Ironias do Destino escrita por Bi Styles


Capítulo 45
Capítulo 45


Notas iniciais do capítulo

oi oi gente!
Esse capítulo está meio grandinho, mas espero que leiam até o final.
LEIAM AS NOTAS FINAIS...



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Depois da minha conversa com Anastácia, me senti mais leve. Podia até sentir uma pontada de felicidade. Decidi subir até meu quarto, para esperar anoitecer e assim ir jantar. Aquela sensação não seria nada demais.

Na metade da escada, ouvi alguns guardas correrem porta á fora. Decidi segui-los para ver o que estava acontecendo.

Ao chegar lá fora, vi se aproximar duas carruagens. Os cocheiros de ambas vinham com tanta rapidez que temi que as carruagens tombassem.

Observei as carruagens entrarem nos domínios do castelo e parassem. Vários guardas se aproximaram das mesmas e retiraram uma pessoa de cada carruagem, colocando-as em cima de macas.

Eu estava muito longe, mas pude sentir quem eram as duas pessoas. Gustavo e Gabriel. E, ao julgar pela expressão dos dois enfermeiros que vinham juntos deles, eles não estavam nada bem.

Quando vi que levavam eles dois para a área hospitalar do castelo, corri atrás. Meu Deus, eu precisava ver os dois.

Ao adentrar na ala hospitalar, uma dupla de guardas tentaram me impedir.

–Me solta! –esperneei.

–Senhorita, é melhor ir embora. –falou um dos guardas.

–Olhe, se o senhor quer continuar com seu órgão genital no lugar, é melhor me soltar. –grunhi.

Eles, automaticamente, me soltaram.

Corri até a recepção e perguntei á mulher que estava lá:

–Cadê Gustavo e Gabriel?

–Os dois garotos entraram na UTI. Lamento, mas não pode entrar. –ela respondeu, me olhando com pena.

Eu odiava quando as pessoas sentiam pena de mim.

–Por que não posso vê-los? –perguntei, cerrando os punhos.

–O estado dos dois é muito crítico. E estão inconscientes. –ela concluiu, certamente esperando que eu desistisse.

–Quero falar com o médico. –exigi.

–Ele está tratando deles no momento. - ela disse e abaixou a cabeça, para anotar algumas coisas em um papel.

Vi que ela nem ninguém me deixaria entrar. Então sentei em uma cadeira e esperei.

Não passou nem 5 minutos e Daniela entrou na sala, com Jorge em seu encalço.

Eles se dirigiram para a mesma mulher com a qual eu conversara mais cedo. O olhar dos dois repousaram em mim e Daniela correu em minha direção. Jorge permaneceu impassível, no mesmo local.

–Oh querida! –falou me abraçando.

Retribui o abraço e repousei minha cabeça em seu ombro.

–Vai ficar tudo bem. –ela disse, mas notei que nem ela tinha tanta certeza disso.

Me desprendi do abraço e notei que os olhos de Daniela já estavam marejados.

–Eu queria falar com o médico, mas ele está ocupado, no momento. –falei.

–É, aquela senhorita me falou a mesma coisa. –disse e apontou para a mulher da recepção.

Suspirei e me sentei, com Daniela do meu lado. Logo em seguida, ouvi o barulho da porta se abrir e me virei para ver quem era.

Alef e Anastácia entravam no recinto, com Arthur correndo logo atrás. Fazia alguns dias que eu não o via, mas Hilla disse que ele passava o dia quase todo cuidando dos cavalos com Nouah. Entretanto, nenhuma vez que eu fui lá havia visto ele.

Eles se sentaram do nosso lado, mas nenhum falou conosco.

Por mais ou menos uma hora e meia esperamos o médico. Quando ele apareceu, todos se levantaram na mesma hora.

O médico passou por todos e ficou de frente pra mim.

–Senhorita... –ele começou, mas hesitou.

–O que quer dizer para mim, pode dizer. Estou preparada, doutor. –falei, com a voz firme.

–Os dois garotos estão inconscientes. –ele começou novamente. –Gabriel está com uma infecção gravíssima na perna. Estamos fazendo de tudo para que ela não atinja outras partes e torne tudo ainda mais complicado. Lamento ter de dizer, mas talvez ele não volte a andar.

Daniela abraçou Jorge e soluçou. Anastácia apenas balançou a cabeça, como se não acreditasse.

–O senhor Gustavo está em uma situação ainda mais complicada. Uma longa espada se alojou em seu estômago e não sabemos como retirá-la sem que acarrete uma longa hemorragia e consequentemente a morte. Estamos pensando o máximo que podemos senhorita. –ele respirou fundo. –Entretanto, todas as alternativas levam á morte.

Afirmei com a cabeça e pressionei meus lábios, na tentativa de esconder meu nervosismo.

–Talvez ele não resista. –ele concluiu.

Ouvi os gritos de Daniela, abafados, já que meus ouvidos estavam meio que entupidos. Não sei se por causa do resfriado ou porque minha cabeça estava concentrada em outro local.

Gustavo. Iria. Morrer.

Gabriel. Não. Iria. Mais. Andar.

E era tudo culpa minha.

Meu pai havia morrido. E eu estava como governante. Daqui á alguns dias, seria coroada rainha. Eu tinha de manter a calma. Podia chorar mais tarde.

Respirei fundo e ignorei os gritos de Daniela. Anastácia chorava baixinho no peito do senhor Alef.

–Doutor, faça o que for necessário. O senhor está proibido de desistir de qualquer um dos dois. Quero que tente de tudo para que Gabriel ande e que Gustavo sobreviva. –minha voz saiu tão firme que eu me assustei. Jorge olhou para mim e pude notar um certo orgulho no seu olhar.

O médico meneou com a cabeça e saiu. Daniela sentou perto de Jorge em um banco e apoiou a cabeça no ombro dele. O senhor Alef saiu e levou Arthur consigo. Eu me sentei distante de todos, para que conseguisse pensar direito.

Coloquei as minhas duas mãos na cabeça e respirei fundo novamente.

Senti alguém sentar ao meu lado e descobri minha cabeça pra ver quem era. Anastácia havia sentado ao meu lado.

Olhei para ela e a mesma me encarou.

–Você será uma ótima rainha. –falou, finalmente.

–Uma rainha que irá se corroer de dor e culpa. –retruquei, baixinho.

–Não é culpa sua. –ela falou e pegou meu queixo, forçando a olhar para ela. –Não é culpa de ninguém se ás vezes o destino faz algumas trapaças.

–Eu queria vê-lo. –falei. –Queria tanto ver Gustavo.

–Eu também querida.

Eu iria perguntar se ela estava bem, depois do que ocorrera com ela, mas a ala hospitalar começou a ficar movimentada.

Vários enfermeiros entraram e começaram a trazer vários feridos, os quais eu reconheci como os combatentes.

–Os combatentes. –exclamei.

Haviam muitos feridos. Alguns estavam com pernas enfaixadas, outros eram os braços. Alguns a cabeça ou até mesmo outras partes do corpo. Anastácia enrijeceu ao meu lado. Eu havia esquecido completamente que seu outro filho, Hugo, poderia estar dentre os feridos ou até mesmo dos mortos.

Quando todos os feridos já estavam acomodados em quartos, surgiu, do nada, Nouah. Ele veio correndo, sem nenhum resquício de sorriso, e sentou-se do meu lado.

–Você viu meu irmão? –perguntou me encarando.

Neguei com a cabeça.

–Se ele não está dentre os feridos, ou está dentre os sobreviventes ou dos mortos. –ele engoliu em seco.

Anastácia se levantou e foi até a recepção, certamente para perguntar sobre seu filho.

–Soube de Gustavo e de Gabriel também. –ele falou. –Sinto muito.

–Eles não morreram para que você sinta muito. –falei, fria.

–Eu sinto muito por Gabriel estar com altas probabilidades de não andar e de Gustavo morrer. O “sinto muito” não serve somente para casos de morte, Kiara. Tem que aprender isso.

–Nouah, desculpa pela minha forma de falar. –me redimi. –Eu estou tão esgotada e a dor está tão grande...

–Eu sei. –ele me interrompeu. –Não lhe julgo por isso, Kiara. Sei muito bem como a dor nos deixa assim. –ele voltou seu olhar para a frente.

Olhei para o lado e vi Anastácia falando com o guarda Richers. Ele, percebendo meu olhar sobre ele, acenou para mim e deu um sorriso amarelo. Tentei dar um sorriso de volta, mas tudo que saiu foi uma careta de dor.

Ele saiu do recinto e Anastácia voltou a se sentar do meu lado.

–O guarda estava me contando sobre o que ele viu. –ela começou. –Gabriel salvou a vida de Gustavo várias vezes, e vice versa. Ele contou que, se não estivessem juntos, nenhum estaria aqui. –a voz dela se tornou um sussurro. –Na hora que enfiaram a espada no corpo de Gustavo, Gabriel já tinha acertado a adaga no coração do homem, que não caíra. Ou seja, Gabriel tentou salvar o irmão.

Só percebi que estava chorando, quando meus olhos ficaram embaçados.

–Eles tem que sobreviver. Eles vão sobreviver. –falei e me surpreendi quando minha voz saiu firme.

...

Passaram-se horas, até que o médico saiu da UTI com uma cara de preocupação.

–Senhorita. –ele se dirigiu a mim. Levantei-me de meu assento e fiquei cara a cara com ele. –Conseguimos retirar a espada do senhor Gustavo.

–Isso é uma notícia boa ou ruim? –perguntei, apreensiva.

–Neste caso, uma notícia ruim. Ao retirarmos a espada, houve uma pequena hemorragia, que conseguimos conter rapidamente. Entretanto, o senhor Gustavo encontra-se em um estado de coma. E, lamento dizer, não sei se acordará novamente. Sua frequência cardíaca está baixa e a respiração está um pouco falha. O aparelho de oxigênio não poderá salvá-lo.

–Então o senhor quer autorização para quê, exatamente? –perguntei, sabendo que o médico estava querendo dizer alguma coisa.

–Quero sua autorização para desligar a máquina de oxigênio.

–O QUÊ? –exclamei e todos se viraram pra mim. Como eu estava longe, eles não podiam ouvir nossa conversa. Mas depois do meu pequeno surto, eles ouviram. Eles levantaram e caminharam na nossa direção, mas eu os detive. –Preciso conversar com o médico sozinha. –pedi e, um pouco relutantes, eles se afastaram.

–Senhorita, veja que não podemos mais fazer nada. Há muitas outras pessoas nesse prédio que necessita de oxigênio. Quero que compreenda.

–Mas ele ainda pode sobreviver!

–Senhorita, sejamos realistas. O senhor Gustavo não tem mais chances de sobreviver.

–Se ele não acordar até as 9 horas da noite, pode desligar o aparelho. –falei.

–Se assim deseja, tudo bem. –ele falou e saiu.

Sentei novamente em meu assento e vi rostos curiosos me observarem. Daniela e Anastácia queriam explicação. Nouah estava ali por perto e vi seu olhar sobre mim.

Anastácia foi a primeira a se pronunciar.

–Notícias de meu filho? –indagou.

–Conseguiram retirar a espada dele. Mas ele está em coma e muito fraco. –respondi rapidamente, querendo chorar.

–Mas ele sobreviverá? –interveio Daniela.

–Os médicos acham que não. –falei.

Anastácia me olhou, sabendo que eu estava escondendo alguma coisa. Eu apenas encarei meus pés. Daniela foi mais extravagante. Começou a chorar e sentou-se em uma cadeira afastada de todos, para pensar melhor ou algo do tipo.

Anastácia saiu da ala hospitalar, me deixando sozinha com um Nouah investigativo me olhando. Ele por fim sentou-se ao meu lado e disse, sem rodeios:

–Perguntaram se podiam desligar a máquina de oxigênio, não foi?

Encarei ele, horrorizada.

–Kiara, deu para ligar os pontos. Você não diria aquele “o quê” tão exaltado se alguém não tivesse feito uma pergunta um pouco inacreditável. –ele explicou.

–Nouah, não sei o que fazer. Existem feridos aqui que precisam do oxigênio. Não sei se seria justo salvar Gustavo, se salvar, e matar outros. Não sei se seria o que ele gostaria.

–Bem, você é a rainha agora. Qualquer decisão sua, eles vão acatar.

–Eu disse que se Gustavo não apresentasse sinais de melhora até as 9 horas, podiam desligar.

–Reze para que ele acorde nos próximos minutos.

–Por que?

–Kiara, já são 8 e meia.

Minhas mãos, de repente, soaram. Minhas pernas começaram a se mover sozinhas e, quando me dei conta, já estava perto da UTI, com o rosto molhado pelas lágrimas.

–Por favor, deixe-me ver Gustavo. –pedi.

Os guardas que estavam perto da porta negaram com a cabeça.

–Eu sou a rainha agora. Deixe-me entrar. Agora.

Relutantes, eles abriram espaço.

Adentrei no quarto e vi um Gustavo inconsciente deitado na cama. Aproximei-me dele e toquei seu rosto. Estava febril.

Coloquei a mão em seu coração e vi que os batimentos estavam quase escassos. Ele não sobreviveria.

–Gus, espero que me perdoe por isso. –falei e beijei sua testa. –Eu te amo e sempre vou te amar. Sempre vou lembrar de você. Sempre. –vi que minhas lágrimas começavam a banhar seu rosto. –Vou lembrar de seu sorriso. Das vezes que me fez sorrir. Das nossas confusões quando crianças. Você, Gus, além de meu único e primeiro amor, foi meu melhor amigo. E sempre será. Não quero que parta sem saber disso. Se pudesse voltar no tempo, iria te amarrar no meu quarto e iria te forçar a se alimentar só de pão e água. –sorri. –Mas nunca deveria ter te deixado partir. Entretanto, não podemos voltar no tempo. Desculpe.

Dei um beijo em sua boca seca e gélida. Com os olhos cheios de lágrimas, saí do quarto.

Ao sair, me deparei com Anastácia. Ela caminhou em minha direção e falou:

–Acabei de falar com Gabriel.

–Ele está acordado?

–Não. Digamos que falei com o corpo inconsciente dele. Mas, pude perceber que ele está bem.

–Graças a Deus. –falei, meio no automático.

–Daniela quer muito ir vê-lo, mas os médicos não deixarão. Pelo menos não agora. Ela está muito descontrolada.

–São exatamente que horas? –perguntei, lembrando do horário que desligariam a máquina de Gus.

–8 e 45. Por quê?

–Por nada. –respondi e saí a procura do médico.

Ao encontra-lo, em um quarto com um paciente, chamei ele para conversar.

–O que deseja, senhorita? –questionou.

–Por favor, deixe que a máquina fique até meia noite com Gustavo. –implorei.

–Senhorita, eu não lhe forcei a nenhuma decisão. Se quiser, a máquina ficará por toda a eternidade com o senhor Gustavo. Só quis dizer que talvez outras pessoas precisassem de oxigênio e...

–Eu sei exatamente o que o senhor disse. E é por isso que eu quero que retire o equipamento do quarto de Gustavo apenas á meia noite.

–Como a senhorita desejar. –ele fez uma reverência e saiu, certamente para atender outros pacientes.

Sentei-me em uma cadeira e, pela primeira vez na vida, juntei minhas mãos e rezei. “Por favor Deus, não leve mais uma pessoa que eu amo”.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Gente, quero desejar um feliz ano novo a todos vocês, que 2016 venha com muita paz, felicidade e tudo de bom! E, para começar o ano bem, tenho uma novidade para vocês: vou fazer uma nova fic sim! Já até comecei a elaborar o primeiro capítulo e tals. Espero que todos tenham paciência, porque 2016 vai ser bastante complicado, mas vou fazer a fic e quero que todos acompanhem. Quando eu postar a história, coloco o link aqui, tudo bem? BEIJOSSSSS :*



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