Come Break Me Down escrita por bolchevicky


Capítulo 19
And in the end it kills you


Notas iniciais do capítulo

Vou responder os comentários porque amo e sempre amarei interagir com vocês!
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Boa leitura



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How long, how long will I slide?
Separate my side, I don’t
I don’t believe it’s bad
Slit my throat
It’s all I ever

Otherside, Red Hot Chili Peppers

POV Bella:

Eu estava presa num sonho que queria quando despertei sentindo o cheiro inconfundível de café logo de manhã. Me estiquei na cama e tudo que encontrei foi lençóis, travesseiros e o cheiro do Edward impregnado em cada canto daquela cama. E assim que me sentei, a minha mente enevoada pelo sono se lembrou de tudo.

Oh. Oh. Oh.

Edward e eu.

Ontem à noite.

Lembrei de tudo enquanto eu olhava para o nada, somente entendendo a bagunça que era a minha cabeça enquanto apreciava as partículas de pó que entravam no quarto junto com a luz do sol.

Ele era meu melhor amigo até dias atrás. E agora...

O que diabos o Edward era meu agora?

Não é mais uma simples amizade, aliás a amizade já foi abandonada há tempos. E não era uma amizade-colorida (ugh, odeio usar esse termo), porque eu sinto algo mais. E eu sei que ele sente isso também. Eu sei disso por causa de como ele agiu ontem. Droga. Merda. Merda e merda. Que porra eu estou fazendo? Eu não deveria estar tão confusa, não é? Eu deveria para de considerar essas hipóteses ridículas de que o Edward me ama além da amizade. É ridículo. Ele nunca se apaixonou. E não vai ser por mim que ele vai se apaixonar.

Eu só queria que ele soubesse que eu o amo. E quero ter certeza, ali no fundo da alma dele, de que ele me ama.

Mas eu tenho medo.

Mordi os lábios e fui até o seu armário onde, após fuçar algumas gavetas, peguei e vesti uma camiseta do Lou Reed que ficava gigantesca em mim. Depois fui ao banheiro dele que era anexado ao quarto e fiz minha higiene matinal que se consistia em lavar o rosto e usar seu enxaguante bucal emprestado.

E após respirar e morder os lábios várias vezes, eu sai do seu quarto. Eu confesso que esperava encontra-lo na cozinha, mas ele não estava lá. Tudo que encontrei foi a cafeteira ligada e o café dentro do bule.

– Edward?

Chamei seu nome, olhando em todos os cantos possíveis.

Ótimo.

Ele havia fugido. Havia me deixado sozinha. E mais uma vez eu não sei o que pensar. Porque ele não havia deixado um bilhete? Ou algum sinal só para eu não sentir esse medo misturado com ansiedade que enchia meu coração nesse momento?

Mas ai a campainha tocou. E eu não pude deixar de pensar que seria o Edward e ele que havia esquecido as chaves dentro de casa, então eu iria suspirar de alívio e eu lhe contaria como eu fiquei nervosa. Mas não foi isso que ocorreu quando abri a porta.

Eu tentei disfarçar o meu sorriso forçado, mas não consegui. Era o Emmet ali, com toda a sua energia positiva e alegre. Óbvio que fiquei decepcionada. Por que o Edward não estava ali?

– Emmet? O que está fazendo aqui? - não consegui disfarçar a surpresa. Afinal, que horas eram? E por que ele estava aqui?

– Eu vim te dar aquela ajuda em Eletrodinâmica, lembra-se? - ergueu as sobrancelhas.

Droga, era óbvio que eu tinha esquecido. Eu estava ocupada pensando em coisas banais que envolviam o Edward, ontem e onde ele estaria agora. Mordi os lábios novamente e num convite silencioso com o olhar, eu permiti a sua entrada para dentro do meu apartamento.

– Apartamento legal. - elogiou sentando-se num sofá da sala.

– Obrigada - dei de ombros. - Comprei com a ajuda do Edward, algumas economias e o dinheiro dos nossos pais.

Me sentei ao seu lado, soltando um suspiro que o fez me olhar diferente.

– Parece preocupada.

– Eu estou - não tentei esconder o que era tão óbvio.

– Quer falar sobre isso? - sugeriu educadamente. Sorri como forma de agradecimento e sacudi a cabeça em um pleno sinal de negação.

– Vou pegar meu material - falei, me levantando e indo até o meu quarto. Peguei minha mochila que estava jogada em um canto e voltei para a sala. Ao me sentar novamente ao seu lado, senti o meu estômago se apertar contra as minhas costelas.

– Sabe, eu estou morrendo de fome. Você quer comer ou beber algo?

Ele abriu um daqueles sorrisos fofos.

– Sim, um pouco de café, por favor.

Corri até a cozinha e rapidamente fiz um omelete de queijo para mim. Depois enchi duas xícaras com café e levei tudo numa bandeja até a sala.

– Você se importa se a gente estudar enquanto eu como? Eu estou morrendo de fome, acabei de acordar, literalmente.

– Não, está tudo bem - disse com um olhar cheio de significados.

Sorri para ele enquanto espetava um pedaço do meu omelete e abria os meus livros.

(...)

– Então, viu como é simples? - disse com um certo brilho no olhar - Existem corpos capazes de conduzir de melhor ou pior forma essa energia, e são chamados de condutores, supercondutores e isolantes. Os condutores são os objetos responsáveis pela movimentação dos elétrons como, por exemplo, os metais, a água e o corpo humano. Os supercondutores são formados por substâncias como a cerâmica, que oferece pouca resistência à passagem de elétrons e, por fim, os isolantes são materiais formados de substâncias capazes de impedir a movimentação de elétrons, como é o caso da borracha e da madeira.

– Você realmente tornou tudo mais fácil. - confessei enquanto bebericava a segunda xícara de café - Eu só precisava revisar os conceitos mesmo, muito obrigada Emmet.

– Não há o que agradecer, Bella. Sempre estarei a sua disposição.

– Ah - corei como um tomate, sem me preocupar em desviar o olhar.

Então ele se aproximou e depositou a mão em uma das minhas pernas descobertas. Eu abri a boca para dizer para ele tirar a bendita mão dali, mas ele me interrompeu:

– Bella, eu gosto de você.

– Emmet...

– E eu sei que você gosta do Edward.

– Emmet.

– Mas ele é não é o melhor para você, nunca foi.

– Emmet!

– Bella... Eu amo você.

– Bella? - ouvi a voz do Edward desconcertada.

Virei para trás e o encontrei parado, ali na porta, sustentando aquele olhar nebuloso que conhecia muito bem. Tirei a porra da mão do Emmet da minha perna e me levantei, indo até ele.

— Edward! — me levantei rapidamente, sem me preocupar em esconder o meu alívio por ele ter chegado e tudo isso por várias razões. Eu não sei o que o Emmet poderia ter feito comigo. E eu não sei aonde ele tinha ido. - Aonde você estava? - não escondi a minha preocupação evidente em cada palavra.

– Eu pensei em te fazer uma surpresa - engoliu em seco e me encarou com aquele olhar frio que tanto odiava - Fui no Starbucks comprar os muffins e aquele refresher que você tanto gosta para te surpreender, mas vejo que não cheguei em boa hora, não é? - a ironia em sua voz mostrava a sua irritação. Olhei para a sua mão e vi o papel pardo sendo apertado em seus dedos.

– Edward...

– O que ele faz aqui?

Ele não tentou fingir. Nem se preocupou com isso. E eu estava com medo. Porque eu pensei milhões de absurdos e ele estava pensando milhões de absurdos. Mas por que ele não tinha me avisado?

– Por quê você não me avisou aonde estava?

– Eu deixei uma mensagem no seu celular, Isabella.

Okay, essa doeu. Isabella? Sério?

– Eu não vi - sussurrei.

– É claro que não viu - revirou os olhos sendo completamente sarcástico. - Acho melhor eu ir embora...

– Cara, olha... - Emmet levantou-se.

– Emmet, por favor, vai embora... - pedi sem encara-lo.

– Não precisa, eu estou saindo.

– Mas Edward...

– Eu vim aqui pra te fazer uma surpresa e talvez te levar para algum lugar diferente e calmo pela semana corrida que tivemos, mas acho que você já tem o suficiente aqui. - disse ríspido. - Nos falamos mais tarde e me desculpem pela interrupção.

Eu fiquei em choque no momento que ele saiu rapidamente. O que havia acabado de acontecer ali?

– O que foi isso? - Emmet perguntou confuso.

– Acho melhor você ir embora - fui ríspida sem me preocupar com isso. - Depois eu falo com você.

– Bella, eu...

– Emmet, por favor! Vá embora! - gritei. Eu não aguentava mais olhar para ele. Será que ele não entende que não tem chance? É só amizade, porra.

Eu não esperei ele sair. Eu corri para fora do apartamento e entrei no elevador, encontrando o Edward saindo do prédio. Corri até ele sem me importar com os meus pés descalços ou com a calçada fria e molhada contra os meus pés.

– Porra, você não vai falar comigo não? - gritei.

– O que? - ele se virou, finalmente. E parecia irritado. Ou melhor, furioso.

E eu não conseguia entender o por quê de tudo aquilo. Ele era tão mongolóide ao ponto de não perceber de como o meu mundo gira ao redor dele? E de como eu o amo como se isso fosse mais importante do que o oxigênio que circula em meus pulmões?

– "O que?"? É tudo que tem a dizer? - apontei na direção do prédio - Você faz aquilo e vai embora? Simples assim?!

– Bom - ele deu aquela risadinha seca e sarcástica. - Eu não te pedi pra me seguir, você pode ficar a vontade pra voltar pro seu amiguinho. - cuspiu a ultima palavra com desprezo e eu nunca imaginei de como aquelas palavras me atingiram como uma navalha contra a minha garganta.

– Extamente, Edward - me aproximei dele, tentando me prender a minha coragem e raiva para conseguir dar um basta nesse ciúmes obsessivo idiota - Ele é só meu amigo. Problema dele se ele quer algo a mais. Eu nunca quis.

– Que seja. Eu estou indo embora.

– Ótimo, Edward! Vá embora! Eu não preciso de você.

– É claro que não precisa, você tem o Emmet.

– Dá para parar?!

– Parar com o que, porra?! - gritou - De esfregar a verdade nessa sua cara cínica? Ah, okay, pode deixar.

Me afastei um passo para trás com aquelas palavras. Eu nunca o vi daquele jeito.

– Seja idiota mesmo Edward, eu nem me importo! - as lágrimas já vinham embaçar minha visão, mas foda-se.

– É por isso que eu estava indo embora, porque não queria briga, você que veio atrás.

– Eu vim tentar receber uma explicação do que foi aquilo, do porque você foi um idiota sem motivo algum!

– Sem motivo?

– É! Sem motivo! - gritei, sentindo cada gota gelada das lágrimas deslizando pela minha pele e se perder no chão da calçada.

– Ele estava com a porra da mão na sua coxa! - gritou bagunçando os cabelos.

– Ele é meu amigo e você não é meu namorado! - gritei de volta.

E me arrependi de dizer isso no momento em que as palavras sairam da minha boca. Parecia que ele havia acabado de receber um soco no estômago. Tá doendo, tá sufocando era tudo o que eu conseguia pensar enquanto as lágrimas se misturavam com os meus suspiros baixos.

– Você está certa -riu sem humor - Eu estou sendo idiota e eu não sou seu namorado para cobrar alguma fidelidade ou algo do tipo a você.

– Edward, por favor...

– Não, Bella. Chega.

Ele entrou no carro e bateu a porta com uma força exagerada, então estava partindo. E eu não sabia para onde. Percebi naquele momento que eu poderia estar inteira fisicamente, mas não estava bem psicologicamente. E essa era a pior parte.


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Notas finais do capítulo

* Pra quem não sabe, Lou Reed é um dos melhores guitarristas que existiu. Ele morreu com 71 anos.
* Esse negoço de Eletrodinâmica é tudo verdade, mas é básico, já que eu não entrei na faculdade ainda e não sou perita em coisas sobre Física, mas às vezes eu aprecio a matéria..
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Beijos,
Vicky