Ironias do Destino escrita por Bi Styles


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpem pela demora. Falei que ia postar na segunda mas não deu :(
Então espero que gostem ;D



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Tive que me levantar, afinal, era o grande dia. O dia que eu conheceria o príncipe francês. Não levou muito tempo até minhas duas criadas entrarem no meu quarto.

–Bom dia princesa. –falaram e fizeram uma reverência.

–Bom dia. –falei nem um pouco animada. Olhei para Charllote. –Você estava tão sumida, Charllote. Creio que faz dois dias que não te vejo.

–Era disso que eu queria falar com você. –respondeu ela. Com a minha cara de interrogação, ela continuou: -Eu não serei mais sua criada.

–Como assim? –perguntei.

–Estes dias estava ajudando Susan na cozinha. Não poderia deixa-la sozinha preparando aquilo tudo. Seu pai me viu lá e não gostou nem um pouco. Portanto, disse para eu sair o mais depressa possível deste palácio.

Arregalei os olhos. Como meu pai poderia mandar uma pessoa tão maravilhosa embora?

–Mas c-om-o? –gaguejei.

–Não sei. Só sei que ele falou isso para mim, ir embora e não reclamar. –falou e fez uma pausa. –O pior disso tudo é que ficarei longe de Mark. Ele ainda não sabe, e eu pretendo não contar para ele.

–Não Charllote. Você não vai. –falei com a voz firme. Peguei um roupão e fui até o quarto do meu pai. Meus passos estavam firmes, a cabeça erguida.

Bati 3 vezes na porta, até que ele veio atender. Estava com o cabelo bagunçado, deveria ter acabado de acordar.

–O que houve Kiara? –perguntou momentaneamente preocupado.

–Posso entrar? –perguntei.

–Claro. –falou. –Mas o que aconteceu para você vir aqui uma hora dessas?

Permaneci em silêncio por um tempo. Mas, não conseguia mais me conter.

–Charllote não vai embora. –falei com a voz firme.

–Claro que vai! O dever dela era cuidar de você, não ficar ajudando uma velha na cozinha.

–Sabia que isso é egoísmo? –perguntei.

–Não, não sabia. –falou ele. Apontou o dedo para mim. –Kiara, eu sou um rei e você não deve desobedecer minhas ordens.

Com a minha mão, abaixei o dedo dele.

–Eu estou sacrificando minha felicidade pelo senhor e você não pode deixar ficar no palácio a minha melhor criada?

–Sacrificando a felicidade? Por mim?

–Pelo senhor, pelo reino, enfim. –falei irritada. –Estou fazendo uma coisa que não quero, que é me casar sem amar. E o senhor não pode deixa-la aqui?

–Era o dever dela permanecer ao seu lado! Além do mais, também soube que ela estava se agarrando com aquele seu professor de quinta categoria. O Markson.

Um arrepio percorreu minha coluna.

–Se for por causa disso, muitas outras... –falei sem pensar. Iria dizer que outras pessoas se agarravam no palácio. Mas eu não podia... Não.

–Muitas outras o quê? –perguntou.

Tinha me metido em uma cilada. Ele descobriria quem era. Todo o palácio sabia. Mas todos sabiam também que não existia mais. Hilla e Gus terminaram fazia algum tempo...

–Por causa de besteira, o senhor demitir uma das melhores criadas? Papai, pense bem...

–Já pensei e foi essa minha conclusão. Ou ela sai, ou vou ter que tomar outras decisões, talvez trágicas.

–Quem lhe disse essa mentira que ela estava se agarrando com meu professor?

–Não interessa. Só sei que a fonte é segura.

–Ou não. O senhor não viu com seus próprios olhos pode ser muito bem uma mentira. –falei já sabendo quem tinha dito pra meu pai.

–Kiara, já tomei minha decisão. Não há ninguém que mude ela.

Pensei bem o que falaria a seguir. Meu temperamento era ser teimosa, e isso não ia mudar logo agora. Além do mais, meu senso de justiça pulsou no meu coração e eu senti o que deveria ser feito.

–Vamos ver quem vai sair desse palácio. –falei em desafio e saí.

Andei rapidamente até meu quarto. Chegando lá, Charllote me olhou apreensiva. Agora que eu dei de conta que desafiei o rei de Esmeralda.

–Então? –perguntou ela.

–Ele disse que era pra ir embora. –falei. Ela começou a chorar. –Mas não deixarei. Falei que você não ia embora coisa alguma.

Ela me olhou aterrorizada.

–Você confrontou seu pai por mim? –perguntou.

–Está mais do que na hora de alguém confrontá-lo. Por que não eu?

–Kiara, seu pai pode fazer algo contra você...

Corri e a abracei.

–Não vai acontecer nada. –falei tentando acalmá-la.

Hilla saiu do meu banheiro de olhos vermelhos, mas consegui falar.

–Princesa, a senhorita precisa descer. O café da manhã já deve estar pronto. –disse em meio a soluços.

–Tudo bem. Vamos Charllote. –falei e nós três fomos ao banheiro.

...

Foi um erro eu confrontar meu pai. Pena que só percebi isso quando desci para tomar café. Ele estava sentado no lugar de sempre, ao seu lado, o seu fiel escudeiro, Gerard. Só em ver aquela cara de Gerard, me deu náuseas.

–Bom dia. –falei me sentando. Susan veio me servir e percebi o olhar de Gerard em mim.

–Bom dia princesa. –respondeu ele. Meu pai permaneceu calado.

Comecei a me servir, e tinha a impressão de que ele ainda me olhava. Não comi muito, então me retirei.

Mas antes, Gerard me deteve.

–A senhorita já vai falar com aquela sua criada? –falou ele sarcástico. Então me dei conta de que ele que deveria ter contado ao meu pai que Charllote namorava com Mark.

–Não devo respostas a pessoas mentirosas. –retruquei. –Que só mentem para se dar bem; Agora me solte.

Um misto de surpresa e raiva passou por seus olhos. Pelo canto do olho vi meu pai sorrir. Ele se levantou e veio até mim.

–Deixe ela fazer o que quiser, Gerard. Lembre-se o que te falei mais cedo. Não faça nada. –falou e saiu da sala de jantar.

Tive que usar toda a minha força para não chorar. Meu pai ia fazer algo. E não ia tardar para fazer isso. Quando Gerard saiu também, sentei-me na minha cadeira da mesa. Encostei a cabeça no vidro e chorei.

Tudo estava dando errado. O destino não era meu amigo. Não. Estava mais para inimigo. Nada me faria feliz naquele momento. Nada nem ninguém. Mas depois de ouvir uma voz, percebi que estava errada. A felicidade me invadiu quando, levantei minha cabeça e avistei Gus.

–Kiara? –perguntou e correu até mim. –O que houve?

–Minha vida é um lixo Gus. Um lixo. –falei. Ele veio até mim e me abraçou.

–O que você fez desta vez?

Contei tudo o que tinha ocorrido. No fim ele sorriu.

–Não posso deixar você sozinha por umas horas que você já faz besteira?

–Gus, é sério.

–Eu sei. Você só faz coisa por impulso. Não pode ser assim; Tem que pensar antes de agir. Senão o arrependimento virá depois.

–Será que é por isso que sinto essa dor dentro do meu peito? Acho que Charllote seria bem mais feliz longe daqui. Desse sofrimento. De tudo.

–Ou não. Ela não disse que não queria ir? Ela ama Mark, e ele também. Seria totalmente injusto separar os dois.

–Bem vindo ao reino das injustiças.

–Você está mais dramática que o normal.

Com essa eu sorri.

–Você sempre me fazendo sorrir. –falei.

–E farei sempre que puder. –falou. –Apesar de ser um reino das injustiças, não gosto de ver ninguém chorar.

–Você não gosta de me “ver” chorar.

–Dá no mesmo. –falou ele desviando o olhar.

–Vamos ter aula agora de manhã?

–Você vai ensaiar algumas coisas com o diretor cerimonial. Talvez só tenhamos aula amanhã.

–Diretor cerimonial? –perguntei.

–O nome dele é Alfred. Parece ser legal. Ele está organizando tudo. E precisa ensaiar algumas coisas com você.

–Por exemplo?

–Como você deve entrar, o que deve falar... E muitas outras baboseiras pro príncipe. –falou ele em um tom de ironia.

–Você não vai vir hoje de noite, não é? –perguntei.

–Meu pai virá no meu lugar. Não sei, tem alguma coisa que eu acho estranho nesse tal rei.

–Falando nisso, onde ele estava ontem?

–Pelo o que eu soube, eles tiveram de voltar ás pressas ontem para a França. Foram depois do almoço. Parece que o principezinho estava com problemas. –respondeu.

–Falando nisso, é melhor eu ir me encontrar com esse tal Alfred. Seria melhor eu ocupar um pouco a cabeça.

–Eu te levo até lá. –falou ele já se levantando.

...

Depois de uma manhã irritante com o senhor Alfred, tive um almoço tranquilo. Não que ele fosse tão chato. As circunstâncias que eram contra mim. No horário do almoço, almocei sozinha. Me disseram que meu pai não estava no palácio. Não sabia o por quê daquilo acontecer, mas deve ser por causa dos preparativos da festa.

Falando nessa festa, toda essa arrumação está me dando nos nervos. É tanta gente falando ao mesmo tempo que quase não consigo ouvir o que Susan me falava. Depois de 2 tentativas, consegui entender o que ela perguntava:

–Gostaria de uma sobremesa?

–Não, obrigada. –respondi com um sorriso.

Depois de sair dali, só gostaria de passar a tarde no meu quarto. Aquele seria meu último dia que ficaria sozinha no palácio. A partir de amanhã, teríamos visitas. Não que eu gostasse disso.

Ao subir para o meu quarto, avistei no corredor Gerard. Ao ver de onde vinha, me assustei.

–O que fazia no meu quarto? –perguntei.

–Onde está Charllote?

–Não sei. O que quer com ela?

–Nada. Só curiosidade.

Quando ele se afastou, algo me fez tremer. Ele ia fazer alguma coisa com Charllote.

Mas outra coisa me fez tremer. E se Gerard tivesse entrado por causa de outra coisa em meu quarto?

Com isso entrei no meu quarto. Abri meu guarda-roupa e peguei a caixa onde havia colocado as cartas de minha mãe. Estavam todas lá. Então ele ia fazer algo com Charllote.

Fui na varanda e avistei ela pegando algumas flores do jardim. Certamente seria para coloca-la em meu quarto. Ao me aproximar mais da sacada, vi de relance Gerard caminhando pelo jardim. Ah não!

Corri escada a baixo, louca para chegar o mais rápido possível ao jardim. Ao chegar lá, não havia sinal nem de Charllote nem de Gerard. Alguns gemidos perto dali fizeram meus pelos eriçarem.

Caminhei até o local dos gemidos e gritei. Charllote estava caída no chão, as mãos no pescoço. Ao seu lado estava Gerard, com uma faca. A surpresa nos seus olhos foi grande quando me viu lá.

–Princesa, o que faz aqui? –perguntou ele me afastando.

Não sei porque fiz aquilo, mas simplesmente fiz. Dei um tapa na cara dele.

–Seu imbecil! –gritei. –Como pôde fazer isso com uma mulher?

Corri até Charllote e pus os dedos em seu pescoço. Estavam sangrando.

–Charllote, vamos comigo até a enfermaria. Vem. –falei tentando levantar ela, sem sucesso.

Gerard já estava indo embora. Então vi Mark ali perto e chamei ele.

–Mark, ajude-me aqui. –falei. Quando ele viu a situação dela, ele já sabia o que deveria fazer.

–Levarei ela para a enfermaria. –falou ele.

–Não diga nada sobre o que aconteceu aqui, por favor.

–Pode deixar princesa. –falou ele dando um sorriso torto. –Invento qualquer coisa.

–Obrigada. –falei e entrei de novo no palácio. Subi as escadas e fui na direção do quarto de meu pai.

Abri a porta sem bater, meus olhos fervilhando ódio. Gerard estava lá, consequentemente lhe contado o seu feito.

–Pai, você é um idiota. –falei.

Ele se levantou e veio até mim.

–Eu disse que as consequências seriam trágicas.

–A ponto de matar uma pessoa inocente? Isso é coisa de gente covarde. COVARDE! –gritei.

–Kiara, não fale assim comigo.

–Eu falo com você do jeito que eu quiser. Antes eu te admirava pai. Agora tenho nojo de você. Nojo! –gritei de novo.

Ele olhou para o chão e voltou a me encarar.

–Saia daqui Kiara. –falou, surpreendentemente calmo.

–Ah não. Só sairei daqui quando disser tudo que tenho para lhe dizer.

–Pois fale! –gritou. –Tenho coisas melhores para fazer do que escutar coisas de gente mimada.

–Primeiramente, você é um covarde. Todo mundo perdoa, pai. O senhor não. Um dia quando o senhor mais precisar do perdão, não o terá. Porque é perdoando que se é perdoado. Charllote sempre foi uma pessoa maravilhosa, nunca fez nada que me machucasse. Muito pelo contrário, sempre esteve quando eu mais precisei. –fiz uma pausa, respirando um pouco. –Estes dias ela estava na cozinha pelo simples fato de eu não estar precisando dela. Mal parava em meu quarto. Estava tendo aquelas aulas, ia experimentar vestidos e essas coisas. O senhor tem que perdoar ela, papai. Por favor.

Não sei o que passou nos olhos de meu pai. Por um momento, expressava raiva. No outro, expressou pena. Meus olhos estavam marejados, mas não iria chorar. Agora não.

–Gerard, pode me deixar a sós com Kiara. –falou ele e Gerard, apesar de aborrecido com a ideia, saiu.

–Kiara, sente-se aqui. –falou e apontou para um canto da cama.

Sentei.

–Kiara, não é questão de perdoar ou não. Ela desobedeceu uma ordem, se não for punida corretamente, todos seguirão o seu exemplo. E assim, como ficará esse palácio?

–Papai, fizesse qualquer coisa, mas machucar assim?

–Aquilo foi coisa de Gerard. Eu havia pedido para trazê-la até aqui, assim eu iria lhe dar algum castigo. Havia pensado em deixar ela uma semana limpando os estábulos. –ele suspirou. –Mas Gerard fez o contrário. Aquele idiota.

–Por que não o castiga? –perguntei.

–Já o castiguei. –falou meu pai dando um breve sorriso.

Arqueei uma sobrancelha em busca de respostas.

–Ele que vai limpar por uma semana os estábulos.

Gargalhei o mais alto que pude. Quando me acalmei, perguntei:

–E Charllote?

–Bem, acho que ela já teve seu castigo.

–Ah sim. –falei aliviada. Meu pai estava conversando numa boa comigo. Isso era de se admirar.

–Ainda sente nojo de mim?

–Não. –falei e o abracei. –Aquilo foi o momento da raiva, papai.

Nem que por um minuto, senti meu pai sorrir.

–Agora vá se arrumar. Já são três horas. –falou ele se afastando do abraço.

–Ok papai. –falei e saí do quarto.

...

Já eram sete horas. Estava tudo pronto. Me olhei no espelho uma última vez antes de descer.

Meu cabelo foi deixado solto, os cachos caindo pouco depois dos ombros. O vestido estava belíssimo! Ele era um azul marinho, nas pontas haviam rendas douradas. Ele era um pouco longo, batendo logo depois dos joelhos.

Hilla me olhava, admirada. Ela estava vestida de empregada, com o costumeiro vestido preto com um avental branco. Charllote ainda estava na enfermaria, mas estava bem. No entanto, não viria para a festa.

–Hilla, acho que vou desmaiar. –falei.

–Calma princesa. –falou ela. Então perguntou algo que eu não gostaria de lembrar. –Gus virá para a festa?

–Não. O pai dele que virá. –falei engolindo em seco.

–Então vamos lá! –falou ela abrindo a porta. Fiquei no corredor esperando alguém falar alguma coisa. Hilla apareceu com um enorme sorriso e disse:

–O príncipe está no salão.

Caminhei até as escadas. Todos me olharam. Odiava ser o centro das atenções. Não gostava de ver ninguém olhando para mim daquele jeito. Mas de agora em diante, sempre seria assim. Daqui á alguns dias seria a rainha, então ser o centro das atenções seria hábito para mim.

Desci as escadas sorrindo e acenando. Parei do final dela esperando que o príncipe viesse até mim, como o diretor cerimonial havia dito.

Meu coração gelou quando ele veio até mim. Não era possível.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Eitaaa cambaaadaaa! O que será que Kiara viu nesse príncipe que a deixou tãaao assustada? Bem, eu já sei o que é rsrsrsrsrs aguardem que no próximo capítulo verão: O misterioso príncipe Francês.