por Boneco de Neve


Capítulo 19
O Massacre da Casa Shabon


Notas iniciais do capítulo

Aê, consegui fazer mais um capítulo sem enrolar tanto. E meus capítulos estão saindo cada vez maiores. Tô precisando maneirar.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/560532/chapter/19

Manicômio, o maior e mais famoso cabaré da cidade de Bisquitt, apesar do nome pouco atrativo. O ambiente, porém, meio que fazia jus ao nome: Quando a noite caía, todos os clientes se esbaldavam naquele lugar até a alvorada. Lá tem todo tipo de diversão para pessoas irresponsáveis: Jogos de azar, espetáculos imorais e amores ilícitos, tudo regado a muita bebida sofisticada. O local é normalmente direcionado para os homens, mas até mesmo mulheres ricas frequentavam o local para se divertirem também. O dono do local, Silol Goldmann, era um dos principais figurões de toda a cidade, tido como uma lenda entre os trambiqueiros por causa da sua enorme e rápida ascensão, que começou logo que se infiltrou no reino de Sortiny nos tempos da crise. Sendo um malandro carismático, sua sagacidade, aliada à sua personalidade despreocupada, lhe abriu as portas para o estabelecimento de um verdadeiro império paralelo em Sortiny, algo que nunca incomodou o rei Ritchie, contanto que continuasse movimentando lucros.

Em exatas seis horas da tarde, Silol abria as portas do Manicômio para os seus clientes, que logo abarrotaram o local. Quase duas horas depois, um dos clientes mais ilustres surgia na porta, causando um breve, mas intenso vozerio alegre. Trajando uma armadura negra com detalhes nos ombros que pareciam garras e com grandes escudos nos braços com um desenho de face de tigre em cada um, Tong-Hu, após ajeitar seu cabelo avermelhado e rebelde, chegou cumprimentando a todos e logo foi rodeado de belas garotas, que lhe serviam e faziam chamegos no guerreiro veterano, até que o próprio Silol veio cumprimenta-lo também.

Silol: Tong-Hu, seu vagabundo!

Tong-Hu: Silol, seu safado!

Os dois deram um abraço amistoso e tiveram uma breve conversa.

Silol: E aí, vai ficar enrolando com seus afazeres aqui até quando?

Tong-Hu: Só até hoje, meu amigo. Já virei a cidade inteira, mas nenhum sinal do Mão de Pravus. Perda de tempo continuar aqui. A não ser, é claro, pra visitar meu velho amigo e curtir essas beldades aqui.

Silol: Hah! Esse tigre sabe do que gosta. Fica à vontade aí, meu amigo! E meninas, esse é cliente de elite, entenderam? Já sabem, caprichem no trato!

Garotas: Sim, chefinho!

Embora Tong-Hu fosse de fato um sujeito considerado bom, não só por Silol, mas por muitos que o conhecem de perto, seu código de conduta era considerado no mínimo questionável por alguns. A verdade é que Tong-Hu era o tipo de pessoa que procurava sempre ficar longe de problemas, sem deixar de desfrutar o que a vida lhe oferecia de melhor. Era por isso que, no fim da Rebelião das Bruxas, ele apenas ficou olhando passivamente o massacre do clã Darphai, assim como também não fez nada para salvar a moça que serviria de “cabritinha” para Aspo, mesmo sabendo que ela estava no cabaré. Ele se sentia mal por tudo isso, mas ele simplesmente não juntava vontade para intervir nesses assuntos, pois, em sua mente, considerava que já fizera esforço demais para chegar ao status que tinha e não queria de forma alguma causar dano a esse status.

Enquanto isso, numa sala no segundo andar do cabaré, havia uma mulher de cabelo púrpura, trajada de um manto cerimonial negro que a cobria completamente dos pés a cabeça e que, diferentemente de todos os presentes no cabaré, se encontrava ajoelhada e chorando muito, mas silenciosamente. Era Rosé, que rezava fervorosamente aos regentes de Utopia, implorando por um milagre. Ela não sabia exatamente o que Aspo lhe faria, mas, dado todos os rumores, sabia que ele lhe faria algo pior do que mata-la.

Rosé: Por favor... Grandes regentes... Eu sei que fui uma mulher má, mas... Por favor, eu imploro... Me livrem desse sofrimento! Tenham piedade de mim!

Rosé estava tão absorta em sua reza que não percebeu que havia alguém a mais naquela sala, que se infiltrara há tempos no cabaré e permaneceu escondida ali até então. Esse alguém se aproximou dela por trás e, rapidamente, tapou a sua boca com sua mão revestida de sua manopla escarlate e pegou um dos braços de Rosé com a outra mão, puxando para trás e imobilizando a mulher. Apavorada, Rosé começou a se debater, mas a pessoa atrás dela lhe sussurrou.

Mileena: Fique calma. Eu vim te tirar daqui. Fique calma.

Rosé parou de se debater, mas no fundo continuava assustada. Ao ser liberada pela moça de manopla, ela ser virou para vê-la, mas a moça estava coberta com uma capa e encapuzada; seu rosto não podia ser visto claramente.

Rosé: Q-Quem é você?

Mileena: Sou uma amiga da Larkia. Ela me pediu pra te resgatar. Mas pra isso, você vai ter que fazer tudo o que eu lhe disser, entendeu?

Rosé: Larkia te mandou aqui?! É sério mesmo?!

Mileena: Sim, agora faça silêncio. Vire-se e tire essa roupa.

Rosé ficou tão atônita que não conseguiu mais pronunciar uma palavra, mas quase que instintivamente obedeceu aos comandos de Mileena, que pediu aquilo para que ela não visse a sua luva e entrasse em pânico. A moça de luva deu sua capa para a mulher aflita, que continuava de costas para a bruxa, e pediu para que ela a vestisse. Após a troca, Mileena deu um pequeno cristal roxo para Rosé.

Mileena: Isso vai te proteger da queda. Depois que estiver lá em baixo, fuja imediatamente daqui e vá até a casa da Larkia. Não pare e não fale com ninguém até chegar lá.

Rosé: Mas... Mas... Guh!

Mileena enfiou um pedaço de pano na boca de Rosé e depois a pegou e a arremessou pela janela. O pano impediu que Rosé gritasse e o cristal, assim que se ativou, gerou um colchão de ar que suavizou a queda de Rosé. As pessoas que estavam ao redor se assustaram com a aparição repentina da mulher, mas não tiveram a chance de fazer algo a respeito, pois ela, obedecendo ao comando de Mileena, correu dali o mais rápido que podia. Ainda estava um pouco desorientada, mas, dando-se conta de sua liberdade, ela chorou de felicidade enquanto corria, agradecendo aos regentes e à misteriosa pessoa que a resgatara.

Logo após isso, dois homens entraram no quarto onde Mileena estava. Como ela estava com o traje cerimonial, eles acharam que a pessoa diante deles era a “cabritinha”.

Segurança 1: Que barulho foi esse?

A moça procurou disfarçar a voz, dando um tom frágil a ela.

Mileena: Er... Eu... Er... Um homem... Ele veio aqui e...

Segurança 2: Um homem veio aqui? Por onde?

Mileena: Ele tentou subir a janela... Mas ele caiu e foi embora correndo... Ele não tocou em mim, eu juro...

Segurança 1: Pra onde ele foi?

Mileena: Eu não sei, eu não olhei... Por favor... Se vão mesmo me mandar embora, me mandem logo; eu não aguento mais esse desgosto...

O tom de Mileena foi suficientemente convincente, e os seguranças, que estavam mesmo ali para leva-la embora, tomaram-na e a conduziram até a escadaria principal. Ali, Mileena pôde ver todo o salão principal do cabaré, e, da mesma forma, todos no recinto podiam vê-la. A maioria dos presentes a olhavam com desprezo e alguns até davam balidos para zombá-la. O próprio Tong-Hu também olhava para ela, mas seu olhar era de pena. Ao observar o comportamento deles, Mileena se encheu de furor, pois eles, sendo parte do mesmo povo que demandou a morte de suas irmãs, no fim das contas eram piores do que elas. Ao ser conduzida pelos seguranças pelo salão, Mileena focou o seu olhar carregado de desprezo para Tong-Hu. Este, embora não pudesse ver direito os olhos dela por causa do capuz velado do traje cerimonial, percebeu que estava sendo observado e sentiu um estranho calafrio. O guerreiro olhou para a moça até ela ser levada para fora do cabaré e ficou absorto por alguns segundos, até que as garotas chamaram a sua atenção.

Garota 1: Ei, tigrão. Vai ficar olhando pra cabritinha até quando?

Garota 2: Não me diga que você gamou na cabritinha...

Tong-Hu: Ah... Não, não é isso... É que ela... Sei lá, fiquei com um mau pressentimento... Não sei explicar.

Garota 3: Ah, gatinho, você tem cinco garotas só pra você e vai ficar incomodado logo por causa daquela vadiazinha morta?

Garota 2: É, esqueça ela e vamos logo ao que interessa!

Tong-Hu: Hm... Ah, tá bem, vai... Vamos tomar mais uma cerveja e depois vamos lá pra cima nos divertirmos. Tá bom assim?

Garota 1: É isso aí, tigrão, gostei de ver!

Do lado de fora do cabaré, Silol aguardava a “cabritinha” e os seguranças ao lado de uma carruagem. Silol também não suspeitou que a mulher que estava ali não era Rosé. Depois que os seguranças a colocaram dentro da carruagem, na qual haviam dois capangas de Aspo, Silol lhe deu uma última palavra.

Silol: Bom, assim são as coisas, queridinha. Quem me dá prejuízo, se ferra; e nem preciso lembrar que você me deu um prejuízo bem gordo por sinal. Pois bem, que isso te sirva de lição. Divirta-se lá com o velho doido.

Mileena: (Ah, vou sim me divertir, pode apostar... E ai de você se eu tornar a ver a sua cara de novo, seu verme!)

Após a ordem de Silol, a carruagem partiu rumo aos labirintos naturais. Mileena permaneceu quieta durante toda a viagem, enquanto os capangas jogavam conversa fora, com direito a uns poucos insultos, tanto para a moça quanto para seus patrões. Ao chegar à entrada dos labirintos, os capangas saíram da carruagem e tiraram Mileena de dentro dela. De lá, eles foram a pé pelos labirintos, vigiados por outros capangas que estavam escondidos, embora Mileena os tivesse notado. Quase dez minutos depois, os três se encontravam a alguns metros da mansão da família Shabon.

A mansão dos Shabon era grande, mas mal cuidada; poderia até ser classificada como abandonada não fosse a presença dos capangas ao redor da mansão. A família Shabon era composta por quatro integrantes: O chefe, Aspo, e três filhos. Aspo era um idoso que costumava se vestir de forma impecável e usar algumas joias, em especial um grande anel de safira, que é o símbolo da liderança da família Shabon; tinha cabelos grisalhos curtos e arrumados, mas também uma expressão naturalmente maligna, o que metia medo em todos os seus conhecidos. Omoma, o seu atual caçula, era o principal responsável pela realização de magias na casa; estava quase sempre de robe marrom, tinha cabelos médios escuros e tinha uma personalidade aparentemente neutra, mas atenta. Frus, o filho do meio, era o mais extravagante de todos; se vestia com roupas bem justas e tinha cabelo longo e arrumado; era ainda afeminado, cruel e, por puro desprezo pelas "cabritinhas", fazia questão de reforçar a tortura psicológica que elas sofriam. Raiel, o filho mais velho, era um sujeito um tanto desleixado, tendo cabelos castanhos curtos e óculos; era também rabugento e perturbado, que sempre desejava que uma das moças que o pai tomava ficasse com ele ao invés de ser usada em um dos rituais que o pai fazia. Não foi a toa que Lavanda, a mulher de Aspo, o deixou, porque, além de tornar seus filhos um bando de imprestáveis desequilibrados, fez Ofam, sua própria filha, de mercadoria para bandidos do mar, os abomináveis leviatãs.

Enquanto a "cabritinha" não chegava, Aspo e Omoma, que estavam em um salão que ficava no final da mansão, terminavam os preparativos para o ritual de extração, com correntes, globos de vidro e alguns instrumentos de tortura. Raiel observava atentamente pela janela do salão principal a “cabritinha” sendo trazida pelos capangas até a mansão. Depois de dar um suspiro melancólico, se dirigiu ao salão principal para recebê-la e talvez ver o seu rosto de antemão. Porém, seu irmão, Frus, surgiu para contrariá-lo.

Frus: Nem pense nisso, meu lindo irmão. Sabe que papai não gosta que alguém confira a mercadoria antes dele.

Raiel: Cale a boca... Eu sei muito bem disso.

Frus: Avisar não custa, né, fofo? O que custa mesmo é a cabritinha. E o seu couro, caso ele descubra alguma escapulida sua.

Raiel: Ele só vai fazer algo se ele souber de algo. Se você bancar o dedo-duro, vou fazer você ganir.

Frus: Nossa, como você é malvado. Assim você me deixa com medinho. Huhu...

Raiel: Hmph... Seu doente.

Raiel foi em seguida abrir a porta para recepcionar a “cabritinha”. Porém, não conseguia abri-la.

Raiel: Ué...

Frus: Que foi?

Raiel: Estão segurando a maçaneta? Que palhaçada é essa?

No outro lado da porta, Mileena segurava a maçaneta com sua mão revestida, deixando os capangas contrariados.

Capanga 1: Ei, o que pensa que está fazendo, mocinha?

Capanga 2: Peraí... O que é isso? É uma luva?

Mileena não deu resposta alguma, mas soltou a maçaneta, permitindo finalmente que Raiel a abrisse.

Raiel: Que está havendo?

Mileena: Estou mandando vocês a Pravus.

Raiel: É o quê?

Mileena: Quinta Bênção.

Uma barreira luminosa cobriu o corpo de Mileena, surpreendendo a todos. Mas a pior surpresa de todas se revelou a eles logo em seguida. A maçaneta, carregada com o poder da moça de manopla, se explodiu, jogando os capangas para longe da casa e Raiel, a uns 4 metros adentro da casa. A explosão ainda jogou Frus pra trás e deixou os capangas ao redor da casa assustados e desorientados. Os dois capangas que estavam com Mileena morreram na hora, assim como Raiel, que ficou com a parte frontal do corpo esfacelada. Frus teve ferimentos moderados, mas a explosão o deixou bem tonto. Quando viu o irmão morto, chegou perto dele e foi então que seu desespero tomou conta de si.

Frus: Irmão! IRMÃO!

Horrorizado com o estado de Raiel, Frus ficou sem saber o que fazer. Enquanto isso, Mileena, que ainda vestia o traje cerimonial, calmamente se adentrava no salão e conferia o estrago que causou. Ao vê-la, Frus, tomado por um misto pesado de emoções negativas, pegou um punhal que guardava embainhada na cintura e ameaçou a moça, que não deu o menor sinal de medo.

Frus: Você... Você vai pagar por isso, sua meretriz desgraçada!

Mileena: Só vou dizer isso uma vez. Fique quieto aí ou vai acabar morto como ele.

Frus: Grrraaaaah!

O avanço tortuoso de Frus não assustou nem um pouco a moça explosiva. Assim que ele tentou apunhalá-la, Mileena fez um desvio suave e o pegou pelo braço. Após facilmente tomar o punhal dele, a bruxa impiedosamente cravou a lâmina no peito dele, perfurando o seu coração.

Frus: GAH!

Para garantir que ele não fosse interferir mais, Mileena torceu o punhal para causar um estrago maior e garantir sua morte. Ela então tirou o punhal e deixou o corpo morto de Frus cair no chão, sangrando volumosamente.

Mileena: Eu avisei.

No salão do ritual, Omoma havia se reerguido depois de cair por causa do tremor da explosão. Em seguida, ele acolheu o pai, que também havia caído e, por ser já idoso, tinha certa dificuldade de se levantar.

Omoma: Pai, você está bem?

Aspo: Mas por mil demônios... O que está acontecendo?

Omoma: É a Mão de Pravus.

Aspo: Mão de Pravus?! Mas o que esse miserável está fazendo aqui?! Não me lembro de terem colocado recompensa sobre a minha cabeça!

Omoma: Com recompensa ou não, ele deve estar mesmo atrás de você. Vou ver se consigo atrasá-lo pra dar tempo para fugir...

Omoma soltou Aspo e começou a carregar magia para preparar armadilhas no corredor de acesso ao salão. Mas Mileena percebeu a carga mágica se construindo, mas também não se sentiu intimidada. Ela se dirigiu à entrada do corredor de acesso, que era de onde ela sentia a magia sendo feita.

Mileena: Hmph... Não mesmo. Segunda Bênção.

Omoma não teve tempo de completar as armadilhas. Em um instante, Mileena cruzou o corredor inteiro e, aproveitando a velocidade que tomara, aplicou um poderoso uppercut no plexo solar do mago, que o fez vomitar sangue. Omoma caiu em choque no chão, com os olhos vidrados e agonizando. Assustado com a cena, Aspo ficou sem reação. A moça de manopla dirigiu sua atenção a ele.

Mileena: Aspo Shabon... Finalmente nos encontramos.

Aspo: Essa voz... Você é uma mulher?

Mileena: Sim, por quê? Isso te incomoda? Claro, você não esperava que uma viria a te por sob ameaça.

Aspo: Ah! Por favor, não faça nada comigo!

Mileena não acatou o pedido de Aspo e andou em direção a ele, pegou-lhe pelo pescoço e o ergueu no ar.

Aspo: Argh! Não consigo... Respirar...

Mileena: Se quiser mesmo viver, é melhor colaborar comigo e não tentar nenhuma gracinha. Entendeu?

Aspo: Guh... Entendi... Agh!

Mileena: Muito bem, fale. Onde estão os diários das Darphai?

Aspo: O que você quer com... Agh!

Mileena: Você não me enrole! Fale!

Aspo: Agh... Corredor... À direita... Última sala...

Mileena observou o velho homem por mais um momento e então o largou no chão. Ela se dirigiu ao corredor de que o velho tinha lhe falado, sendo que este a seguia, e, ao chegar à última sala, viu que era uma espécie de biblioteca particular. Havia várias estantes pelas paredes, cheias de livros, dos quais Mileena reconheceu alguns logo de cara como os diários das suas irmãs. Mas o que realmente chamou a atenção de Mileena foi o pedestal que estava no centro. Em cima dela havia um livro. Reagindo ao desejo de Mileena, a luva dela pulsava mansamente. Percebendo isso, Mileena foi ao pedestal e pegou o livro em mãos. Não havia dúvidas: Aquele era o diário de Midea.

Mileena: Finalmente... O diário de Madame Midea.

Aspo: Este seria o próximo diário que iríamos decodificar. Como você sabe que é o diário de Midea Darphai?

Mileena: Vamos dizer que eu simplesmente sei.

Aspo: Bem... Fico feliz que tenha achado o que procurava. Porque esta será a última coisa que você verá.

Aspo tinha na mão direita uma pequena corda que estava escondida no umbral da porta da biblioteca e, logo que terminou de falar, puxou a corda. Porém, nada aconteceu. Surpreso e frustrado, Aspo puxou a corda mais algumas vezes, mas, da mesma forma, nada ocorreu.

Aspo: (Ah... Que hora pra essa porcaria falhar...)

Mileena: Poupe seus esforços, Aspo. Desde que você me falou sobre esse lugar, eu percebi sua malícia. Logo que notei o alçapão aqui embaixo, eu convoquei a Quinta Bênção para travá-lo por baixo.

Aspo: Ah... Hehe... Você é esperta.

Mileena: Na verdade, você é que é muito burro por achar que eu nasci ontem. Aliás, eu me lembro muito bem de ter dito pra você não tentar nada se quisesse viver.

Aspo: Er... Peraí, vamos com calma, sim? Se você quiser, eu posso te dar parte da minha fortuna. Metade ou um pouco mais que isso. É só falar.

Mileena: Se pensa que vai me vender a sua salvação como fez com sua filha, está muito enganado. E falando nela, por ela e por todas as pessoas que você desgraçou, já está mais do que na hora de você encarar sua punição.

Aspo: Por favor! Eu faço o que você quiser, mas, por favor, não me mate!

Novamente, Mileena não quis saber das súplicas dele. Ela foi até Aspo, que tentou correr, mas rapidamente o alcançou e o capturou. A moça o arrastou até o alçapão, quebrou a tampa e o suspendeu sobre o buraco, cujo fundo não dava para ser visto. Então, ela tocou no anel de Aspo com sua mão revestida e o carregou com energia explosiva.

Aspo: Piedade! Por favor, piedade!

Mileena: A justiça está feita.

Aspo: NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOoooooooo...

A moça de manopla havia largado Aspo Shabon, deixando-o cair no fosso, que tinha mais de 10 metros de profundidade. O fundo do alçapão era cheio de estacas; assim, Aspo teve o corpo perfurado em vários pontos. Ainda vivo, porém, ele testemunhou seu anel brilhar num tom vermelho profundo e medonho, vindo a explodir em seguida, destruindo o homem completamente.

Com a missão concluída, Mileena pegou o diário de Midea e saiu da biblioteca, visando sair da mansão. Porém, ela sentiu subitamente o uso de magia não muito longe dali. Caminhando mais depressa, ela chegou ao salão de extração e viu Omoma sendo amparado por alguns capangas. Quando eles viram a moça, partiram para cima dela, apenas para serem nocauteados rapidamente com socos e chutes bem aplicados. Em seguida, Mileena chegou até Omoma, que ainda ofegava por causa do soco que havia levado. Ela sabia que foi ele quem havia usado magia.

Mileena: O que você fez?

Omoma: Eu... Gah... Não fiz nada...

Mileena: Para de me enrolar.

Omoma: Já disse... Que não... Puf... Fiz nada...

Sem paciência, Mileena deu uma pisada violenta nas partes íntimas dele, fazendo o mago se contorcer de dor.

Omoma: GYAAAAAAAAAAAAAAH!!!

Mileena: Fale logo ou eu faço essas coisas saírem pela sua boca!

Omoma: GAH! Urgh! Gh... Heh... Hehehe... Roedores Arcanos... Ao senhor Rashu...

Mileena: Roedores Arcanos? É uma magia mensageira.

Omoma: Sim... Senhor Rashu e os companheiros dele... Estão procurando por você... Mão de Pravus... Quando souberem, eles vão vir atrás de você... Hahaha... Guh...

Mileena: Cara, você sequer viu meu rosto. Como espera que vão me encontrar se você nem sabe me descrever?

Omoma: Você era a mocinha bonita... De cabelos pretos... Que chorava... Na execução das suas irmãs... Sua maldita Darphai... Hahaha...

Mileena: Que...

Omoma: Eu estava lá... Eu te vi... Vi sua luva por um segundo, mas vi... Sempre desconfiei... Que a Mão de Pravus... Fosse você...

Mileena suou frio ao ouvir essa revelação. Junto a essa desagradável sensação, veio ainda a lembrança do aviso que Larkia lhe deu sobre não subestimar Omoma, que ela simplesmente acabou se esquecendo. Ela sabia como funcionava a magia dos Roedores Arcanos; ela invocava vários ratos feitos de magia, que se espalhavam partiam rapidamente ao destinatário e, quando um deles chegava até este, o restante dos ratos sumia e a mensagem era passada. Sendo muitos ratos, portanto, Mileena não tinha como deter essa magia. Mileena foi tomada de uma enorme frustração aliada a uma também grande fúria. Não havia mais nada a se fazer, a não ser realizar uma queima de arquivo, para dificultar a investigação dos Combatentes. Ela colocou a mão revestida no peito do mago e carregou o corpo dele inteiro de energia explosiva.

Omoma: O que você está fazendo?

Mileena: Se quiser rir mais, faça isso lá em Pravus. Devem ter muitos outros palhaços como você lá pra te fazer companhia. Tchauzinho. Segunda Bênção.

Saindo em disparada, Mileena correu o mais longe possível da casa, passando por cima dos obstáculos dos labirintos naturais. Omoma permaneceu caído no chão, com um grande sorriso diabólico, pois, para ele, era como se, apesar de tudo, tivesse ganhado uma guerra.

Omoma: Haha... Hahahahaha! HAHAHAHAHAHAHAHA!

Pouco depois, seu corpo se detonou, causando uma gigantesca explosão que mandou a mansão inteira para os ares e formando uma cratera no local. Tamanho foi o impacto que toda a cidade de Bisquitt o sentiu. As pessoas das cidades vizinhas, especialmente de Gricai, ouviram um sonoro estampido; entre elas estava Rashu, que observava do castelo o ponto de onde veio a explosão. Não demorou muito após isso e ele notou que havia um rato luminoso perto dele. Percebendo ser uma magia, o Combatente o pegou e viu a mensagem enviada. Surpreso e pensativo, ele voltou a olhar para o local da explosão.

Rashu: Mão de Pravus é uma Darphai...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A confusão está armada e todo mundo quer saber dos detalhes... E também como isso vai terminar.

Próximo Capítulo: Mensurando o Estrago

Confira!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Roses and Demons EX: Crimson Blast" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.