Golpe de Estado escrita por M san


Capítulo 12
Última chance




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O que vocês fizeram com ela? - perguntou Kakashi, vendo Sakura sair emburrada do quarto.

— Pergunta pro Sasuke-kun…— provocou Naruto, sem se preocupar em segurar o riso.

Kakashi olhou para Sasuke, mas o aluno simplesmente soltou um muxoxo e virou o rosto. Era, ao mesmo tempo, fácil e difícil adivinhar o que acontecera. Sakura e Sasuke brigaram. Fácil. Por que? Mil possibilidades.

— Bah… Vocês três dão muito trabalho… - resmungou o Hatake, levantando-se. Sim, ele tinha que conversar sobre o futuro de Konoha. Mas tudo o que ele sabia, os dois também sabiam. E logo estariam de volta à vila. Fariam uma dúzia de reuniões lá. Naquele momento, faltava disposição para ouvir as teorias provavelmente erradas de Naruto e Sasuke. E, além disso, Sakura tinha razão: tinha que arrumar as coisas para voltar.

Ele saiu do quarto, deixando os garotos para trás, e entrou no cômodo à frente: o quarto de Aiko. Aceitara os termos de Nana a respeito de tudo. Ela fugiria do país do fogo com a menina. Ele não contaria para a criança que era o pai dela. E não seguiria as duas. Em troca, quando a crise acabasse, ela voltaria e os dois rediscutiriam os termos. Fora tudo o que conseguira da ninja. Mas não falaram nada sobre ele não aproveitar as últimas horas que tinha com a menina. Por isso, por mais que Nana não demonstrasse muita alegria em vê-lo ali, não o expulsou.

Aiko estava sentada à frente da mãe, com o maior sorriso que Kakashi já vira na vida. Ela contava algo animadamente, mas parou de supetão quando percebeu o ninja encostado na porta. Kakashi esperou que a menina ficasse emburrada novamente, fechasse a cara e voltasse à má educação de sempre. Mas errou. Ela continuou sorrindo, levantou-se rapidamente e correu em direção a ele.

— Mamãe disse que você cuidou dela a noite toda… - começou a menina, sendo a criança que não fora até ali.

— Bah… Não foi difícil… - minimizou Kakashi, sorrindo por baixo da máscara.

— Obrigada - agradeceu Aiko, curvando-se. O ninja quis pegar a menina no colo, apertá-la, enchê-la de beijos nas bochechas enormes. Mas se conteve. Só a assustaria. No lugar, curvou-se em retribuição e continuou sorrindo, enquanto a menina voltava para a mãe se jogando nos braços da mulher.

— Ah! - exclamou Nana, rindo, mal podendo se segurar quando o peso da menina caiu sobre ela - Cuidado, Aiko-chan!

— Aiko, sua mãe ainda fraca… - informou Kakashi, apressando-se para ajudar a mulher a sustentar a filha. Ajoelhou-se ao lado de Nana, colocando a mão nas costas dela e segurando-a. Ela o olhou de canto de olho, enquanto Aiko mantinha os braços em torno do pescoço da mãe.

— Aiko, você precisa comer, né? - falou Nana, afastando a filha carinhosamente e dando-lhe um beijo na bochecha. Kakashi sentiu inveja. Queria beijá-la também - E eu também to com fome. Você pode ir fazendo chá pra gente? Hum? Mamãe só vai conversar um pouquinho com o Kakashi e já te encontra, tá?

Aiko acenou em concordância e saiu apressada com Shori em seu encalço. Ela cruzou a porta e, esperando a loba passar, fechou-a atrás de si, deixando Nana e Kakashi sozinhos. Kakashi observou a menina hipnotizado. Não sabia ao certo como se portar perto dela. Só sabia que queria estar perto dela.

— Ela tem um pouco de você… - disse Nana, despreocupadamente.

— Ãhn?

— A Aiko… - continuou ela - Tem um pouco de você. Além dos cabelos, digo. Ela é meio descolada…

— Ah - riu-se Kakashi, voltando a atenção à mulher - É, eu sou descolado…

Nana também riu. Ela levantou-se e Kakashi a imitou. Não sabia o que ainda faltava conversar com a kunoichi, o que ela ainda queria acrescentar. Mas ficou, de certa forma, feliz com a iniciativa da mulher. Quando ela acordou e informou que nada a impediria de fugir do País do Fogo, o ninja aceitou por falta de opção, mas sentiu o coração apertar. Queria ficar perto de Aiko. E, diante da constatação de que Nana iria de fato embora, pode finalmente admitir a si mesmo: queria ficar perto dela também.

— Eu disse à Aiko que, se algo acontecesse a mim, ela deveria te procurar - começou Nana, numa clara tentativa de manter a paz - Disse que eu confiava em você. Ou seja, menti.

— Não confia em mim e me manda sua filha?

— Confio no fato de que ela também é sua…

— A Shori consegue me achar? - perguntou Kakashi, adivinhando que Nana contava com a loba para levar Aiko até ele - Ela é uma filhote ainda, não?

— Ela consegue… Não se preocupe.

— Impossível não me preocupar… - respondeu Kakashi.

— Se você a quer ver de novo, ganhe a guerra - provocou Nana, com seus olhos de loba faiscando em direção ao ninja - Ou fuja também.

Kakashi riu. Era uma piada, obviamente. Ele encarou a mulher, com a resposta na ponta da língua, mas travou. Estava perdido. Não era mais imune aos olhos dela. Sentiu-se sugado, tonto, afogado. Sabia o que aquilo significava. Oito anos suprimindo um sentimento que ele sequer sabia que ainda existia e em menos de vinte quatro horas tudo voltara. Achava que odiava Nana. E ali estava ele: preso, novamente, nos olhos dela.

Ele, geralmente, nunca fazia coisa alguma por impulso. Pensava, pensava, repensava… Agia sempre com tanta certeza do que faria, com todos as consequências possíveis calculadas. Mas, talvez, nunca mais tivesse a chance. E não conseguia pensar em porque não… Apesar de ter certeza de que haviam muito mais motivos para não fazer do que para fazer. Estava correndo para bater num muro. E, simplesmente, não queria parar.

— Nana… - começou Kakashi, aproximando-se da mulher - Talvez eu nunca mais possa fazer isso, então, me desculpa…

— Pelo o… - começou Nana, mas o ninja não permitiu que terminasse. Segurando-a pela cintura, puxou-a para perto, rápido o suficiente para ela não ter tempo de pensar. Sentiu o coração acelerar quando encostou os próprios lábios nos dela e teve certeza que estava fazendo a coisa certa. Queria aquilo. E ela não o empurrara.

Ele poderia, depois de tantos anos, tê-la beijado delicadamente, como geralmente são os primeiros beijos. Mas não o fez. Não era o primeiro beijo, mas talvez fosse o último. Beijou-a como fazia quando eram namorados. Intenso, quente, forte. Ele sentiu como se nunca tivessem se separado. Ao mesmo tempo, o peso dos anos longe um do outro agia como um imã, colando-os. Kakashi apertou a mulher contra si ainda mais e sentiu-a deslizar a mão pelo seu pescoço, entrelaçando os cabelos dele entre os dedos. Um arrepio correu pelo seu corpo ao mesmo tempo que ela aprofundava o beijo. Ele estava completamente perdido. Passou uma mão pelos cabelos ruivos dela, tão macios quanto há oito anos atrás. A outra manteve apoiada entre a cintura da ninja e seu quadril, sentido as curvas que, há tempos, conhecia de cor. Ela nada mudara. Continuava hipnotizante, perigosamente linda, quente, como sempre. E ele ainda a queria. Como sempre.

Mas, de repente, ela o soltou, afastando seus lábios dos dele. Eles ainda estavam próximos, as mãos do Hatake deslizaram até a cintura da mulher, as de Nana permaneceram no pescoço dele. Kakashi abriu os olhos e viu o amarelo dos olhos dela lendo sua alma. Estava séria. Não havia emoção na expressão da mulher. Era impossível decifrá-la. E ele tinha certeza de que também não havia emoção em seu próprio rosto. Eram ninjas, afinal.

— Por quê? - perguntou Nana, sem desviar o olhar. Kakashi a observou bem antes de responder. Ela estava vermelha, a boca destacada, os cabelos bagunçados, os olhos como vórtex tentando levá-lo para outra dimensão. E ele queria ir. Queria beijá-la de novo. Mas, ao invés disso, respondeu, num sussurro:

— Porque eu quis...

— E desde quanto você age por impulso, Kakashi? - indagou a mulher, soltando o pescoço do ninja. Ele não soltou a cintura dela.

— Você sempre teve um efeito estranho sobre mim… - riu-se Kakashi, sabendo que, com a máscara abaixada, ela podia vê-lo sorrindo.

Ela não respondeu. Não comentou. Não disse coisa alguma. Permaneceu encarando-o, e ele a fitando de volta. Não queria sair dali. Daquela cabana. E daí se tinha motivos para odiá-la? Ela também tinha para não querer vê-lo nunca mais. Estavam quites. Então, por que não podia pedir férias e ficar ali com ela? Com Aiko? Por causa do golpe, ele se lembrou. E você é o futuro kage. E a vila tá em crise. E ela vai fugir. Vai embora. Com Aiko.

— Eu vou pedir para Tsunade-sama mandar a Anbu para cá assim que eu chegar em Konoha - falou Kakashi, cortando o clima. Ele a viu acenando positivamente com a cabeça e continuou - Não espere eles chegarem. Simplesmente vá. A fronteira ficará aberta por algumas horas…

Novamente, Nana confirmou que entendera. Ele suspirou e passou as mãos pelos cabelos da mulher. Tinha total consciência de que estava sendo aberto demais. De que sua guarda estava completamente abaixada. Mas não ligou para isso. Poderia nunca mais vê-la. Por alguns minutos, tocou o dane-se para todo o resto.

— Eu sei que não preciso te pedir isso, mas… - começou ele acompanhando com o olhar a própria mão acariciar os cabelos de Nana - cuide da Aiko, por favor.

— Você realmente não precisa pedir…

Ele riu. E continuou.

— Oito anos tentando te odiar e em vinte quatro horas você desmancha tudo…

— Pare, Kakashi - mandou ela, séria. Ele entendeu. Estava ficando perigosamente sentimental. Não era de seu feitio um comportamento tão emotivo. Especialmente na situação em que se encontrava. Mas, como ele mesmo dissera, Nana tinha um efeito estranho sobre ele. Eles eram opostos. Ela era explosiva, incontrolável, louca. Ele calmo, frio, racional. E, mesmo assim, tudo o que o Hatake queria naquele momento era mergulhar no mundo instável que ela oferecia.

— Desculpe por isso, Nana - pediu Kakashi, afastando-se da ninja, fechando a guarda, voltando a ser ele mesmo.

— Não precisa. Eu não lembro de ter te afastado.

Kakashi não disse mais coisa alguma. Curvou-se levemente em sinal de agradecimento e despedida e recebeu um discreto aceno de cabeça como resposta. E então, saiu do quarto, ainda tonto com o que acontecera. Mas não podia se concentrar naquilo. Não adiantaria de nada. Ele a beijara como se fosse a última chance. Agora, era encarar a realidade de que, de fato, fora a última.

O ninja entrou na cozinha e viu seus alunos tomarem chá com biscoitos acompanhados por Aiko. Observou a menina por um segundo e não mais. Não podia vacilar. Precisava deixar tudo como estava. Se sobrevivesse, poderia vê-la de novo. Se não, era melhor para a criança não sofrer a toa.

— Vocês estão prontos? - perguntou Kakashi ao grupo, interrompendo o silêncio do cômodo. Aiko levantou-se rapidamente ao ouvir sua voz e, correndo até a pia, pegou uma xícara, enchendo-a de chá.

— Tome, Kakashi-san - ofereceu a menina, um pouco ansiosa. O ninja recebeu a xícara e viu-a voltar à mesa, concentrando-se no próprio chá como instantes antes. Ele olhou para seu time, procurando alguma resposta, mas só encontrou expressões de dúvida como a própria.

— Ah… Aiko-chan, - começou Naruto, dirigindo-se à criança - tudo bem?

Aiko não respondeu. Continuou seu chá como se nada tivesse sido dito. Naruto olhou dela para os companheiros, e dos companheiros para Kakashi, com o ar de indignação no rosto. Como assim ela o ignorara daquele jeito? Na alta?

— Aiko-chan! - chamou de novo o garoto, agora mais alto - Você é muito mal educada, sabia! É muito metidinha pra uma pirralha que ainda deve fazer xixi na cama!

Sasuke ignorou, Sakura soltou um Naruto! e Kakashi riu. Tinha a impressão que sabia exatamente o que viria a seguir, quando Aiko levantou o rosto e piscou para Naruto. Naquele momento, Kakashi se viu inteiro na menina.

— Ahn… - começou a criança, franzindo a testa - Você disse alguma coisa?


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Notas finais do capítulo

Oi, galera! Então, people, o que vocês estão achando da fic? Please, comentem! Me deixem saber se vocês estão gostando, odiando, as expectativas que vocês têm, as críticas. Tudinho!
E aqui mais um cap do ponto de vista do Kakashi. Comeeenteeem! E muito obrigada por continuarem acompanhando a fic! Kissus, mina-san!

P.S.: Gente, por algum motivo o capítulo ficou com menos palavras aqui do que no word. Assim, se vocês notarem a falta de coesão em alguma parte, por favor avisem. Eu procurei mas não achei... =(



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