You're the only one
I'd be with 'till the end
When I come undone
You bring me back again
Back under the stars
Back into your arms

Fall To Pieces, Avril Lavigne

POV Bella:

Não éramos um casal perfeito, já que eu nem sabia se éramos um casal. Já ficamos muito tempo sem nos falar e nesse tempo ainda rolava umas guerras indiretas. Ambos queríamos ser os donos da verdade em todas as nossas brigas. Mas no fundo sabíamos que era um daqueles joguinhos de orgulho e que por trás dos bicos, eu morria de saudade. Mas agora era diferente. É mais intenso, mais complexo, mais complicado. Tudo bem que não parecemos ser perfeitos juntos, mas é algo muito além do que ser um "casal bonitinho". É algo que eu chamo de amor e é algo que ele chama de amizade-com-benefícios.

– Bella? - sua voz estava alarmada enquanto ele tentava me colocar sentada em seu colo. Seus braços me aninharam e logo percebi que estávamos no chão.

– Você... Me deixa - engoli em seco, ao perceber como era difícil falar. Aos poucos eu sentia a minha vertigem se esvair e eu tentava reconhecer o espaço a minha volta. - Fraca.

– O que eu vou fazer com você? - falou exasperado, mas senti um certo alívio em sua voz.

– O que foi... Isso? - perguntei, sentindo o ar sair e entrar pelos meus pulmões como qualquer ser humano normal. Eu já estava bem, o que era um alívio. Mas eu não me lembrava de muita coisa, só de que tudo ficou escuro e eu não tinha mais controle sobre meu corpo que ficou pesado demais de repente.

– Você perdeu a consciência por um curto período de tempo, ou seja, você desmaiou - falou paciente, como se estivesse explicando para uma criança teimosa. E enquanto ele falava, eu percebi o quão idiota isso foi. Dá para ser mais vulnerável do que isso? Desmaiar por causa de Edward Cullen. Patético.

– Não... - contrariei - O que foi aquele beijo?

– Um beijo – deu de ombros, sorrindo. Bipolar. Ele estava furioso e agora estava sorrindo exageradamente para mim.

– Um beijo - repeti.

– É Bella, se você não percebeu, esse ato de beijar se tornou comum entre nós.

– Um beijo - continuei a repetir, completamente atordoada. Aquele beijo teve uma sensação diferente da parte dele. Eu senti algo mais. Com certeza tinha algo mais.

– Quantas vezes você vai repetir isso? - ele perguntou, quase caindo na risada.

– Até que você volte a me beijar - respondi e ele sorriu ainda mais e, antes de colar nossos lábios, ele hesitou.

– Você não vai desmaiar de novo, né Bella?

Eu tive que rir. Eu ri porque aquela situação era engraçada ao analisar o fato de que eu desmaiei porque esqueci de respirar e, além de tudo, porque ele era bom demais.

– Vou tentar - sorri sacana.

Ele me beijou de novo e acho que dessa vez consegui me concentrar no ato de respirar. Eu nunca tinha ficado assim diante de um beijo e só o Edward me deixava assim completamente fraca. Por mais que eu amasse beija-lo, teria que tomar mais cuidado.

Eu me separei de seus lábios, relutante e receosa.

– Nunca mais faça isso comigo, marrentinha - se referiu ao desmaio. Sorri levemente. Eu sempre seria a marrentinha dele.

Ele me aninhou confortavelmente em seu colo e grudou sua testa na minha. E ficou ali, com os olhos fechados enquanto me embalava com seus braços firmes ao meu redor. Eu estava com os olhos abertos e observava cada detalhe com um certo interesse que eu nunca experimentei antes. Observei suas sobrancelhas grossas, seu olhar escondido pelas suas pálpebras tremules e, por fim, admirei a cortina espessa de cílios que faziam uma sombra em seu rosto. Olhei para aquele nariz levemente torto e para os seus lábios que estavam avermelhados por causa do beijo que foi trocado recentemente.

Não resisti e ergui um dos meus dedos, para tocar levemente seus lábios entreabertos. Imediatamente ele abriu os olhos, que não eram nada mais e nada menos do que uma imensidão verde.

– Obrigada por cuidar de mim - agradeci.

Porque apesar de ser um tanto bipolar, ele era amável e doce quando bem queria. E agora ele queria cuidar de mim e eu o deixaria cuidar de mim, porque eu precisava disso. Eu preciso do que existe no mundo dele que ele está disposto a me oferecer. Porque afinal, meu humor é variável, e meu coração, vulnerável.

– Você está ficando com sono? - sussurrou no meu ouvido.

– Sim - respondi. Só agora percebi como estava meio entorpecida pelo cansaço do dia longo.

– Vem, vou te pôr na cama - ele levantou para depois me ajudar a levantar do chão. Com a mão na minha cintura, ele me guiou até meu quarto e me deitou na cama. Tirei meus sapatos e me acomodei na imensidão macia que era a minha cama, puxando o cobertor sobre o meu corpo. Quando percebi que ele iria embora, agarrei sua mão fortemente.

Não estava escuro ainda. Era fim de tarde. Então ele deve ter percebido meu olhar suplicante que queriam transmitir uma mensagem que nem mil palavras seriam capazes de transmitir.

– Quer que eu durma com você? - murmurou.

– Sim - respondi baixinho, quase como um sussurro. Eu estou apaixonada por ele. Droga, eu estou tão apaixonada por ele.

– Você está me acostumando muito mal, marrentinha. - riu, já se aproximando e deitando ao meu lado, me deixando completa e satisfeita por estar ali com ele e não com outro alguém.

– Fazer o quê, eu amo te mimar - respondi, já sonolenta.

Ele somente riu, se aconchegando em mim. Deitei em seu abraço apertado e fiquei ouvindo aquele som acústico que palpitava em seu peito, aquela música acústica do coração dele bombeando sangue.

Olhei para cima e fiquei admirando seu rosto enquanto ele relaxava, se entregando ao cansaço. Tantas coisas passavam na minha cabeça agora, mas a única coisa concreta ali, o único pensamento que eu conseguia entender, era que eu o amo, até demais para ser exata.