Ironias do Destino escrita por Bi Styles


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpa pela demora. Os estudos não estão me dando folga. Mas enfim, venho aqui e recomendarei uma fanfic maravilhosa: Nossa Química, escrita por Luuíza. Próximo capítulo recomendarei mais fics! Bj e espero que gostem do capítulo.



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Posso dizer que passei a tarde toda chorando e tudo mais. Mas não foi bem assim. Chegou uma hora que as lágrimas simplesmente secaram, e vi que não havia mais água em meus olhos. Percebi então que já era noite e, certamente, já era hora do jantar.

Me levantei e me arrumei. Recuperei minha postura perdida e desci até a sala de jantar.

Abri suavemente as portas da sala de jantar. Minhas pernas bambearam. Meu coração veio até a boca. Por que Gustavo estava conversando com meu pai? Caminhei até o meu assento. O meu olhar cruzou com o de Gustavo. Percebi que não continham mais raiva, e sim arrependimento. O meu olhar só podia estar irradiando raiva, porque ele logo desviou o olhar.

–Boa noite querida. –falou meu pai.

–Boa noite pai. –respondi e, meio relutante perguntei. –O que ele faz aqui?

Meu pai me olhou, com um ar de estranheza.

–Bem, não foi você quem pediu para que ele morasse aqui? Pois... –respondeu papai. –aqui está. Eu só estava terminando de discutir alguns assuntos a respeito de sua mudança para cá. Daqui a pouco o resto de sua família deve estar chegando.

Dirigi um olhar depressa para ele e vi que estava com ar alegre. “Claro né Kiara”, pensei, “Ele vai estar no mesmo ambiente que Hilla”. Estava com vontade de vomitar.

–E seu irmão? O mais velho? –perguntei me dirigindo á Gustavo.

–Ele irá trabalhar no arsenal do palácio. –respondeu meu pai no lugar do Gustavo.

Então uma pergunta me veio á mente.

–E por que ele está comendo nesta mesa e não com os outros empregados? –perguntou.

Meu pai me dirigiu um olhar mortal.

–A cozinha está lotada demais. Além de que eu sou o rei e, sendo assim, eu que mando. Entendeu?

Confirmei com a cabeça.

–Isso quer dizer que ele vai merendar, almoçar e jantar conosco todos os dias? –ousei perguntar.

–Não. Isto será somente por enquanto que não consigo espaço extra na cozinha, ou seja, só por alguns dias.

–Tudo bem. Posso me servir? –perguntei.

–Susan! Pode trazer o jantar. –gritou meu pai para nossa cozinheira. Ele estava mais nervoso, estressado. Nem parecia o mesmo rei que eu havia visto ontem á noite: carinhoso e calmo. Portanto, resolvi não falar nada. Somente baixei a cabeça e jantei em silêncio. É claro que, durante o jantar, eu e Gus trocávamos olhares.

Ao terminar meu jantar, me retirei da sala. Mas, Gustavo me impediu.

–Princesa, tem um vestido que é para a senhorita experimentar. Meu pai não sabe se fez com as medidas certas. –falou Gustavo me acompanhando.

–Amanhã eu vejo. –falei, com uma certa frieza na minha voz.

–É o seu vestido para amanhã. –respondeu ele insistente.

–Amanhã? –perguntei e olhei para meu pai.

–Amanhã falarei com meus súditos sobre o aumento dos impostos. E, é claro que você estará lá. –respondeu meu pai. –Alguma objeção?

Ao julgar pelo seu olhar, vi que não adiantaria nada se eu teimasse com ele.

–Tudo bem então. Leve-me até seu pai. –falei e segui Gustavo corredor adentro.

...

–Hmmm. –falou o sr. Alef, ao me ver com o vestido. –É, fiz as medidas certas. Está belíssima Kiara!

–Adorei o vestido. –falei e sorri. O vestido ia até os joelhos e era um bege bem claro. Tinha mangas feitas de renda.

–Ficou realmente bonito. Ainda bem que gostou. –respondeu Alef. Olhou de mim para Gustavo e questionou:- Estão brigados?

Nenhum de nós ousou falar algo. Então, ao julgar pelo silêncio, o pai de Gus sorriu.

–Estão brigados. –falou ele.

–Há mais algo para eu fazer? –perguntei.

–Não. Era somente isso princesa. –respondeu Alef.

–Então já vou. –respondi.

–Calma. Gustavo te leva até seu quarto. –disse Alef.

–Não, não, não. Eu posso ir sozinha. Muito obrigada senhor Alef...

–Nada disso. Gustavo, acompanhe a moça. –falou o senhor Alef. –Aproveite e veja se sua mãe e seus irmãos chegaram.

–Tudo bem. –respondeu Gus. –Vamos senhorita.

Fiz uma cara emburrada e segui Gustavo. Andamos muito, já que, do quarto de costura, até o meu quarto, é muito longe.

Quando chegamos, Hilla estava terminando de arrumar minha cama para eu dormir. Ela nos olhou, surpresa.

–Está entregue. –falou Gus. –Hilla, poderia me acompanhar?

Engoli em seco. Ele não deveria ir ver a mãe?

–Eu preciso arrumar a princesa. Não posso sair agora. –respondeu Hilla.

–Charllote pode arrumá-la. –interveio ele. –Não há problemas, não é princesa?

–Pode ir Hilla. –falei ,seca.

–Tem certeza? –perguntou ela.

–Absoluta. –respondi. –Chame Charllote pra mim, por favor.

–Tudo bem. –falou ela e saiu com Gustavo. Poucos minutos depois, Charllote apareceu.

–Boa noite princesa! –falou ela animada.

–Não quero penteados complicados hoje. Uma coisa simples basta. –falei desanimada.

Sentei em uma cadeira e ela veio atrás. Começou a mexer no meu cabelo e percebi que ela estava querendo dizer algo. Ela abria a boca e fechava, como se tivesse medo de falar algo. Então tomei uma iniciativa.

–O que foi Charllote? –perguntei.

–Nada princesa. –respondeu ela.

–Charllote...

Ela respirou fundo e falou: -Eu queria falar sobre algo com a senhorita.

Eu estava com a cabeça meio longe neste momentos, portanto, acho que respondi um “Hum”, não dando muito valor a questão.

–Ai Kiara... –falou ela que suspirou. Sentou-se em uma cadeira ali perto. Percebi que ela tinha terminado meu rabo de cavalo.

–Charllote, -falei e dei um riso fraco. –O que foi que aconteceu?

Ela deu um sorriso gigante e me olhou.

–O Mark me chamou para sair. –falou ela.

–Sério? –perguntei.

–Siiiiiim! –exclamou ela. Nunca a tinha visto tão feliz.

–Parabéns! Nossa, nem sei o que dizer... –falei e a abracei. Percebi que seus músculos enfraqueceram.

–Mas seu pai não vai deixar. –falou ela triste.

–Claro que vai!

–Não Kiara. Não vai. –disse Charllote. Em parte eu sabia que era verdade. Então não teimei. Não podia obrigar meu pai a nada.

–Ah Charllote, como eu gostaria de te ajudar... –falei.

–Não princesa. –falou ela enxugando uma lágrima. –Estou bem, sério. Eu vou dar um jeito. Vai dar tudo certo.

–Tomara. –respondi e dei um abraço nela. Estava muito carinhosa estes dias. Carência não seria a palavra certa.

–Bem, -falou ela fungando. –tenho que ir. Boa noite princesa.

–Boa noite Charllote. –disse e ela saiu.

Me deitei, mas não desliguei o abajur. Tinha medo de escuro. Me virei de um lado para o outro. Virei e virei e nada de o sono chegar. Tentava controlar meus pensamentos, mas sempre que eu bobeava me vinha uma só coisa na mente: Gustavo. Chegou uma hora que eu cansei e levantei. Fui até a varanda e lá fiquei. Olhei de relance para o relógio e vi que já passavam das onze da noite. Se meu pai me pegasse ali, creio que não ficaria nada feliz. Fechei os olhos e deixei aquela brisa suave tocar meu rosto.

–Tem certeza de que ninguém nos verão aqui? –sussurrou uma pessoa logo abaixo de mim. Instantaneamente abri os olhos e procurei quem falara. Acho que teria sido melhor não ter visto aquela cena.

–Não nos verão. –falou Gustavo. –Calma Hilla. Deixa de tremer!

Hilla se estabilizou-se e sentou na grama. O jardim estava pouco iluminado, mas dava para perceber todos os movimentos deles. Gustavo sentou-se ao lado dela, e bem próximo, o que não era permitido no reino, a não ser que...

–Gus, isso é perigoso. –Hilla sussurrou. Ninguém chamava Gus de Gus, somente eu.

–Eu gosto de coisas perigosas. –respondeu ele, que chegando mais perto lhe roubou um beijo. Para ser o primeiro beijo de Hilla (eu acho que era o primeiro), foi um beijo e tanto. Eles demoraram um pouco para se desgrudarem. Ao fim, ele a olhou nos olhos. Ambos sorriram e se abraçaram. Não sei o que deu em mim. Simplesmente as lágrimas começaram a descer.

Quando dei por mim, Gustavo estava me encarando lá de baixo. Ele tinha um tom interrogador no rosto. Pelo visto Hilla ainda não tinha me visto. Para não correr o risco entrei para o meu quarto. Fechei as portas em um barulho assustador, tanto que guardas bateram na minha porta. Expliquei que havia sido o vento e que eu tinha esquecido de fechar, mas que estava tudo bem. Mas simplesmente não estava. O que estava acontecendo comigo Deus?!

...

Acordei bem tarde. Acordei justamente quando Hilla entrava em meu quarto. Ela tinha uma aparência alegre, mas também de quem estava preocupada. Ela andava de um lado para o outro, arrumando meu vestido, meus sapatos e organizando minha penteadeira. Concluiu com um breve sorriso e olhou para mim.

–Princesa, hora de acordar! –falou ela.

–Já acordei. –falei de mal humor e levantei.

–Está tudo bem? –perguntou. Percebi que ela estava tensa. Tinha absoluta certeza que ela percebera que eu havia espionado ela e Gus na noite anterior.

–Sim. Só estou “superanimada” com o discurso do meu pai. –respondi e sorri.

–Kiara, tente ser gentil com os súditos. Você vai querer o apoio deles quando for rainha. Não vê o quanto é complicado com seu pai?

–Com certeza. Mas não sei bem ao certo. O que eu gostaria era de...

A porta se abriu espontaneamente e um rosto conhecido brotou de lá. Gustavo estava suando, parecia que estava correndo haviam horas.

–Princesa! Não era este o vestido para o discurso! –falou ele e me puxou para fora do quarto.

–Espere! –gritei.

–Rápido! –falou ele quando estávamos no meio do corredor.

–ESPERE! –gritei. Ele me olhou e corou. Eu ainda estava de camisola e, digamos que ela não era a mais apropriada para um passeio com um homem por um corredor vazio.

–Desculpa. –falou ele e encarou o chão.

–Volto em um segundo. –respondi e corri para o meu quarto. Hilla me ajudou a colocar um vestidinho simples, mas bem delicado. Ela não ficou contente ao ver Gustavo me arrastando para fora do quarto de camisola. Estava mais séria do que mais cedo e parecia bem irritada, mas não falou nada, e isso me estranhou.

Fui ao encontro dele no corredor e o seguimos até o quarto de costura. Ele ainda parecia envergonhado pelo o que aconteceu, mas disse:

–Desculpa princesa. Não deveria ter arrancado você de lá daquela maneira.

Eu apenas confirmei com a cabeça.

–Por favor que ninguém saiba do ocorrido. Se seu pai souber... –falou e fez um gesto de uma faca cortando o pescoço.

–Ele não saberá disto nunca. –pensei no que ia dizer, então disse: -Só que ele pode saber de seu encontro com Hilla no jardim. Não por mim, mas creio que outras pessoas possam ter visto.

Ele parou rapidamente no corredor.

–Então aquela era você, nos observando de longe. –falou e suspirou. –Um pouco de privacidade seria bom neste castelo.

–Eu estava na minha varanda, não tenho culpa se quiseram fazer safadezas debaixo dela!

–Ei, calma! Nós só nos beijamos!

–Até o momento que eu vi. Ninguém sabe o que pode ter acontecido depois.

Ele me pegou pelos ombros e me pressionou contra a parede. Me olhou no fundo dos meus olhos e disse, em tom sério:

–Por favor Kiara, pelo bem da nossa amizade, não diga a ninguém. –ele fez uma pausa. –Além do mais, já estamos namorando, então...

–Namorando?! –falei. Como assim estão namorando? COMO ASSIM?

–Sim. Por que? Ela não pode namorar?

–Não é nada disso. –falei. –É só... esquisito.

–Por enquanto. Daqui a alguns tempos você se acostuma.

–Certamente. –falei e segui caminho pelo corredor. Ele correu para me acompanhar.

Quando chegamos ao quarto de costura, ele estava vazio. Nem seu pai nem ninguém estava lá. Estranhei. Gus correu os olhos pelo local e chamou pelo pai inúmeras vezes, e nada. Mas, graças a Deus, achou o vestido em uma parte do guarda roupa. Como já estava atrasada, troquei de roupa ali mesmo. Claro que, Gustavo deu licença.

Ele era azul marinho e ia até os tornozelos. Era colado em cima e solto em baixo. Minha silhueta ficou bem marcada nele. Com uma leve maquiagem eu ficaria perfeita. Quando ele entrou, não consegui decifrar quaisquer sentimento em seu rosto. Aquele não parecia o Gus de sempre. Se fosse, estaria fazendo piada com o vestido longo, ou com como ele teria feito aquele vestido bem. Mas não, ele apenas me olhou e pediu para que o seguisse. Não vou mentir, aquilo magoou, e muito.

Quando estávamos na metade do caminho de volta, uma certa curiosidade abateu-se sobre mim.

–Sua mãe chegou? –perguntei.

–Sim. –respondeu ele.

–Ontem á noite? –perguntei novamente.

–Creio eu que sim. –falou ele.

–Você não foi vê-la ontem á noite? –insisti nesta pergunta.

–Não. –falou ele com frieza. Achei melhor não perguntar mais nada. Mas minha curiosidade falou mais alto.

–Por que? –falei novamente e o encarei.

Ele me ignorou, coisa que eu detestava.

–Por que? –insisti na pergunta.

–Por que eles já tinham chegado minutos atrás, muito antes de eu deixar você no seu quarto! –ele falou em um tom de voz severo e ignorante.

–Você não tem permissão para falar comigo assim! –falei mais alto.

–Claro! Eu não tenho permissão nem de voltar para casa, quanto mais falar com uma princesa mimada como você. –falou de volta. Não paramos de caminhar. Creio que já estávamos á poucos passos do corredor do meu quarto.

–Eu só quis ajudar! –falei. –Achei que você gostaria de viver aqui por um tempo.

–Isto aqui não é viver. Isto é uma prisão! –gritou ele.

–Se você diz isso imagina eu que moro aqui faz 15 anos! –gritei. Ele estava paralisado olhando algo á nossa frente. Quando percebi, Hilla estava lá, boquiaberta com nossa discursão.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Comentários são bem vindos. Farei o possível para postar mais rápido. Bj*