Our Ruin escrita por tori traurig, Valeriedy


Capítulo 3
║Capítulo II


Notas iniciais do capítulo

OI GENTE! Menos tempo do que eu esperava, mas estamos postando antes da meta de reviews mesmo porque a LINDA MARAVILHOSA da Lily Lovegood mandou um review muito lindo e incentivador. A gente ama você, sua linda. Aproveitem a leitura, seus lindos ♥ ♥



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Minha dor de cabeça ao acordar era tão forte que, quando tentei abrir os olhos, meu campo de visão estava completamente obstruído por pontos pretos e vermelhos. Tornei a fechá-los, massageando as têmporas. Uma considerável parte do meu corpo ardia de forma extremamente incômoda, o que me incentivou a levantar mais rápido.

Sentei-me na cama e esfreguei os olhos, sentindo a cauda de Barny roçar nos meus cotovelos. Acariciei de leve o seu pescoço e pude sentir a vibração suave do seu ronronado. Dando uma olhada na cama das garotas, percebi que nenhuma delas havia acordado. Ótimo. Apanhei a minha caixinha no malão e uma muda de roupas e saí do nosso dormitório, seguindo para o banheiro feminino.

Ninguém estava por lá também. Arrumei as minhas coisas no enorme balcão de madeira e encarei o meu reflexo no espelho.

Merlin, que horror.

Meus olhos estavam tão inchados e vermelhos que a impressão que dava era que eu tinha levado uma série de socos. Abri a torneira e lavei o rosto com água gelada várias vezes seguidas, tentando deixá-lo menos deprimente.

Depois de muitas tentativas não sucedidas, abri minha caixinha. Tirei de lá os frasquinhos cuidadosamente etiquetados das poções que tomava todos os dias. Aquele processo já era conhecido por mim desde os quatro anos, quando a minha mãe descobriu que eu era bruxa e ao mesmo tempo soube da minha doença. As funções delas eram variadas, e muitas eram constantemente trocadas ao longo do tempo, mas era graças a todas elas que eu ainda estava viva.

Quando os curandeiros do St. Mungo’s desenvolviam alguma coisa, era Madame Pomfrey que se encarregava de me fornecer tudo toda semana. Ela organizava tudo em frasquinhos de vidro tampados com rolhas, aos quais ela mesma etiquetava as instruções cuidadosamente. Além de tudo, era ela que me socorria diante de alguma crise, era ela que distraía os curandeiros para que eu pudesse ir embora da Ala Hospitalar mais rápido. Eu nunca seria capaz de expressar minha gratidão.

Tomei uma parte dos frasquinhos, contraindo o rosto com o gosto de alguns deles, e guardei a outra parte na mochila – alguns tinham horários certos para serem tomados. Escovei os dentes na tentativa de tirar o gosto amargo da minha boca e troquei o meu pijama pelas roupas que havia trazido. Tentei fazer aquilo o mais rápido possível, porque, como era Sábado, provavelmente ninguém estaria usando o campo de Quadribol, e eu realmente queria praticar.

Sei que não tínhamos uma temporada e que, hipoteticamente, eu não tinha que me preparar para nada, mas eu não era a única de Hogwarts que gostava de jogar Quadribol a ponto de praticar até mesmo sem ter jogos em breve. Era comum encontrar algum grupo praticando ou só jogando por diversão.

Mesmo com uma tonelada de deveres pendentes, eu não estava com o humor certo para fazê-los. O sexto ano em Hogwarts não era exatamente o que todos costumavam esperar. Como só tínhamos que cursar as matérias pelas quais optávamos ou obtínhamos N.O.M.s, tínhamos uma grande quantidade de tempo livre, certo? Errado. Todos os professores faziam questão de nos encher com um milhão de deveres, porque "Nós éramos estudantes dos N.I.E.M.s agora, precisávamos agir de tal forma".

Patético.

Geralmente Ced me acompanhava quando eu ia praticar Quadribol, mas não agora. Não, eu não queria sequer pensar nele. Idiota. Resolvi, por fim, chamar Rose. Ela detestava Quadribol e era péssima jogadora, mas era a única pessoa que me aguentaria com esse humor. E a única pessoa acordada a essa hora, provavelmente.

Saí do Salão Comunal da Lufa-lufa, onde não encontrei ninguém. No Salão Principal, algumas poucas pessoas tomavam café. As visitantes francesas eram um exemplo delas – quase todas as garotas de Beauxbatons estavam lá, sentadas à mesa da Corvinal. Será que todos os franceses eram chatos a ponto de acordar cedo no Sábado? Cruzes.

Peguei duas torradas numa bandeja e comecei a comê-las no caminho. Perto do corredor que levava às masmorras, encontrei um garoto do time de Quadribol da Sonserina. Pelo que me lembrava, se chamava Derrick.

— Ei, Derrick — chamei, fazendo-o virar para mim — Está indo para o Salão Comunal? Pode ver se Rose está lá?

— A Windsor? — ele perguntou e eu assenti — Acho que sim. Vou chamá-la.

Agradeci e esperei do lado de fora da entrada deles, impaciente. As masmorras eram frias demais, e eu odiava frio.

Eu tinha quase certeza que Rose estaria acordada. Ela tem um jeito meio estranho de pensar, e já me disse inúmeras vezes que acha que dormir é uma completa perda de tempo. Você sabia que as pessoas gastam, em média, um terço das suas vidas dormindo?, ela diria. Ela dorme muito tarde e acorda muito cedo sempre, não sei exatamente o que faz, mas simplesmente se recusa a dormir.

O barulho da passagem para o Salão Comunal da sonserina se abrindo me acordou dos meus devaneios. Uma Rose muito bem-humorada saiu de lá, aparentemente rindo do que alguém lá dentro dissera. Quando me viu, sua testa franziu um pouco.

— Sadie? — ela perguntou, erguendo uma sobrancelha — 'Tá tudo bem?

— Quero que jogue Quadribol comigo — fui direto ao ponto.

Ela esperou alguns segundos antes de perguntar, hesitante:

— O Diggory não pôde jogar, ou...?

— Não quero falar sobre isso. Por favor.

Quando terminei de falar, as runas por baixo das minhas vestes formigaram. Rose avaliou por mais alguns segundos até perguntar bem calmamente.

— Quer que eu mate ele?

— Aparentemente ele quer fazer isso por si só — resmunguei, sentindo uma pontada de irritação no estômago — Podemos conversar sobre isso no caminho?

Ela assentiu sem questionar dessa vez, permitindo que a passagem ao seu Salão Comunal se fechasse e começando a me seguir.

— Cedric vai se inscrever no torneio — murmurei.

Ela piscou, demonstrando uma leve surpresa.

— Então ele realmente se deixou levar pela pressão? Isso não é a cara do Diggory.

— Sei que não — resmunguei — Eu não queria exatamente falar sobre isso, Rose. Tudo bem?

Ela concordou rapidamente, logo puxando um assunto completamente aleatório, e começou a tagarelar sobre como era injusto que justo a Durmstrang se juntasse à Sonserina ao invés de Beauxbatons. Dei um leve sorriso. Era por isso que eu simplesmente amava Rose – se eu não quisesse falar, ela não faria a mínima questão de ouvir. Se eu a pedisse para fazer algo que odiasse tanto quanto jogar Quadribol, ela aceitaria sem hesitar.

Apanhei minha velha Cleansweep 7, adquirida no ano em que consegui um lugar no time de Quadribol. Meus pais ficaram mais que orgulhosos, apesar de não entenderem muito bem como funcionava a coisa. Rose pegou alguma vassoura aleatória dos armários da escola e me seguiu até o campo vazio.

— Hum... o que eu faço mesmo? — Rose perguntou subindo as mangas do seu moletom e revelando os braços quase completamente cobertos de tatuagens.

— Não deixa isso — indiquei a goles, pegando-a, e me preparei na vassoura — passar por aquele arco.

Ela bufou e desajeitadamente guiou sua vassoura até as balizas. Logo eu estava lá em cima em frente a ela.

Arremessei a bola e ela passou diretamente pela baliza do meio sem o mínimo de defesa do ser estúpido voando acima delas. Lembrei de como Cedric sempre conseguia segurar a bola, atirando-a longe em seguida, esperando que eu fosse atrás dela. As lembranças das discussões de ontem bombardeavam minha cabeça.

— Você o quê? — minha voz estava bem mais fina do que o normal.

— Sadie, tente entender. Eu preciso fazer isso — Cedric se levantou e olhou nos meus olhos.

— Você não precisa fazer nada que não queira, Diggory.

Eu respirei fundo e olhei para Rose, que olhava para o céu como se nada estivesse acontecendo.

— Rose, você pode pelo menos tentar pegar essa estúpida bola? — gritei de forma um pouco rude, o que a fez acordar de seus devaneios e assentir, assustada.

Desci rapidamente para apanhá-la e voltei às balizas com a goles em mãos. Arremessei com força mais uma vez em direção aos arcos, ou pelo menos achei que tinha usado força, já que ela nem chegou a atravessar alguma delas. Tornei a descer atrás da goles sentindo o olhar de Rose nas minhas costas.

— Você tem que ver além, Sadie — Cedric vinha atrás de mim enquanto eu me distanciava dele.

— Além das mortes? Além dos perigos? — eu sentia minhas mãos cerrarem, apertando minhas unhas contra minha própria palma. As marcas pelo meu corpo queimavam tanto que desfocavam minha visão — Você sabe o porquê de todos quererem ver você nesse estúpido torneio, Cedric?

Ele apenas me encarou com os olhos arregalados, a boca semiaberta e o estúpido pedaço de pergaminho na mão.

— Porque elas não se importam com você como eu me importo — respondi, sem esperar algo vindo dele — Você é só mais alguém apto à tarefa para elas. Para mim você é mais que isso. Você é meu melhor amigo, seu idiota.

Arremessei a bola mais algumas vezes, errando ou quase derrubando Rose nas tentativas. O suor escorria pelo meu rosto e as palavras se embaralhavam na minha cabeça, trazendo tudo o que eu sentira há algumas horas à tona.

— Você já considerou que talvez eu queira ser um campeão? Que talvez eu ganhe?ele passava a mão no cabelo e agora andava por todo o cômodoE talvez eu nem seja selecionado, mas se eu for eu vou precisar de você ao meu lado, Sadie.

Então eu sinto muito por você.

Não senti quando soltei o berro frustado, só reparei quando Rose me encarou assustada e minha garganta ardeu. Desci ao solo na maior velocidade possível, joguei a vassoura no chão e saí pisando firme no gramado. Senti Rose puxar meu braço fiquei de frente a ela, e foi encarando seus olhos verdes que senti as lágrimas se formando nos meus. Ela me puxou para um abraço e eu fiz a única coisa que parecia certa no momento.

Eu chorei.

Não sei ao certo por quanto tempo, mas me lembro de ter sorrido quando Rose murmurou:

— Que ótimo, agora a minha blusa 'tá toda molhada, Creevey.

Me soltei do seu abraço encarando-a com um agradecimento implícito no olhar.

— Eu sei que o Diggory é idiota — ela começou — Mas você tem que pensar melhor, Sadie. Por mais que odeie admitir, ele é sim um "exemplo" de aluno — ela gesticulou as aspas no ar, zombeteira — Então sabe o que está fazendo. Apesar de continuar sendo um idiota.

— Não sabe não, ele só é um idiota — resmunguei.

Ela riu, rendendo-se.

— Ok, ele só é um idiota.

— Vou tomar um banho, ok? Ali no banheiro do vestiário. As meninas já devem ter acordado, e não quero ter que responder nenhuma pergunta agora.

— Ok — ela concordou — Te encontro lá em meia hora.

— Ah, Rose? — chamei quando ela ia embora, fazendo-a se virar — Pode praticar feitiços não-verbais comigo depois? Sei que você já deve ter praticado esse tipo de coisa milhões de vezes, mas eu não consigo lançar feitiços não-verbais. É impossível, por Merlin! Como se não bastasse, não temos essa droga só na matéria do Moody, também temos que usá-los em Transfiguração e Feitiços. Moody quer que pratiquemos para uma demonstração na próxima aula, mas eu não consegui lançar uma vez sequer.

Ela sorriu como se zombasse da minha cara.

— Sério, Sade? Você não conseguiu lançar um feitiço não-verbal?

— Não é como se fosse a coisa mais fácil do mundo, ok? Pare de fazer essa cara — cruzei os braços.

— Ok, eu ajudo a pobre alma desolada — ela riu apertando uma das minhas bochechas — Vai logo tomar banho, depois eu te ajudo.

Nos despedimos e eu segui em direção ao vestiário. O feminino nem tinha um cheiro tão horrível assim, mas o vestiário masculino exalava o seu odor mesmo a metros de distância. Me despi o mais rápido possível e entrei debaixo de um dos vários chuveiros de lá. A água estava fervendo, mas não me importei em esperar esfriar, deixei que as gotas quentes aliviassem toda tensão do meu corpo. Passei as mãos ensaboadas por ele e senti a textura peculiar das runas na minha pele, agora tão comuns.

Passei mais tempo que o necessário debaixo d'água até me lembrar que Rose me esperaria do lado de fora em meia hora. Peguei a toalha que havia separado, desliguei o chuveiro e saí de lá me enxugando, dando de cara com um grande espelho um pouco embaçado pelo vapor. Olhei para os lados conferindo se realmente estava só antes de soltar minha toalha no chão, meu reflexo aos poucos se tornando visível.

Já escutei inúmeras vezes reclamações das meninas do dormitório sobre seus corpos, mas não acho que elas tinham algum direito de falar sobre isso. Não sei exatamente quando aquilo se tornou tão vasto, mas as runas já cobriam a maior parte do meu tronco, do meu umbigo até minhas clavículas a pele limpa quase não existia. Meus braços estavam começando a serem preenchidos e minhas pernas já me impediam de usar qualquer coisa que não fosse uma calça ou algo que cobrisse até os joelhos.

— Toda vez que te olho assim parece estar pior.

Busquei minha toalha no chão e me cobri encarando Rose no canto do espelho.

— Elas estão cada vez piores — respondi.

Ela se aproximou mais e passou a mão em uma marca na minha clavícula delicadamente. Não falou mais nada. Já tínhamos discutido muito sobre a doença, ela não podia perder o bom senso sempre que visse uma runa.

Rose era uma das únicas pessoas que sabiam do meu problema, já que nos conhecemos mais ou menos por causa dele. Ela nunca falou nada a ninguém e também nunca me olhou com pena, o que eu agradecia muito. Assim como eu e os meus pais, ela sabia que eu não tinha muito tempo de vida, mas entendia que não havia muito a ser feito.

— Você está levando isso para um lado muito pessoal, Sadie — Cedric me olhava novamente — Por quê?

— Por quê? — olhei em seus olhos, sentindo os meus inundarem com lágrimas — Porque você tem uma escolha.

E eu não, pensei, olhando novamente o meu reflexo no espelho.

Não demorei ao me vestir, e logo eu e Rose deixamos o banheiro abafado.

— Então, vai querer praticar os feitiços aqui no campo de Quadribol mesmo, ou...?

— Lá perto do Lago Negro é melhor, eu acho. Ainda é cedo, mas é geralmente agora que o pessoal vem jogar. E eu não quero que vejam a minha patética tentativa de feitiços não-verbais. Vamos deixar a humilhação para a aula.

Ela assentiu e nós duas seguimos o caminho para a beira do lago, parando em algum lugar perto da grande árvore de lá. As folhas da faia estavam todas muito amarronzadas e uma grande parte delas já tinha caído, espalhando-se pelo chão.

— Vamos começar com ataque e defesa, ok? Deve ser a matéria do Moody. Ano passado eu vi com o Lupin, e acho que foi mais fácil aprender sem alguém gritando "vigilância constante!" no seu ouvido. — ela riu, tirando a varinha do bolso.

— Sim! Por Merlin, já é bastante difícil conseguir sem um grito no seu ouvido a cada dez segundos, que dirá com — repeti o seu gesto, puxando também a minha varinha.

— Você ataca e eu defendo? — ela se posicionou.

Assenti, tentando me concentrar. Eu só queria desarmá-la, porque Expelliarmus foi um dos primeiros feitiços que aprendemos, e consequentemente um dos mais fáceis de se executar. Contraí o rosto, tentando com todas as forças visualizar a palavra sem dizê-la em voz alta.

Expelliarmus. Expelliarmus. Expelliarmus!

Uma faísca escarlate voou da ponta da minha varinha, mas um escudo invisível repeliu o meu feitiço. E Rose não havia sequer aberto a boca para conjurá-lo.

— Argh! Como você faz isso? — reclamei.

— Tente visualizar não só o encantamento em si, mas ele sendo lançado — ela respondeu, rindo — E eu ouvi você murmurar Expelliarmus. Foi fácil saber quando repelir.

— Mas eu não murmurei!

— Murmurou sim — ela provocou — Agora vai, tenta de novo. E não faz essa cara de constipação, ela é muito engraçada.

Com a cabeça ainda lotada do dia anterior, não foi nada fácil me concentrar. A cada tentativa, as runas sobre a minha pele pareciam arder mais. A Síndrome de Herpo atua bastante na minha dominação sobre a magia, e estar incomodada com a discussão só tornava tudo ainda pior. As poções que eu tomava todos os dias tinham como objetivo me ajudar naquilo, mas nem sempre eram capazes de vencer a doença.

Ao meu lado, um tufo de grama explodiu. Dois. Três. Inúmeras faíscas roxas começaram a sair desgovernadamente da minha varinha, indo para todas as direções, exceto na de Rose. No Lago Negro, um pequeno gêiser se formava atrás do outro. Tornados da altura das minhas pernas se formavam ao meu redor, enfurecidos, bagunçando os meus cabelos.

Um grito de frustração escapou da minha garganta e toda a magia ao meu redor cessou quando eu caí sobre os meus joelhos. Larguei a varinha no chão e levei as mãos a cabeça, fechando os olhos.

— Não consigo, não consigo, não consigo! — minha voz soava fina e esganiçada — É impossível!

Senti a mão de Rose apertar o meu ombro.

— Ei, calma — ela chamou — Calma.

Inspirei fundo e soltei o ar inúmeras vezes, mas não consegui me acalmar.

— Eu odeio isso. Odeio. Não aguento mais, Rose.

— Shh. Trouxe as poções do almoço? Vamos parar um pouco por agora. Depois a gente continua, ok?

Abri os olhos vagarosamente, inspirando fundo mais uma vez.

— Certo. Trouxe sim.

Ela me ajudou a levantar e nós duas seguimos para o almoço. Rose ignorou as regras do colégio pela milésima vez e se sentou à mesa da Lufa-lufa, onde almoçamos e conversamos com as garotas do dormitório. Não vi Cedric de novo. Não queria vê-lo de qualquer forma.

Terminei evitando-o o fim de semana inteiro. Depois que ele se inscreveu naquele mesmo dia, a Lufa-lufa inteira parecia em festa. Cumprimentavam-no aonde quer que ele fosse, passavam horas incentivando-o em nome do orgulho da nossa casa. Evitei falar com qualquer lufano. Não queria saber de orgulho de casa nenhuma.

Na Segunda-feira, o dia em que anunciariam o campeão de Hogwarts, foi pior ainda. Não vi o nosso Salão Comunal parado por um segundo sequer – cada um dos lufanos estava ansioso a ponto de dar pulinhos por aí. Quando me perguntavam por Cedric ou simplesmente me jogavam um "Não está ansiosa pela vitória do Diggory?", eu fazia o máximo para parecer empolgada. Tenho certeza que teria levado inúmeros socos se não o tivesse feito – a Lufa-lufa era uma casa amigável, mas nunca havia visto todos naquela determinação antes.

Quando cheguei ao Salão Principal, a grande maioria dos alunos já estava sentada. A euforia era presente em todo o lugar, e todos olhavam ansiosos para o grande cálice em frente à cadeira vazia de Dumbledore. Sentei ao lado de Louise, que estava do lado oposto da mesa a Cedric. Ele parecia muito animado enquanto conversava com Malcolm e os amigos. Babaca.

Hoje à noite, em algum Salão Comunal, uma grande festa aconteceria. Eu só esperava que não fosse no da Lufa-lufa.

Comi menos que o normal nesse jantar, assim como falei menos do que de costume. Quanto mais nos aproximávamos do momento da escolha de campeões, a ansiedade no ar se tornava quase palpável. Senti minhas mãos suarem quando o Salão entrou em total penumbra e o tão falado Cálice brilhou em chamas vermelhas. Era uma cena bastante bonita, tinha que admitir.

Dumbledore anunciou primeiro o campeão da escola dos grandes brutamontes e Krum foi chamado, levando uma boa parte do salão à euforia. Virei para minha direita preparada para fazer alguma piada sobre ele para Cedric, mas me deparei apenas com um aluno do quarto ano muito animado. Em pouco tempo, o segundo campeão foi escolhido, e uma menina que mais parecia uma veela foi chamada. Ela andou em direção à porta no final do salão e Louise fez algum comentário sobre a sua beleza, mas eu não estava escutando.

Foi como um daqueles momentos onde todo mundo está falando, mas você não escuta nada. Vi a boca de Dumbledore se mexer, mas nenhum som saiu dela. Senti meu corpo tremer. Eu sabia o que viria a seguir.

Olhei para Cedric apenas para perceber que ele também me olhava, e o mundo pareceu mergulhar debaixo d'água, tudo parecia mais lento.

— O campeão de Hogwarts — a voz do nosso diretor soava distante. Prendi a respiração. — É Cedric Diggory! — minha audição voltou ao normal bem a tempo de escutar a última parte.

A Lufa-lufa explodiu à minha volta, e eu puder ver a tristeza nos olhos de Cedric ser substituída num milésimo de segundo pela mesma euforia dos seus irmãos. Segundos depois, ele já estava estava indo em direção à mesma porta pela qual os dois campeões anteriores haviam passado. Toda a minha mesa continuava em pé, gritando e aplaudindo. A algazarra que fizeram foi maior que as duas anteriores, mas eu não consegui sentir a mesma euforia.

Permaneci sentada, encarando o meu prato quase intocado e sentindo uma única lágrima descer pelo rosto. Era isso o que ele era agora.

Um campeão.


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Notas finais do capítulo

Relaxem, que a partir do próximo vai parar com essa viadagem da Sadie com raiva de Ced. MAS E AÍ, QUÊ CÊS ACHAM? Deu pra entender mais ou menos como funciona a doença dela? Bem, não sei se vocês previram, mas tá num estágio bem avançado, e vai piorar bastante ao longo da fanfic. Espero que cês curtam. Ah, e a gente não vai mais ter meta de reviews, 'kay? A gente vai postar quando tiver inspiração e pá. Mas como a Lily provou, um review pode adiantar de muita coisa ♥ Amamos vocês. Até o próximo, nos digam o que acharam!
Ah, Amanda quer dar umas palavrinhas de amor:
Oi gente, não falo muito aqui nas notas mas acho que vocês já notaram que a partir daqui a coisa é mais dark, mas ainda vai ter umas coisas engraçadas porque aqui não é coisa de emo/gótico, estamos postando antes dos 7 reviews mas foi por causa de um review que me fez chorar. Lily Lovegood te amo. beijos otários, nos vemos depois



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