Our Ruin escrita por tori traurig, Valeriedy


Capítulo 2
║Capítulo I


Notas iniciais do capítulo

Heeeey gente, it's been a while, uh? Mais de seis meses se passaram desde que OR foi postada, e nada de atualização.
Well, o sétimo review da nossa micro-meta chegou no sábado, e foi só aí que pegamos um "impulso" bom pra terminar de resolver tudo pendente da fanfic. Agora esperamos estabelecer um ritmo mais acelerado, mas, como sempre, depende de vocês :)
Espero que gostem, seus lindo.



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— Então está ciente de tudo que dissemos? — o curandeiro me encarou com impaciência, já sabendo o que eu diria.

— Com toda certeza — respondi com a mesma impaciência, tomando o líquido roxo e sentindo aquele característico gosto de pé descer pela minha garganta.

Nos segundos seguintes, como sempre, um amontoado de gente me encarou ansiosamente, esperando que eu caísse no chão e tremesse como louca.

Sinceramente, sinto muita pena daquelas pessoas que se apresentavam nos circos que minha mãe me levava quando criança. Aquilo não passava de um monte de gente olhando você como se fosse uma aberração, um entretenimento. Exatamente como faziam agora, mas no meu caso tinha outro nome.

"É o protocolo", disse um dos curandeiros quando eu perguntei se já podia ir embora na primeira vez que isso aconteceu. "Temos que esperar cerca de 10 minutos para quaisquer eventos possíveis".

E então eu sorria e fingia que entendia, porque não, eu não entendia.

Enquanto eu balançava os pés impacientemente sentada numa maca, Madame Pomfrey circulava de um lado para o outro, olhando disfarçadamente para a aglomeração de pessoas na sua enfermaria. Eu tenho certeza que um curandeiro já seria o suficiente para ler um estúpido pedaço de pergaminho e me entregar uma poção com gosto ruim, mas, ao invés disso, nada menos que sete pessoas me encaravam com pranchetas prontas para receberem informações sobre qualquer tipo de resposta do meu corpo à poção experimental.

O fato é que a minha doença é uma das mais raras – senão a mais rara – do mundo bruxo. O último caso, como não se cansam de repetir, foi na década de 20, mais de 70 anos atrás. Eles precisavam explorar todo caso com avidez, caso contrário nunca encontrariam uma cura. Em resumo, eles tinham quase certeza de que não poderiam fazer nada por mim, mas precisavam ajudar as gerações futuras de desafortunados com a Síndrome de Herpo. Apesar de odiar o que eles faziam comigo, estava ciente de que só estava viva e respirando por causa deles. O meu amigo da década de 20 sequer viveu até os 16 anos, mas as poções e feitiços que eles desenvolviam pareciam ao menos amenizar o efeito da doença.

O único barulho na sala agora era o das canetas pertinentes riscando o papel, ocasionalmente acompanhados de alguns sussurros animados. Sempre era assim. Eu queria simplesmente ir embora e voltar para a minha aula, não é como se eu pudesse me dar ao luxo de perdê-las.

Depois de pigarrear, atraindo a minha atenção, o líder deles, Wilfred, me chamou.

— Esperamos conseguir algum progresso dessa vez, senhorita. Um dos melhores curandeiros da Nova Zelândia nos enviou suas últimas descobertas. Como sempre, pedimos a sua colaboração. Nos avise diante de qualquer efeito colateral, sim? Envie-nos uma coruja imediatamente. — ele coçou a nuca, guardando em seguida a sua pena e seu pergaminho, despedindo-se de mim após a minha confirmação e virando-se para a equipe.

Inspirei fundo. Nova Zelândia. Na semana passada era um cara da América do Sul, que pelo menos fizera questão de vir em pessoa. A comunidade dos curandeiros por todo o mundo parecia me conhecer, apesar da minha família sempre ter pedido sigilo completo.

— Sadie?

Eu podia jurar tê-lo reconhecido antes mesmo que Ced sequer dissesse alguma coisa, soube que era ele no exato momento em que as portas da enfermaria foram abertas.

— Com licença, Madame Pomfrey — ouvi-o perguntar educadamente — Sadie Creevey apareceu aqui hoje?

Me encolhi ainda mais atrás da cortina que separava minha maca e o grupo de curandeiros do resto da ala. Droga, o que eu vou fazer?

Levantei subitamente e saí de trás da cortina antes mesmo que Madame Pomfrey tivesse a chance de respondê-lo. Lá estava ele, conversando com ela na entrada da enfermaria.

— Ced! — chamei-o, impedindo Madame Pomfrey de responder. Minhas mãos tremiam só de imaginar algum curandeiro saindo de trás daquela estúpida cortina.

— Sadie! Louise me disse que a encontraria aqui. O que está fazendo? — sua expressão mudou de um leve sorriso a uma testa franzida em segundos, deixando-o com uma expressão comicamente semelhante à do meu pai quando fica preocupado.

— Um pouco de dor de cabeça, mas graças a Madame Pomfrey já estou melhor — respondi, escondendo meu nervosismo, enquanto lançava um olhar à enfermeira, pedindo em silêncio para que concordasse — Agora vamos sair daqui, Ced. Você sabe que não gosto de ambientes hospitalares e coisa tal. Só me deixe falar um instante com Madame Pomfrey, sim? Pode esperar lá fora, é um minuto.

Ele assentiu, ainda que com uma sobrancelha erguida, e seguiu em direção ao corredor.

— Obrigada por me dar cobertura, Poppy — dirigi-me à bruxa à minha frente, que continuava encarando o curioso grupo por trás das cortinas — E por tudo.

Eu e Madame Pomfrey nos vimos muito nos últimos anos, o que me rendeu a intimidade de chamá-la pelo primeiro nome. Ela sempre me ajudou, atendeu a todas as minhas emergências e nunca disse uma palavra sequer sobre mim a ninguém.

— Ah, não há de quê, querida — ela sorriu, os olhos azuis lançando-me um olhar quase materno — Pode ir com o seu amigo. Eu digo a eles que você já foi.

Agradeci e despedi-me dela com um abraço, peguei minha mochila de uma das poltronas e abri as portas da enfermaria energicamente, feliz por deixar aquele lugar. Ced estava encostado na parede oposta, me encarando com uma sobrancelha erguida e os braços cruzados.

— Ué, o que foi? — perguntei enquanto pendurava a mochila nos ombros.

Ele me encarou por uns segundos antes de responder.

— Você fica estranha quando sai da Ala Hospitalar — ele concluiu — Por acaso você sempre foi pequena assim? Quando a vi lá dentro, quase confundi com um duende.

Soquei o seu braço, fingindo irritação.

— Só porque você é uma girafa ridiculamente alta e desajeitada não significa que eu seja um duende. Eu tenho um tamanho perfeitamente normal. — cruzei os braços.

— Oh, com toda certeza — ele entoou de forma sarcástica — Vossa perfeita normalidade em estatura gostaria de me acompanhar às estufas de Herbologia para a efetuação do dever da segunda-feira?

Ri como uma idiota da completa estupidez dele. Ele logo cedeu e começou a rir também, sacudindo os ombros daquela forma desajeitada de sempre. Era tão fácil ficar perto de Cedric que às vezes eu chegava a não sentir minha pele queimando por baixo das vestes do tanto que me divertia. Às vezes, em alguns descargos de consciência, eu me sentia culpada por mentir tão descaradamente para ele, mas não era minha culpa – parecia egoísmo fazê-lo se preocupar com um destino estúpido que não pode ser mudado. Não acho que suportaria seu olhar pesado de preocupação se visse algumas das minhas marcas, que já faziam uma boa parte do meu corpo queimar.

— Não temos mais aula hoje, certo? — perguntei quando começamos a andar — Oba, sem Aritmancia.

— Sim, Dumbledore nos liberou mais cedo por causa dos visitantes que chegam hoje. Beauxbatons e Durmstrang.

— Que nomes idiotas.

— São escolas, Sadie. Hogwarts também seria um nome bem idiota numa pessoa.

— Ok, tenho que concordar — ri — Mas vamos mesmo fazer a lição de Herbologia? O pessoal tá animadinho com a chegada das duas escolas, a estufa deve estar quase vazia.

Ele assentiu, e antes que percebêssemos, já havíamos chegado ao corredor das cozinhas, onde estava oculta a entrada para o Salão Comunal da Lufa-lufa. Por mais que Colin e Rose se gabassem dos métodos de proteções das suas casas, eu ainda achava o da Lufa-lufa infalível – dizem que não tivemos nenhum intruso nos últimos 500 anos. Helga é a melhor de todas as fundadoras, não foi o nosso salão comunal que Black invadiu no ano passado. Mas a Grifinória continua contando vantagens.

Exibidos.

Ced encontrou rapidamente o barril correto entre todos os que estavam empilhados e tamborilou com os dedos no ritmo da nossa fundadora. Ele cantarolou com uma voz propositalmente fina e, quando o barril se moveu para o lado, ele reverenciou-se.

Aplaudi-o.

— Bravo. De fato um talento adquirido por poucos.

Engatinhamos pela passagem relativamente estreita que levava ao nosso Salão. Poucas pessoas estavam lá, mas as que estavam conversavam avidamente sobre os dois colégios que nos visitariam, espalhadas pelos pufes amarelos e pretos. Eu não conhecia nenhum dos dois, porque, por ser nascida trouxa, meu conhecimentos acerca de escolas de magia se resumia a Hogwarts.

O cômodo era inquestionavelmente confortável. Quase tudo era arredondado – as janelas, as mesas, as portas, e até o cômodo em si. Uma luz amena do fim da tarde misturava-se à dos candelabros de bronze, iluminando os inúmeros espécimes de plantas pelo teto e paredes, trazidas até ali pela nossa diretora, a Profª Sprout. Alguns alunos conversavam com o enorme retrato de Helga Hufflepuff acima da lareira. Até ela parecia animada com aquilo. Cruzes.

Me despedi de Ced assim que ele cumprimentou Malcolm Preece, um dos artilheiros do nosso time de Quadribol. Acenei de longe para ele enquanto abria a porta redonda que levava ao meu dormitório. Mesmo com o clima frio do Outono lá fora, os aquecedores acobreados de cada uma das nossas camas deixavam o ambiente agradavelmente quente. Só Louise estava lá, as camas das outras garotas estavam vazias.

— Sadie — ela me chamou assim que me viu — Barny deve estar com fome. Não parou de miar desde que cheguei aqui.

No momento em que ela terminou a frase, um vulto negro pulou na minha cama, me olhando com os enormes olhos amarelos. Barny, como se quisesse confirmar o que Louise tinha suposto, soltou um miado agudo e começou a balançar a cauda no ar.

Ele se parecia demais com o mascote de quem herdou o nome – Barny era o morcego simpático dos Ballycastle Bats, time de Quadribol pelo qual eu tinha uma leve obsessão. Assim como um morcego, o meu Barny tinha um pêlo curto muito negro, orelhas enormes e um par de olhos igualmente grandes.

Sentei-me na colcha de retalhos da minha cama, pegando-o no colo e acariciando entre suas orelhas. Inúmeros pôsteres e itens com as cores preta e vermelha do time supracitado ocupavam cada centímetro da minha parte do quarto, contrastando com o amarelo alegre da minha Casa.

— Fome coisa nenhuma, eu o alimentei há umas duas horas — ele se enroscou no meu colo e começou a ronronar — Ele não é o único a estar agitado nessa escola. Até Helga anda conversando alegremente sobre o tal torneio.

— É porque é legal, ué. Até que enfim alguma coisa diferente vai acontecer por aqui, nos encher de Quadribol todo ano já estava...

— Epa — interrompi-a — Sem falar mal do Quadribol. Ainda não superei a perda da maldita temporada — me levantei, jogando as vestes na cama e substituindo-as por uma camiseta folgada do meu time e um par de jeans — Vou fazer a lição de Herbologia da segunda. Você vem?

— Ah, não — ela apontou para o amontoado de pergaminhos em sua cama — Tô na metade do segundo pergaminho de História da Magia. Odeio duendes, definitivamente. Essa deve ser a quinta revolta deles que estudamos, por Merlin.

Ri apanhando Barny no colo e pendurando a mochila no ombro. Me despedi de Louise com um aceno de cabeça e abri a porta do meu dormitório quase ao mesmo tempo que Ced, que fechava a dele do outro lado do Salão.

— Pronta para uma emocionante aventura no mundo da Herbologia? — Cedric perguntou indo em direção à pequena passagem.

— Nunca esperei tanto por algo na minha vida — respondi rindo.

— Ei, Diggory! — um garoto do 4º ano chamou Ced, acenando do seu grupo. Acostumado a ser chamado numa certa frequência por ser monitor, ele foi a ele de bom grado.

O gato de algum aluno passou por mim, o que pareceu atrair a atenção de Barny. Ele se contorceu até que eu o largasse no chão, o que me fez soltar um muxoxo de irritação.

Aquele grupo do 4º ano parecia estar conversando sobre Ced há um bom tempo, o que me fez erguer a sobrancelha.

— Creevey — um deles me cumprimentou quando chegamos e se virou para Ced em seguida — Soube que está pensando em se inscrever, Diggory. É verdade?

Ced olhou para mim de relance diante da pergunta do garoto.

— Se inscrever? — perguntei — Se inscrever no quê?

— No torneio, ué — uma garota respondeu — Você devia, Diggory, seria ótimo para que parassem de pegar no pé da Lufa-lufa. Imaginem? "Campeão lufano de Hogwarts vence o Torneio Tribruxo". Nunca mais abririam a boca para nos oprimir.

— E o Potter deixaria de ser o centro das atenções pelo menos uma vez — aquele que havia nos chamado resmungou.

Dei risada.

— Cedric no torneio? Sério? — fui parando de rir gradativamente quando percebi que não era uma piada — Sério? — repeti, um pouco mais séria.

Ced corou do jeito menos hétero possível, o que me fez querer rir de novo.

— Não, não — ele negou — Concordo que um lufano no torneio seria ótimo, mas não acho que eu seria o mais adequado para isso. Por que não vão atrás do Malcolm? Soube que ele queria participar.

E então ele me puxou, saindo de perto deles de forma um pouco brusca.

— Você acabou com Malcolm — ri — Não vão largar do pé dele.

— É. Louise estava lá?

— Hein?

— No dormitório.

Percebi sua mudança brusca de assunto, o que disparou um pequeno alerta dentro de mim. Por que diabos Ced estava mudando de assunto? Geralmente isso não significava boa coisa, mas resolvi deixar para lá. Talvez ele só estivesse cansado das pessoas esperando demais dele. Acontecia com frequência.

Seguimos para a estufa falando asneiras durante todo o caminho. A escola parecia bastante vazia para um período livre, provavelmente os alunos estavam no Salões Comunais conversando sobre as incríveis possibilidades com novos alunos aqui, enquanto eu só conseguia imaginar corredores lotados e sotaques estranhos.

Chegamos à estufa alguns minutos depois. Ced puxou duas das várias cadeiras encostadas no canto da sala e as posicionou de frente à grande mesa que geralmente estava coberta com terra e plantas cada vez mais peculiares.

— "Escreva 15 centímetros de pergaminho sobre o uso do feitiço Colimius Plantae" — Cedric leu o dever em voz alta com uma falsa animação — Eu realmente mal posso esperar para pesquisar sobre a utilidade disso em minha vida.

— Nunca se sabe quando será necessário plantar um jardim — respondi rindo.

Peguei um pedaço de pergaminho da mochila e o pesado livro de Herbologia enquanto ele fazia o mesmo. Já estava preparando a pena quando escutei uma agitação vinda de fora da estufa.

— Eu só não estou pronta para um relacionamento no momento — uma voz feminina muito familiar soava debochada e abafada do lado de fora.

— Mas eu arrisquei tanta coisa por você, eu acho que a amo... — uma voz alta, aguda e chorosa soava longe.

— Não, você não me ama, eu tenho uma boa certeza disso — a primeira voz se tornava mais próxima, Ced me encarava com um ar de riso nos seus lábios — Se pode me dar licença, tenho um compromisso na estufa agora.

Segundos depois a porta foi aberta e uma pessoa alta e esguia entrou fechando-a o mais rápido possível. Uma menina com os cabelos mais curtos que os de Cedric, enormes olhos verdes e uma boca notavelmente carnuda entrou na estufa, e, sem falar uma palavra, puxou uma cadeira e sentou-se ao meu lado.

— Corvinais são tão dramaticas — ela falou tirando seu casaco grande e jogando-o no chão revelando sua blusa masculina abotoada até o pescoço — Não aceitam que não são especiais.

— Olá, Rose — falei olhando para ela e recebendo um sorriso de volta.

Rose Windsor era, por mais estranho que parecesse, minha melhor amiga, mesmo sendo uma sonserina no sentido mais literal da palavra – arrogante, fria, astuta, e, se quisesse, extremamente cruel. Também podia ser considerada uma destruidora nata do coração de muitas das garotas de Hogwarts, mas eu a conhecia há tanto tempo que esse tipo de coisa e a sua presença na minha vida já eram comuns.

— Quem era a menina? — Ced perguntou enquanto folheava o livro e escrevia no seu pergaminho.

— Essa é uma ótima pergunta, Cedric — ela falou afastando a cadeira para trás e apoiando seu pés na mesa — Mas, por mais que eu me esforçasse, não saberia a resposta para ela.

Essa era Rose. Via uma garota, achava-a interessante, fazia com que ela fosse contra todos os seus princípios – já que nem todos estavam dispostos a deixar certas coisas à mostra em Hogwarts – e depois agia como se nunca tivesse visto coitada. Não era algo que eu faria, mas quando se trata de Rose é difícil discutir.

— Acho que conheço o irmão dela, se ela for a Corvinal que estou pensando — Ced colocou a mão no queixo, pensativo — Soube que ele vai se inscrever no Torneio.

— Por Merlin, Diggory. Até você com essa história de Torneio? — Rose ergueu uma sobrancelha para Cedric — Vi alguns garotos e garotas da Sonserina sugerindo que você se inscrevesse hoje. Disse que eles eram idiotas, você não duraria um segundo lá dentro.

Eu e ela rimos, e Ced também, passando a mão na nuca e olhando para cima.

Ah, não.

Se eu não conhecesse Ced tão bem, seu gesto passaria despercebido, mas sempre que ele passava as mãos no cabelo daquele jeito e olhava pra cima, tentado não nos encarar...

— Não está realmente pensando em se inscrever está, Ced? — encarei-o, tentado parecer séria — Tem muita gente insistindo, e aqueles garotos pareciam bem animados com a sua inscrição. Mas você não faria isso, faria? Quer dizer, o torneio tinha sido cortado por causa das taxas de mortalidade, por Merlin!

— Claro que não! — ele me respondeu rapidamente — Quer dizer, tem um prêmio bem legal, e de fato ajudaria muito a Lufa-lufa, mas eu não iria. E eu não seria eleito, mesmo que o fizesse.

— Ainda bem que você sabe, Diggory — Rose deu tapinhas em suas costas — Ah, mas isso não é o melhor desse torneio. Vocês dois conhecem Beauxbatons?

— Sei que é uma escola só de mulheres, francesinha e cheia de frufrus — falei, tentando engolir o que Ced dissera — Ou pelo menos foi isso que Louise me disse.

— Sim. Só de mulheres. — ela repetiu, sorrindo maliciosamente.

— O que...? — Ced começou, mas depois pareceu perceber o que estava implícito na frase de Rose — Oh.

Sim. Aposto que a metade delas não aguenta um ano sem ver um rostinho de garoto sequer, ainda que sejam femininos como o do Diggory — ela segurou o queixo de Cedric, sacudindo com zombaria — Eu sempre quis estudar lá, seria bem mais fácil.

— Viktor Krum também vem — Cedric declarou, me lançando um sorriso zombeteiro.

— Viktor quem? — Rose perguntou.

— Krum — respondi com raiva na voz, encarando Cedric.

— Ah, Sadie, qual é — ele reclamou — Foi injusto que a Irlanda ganhasse. O cara fez uma Finta de Wroski, por Merlin.

— E quem liga para a maldita Finta de Wroski? Você não viu o que os artilheiros maravilhosos da Irlanda fizeram. Eles mereceram aquela vitória, eu nunca vi três pessoas jogarem tão bem juntas como aquelas. Pareciam poder ler as mentes um dos outros, ah, a sincronia...

— É claro que vi, eu estava lá. Do seu lado. Tentando conter ao menos a metade das suas reações exageradas e pensando como pude ser tão burro de te chamar para me causar vergonha em público.

— Ei! — reclamei.

— Okay, eu não quero mais saber quem diabos é Krum. Não comecem a discutir Quadribol de novo, por Morgana — Rose nos interrompeu — Se vocês começarem, juro que faço aquelas duas plantas nada amigas do canto terem suas cabeças para o jantar.

Depois que ela nos convencesse de forma nada amigável, o fim da tarde passou rápido, assim como o jantar. Os dois colégios fizeram apresentações enormes e espalhafatosas, quase tão gigantescas quanto a diretora de Beauxbatons – Merlin, que mulher enorme! – e quase não vi Ced durante todo o evento. Ele devia estar com os amigos, falando coisas idiotas sobre as garotas estupidamente bonitas que haviam chegado. E por sinal, Rose teve uma reação pior que todos os garotos em Hogwarts inteira, não a vi desviar aquele olhar nada indiscreto sobre elas sequer por um instante.

Fui à mesa da Sonserina quando começaram a sair para os dormitórios para tentar conter Rose ao menos diante da diretora das garotas, tentando convencê-la de que ela teria inúmeras oportunidades para se apresentar. Na tentativa, tive que ouvir um depoimento de quarenta minutos sobre como as francesas eram maravilhosas e inúmeros "Você viu?", apesar de ter claramente assistido à mesma cerimônia que ela.

Quando finalmente consegui me despedir, só nós duas e uma McGonagall bastante irritada restávamos no Salão. Pedi desculpas e me despedi de Rose com um olhar assassino, seguindo para o dormitório. Não esperava encontrar ninguém lá, já estava bem tarde. E de fato não havia quase ninguém.

Sentado num dos pufes pretos estava Ced, os cabelos mais bagunçados do que haviam estado o dia inteiro – não era de se surpreender, pelo jeito com que ele os agitava, já deviam estar um ninho – e um pequeno pedaço de papel nas mãos. Quando me viu, tentou escondê-lo.

— Qual é, Diggory — chamei-o, rindo — Não se esconde algo das pessoas quando elas já estão olhando. Isso só as deixa mais curiosas. Agora vai ter que me mostrar o que tem no estúpido papel. O que é isso aí?

A luta pelo pedaço de papel foi extremamente injusta – ele tem praticamente o dobro da minha altura, e não parava de estender o papel no ar como um idiota –, mas, depois de muito esforço, consegui arrancá-lo de suas mãos. Desamassei o papel, rindo, e li o conteúdo em voz alta.

— Cedric Diggory — tornei a olhar para o papel, franzindo as sobrancelhas — Cedric Diggory?

Ele parecia querer se esconder, o que estranhei muito. Sentou-se de volta no pufe e ficou encarando o chão, evitando o meu olhar.

— Ced — coloquei a mão no seu ombro — Eu já sabia que você era burro, não foi nenhuma surpresa. Mas ser burro a ponto de ter que escrever o próprio nome num papel para não esquecê-lo? Isso ultrapassa os limites, meu caro. Isso me preocupa.

Não o ouvi rir da minha piada, o que me fez parar de sorrir imediatamente. O que tinha demais naquele estúpido pedaço de pergaminho?

Ele uniu as palmas das mãos e levou-as ao queixo, um hábito muito comum de quando estava nervoso, e ergueu o olhar para mim.

— Eu vou me inscrever no Torneio, Sadie.


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Notas finais do capítulo

Ced vagabunda. Bate nele. TIJ.
Welllllllllll, queria dizer um troço aqui. Bem, como vocês devem ter percebido, a Rose é lésbica. Estamos bem cientes que homossexuais passavam por dificuldades BEM maiores que agora na década de 90, e pode ser que tenha soado bem normal para a Sadie que a Rose fosse. Eu e Amanda discutimos isso antes de escrever, e decidimos que vamos mostrar isso ao longo do tempo por meio de OUTRAS pessoas. Porque vejam, esse é o ponto de vista de Sadie, e para ela, não há nada de errado com a melhor amiga, mas é claro que nem tudo são flores. Resolvi deixar isso aqui nas notas para que não recebêssemos questionamentos acerca disso, mas é besteira :) Espero que cês tenham curtido esta moça, ela vai ser bem importante pra história.
ENTÃO, SEUS LINDO, AMANDA DEIXOU UM RECADO: "I love You bitch I ain't never gonna stop loving you bitch"
(nova Freud, haters choram)
Bem, não vou aumentar a meta de reviews porque já demoramos bastante pra conseguirmos esses, então mais sete pro próximo, kay? Prometemos que não demoramos, mas depende docês, cês sabem.
Três beijo.