Círculo Fechado escrita por MarcosFLuder


Capítulo 2
Capitulo 2




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HOSPITAL MEMORIAL DE WASHINGTON

Era alta madrugada mas aquele homem não conseguia dormir. Ele queria fumar um cigarro, mas ninguém quis atender o seu pedido. Antes ele dava ordens e raramente era desobedecido, antes ele tinha poder, mas agora era apenas um inútil pedaço de carne que até a morte parecia rejeitar. Agora era praticamente um cadáver que respirava e tossia. Quando foi jogado daquela escada uma parte dele sentira um grande alívio, pois finalmente não teria mais que carregar o seu fardo. Só que ele continuou vivo e agora só lhe restava olhar para o teto enquanto aqueles que tentaram mata-lo não viessem completar o serviço. A porta do quarto abriu e ele pode ver a figura se aproximando, estava escuro, mas ele sabia muito bem quem era.

— Pensei que não viesse mais Krycek.

— Só fui descobrir agora que você estava vivo – disse – você é mesmo um osso duro de roer velho.

— Veio completar o serviço?

— O que acha? – disse Krycek apontando-lhe uma arma.

— Acho que é uma péssima ideia rapaz – disse uma voz atrás de Krycek. Este se virou para atirar, mas viu sua arma ser jogada para longe com um chute. No segundo seguinte outro chute na boca do estômago o faz arquear o corpo, permitindo ao seu adversário agarrá-lo pela camisa e jogar sua cabeça contra a parede, como se ele fosse um aríete, fazendo-o desmaiar.

— Vejo que não perdeu suas habilidades de luta – disse o canceroso – o que faz aqui White?

— Vim lhe propor uma troca – disse soltando o corpo desfalecido de Krycek.

— Do que está falando?

— Preciso que me entregue o agente Mulder.

— Ele não está comigo!

— Mas você tem os meios de encontrá-lo.

— O que quer com ele?

— Ele é o único que pode resolver a crise que estou enfrentando – disse – e isso é tudo o que direi.

— Não creio que possa ajudá-lo!

— Você tem os meios de achá-lo e eu tenho os meios de salvar a sua vida – oferece a ele um cigarro – preciso da sua resposta agora.

— Você parece desesperado!

— Você sabe que eu posso encontrá-lo sozinho – disse – eu só estou aqui porque você pode me poupar um tempo precioso – acende o cigarro que ofereceu ao canceroso – me dê alguns dias e eu lhe darei sua vida.

— Porque eu deveria confiar em você?

— Porque você me conhece!

— É verdade que eu o conheço White – disse, enquanto dava uma tragada – durante anos nós respeitamos a área um do outro, mas agora eu me pergunto se você não estava envolvido em todos os problemas que o sindicato enfrentou nos últimos anos... principalmente aqueles que foram causados pelo agente Mulder e sua parceira.

— Eu não tenho tempo para discutir sobre as suas desconfianças Spender! Qual é a sua resposta?

— Você tem um acordo.

O Senhor White fez um sinal e dois homens vieram com uma cadeira de rodas colocando o canceroso nela, quase no mesmo instante que Krycek começa a recuperar os sentidos e encara o Senhor White.

— O belo adormecido acordou – disse o canceroso.

— Quem é esse cara? – perguntou Krycek olhando para o canceroso.

— Alguém muito pior do que eu – disse enquanto era levado na cadeira de rodas.

Krycek e o Senhor White ficaram se olhando por alguns instantes até que o “rato” viu aquele negro imenso dar-lhe as costas e ir embora, como se Krycek não significasse nada para ele. No instante seguinte já estavam no corredor e Krycek vinha poucos passos atrás, não acreditando que aquele homem dera as costas para ele depois de tê-lo surrado daquele jeito. O “rato” não era homem de desperdiçar oportunidades. Ele rapidamente pega uma faca, escondida numa das mangas do seu casaco. Ele tem um bom uso para a faca, mas mal teve tempo de levantá-la acima de sua cabeça, quando um violento golpe de karatê o atingiu na altura das costelas. O russo desabou no chão, com o estalo que se seguiu ao golpe não deixando dúvida de que pelo menos duas costelas tinham sido quebradas. Krycek não teve tempo de gritar, pois foi amordaçado pelo Senhor White. Este percebeu a prótese no braço de Krycek e imediatamente começou a tirar-lhe o casaco, além de rasgar a camisa dele com sua própria faca.

— Vou te mostrar que seu amigo não estava brincando quando disse que eu era pior do que ele – disse o Senhor White que imediatamente começou a puxar a prótese enquanto imprensava o ombro do “rato” com o pé. Krycek ficou desesperado ao ver o que aquele homem pretendia fazer e tentou impedi-lo sem sucesso. Um, dois, três, e finalmente no quarto puxão a prótese foi arrancada. Tudo o que Krycek pode fazer foi morder a própria mordaça enquanto as lágrimas desciam de seus olhos. Era um choro de raiva, ódio e dor enquanto olhava para o homem de pé na sua frente, segurando a prótese que tinha acabado de arrancar.

— Nunca mais se meta no meu caminho dessa maneira rapaz – disse o Senhor White, que largou a prótese ao lado de seu dono e foi embora calmamente.

BASE SECRETA EM LOCAL DESCONHECIDO

QUATRO DIAS DEPOIS

O caminhão parou em frente aquele local que parecia abandonado e nem constava nos mapas, mas onde havia uma intensa atividade. O Senhor White fez sinal para abrirem o compartimento traseiro , lá dentro ele viu uma redoma onde havia um homem

— Tem certeza de que ele é o homem certo para essa missão senhor?

— Aquele bilhete não deixa dúvidas de que alguém do passado também quer resolver essa crise – disse – e ao que parece essa pessoa só confia em Fox Mulder para isso

— Mas ele nem era nascido nessa época – disse – como ele pode conhecer essa pessoa que nos enviou o bilhete?

— Você devia perguntar como o documento de identificação de um agente do FBI nascido em 1961 pode ter sido enviada de 1942 para nós.

— O senhor está querendo dizer que esse homem também já viajou no tempo?

— Eu não sei como ou com que meios, mas essa é a única explicação para esse fato – faz um sinal para os homens – podem levá-lo para dentro e tratem de pô-lo de pé o mais rápido possível...o nosso tempo está se esgotando rapidamente

Era uma sala branca onde havia apenas a cama onde ele estava deitado. Por um instante Mulder pensou que estivesse numa nave espacial, mas a medida que ia recobrando totalmente a consciência ele percebia que era uma sala comum. Sentiu uma forte tontura ao levantar e perguntou-se quanto tempo esteve desacordado. Com certeza havia sido sedado, do seu despertar até o momento que a porta do quarto abriu passaram-se quase uma hora. Quatro homens entraram e pelas vestimentas, Mulder deduziu que dois deles eram meros capangas e um terceiro uma espécie de cientista. Mas quem chamou realmente a sua atenção foi o homem negro que parecia comandar toda a situação e que tomou a iniciativa de falar.

— Ótimo que já esteja recuperado agente Mulder – disse – vai nos poupar tempo

— Quem são vocês? Onde estou?

— Quem nós somos não é relevante – disse o Senhor White – e você está em uma base secreta em algum lugar dos Estados Unidos...mas o que realmente conta é o que você está fazendo aqui

— E o que eu estou fazendo aqui?

— Salvando o mundo agente Mulder! Pelo menos é isso o que todos esperamos que o senhor faça

— Do que está falando?

— Já ouviu falar em viagem no tempo agente Mulder?

— É claro que já!

— Por acaso já fez uma? – Mulder nem teve tempo de responder, pois um sinal de alarme chamou a atenção de todos ao ecoar pela base

GROVER

COLORADO

A escavadeira seguia o seu trabalho nas ruínas do que era um banco sob o olhar atento de uma mulher ruiva. Ela tinha chegado a pouco e estava em busca de informações sobre aquele estranho caso para o qual havia sido jogada. Tudo isso após receber uma informação anônima, indicando a possibilidade de conseguir uma pista sobre o paradeiro do agente Mulder. Um carro de polícia parou bem perto dela e o Tenente Fergusom veio em sua direção.

— Você deve ser a agente do FBI que me ligou pedindo informações sobre o caso do banco federal – disse estendendo-lhe a mão em cumprimento.

— Meu nome é Dana Scully! Tenente...

— Fergusom – disse – infelizmente eu não posso dizer-lhe muita coisa, pois o caso foi logo tirado de minhas mãos por uma ordem superior.

— Eu sei como são essas coisas – disse Scully – o que aconteceu com os corpos?

— Foram levados e cremados sob a alegação de que estariam contaminados por uma substância radioativa existente na bomba que teria destruído o prédio do banco.

— Isso é muito estranho! Radioatividade não contamina apenas pessoas, mas tudo o que está a sua volta – ela olha em volta do lugar – se houvesse radioatividade nesse local tudo o que estivesse aqui teria que ser retirado por profissionais altamente treinados e com roupas protetoras. Em vez disso eu só vejo um homem numa escavadeira trabalhando, sem nenhuma proteção.

— Como eu já disse esse caso não está mais em minhas mãos.

— E está nas mãos de quem Tenente?

— De um negro chamado Senhor White – Scully não pode deixar de notar a maneira como Ferguson disse a palavra “negro”.

— E onde posso encontrá-lo?

— Não faço a menor ideia! – Dana suspirou achando que teria pela frente mais um daqueles casos que são verdadeiros becos sem saída, foi quando ouviu os gritos do homem da escavadeira. Ela e o Tenente Fergusom foram até ele e viram que um corpo havia sido encontrado.

— Parece que os perdigueiros do tal Senhor White não fizeram o seu trabalho direito – disse Fergusom.

— Ele estava embaixo de um monte de entulho – disse o homem da escavadeira.

— Tenente eu sou médica-legista será que eu poderia usar o necrotério local para examinar esse corpo?

— Por mim tudo bem, mas eu vou ter de informar ao tal Senhor White sobre a descoberta.

— O senhor não poderia esperar mais ou menos 2 horas antes de dar essa informação? – Fergusom olhou para a bela agente a sua frente e pensou se aquilo não seria uma encrenca em que estaria se metendo. O fato é que ele não gostara nem um pouco da maneira arrogante como fora tratado pelo Senhor White e resolveu ir contra os seus instintos.

— Tudo bem agente Scully, você tem duas horas.

NECROTÉRIO DE GROVER

Antes de examinar o que restou do corpo, encontrado nas ruínas daquela agência bancária, Scully verificou se realmente havia traços de radiação, que para seu alívio não foram encontrados. Em seu atual estado ela sabia que não poderia correr riscos desnecessários, só de estar ali já era quase uma temeridade, pois sua experiência em casos assim lhe dizia que ela poderia correr alguns riscos. Ela agora não estava mais sozinha, havia mais alguém que precisa de sua atenção e cuidados e ela sabia que estar ali não era a maneira mais sensata de uma mulher grávida agir. Scully afastou esses pensamentos de sua cabeça e se concentrou no exame do corpo. Logo de cara notou que os instrumentos que usava pareciam atraídos por ele como se esse fosse um imã, o que tornou o seu trabalho muito mais difícil. Ainda assim, ela não demorou a concluir que aquele corpo fora submetido a algum tipo de força eletro-magnética de origem desconhecida. A história de uma bomba radioativa não tinha o menor cabimento.

Ela não teve muita dificuldade em encontrar várias balas no corpo, com certeza foram a causa do óbito, mas o que deixou Scully intrigada mesmo foi constatar o tipo de balas que encontrou. Eram todas de um modelo antigo e que certamente não saíram das armas usadas pelos seguranças do banco. Restava saber o que causou a tragédia naquela agência bancária, porque estavam tentando ocultar os verdadeiros fatos, e onde Mulder se encaixava em tudo isso. O barulho de seu celular interrompeu suas divagações e ela ouviu uma voz, distorcida por um aparelho eletrônico, a mesma que havia dado a dica sobre esse caso

— Você tem que sair daí agente Scully – disse a voz do outro lado do aparelho

— Quem está falando afinal?

— Eu vou estar nos fundos, esperando você com um carro – ela ficou uns segundos sem nada falar – decida-se agente Scully, os homens que estão ocultando a verdade sobre esse caso estão indo para onde você está

— Quem me garante que não é uma armadilha?

— Ninguém garante – disse a voz – decida-se de uma vez – a ligação foi cortada e Scully ficou sem saber o que fazer. A gravidez parecia deixá-la hesitante. A idéia de pôr-se em risco nunca parecera tão assustadora agora que carregava alguém em seu ventre, e a tendência era tudo isso piorar com o tempo. Ela foi até o corredor e viu um homem negro acompanhado por dois outros, que vieram correndo em sua direção. Agora não havia tempo para hesitações. Ela saiu correndo até alcançar a porta dos fundos, onde viu, do lado de fora, um carro cuja porta abriu-se. Ela entrou no carro e antes que pudesse fechar a porta viu um tiro estilhaçar o vidro bem ao seu lado. O susto maior foi quando constatou quem era o motorista

— Krycek! – ela gritou sacando sua arma, que já estava engatilhada.

— Aperte o cinto agente Scully – disse sem se importar com a arma apontada para ele.

— Pare esse carro – gritou Scully.

— Acredite em mim Scully – ele disse – estou aqui para te ajudar... pelo menos dessa vez os nossos interesses são coincidentes – uma bala passa entre os dois estilhaçando o vidro dianteiro.

— Oh meu Deus! Oh meu Deus! – gritou Scully, colocando a cabeça quase entre as pernas.

— Calma eu vou conseguir despistá-los – disse Krycek, enquanto estranhava o pavor de sua passageira. Nunca a imaginara dessa maneira – “será que o sumiço do Mulder a afetou tanto assim?” – ele perguntou a si mesmo e ao mesmo tempo imaginou se não haveria outra coisa por trás de todo aquele pânico... algo que pudesse ser muito útil ele saber.


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