Ironias do Destino escrita por Bi Styles


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Olá galerinhaaa! Voltei mais rápido desta vez! Não sei se o capítulo está bom, mas fiz o possível.
Falo com vcs lá embaixo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/559572/chapter/7

Adormeci em cima da caixa. Quando acordei, haviam 2 mulheres olhando para mim: Charllote e Hilla.

–Princesa, está tudo bem? –perguntou Hilla.

–Sim, está tudo bem. –respondi , já esfregando os olhos.

–E estas olheiras horríveis? –perguntou Charllote. –Kiara, tem certeza de que está tudo bem?

–Sim, tenho. –falei e Charllote ainda me olhava com uma cara de preocupação. Olhei de relance para Hilla, que não me olhava nos olhos. Ela consequentemente sabia o que havia acontecido. E, certamente, estaria se culpando do ocorrido.

–Eu cuido dela Charllote. –falou Hilla com a voz firme. –Traga o café da princesa. Agora!

Charllote a olhou admirada. Nunca deveria ter visto a irmã de tal forma. Mas saiu e desapareceu pelo corredor.

Quando viu a irmã desaparecer no corredor, Hilla correu e sentou-se ao meu lado.

–Desculpe princesa, acho que está chorando por tudo aquilo, não é? –perguntou, os olhos aflitos.

–Não é nada disso Hilla. Estava olhando estas cartas e me emocionei. Só isso.

–Que cartas são estas? –perguntou e quis pegar a caixa. Não deixei.

–Cartas de familiares e amigos distantes, só isso. Mas a saudade as vezes aperta e eu não consigo parar de chorar.

–Mas bem, tenho que dar um trato nessas suas olheiras. Estão horríveis!

...

Ah como Hilla possuía o dom mágico! Tirou minhas olheiras em segundos, só passando um pó que ela mesma havia feito. Colocou em mim um vestido vermelho e uma sandália rasteira. Desci até a sala de jantar sem ela. Fui até a cozinha e procurei Charllote.

–Charllote está aqui? –perguntei á Susan, a cozinheira.

–Princesa! Mas que surpresa! –falou animada. –Desculpe, mas ela não está.

–Ela veio pegar meu café da manhã e até agora nada.

–A senhorita deve estar com muita fome! Venha, eu mesma te servirei.

Susan pegou uma bandeja e colocou muitos dos mais variados pães de Esmeralda. Colocou manteiga, geleia, queijo, suco, café e leite. Tudo só para mim.

Enquanto ela trazia, sentei-me na minha cadeira junto á mesa. Observava ela trazendo toda aquela comida, sozinha. Queria eu um dia fazer algo sozinha, sem ajuda de nenhum homem. Ela, apesar de um pouco velha, era sorridente e cheia de energia, ao contrário de mim, uma garota aos 15 anos de idade. Com seus fortes braços negros, conseguiu trazer tudo á mesa. Sorriu para mim e falou:

–Bom apetite, senhorita. –e saiu.

Comi uma coisa de cada vez. Estava faminta. Nem havia percebido isso, mas quando dei a primeira mordida naqueles pães deliciosos, minha gula não aguentou. Minha barriga não sossegou até que eu tenha experimentado todos os pães. Ao fim, já estava satisfeita.

Levantei e fui em direção do quarto de costura. Teve um momento que meu coração apertou, como se fosse tarde demais. Mas, de repente, uma mão me pegou pelo pulso e disse, com a voz firme:

–Meu pai não está aí. –Gus não me olhava nos olhos.

–Não é com ele que eu quero falar. –respondi, o forçando a olhar para mim. Aqueles grandes olhos azuis me olhando com um ar de arrependimento.

–É com minha mãe? –perguntou irônico.

–Deixa de ser idiota. Você sabe que eu quero falar com você.

–Não temos nada para falar.

–Sim temos.

–Não temos não.

–Gus! –gritei.

–Kiara! –gritou de volta.

–Me escuta! É sobre ontem á noite e...

–Aquilo foi um erro, me desculpe. Não ocorrerá novamente.

–É exatamente isso. Gus eu queria te dizer uma coisa.

–Eu também quero. –falou ele, totalmente sério.

–Pode falar então.

–Hoje depois do almoço teremos as aulas. Okay?

–Okay.

–E você, o que queria dizer?

Pensei no que iria dizer. Já havia escapado da memória. Sabe, eu e ele nunca poderíamos ficar juntos mesmo. Não adiantaria nada eu querer falar com ele sobre isso, depois iludi-lo e ele se decepcionar comigo. Não queria perder um amigo. Muito menos Gus. Então decidi ficar quieta. Além do mais, daqui á uns dias estarei casada.

–Era isso o que você acabara de dizer. Queria lhe perguntar sobre as aulas.

–Pois já está esclarecida, correto?

–Sim.

–Passar bem princesa. –falou e saiu. Eu fiquei lá parada, sem saber o que fazer. Ele não mostrava nenhum interesse em mim, então o que eu faria? Desistir de uma paixão era assim tão fácil? Quem sabe ele já estaria amando Hilla? E eu aqui servindo de boba. “Bem Kiara, é melhor você trilhar seu felizes para sempre em outro lugar, não acha?”, perguntei á mim mesma, “É, terei que tentar outro caminho, nem que este felizes para sempre não seja tão para sempre”.

A primeira coisa que eu consegui fazer depois daquele episódio no corredor foi correr. Queria sair daquele local inútil e ir para um lugar mais arejado. Queria pensar melhor, decidi o que eu iria fazer. Mas, tive uma pequena surpresa. Ao chegar perto do escritório ou simplesmente gabinete do meu pai, ouvi conversas vindas de lá. Pela primeira vez na vida, vi meu pai conversar com alguém sem ser aos gritos.

Aproximei-me da porta. Notei 3 silhuetas: uma feminina e 2 masculinas, ou seja, haviam duas pessoas junto com meu pai. Ouvi a palavra Kiara sendo pronunciada diversas vezes, então minha curiosidade falou mais alto.

Bati na porta e esperei alguém abrir. O meu próprio pai veio, na sua ilustre cara de perfeito.

–Kiara! Já ia mandar te chamar.

–Eu queria falar com você e...

–Mais tarde. Venha, quero lhe apresentar á 2 pessoas. –ele me pegou pela mão e eu entrei.

Juro para todos que não consegui conter minha frustação ao ver aquela pessoa na minha frente. Aquele olhar penetrante, de quem pensa que pode mandar em tudo. Aquelas roupas sofisticadas. Eram para chegar só daqui a 2 dias! Mas vejo que, quando tudo está dando certo para mim, o destino faz isso. Argh!

–Senhorita Kiara. –falou Jorge Vanseford, que pegou minha mão e a beijou. Em outras palavras, o rei da França.

–Majestade. –falei.

A mulher, certamente sua esposa, me dirigiu um olhar solidário.

–Tudo bem querida? –perguntou e me abraçou. Sua voz era calma como uma brisa no meio da noite. Era doce, gentil. Nem um pouco parecida com a de seu marido.

–Tudo senhorita. –respondi.

–Pode me chamar de Daniela. –disse e sorriu.

Sorri de volta e me sentei perto do meu pai.

–Bem, eles estão aqui para ver a futura rainha de Esmeralda! –falou meu pai com grande entusiasmo.

–E vejo que será uma ótima rainha! –falou o rei da França.

–Pois bem, e logo, logo, ela estará casada com seu filho. –disse meu pai cheio de orgulho.

–Que pena que ele não pôde vir hoje. –falou a senhora Daniela. –Mas, chegará no dia da festa, ou seja, daqui á 2 dias. Ele não para de falar em você.

–Que ótimo não é? –falei sorrindo. Queria parecer animada.

–Então está tudo certo! Os dois oficializarão na sexta. –entrou na conversa Jorge.

–Kiara, poderia se retirar agora? Resolveremos outros assuntos, que não é de seu interesse. –falou meu pai.

–Sim papai. Com licença. –respondi e saí. Ao passar pela porta ouvi o senhor Jorge falando, em tom de ironia: “Ela é bem domesticada, Charles. Parece que faz tudo o que mandarem... Meu filho será ótimo para ela.” E gargalhadas ecoaram lá de dentro.

Não parei de pensar um só segundo naquilo que aquele grosseiro rei falou sobre mim. A raiva estava quase explodindo minha cabeça. Meu dia já estava quase todo estragado, e ainda teria aula com o Gus.

...

–Então Hitler queria formar uma sociedade ariana, sem a presença de judeus. Sendo assim, mandava os pobre coitados dos judeus para os campos de concentração, onde consequentemente morriam. –falava Gus, mas eu nem estava prestando atenção. Minha cabeça estava naquele gabinete, dando uns belos tapas na cara daquele rei idiota.

–Kiara? –chamou Gus, percebendo minha falta de atenção.

–Oi? –respondi.

–Você está prestando atenção? –perguntou.

–Sim.

–Então me responda, quais foram as causas desta guerra?

Pensei. Eu já tinha lido em algum livro. A Segunda Guerra foi a que teve participação de Hitler. Mas não me lembrava das causas.

Então, fiz o que era mais sensato.

–Não está dando para prestar atenção. –falei.

–Eu sou tão atraente assim? –o bom e velho Gus estava de volta, com suas piadas horríveis.

–Não é por isso Gus. É sério.

Ele assumiu uma expressão mais séria.

–O que foi? –perguntou, preocupado.

Contei para ele sobre o rei e a rainha da França aqui no palácio. Disse as grosserias que ele falou sobre mim e disse como minha raiva estava grande.

–O príncipe chega na sexta? Já? –perguntou ele ao final do meu relato.

–Eu falo sobre estas coisas horríveis que o rei me falou e você vem me perguntar quando o príncipe chega? Ah, me poupe Gus.

–Aquele rei é um idiota. Tomara que seu filho não haja da mesma forma.

–Bem, saberei como é esse seu filho na sexta. –deixei escapar.

–Ahá! Ele vem na sexta!

Apenas revirei os olhos.

–Quer continuar a explicação, professor? –falei em tom de ironia.

–Você não está prestando atenção.

–Prestarei agora. Por favor. –falei piscando os olhos. Parecia uma menina mimada.

–Assim você me convence... –falou ele sorrindo.

–Por favor? –falei novamente piscando os olhos.

–Tá bom! –falou ele. Levantou-se e caminhou na direção da estante mais próxima.

–O que foi? –perguntei.

–Vou pegar outro livro. Calma... –falou ele procurando um livro. Passava os dedos pelos títulos de cada um, mas não encontrava o que desejava. –Não acredito que ele desapareceu!

–Qual? –perguntei me levantando.

–É “Vitória na Guerra”, de Karen Farrington. Não pode ter desaparecido! Vi ele faz poucas horas!

–Vamos procurar melhor. –falei e procurei nas outras estantes. O achei minutos depois de ter ouvido um barulho, mas não me virei. Observei os traços do livro, a capa e as palavras nele contido. Achei realmente encantador. Me virei e não encontrei o Gus na biblioteca. Procurei ele no corredor, mas também não estava.

–Gus! –gritei pelo seu nome mais 7 vezes e... Bem... Nada. Comecei a suspeitar do barulho que eu havia escutado. Era como se algo tivesse se aberto e fechado, rapidamente. A porta da biblioteca não fazia este barulho. Ele não podia ter saído. Onde ele estaria?

Chamei ele mais 7 vezes, na oitava, ouvi um sussurro vindo de algum lugar. Escutei o sussurro dizendo:

–Kiara.

–Gus? –perguntei e me aproximei do local de onde vinha o sussurro. Era a estante onde ele estava minutos atrás.

–Kiara! –agora era um grito abafado. Ele estava atrás da estante?

–Gus! Gus! Cadê você? –gritei. Sem obter respostas, comecei a esmurrar a estante.

Foi aí que uma coisa incrível aconteceu. No momento que eu esmurrava a estante, ela girou, como se fosse uma porta giratória. Eu caí em algo macio, e percebi que era Gus. O abracei, e percebi que ele tremia. Estava tudo escuro dentro daquele salão.

–O que é isso? –perguntei, e minha voz ecoou. Ao julgar o eco, percebi que era um local amplo, no mínimo enorme.

–Não sei. Está vendo alguma lanterna, ou lâmpada? –perguntou de volta.

Observei o teto e percebi uma lâmpada lá em cima. Me levantei e procurei um interruptor. O achei próximo á um armário. Quando o acendi, não pude deixar minha boca fechada.

–Meu Deus. –foi o que saiu da minha boca estupidamente aberta.

–Isto parece uma biblioteca. –falou ele admirado. Aproximou-se de um cartaz enorme em um canto da sala e falou: -Calma aê. Esse cartaz é de uma banda beeem antiga. Ela existiu bem antes da Guerra. Aqui fala de um de seus shows. 1966, na Alemanha. Sim, ela é muito antiga. Beatles. Acho que assim que se pronuncia.

–Será que colocavam aqui os elementos culturais que achavam nos escombros das casas depois da Guerra? –perguntei.

–Creio que sim. –falou e se aproximou de um armário cheio de discos, dvd´s e cd´s. –Cantores brasileiros. Tom Jobim... Já ouvi falar dele. –os olhos de Gus brilhavam naquela sala. –Roberto Carlos, Erasmo Carlos... Cara, aqui são os gênios da MPB!

Enquanto Gustavo surtava ao ver tantos gênios da música, eu andava em busca de outra coisa. Uma pasta dourada. O guarda Richers havia dito que ela estaria na biblioteca; será que seria esta?

–Kiara, acho melhor você ver isto. –falou Gus em tom sério.

–O quê? –falei me aproximando. Meu coração deu pulos ao ver uma estante cheia de exemplares dos meus livros prediletos. Junto dela, haviam revistas que falavam de vários atores famosos, cantores e bandas. Aquilo tudo escondido do mundo... Por quê?

–Esta biblioteca é incrível! –exclamou Gus.

–Mas por que tudo isso está aqui escondido?

–É óbvio Kiara. Seu pai não quer que ninguém veja esta cultura linda. Quer que todos continuem sem saber o que foi a nossa música, o que foi o nosso cinema, teatro. Ele quer que o povo continue trancados dentro de casa alienados. Não quer que o povo se divirta. Quer que o povo viva até o último dia de sua vida sabendo que viver não vale a pena. É isto Kiara.

Aquilo que ele acabara de me dizer tocou minha alma. Pode-se dizer que eu fiquei surpresa por ouvir aquilo da boca do Gus, mas pode-se dizer também que eu já sabia disso. Meu pai não gostava do povo. Meu pai não gostava de ser rei. Não queria mais continuar a reinar um reino que para ele não valia a pena. Por isso estava ansioso com o meu casamento. Que mundo injusto!

–Gus. –falei tentando mudar de assunto. –Pode me ajudar á achar uma pasta dourada?

–Pasta dourada? –indagou ele.

–Sim, depois que acharmos te digo o que tem dentro dela.

Então começamos a procurar. Aquela sala era enorme. Demoraríamos séculos para achar uma pasta dourada naquele monte de coisa velha, antiga. Em meio á tantos pôsteres, cd´s, dvd´s, revistas, jornais, e tantas outras coisas.

Mas vi que ela não possuía somente coisas do ramo cultural. Observei uma parte cheia de jornais e comecei a folheá-los. Falavam da guerra. Todos eram iguais. Então percebi uma coisa. Estes jornais falavam coisas que os políticos certamente não queriam ouvir e, por isso, foram retirados das vendas. Aí percebi mais e mais jornais atrás de um armário. Comecei a folheá-los e percebi que eram de um dia depois daqueles que eu havia visto primeiro. E isto ocorreu com todos os outros jornais. Os políticos haviam tirados todos os jornais das bancas!

Em meio á tantos jornais, um me chamou atenção. O título era: “Os poderosos contra os pobrerosos.” Então comecei a ler a manchete. Falava os detalhes da guerra que eu não conhecia. Falava coisas que nunca tinham me sido ditas. Soltei aquele jornal idiota, estava me deixando contra meu pai.

Então topei com um livro. Abri e comecei e ler. O livro das baixas. Ao ver os nomes de cada pessoa morta, comecei a me tremer. No final do livro vinha dizendo o total das baixas. Um total que havia sido mentido para mim.

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Senhorita Luuiza, muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito obrigada pela linda recomendação. Sério, quase chorei. Queriam que todos seguissem o exemplo dela. Isso me deixaria muiito feliz.
Espero que tenham gostado do capítulo! COMENTEM, RECOMENDEM, FAVORITEM, ACOMPANHEM. Obrigada!