Ironias do Destino escrita por Bi Styles


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amiguinhos! Miiiiiil desculpas pela demora, mas a escola estava me sufocando. Mas já estou de FÉRIAS! Então, terei todo o tempo do mundo para escrever, ou não. Mas enfim, apesar da demora, escrevi um capítulo beeeeeeeeem emocionante, cheios de descobertas. Espero que gostem



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Pegou a escada lateral e subiu até lá em cima. Pegou dois livros e desceu. Alguma coisa me chamou atenção naquela estante, mas não disse nada. Me chamou até uma mesa perto da janela e, para lá eu fui.

–Este livro fala um pouco sobre as Guerras mundiais. Não sei se gostaria de ler, mas achei bom começar por aqui. –ele abriu o livro. –Farei um resumo sobre as três, mas acho que seria bom fazer um resumo por dia. Hoje falarei sobre a Primeira Guerra Mundial.

“Este livro conta todos os detalhes catastróficos de uma Guerra. –continuou. –Ah, eu já li ele. Por isso quis começar por tal. –ele pigarreou. –Bem, como eu ia dizendo, este livro é um pouco forte demais. Sangue, armas e morte. Isto seria uma síntese dele. Mas farei um resumo, um breve resumo.

“Existiam dois lados: A da Tríplice Aliança: Alemanha e Itália, que depois trocou de lado; e a da Tríplice Entente: Inglaterra, França, Rússia, que depois sai e entra os Estados Unidos. Quem ganha é a tríplice entente. –concluiu.

–Qual motivo desta guerra? –perguntei.

–O motivo é meio complexo, mas resumindo: Mataram o príncipe da Áustria, Francisco Ferdinando. E você sabe que a Áustria é de língua alemã e tudo mais. Então a Alemanha foi lá e começou a brigar. Até que aconteceu essa guerra.

–Mas foi só por causa disso que mataram milhares de pessoas? Que estúpido! –falei.

–Pois é. Mas existe, dentro de cada um de nós, um espírito vingativo. Não adianta cada um julgar os outros por fazerem coisas baseadas em vingança. Cedo ou mais tarde você vai se vingar de algo, querendo ou não.

–Neste livro diz, exatamente, quantas pessoas foram mortas?

–São, -falou ele abrindo em uma página. -8 milhões de mortos. Só vem isso aqui, bem no final.

–Para as pessoas não ficarem traumatizadas e pararem de ler. –disse ele e sorriu. –Passei um mês sem dormir direito.

–Se eu puder impedir uma Guerra, faria isso, com certeza. –falei, no meio do tempo.

–Nunca se sabe. Ás vezes, -ele falou, me encarando –a gente faz coisas sem pensar, ou até mesmo por amor. Quem sabe seu marido não a leva para uma guerra?

–Você sabe que eu não gosto dele.

–Você nem o conhece.

–Nem queria conhecer. –falei. Ficou um silêncio entre nós, que eu quebrei minutos depois. –Você fala sobre o amor de uma maneira como se já experimentasse o sabor dele.

–E eu já experimento!

–Ah claro. Hilla...

Ele revirou os olhos, com raiva.

–Você é um gênio Kiara! Como adivinhou, sozinha, que eu amo Hilla? –falou.

–Não é tão difícil adivinhar algo que já tá na cara! –falei. –Vocês não se desgrudam.

–Afinal, somos namorados! –falou ele.

Engoli em seco. Era a primeira vez que ele realmente falava, com todas as letras, que ele estava namorando. Olhei para a janela e vi que o sol já havia se posto. Uma nuvem nem um pouco amigável anunciava tempestade. Trovões começaram a bombardear o palácio.

–Já acabou sua aula por hoje? –perguntei, minha voz vacilando um pouco.

–Por que toda vez que eu começo a falar sobre Hilla você tenta mudar de assunto? –perguntou ele.

–Já acabou a aula por hoje? –insisti, desviando a pergunta. A voz já estava embargada pelo choro.

–Responda primeiro minha pergunta. –falou ele. Percebi que não estava com raiva. Pelo seu tom, parecia que ele queria realmente saber. Mas aí está o problema, nem eu sabia o por quê.

–Pelo mesmo motivo que você não gosta que eu fale do príncipe. –soltei.

Ele me olhou admirado, creio que pela sofisticação da resposta.

–E você sabe por qual motivo eu “não” gosto que fale do príncipe? –retrucou com uma pergunta.

–Porque... –comecei. “Pensa, pensa, pensa”. –Porque, como somos muito amigos, não gostamos do simples fato de perder o amigo para outra pessoa.

Ele olhou para baixo e deu um riso fraco.

–Você é a pessoa mais incrível que eu conheço. –falou ele sorrindo.

–E você, é a pessoa mais especial que eu tenho na minha vida. Alguém que eu posso realmente confiar. –falei e sorri.

Aí, tudo apagou. E não, eu não havia desmaiado. Tinha faltado energia. E, sim. Eu tinha medo de escuro.

–Gus? –gritei. Gritei como uma princesa histérica. –Gus!

–Calma. Estou aqui. –falou ele. –Não acredito que a princesa tem medo de escuro.

–Não brinca com isso. –falei e ele riu. –Quando eu era pequena, haviam monstros debaixo da minha cama.

–Sério? –falou ele e gargalhou.

–Sério. –falei. –Cadê você?

–Estou bem aqui... –ele pegou na minha mão. Eu tinha pavor ao escuro. Todo aquele véu negro nos meus olhos me assustava. O abracei por impulso e não resisti a relaxar.

–Ainda bem que está aqui. –falei, a cabeça contra o seu peito.

–Será que está perto de voltar energia? –perguntou, meio sussurrando.

–Não sei. –quando minha boca se fechou, um trovão rimbombou no céu. Pulei de susto e apertei mais o abraço.

–Não me diga que tem medo de trovões? –perguntou ele.

–Algum problema? –respondi e perguntei.

–Eu gosto de meninas que tem medo de trovões e do escuro. –respondeu ele brincando.

De repente, algo bem estúpido surgiu na minha mente. Comecei a rir e o assustei. Ele soltou o abraço e perguntou:

–O que foi?

–Lembrei de uma coisa engraçada.

–Posso saber o que foi? –perguntou novamente.

–Lembra daquela vez que eu tinha 13 anos? –falei e ri. Ele lembrou e riu também.

–Aquilo foi muito idiota. –falou.

–Eu não achei. –falei. –Acho que você tinha tramado aquilo tudo para me beijar.

–Na verdade não. Eu disse direitinho para o menino vir naquele dia. Ele que não veio. Você fez uma cara tão triste...

–Aí você me beijou. –conclui. –E ainda disse que gostava de mim.

–Nem foi um beijo de verdade. –falou. –Foi igual o beijo que te dei semana passada. E, digamos que eu era uma criança. Nem sabia o que era gostar de alguém.

O silêncio reinou. Não queria dizer nada e parecer uma idiota. Mas, o que eu gostaria de falar era que, desde aquele dia, eu não tirava ele da cabeça. Mas não disse nada. O que quebrou o silêncio foi um trovão. Não um trovãozinho. Foi um senhor trovão. Gritei e abracei Gustavo com todas as minhas forças. Gritei, gritei.

–Calma. –falou ele com a voz solene. Passou as mãos pelos meus cabelos e deu um beijo na minha cabeça. Eu ainda tremia. O susto havia sido enorme.

Foi aí que me tornei vulnerável. Ele enlaçou minha cintura, e eu agarrei seu pescoço. Quando vi que era errado, meus lábios já haviam tocado os de Gus. Agarrei com mais força seu pescoço. Ele fez da mesma forma na minha cintura. Nossas respirações pareciam uma só. Desta vez não era um simples “selinho”. Era um beijo de verdade. Quando ele suspirou, não aguentei. Sorri no meio do beijo. Arrepios subiram nas minhas costas.

Mas, de repente, as luzes voltaram. Eu e ele saímos do transe, e ficamos lá, na mesma posição, somente um olhando para o outro. Então ouvimos um barulho de algo caindo no chão.

–O que foi isso? –perguntei preocupada. Só de pensar que alguém ter visto aquela cena me deixou zonza. Eu e ele corremos pra o corredor e eu só vi uma lanterna.

–Alguém estava aqui. –falou ele e olhou para mim. –Será que viu a gente...

–Esta lanterna... –falei e a peguei. –É de Hilla!

–Ela deve ter visto a gente. –falou ele.

–Mas isso não foi nada demais. Foi um beijo totalmente desnecessário.

–Concordo. –pelo seu tom, não parecia que ele concordava, mas... –Um erro de percurso.

–Um erro de percurso. –repeti. Não sei bem se foi um erro de percurso, mas que foi um erro foi.

–Eu vou atrás dela. –falou ele e andou, mas o segurei pelo braço.

–Não Gus. É melhor eu ir. Deixe a poeira baixar para poder falar com ela.

–Mas... –ele fez aquela cara de quem não iria desistir, mas suavizou a expressão. –Tudo bem, mas não acabe de vez com meu namoro só por causa desse beijo. Okay?

–Eu nunca acabaria com a felicidade de minha amiga. Nunca. –falei e sorri. Comecei a caminhar pelos corredores e deixei escapar uma olhada para trás. Lá estava Gustavo, com as mãos na cabeça, falando sozinho.

...

–Hilla? –perguntei assim que entrei no meu quarto. Fechei a porta e a tranquei.

–Senhorita? –falou ela saindo do banheiro. Estava com os olhos e o nariz vermelhos.

–O que houve? –perguntei, mesmo sabendo a resposta. Queria saber se ela estava com raiva ou não.

–Nada. Poeira demais. –falou ela desviando o olhar. –Meus olhos começaram a coçar, e o nariz também. Acho que sou alérgica a poeira e...

–Alguém já lhe disse que você é péssima em mentir? –falei.

–Mas essa é a verdade.

–Não é não. –falei e lhe mostrei a lanterna.

–Desculpa Kiara. Eu nem deveria ter visto sua intimidade.

–Eu que lhe devo desculpas. Aquilo foi um erro, não acontecerá novamente.

–Não, não. Eu sei que... –ela começou a falar, mas parou. –Eu vejo, senhorita, pelo seu brilho no olhar, toda vez que vê ele. Vejo sua inquietação ao tocar no nome dele. Eu ouvi seu choro no dia que pegou eu e ele debaixo da varanda. Vejo quando vocês brigam, um querendo esmagar o outro com ciúme.

–Amigos fazem isso. –falei.

–Não fazem não. Mas, pode ter certeza, não nutro nenhuma raiva sua. Muito pelo contrário, -ela sorriu- sou grata a você, por , mesmo gostando dele, fez de tudo para eu me aproximar dele. Obrigada Kiara.

–Gostando? –gargalhei. –Você está louca.

–Kiara...

–Olha Hilla, eu não quero estragar nada entre vocês. Eu nem sei por que fiz aquilo. Mas te garanto que não vai ter outra vez.

–Kiara, posso te contar uma história?

–Claro.

–No dia em que você desmaiou, depois do discurso de seu pai, eu falei com Gustavo. –ela respirou fundo. –Eu queria saber realmente o que havia entre você e ele, porque, na hora em que você desmaiou, ele pirou. Começou a gritar por socorro, médicos. Não sabia se era realmente verdade ou se foi a preocupação, mas ele disse: eu não posso perder você Kiara.

Arregalei os olhos. Como assim ele não pode me perder?

–Eu pedi para falar com ele, e de noite nos encontramos. Perguntei para ele o por quê dele ter dito aquilo, então ele revelou uma coisa. Mas, não quero que diga a ninguém, senhorita.

–Não direi.

–Ele me disse que gostava de você. Disse que não queria me usar, mas depois que soube que você casaria com outro, não aguentou. Precisava virar a página, e foi isso que tentou fazer. Mas ele não estava conseguindo. Toda vez que te olhava lembrava de tudo o que sentia por você. –ela concluiu e ficou séria –Ele está sofrendo, Kiara. Só você que não vê.

Fiquei em silêncio pensando em tudo aquilo que eu acabara de ouvir. Não podia acreditar naquilo. Como assim Gustavo gostava de mim? Pensava que era só como amigo, mas não. O sentimento era muito mais. Mas eu não podia fazer nada. Daqui á três dias, estaria oficialmente noiva.

–Eu não posso fazer nada, Hilla. –falei e olhei para baixo.

–Por que não? –perguntou.

–Eu vou me casar logo, logo. Não quero estragar a vida dele, nem a sua, nem a minha. Esta conversa nunca deveria ter acontecido. –falei. –Em todo o caso, converse com ele hoje. Pode ficar tranquila que não direi nada para ele sobre nossa conversa.

Ela fez menção que iria falar, mas alguém bateu na porta.

–Senhorita Kiara? –perguntou Gus.

–Estou trocando de roupa! –gritei e corri para meu guarda-roupa. - Cadê minha camisola? –sussurrei para Hilla.

–Aqui senhorita. –sussurrou ela de volta. Vesti rapidamente e coloquei meu roupão por cima. Fui até a porta e a abri. Lá estava Gustavo, meio triste.

–Hilla, podemos conversar? –perguntou.

–Sim. –falou ela. –Com licença princesa.

Assenti e fechei a porta. Deitei na minha cama e lá fiquei. Minha cabeça não parava de girar. Quantos problemas para uma só pessoa.

Peguei no sono pensando em meus problemas. Acordei de madrugada e não consegui mais dormir. Eram 3 horas da manhã. Virava para um lado, virava para o outro e nada. Pensava o tempo todo no beijo do Gus. Pensava nele e em Hilla. Pensava nas nossas brigas. Pensava no dia em que nos conhecemos. Pensava no momento que chamou Hilla para conversar. Meu Deus, o que estava acontecendo comigo?

Então desisti de tentar dormir. Levantei e comecei a mexer na minha mesinha de cabeceira. Achei uma caixa dourada e a abri. Minha antiga caixa de cartas. Tinha algumas da princesa Anna (uma das minhas melhores amigas, princesa da Ilha de Tasha), algumas da princesa Lúcia (uma prima distante, princesa da Holanda) e várias cartas do Gus.

Quando éramos pequenos, gostávamos de trocar cartas. Sempre fiz cartas maravilhosas sobre como era a nossa amizade. Ele dizia que nunca faria uma carta tão bonita quanto as minhas, mas sempre que podia, me entregava uma. Li uma por uma e me emocionei em algumas partes. Falavam sobre fatos do nosso dia-a-dia que eu nem lembrava mais. O dia em que eu quebrei o braço dele (sim, foi sem querer), o dia em que cortamos 25 arbustos do jardim (queríamos fazer estátuas de arbusto iguais as dos filmes, sem sucesso), o dia em que eu fugi do castelo (ele ficou muito preocupado), e uma carta que não estava aberta.

Lembro-me que tive muita vergonha de abri-la, pois ele a entregou um dia depois do primeiro beijo. Escondi ela para ninguém ver, inclusive eu. Ali, sentada na cadeira e observando tal carta, não me contive e a abri:

“Querida princesa,

Acho que está muito envergonhada pelo o que eu fiz ontem, portanto quero que me desculpe. Mas, não foi sem querer. Princesa, eu gosto muito de você. Desde o primeiro momento em que pus o meu olhar no teu, meu coração amoleceu, e cá estou eu falando de amor. Se quiser, nem precisa me falar nada sobre esta carta. Mas achei necessário lhe pedir desculpas. Não sou muito bom em escrever cartas, muito menos declarações, porém, eu estou profundamente apaixonado por você Kiara. Eu nunca chamei nenhum garoto para vir pro castelo. Foi tudo um plano.

Espero que me perdoe, Kiara. Não quero te perder. Não suportaria lhe perder. Preferiria morrer na guilhotina, do que ver perder você.

Sempre que precisar, estarei aqui.

Gustavo.”

Eu não sei onde as lágrimas começaram a rolar. Se foi assim que eu peguei na caixa, ou quando comecei a ler a tal carta. Se eu tivesse lido esta carta naquela época, talvez não estivesse passando por isso tudo.

Calma, o que eu disse? Meu Deus, estou realmente pirando. Mas depois de muito pensar, de ver minhas lágrimas molhando a caixa foi que a ficha finalmente caiu: Eu estava profundamente apaixonada por Gustavo.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Hahay, vocês gostaram do final né? Não? Sim?! Deixem nos comentários. Comentem, favoritem, recomendem! Façam esta humilde escritora feliz! Até o próximo capítulo....