I have fallen for a guy escrita por Morgana


Capítulo 4
Capítulo 3 - Parte 2




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Flashback

Eu caminhava ansiosamente até a lanchonete, estava nervoso, não só pelo encontro, mas porque já estava atrasado, mesmo que por só dois minutos. Sabia como o outro era com horários e me apressei para não chegar a marca de cinco minutos de atraso.

Entrei no estabelecimento enxugando minhas mãos suadas de nervosismo enquanto procurava com o olhar por Holmes.

Avistei o moreno mirar o relógio da parede e depois a janela do outro lado da lanchonete, enquanto tamborilava os dedos na mesa. “Ah não, ele está impaciente. Não, Watson, não estrague tudo como sempre faz” Pensava irritado comigo mesmo. Apressei o passo e cheguei a mesa afobado.

― Sherlock. ― Cheguei por suas costas e ele virou a cabeça ao ouvir minha voz.

― John. ― Um sorriso tímido surgiu em seu rosto. Ele olhou para mim calado por um instante e deu uma risadinha ao concluir seu pensamento.

― O que foi? ― Sua risada me contagiava tão facilmente.

― A gola do sobretudo para cima indica que foi a última peça colocada rápida e apressadamente, preocupado com o horário e uma tentativa de esconder a péssima escolha de roupa, ao seu ver. Sem falar nas mãos dentro do bolso numa tentativa de esconder seu nervosismo e mãos suadas. Acho que devia mencionar também seu cabelo...

― Sherlock. ― Caminhei até a minha cadeira. Ele não me falava o porque de ter sorrido ao me analisar. Era isso o que eu mais queria saber.

― Tão nervoso... ― o moreno falava enquanto passava o dedo em volta da boca ― por minha causa ― ele sorriu e suas bochechas coraram quando viu que o gesto que fazia com a mão, acidentalmente, parecia uma tentativa de ser sexy. ― Cheguei a pensar que não vinha mais. ― Mudou de assunto.

― Só me atrasei por dois minutos.

― E já não é o suficiente? ― Disse Holmes normalmente. Sorri. Adorava esse jeito dele. Seu rosto agora era um grande ponto de interrogação, sem compreender a graça que eu teria achado no que ele acabara de falar. “E olha, eu o estava analisando” Pensei e ri alto.

Tivemos conversas sobre nosso dia a dia ou coisas que gostaríamos de fazer no futuro, até sobre o que gostaríamos muito de poder comer só que não tínhamos dinheiro para pagar. Sherlock havia pedido a conta e por muita insistência dele, o deixei pagar. Ainda permanecíamos a mesa, mas já estávamos quase indo embora.

Para agradecer, Sherlock segurou em minha mão.

― Não poderia ter sido mais agradável o tempo que passamos juntos. ― Ele deu uma pausa focando aqueles profundos olhos azuis nos meus. ― Vamos continuar?

― Continuar? ― Não consegui acompanhar seu raciocínio.

― Sim. A nos encontrar?

― Claro. ― Sorri. ― Sempre. ― Apertei mais forte a mão dele que já segurava a minha.

― Ei! Vocês dois, pra fora! ― Um homem que saíra detrás do balcão gritava em nossa direção. Primeiro ficamos confusos com a situação e nem achávamos que o homem falava conosco, mas então entendemos e estava tão claro. O homem olhava furioso para nossas mãos entrelaçadas. Eu paralisei.

― Não pode fazer isso. ― Sherlock respondeu calmamente.

― A lanchonete é minha e eu digo que aqui não é permitido bichinhas! ― O dono do estabelecimento gritou para quem quisesse ouvir... e ninguém fez nada. Segurava forte o braço do Holmes querendo apenas correr e me esconder.

― Preconceito é crime. Sim, tem direito de recusar o atendimento, mas não lhe fizemos nada, então não nos aceitar aqui é discriminação. E por quê? Porque nunca poderemos ter filhos? E se um hetero não quiser ter filhos, em? Também será discriminado? Ou é porque homem foi feito para mulher e vice-versa? Ou porque deus criou o homem para amar a mulher? Nós seriamos o quê? Imperfeições, defeitos da humanidade? ― Todos da lanchonete encaravam Sherlock, sérios e sentidos. A maioria das pessoas se encontravam pensativos, a não ser os ignorantes aparentes sem solução que apenas encaravam com desprezo. ― Eu não me importo para sua religião, não ligo para como você trata sua vida ou suas escolhas, então eu não sei porque você deveria se importar com a minha.

Por um momento todos ficaram em silêncio. Até que foi quebrado.

― Acabou o discurso? ― O homem falava ainda como uma besta, mas dava para notar em seu tom de voz que ele tinha absorvido alguma coisa de tudo o que Holmes falara. Mas como o orgulho de certas pessoas é maior que o bom-senso, ele nos mandou embora mesmo assim. Eu observei tudo calado e angustiado. Esse era o meu maior medo, a revelação, não para essas pessoas desconhecidas, mas para aquelas que realmente importavam. O modo como falaria, quando, onde, era algo bem comum que estava sempre rondando minha cabeça. Às vezes dava vontade de simplesmente falar de uma vez para acabar com essa agonia que me corroía, mas não conseguia.

Sherlock me guiou pela mão até o lado de fora da lanchonete. E então fomos caminhando lado a lado pelo estacionamento, mas o parei antes de entrarmos no carro.

Ele se virou e olhou em meus olhos. Abri a boca para falar, mas as palavras me faltaram. Meus olhos se encheram de lágrimas. Holmes me olhou com compaixão, segurou meu rosto com ambas as mãos, deu um beijo em minha testa e me abraçou.

Não consegui me segurar, as lágrimas rolaram e eu apertei meu corpo ao dele, como se pudesse me esconder do mundo.

Me fazia tão bem saber que Sherlock estava ali por mim.

Me contive fazendo o choro parar de cair e me separei do moreno para poder olhar seu rosto. Encarei aqueles magníficos olhos azuis, até que automaticamente minha mão subisse para acariciar aqueles cabelos encaracolados. Ele sorriu. Eu ia me acalmando de toda a situação na lanchonete enquanto ao mesmo tempo meu coração ia acelerando por causa do moreno.

― Situações da vida... ― Sherlock falou complacente. Abaixei o rosto expulsando as últimas lágrimas resistentes que desejavam cair. E da maneira mais leve e rápida, o moreno puxou meu rosto para perto do dele. Nossas respirações se misturavam e nossas bocas situavam-se tão próximas. Estava tão surpreso pela manobra agora, não esperava por isso, não neste momento. Meu coração palpitava tão rápido que era um milagre não ter tido um ataque ainda. Ele enfim, acabou com o espaço que ainda residia entre nós. Nossos lábios se tocaram e pude sentir a maciez e doçura daqueles lábios que tanto ansiei. Tudo que aconteceu minutos antes tinha sido apagado de minha mente, apenas para deixar espaço para a única coisa que eu queria: Sherlock Holmes. Aquela boca, aquele corpo... Sherlock me rodou e me empurrou contra o carro, se aprofundando mais no beijo, um tanto quanto voraz. Minhas mãos corriam por suas costas enquanto ele descia sua mão de minha nuca para o meu peitoral. E por mais que ar nenhum naquele mundo fosse melhor do que poder sentir o gosto daquele moreno, precisei nos separar. Enquanto já estava sem fôlego, Sherlock parecia só estar começando. Respirávamos ofegantes. Sorri e o moreno respondeu com um sorriso malicioso.

>>>>>>>

Sherlock me deixou na porta da escola e eu voltei para o meu dormitório.

Cheguei no quarto e encontrei Jim gritando com a cara enfiada na almofada, para abafar o som.

― Jim? ― Perguntei apreensivo.

― Ele, é ele. ― Ele deu um salto da cama e começou a andar pelo quarto. ― O cara misterioso... O do telefone.

― Do que você está falando?

― Ele terminou comigo. ― Moriarty estava com o rosto inchado e falava com muita raiva. ― Não teve nem coragem de... ― Deu um berro aleatório sem completar a frase.

― Era aquele homem que te ligou quando estávamos na biblioteca uma vez?

― Não, aquele era outro.

― Outro?

― Não cheguei nem a ter alguma coisa com esse cara, quando ia beijá-lo percebi que estava apaixonado por outra pessoa. ― Ele falava tudo muito rápido, estava muito agitado.

― Me conta tudo. Desde o começo.

― Ok. É... Na verdade não tem muita coisa.

― Jim, se acalma e me conta tudo o que tiver para contar. Desabafa.

― Tudo bem. ― Jim sentou em sua cama pensando. ― Para resumir, nós começamos a nos encontrar, não do tipo encontro para um futuro namoro. Encontros casuais. Sabe, era só uma troca de favores, só sexo, sabe, não precisamos dessa ladainha de namorados... A nossa maior conversa foi como estava frio porque o inverno já tinha entrado, mas eu não ligava, gostava assim, mas me apaixonei, pelo jeito carinhoso como ele me tratava antes e depois, não me fazendo sentir que era qualquer um que ele usava e jogava fora. ― Me sentei ao lado dele na cama e o abracei, então ele chorou em meus braços. ― Ele se apaixonou por outro. ― Disse Jim por fim, mergulhando em lágrimas. ― Deu adeus pelo telefone. ― Falou trocando de tristeza para irritação. ― Não teve nem coragem de olhar na minha cara para fazer isso! ― Berrou e correu para o banheiro, se trancando lá. Corri até a porta.

― Jim! Jim! ― Chamei encostado na porta do banheiro. Ele não respondeu. ― Por favor, não fique aí. Eu estou aqui, não precisa sofrer sozinho. ― Tentava pensar no que dizer, mas não sabia com que palavras confortá-lo. Odiava ver pessoas que amava sofrendo. ― Escuta... Eu estou aqui para você. ― Estava ficando triste também, mas a tristeza logo passou para raiva. ― Esse cretino, seja lá quem for, não te merece, ele não podia ter feito isso com você e...

Automaticamente fui até o celular do Jim, lembrando do que ele tinha dito: “Deu adeus pelo telefone”, e pesquisei pela última chamada e então ali estava, estampado, um nome pelo qual eu não podia esperar: “Sherlock”.

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

Jim tinha saído irritado com Sherlock e o moreno irritado comigo. Sherlock já saber daquilo já era ruim o suficiente, mas pensar que um dia Moriarty poderia descobrir aquilo, me matava, ele era meu melhor amigo desde sempre. “Por que não descobri quem era o homem misterioso de Jim antes que o estrago tivesse feito? Antes de ter me apaixonado?” Mas pensar que se fosse assim, eu não conheceria Sherlock, e isso era igualmente péssimo. Ele é a única pessoa que conseguiu me fazer se sentir feliz de verdade...

Uma lágrima solitária escorreu pelo meu rosto.


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Notas finais do capítulo

Tadinho do John, ele não merecia sofrer assim, né? :( E imagina se o Jim descobrir tudo...
Muitas emoções, muitas emoções
Obrigadinha a todos que vem acompanhando! (:
Beijos :*



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