Ironias do Destino escrita por Bi Styles


Capítulo 37
Capítulo 37


Notas iniciais do capítulo

OI GENTE! Mais um capítulo fresquinho!
Sabe o que eu percebi no último capítulo? Que vocês comentam quando há tragédia no final KKKK. Então, fiz uma tragédiazinha MUAHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHA.
P.S.: Atenção, capítulo narrado por KIARA!



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Já era bem tarde da noite. Eu havia passado o dia inteiro andando pelo castelo, para ver como estavam as coisas. A Rainha Daniela não parava de tomar chás e calmantes. Anastácia apenas ficou em um estado de tristeza bastante profundo, sem quase dar sinal de que estava viva. Alef não falava comigo. Arthur apenas sorria e brincava. O Rei Jorge nunca havia gostado muito de mim, portanto, continuou torcendo o nariz para mim. Apenas meu pai continuava sorrindo e me dando atenção. Ele dizia que não era culpa minha.

O problema é que, Nouah havia saído do castelo pela manhã e desde então não retornara. E eu estava muito preocupada quanto a isso. Ele tinha ido pegar seus irmãos, só que... Até agora nada.

Durante todo o dia, o castelo ficou movimentado. Guardas iam e vinham, trazendo notícias da cidade ou de algum paradeiro dos meninos. Que Deus me perdoe por dizer isso, mas todas as vezes que eu ouvia um guarda dizer que não havia nenhuma notícia dos rapazes, meu coração relaxava. Eu tinha medo sim de perder Gustavo. Porém, eu tinha muito mais medo de que ele ficasse aqui no castelo e fosse infeliz, coisa que certamente ele seria se não fosse para a guerra.

Quando finalmente consegui pegar no sono, tive o pior pesadelo do mundo.

Sonho:

“Eu estava perdida no meio de uma floresta. Ouvia estalos vindos de todas as direções. Barulhos de tiros, bombas e flechas zunindo, perturbavam meus ouvidos. Eu iria enlouquecer.

Então, no meio do desespero, ouvi a risada de Gustavo. Seguida por uma gargalhada de Gabriel. Eu corri na direção das risadas e os encontrei abraçados sorrindo. Eles haviam feito as pazes.

Me aproximei de cada um e falei:

–Que bom que vocês fizeram as pazes!

Eles então me olharam com raiva. O olho de Gabriel estava vermelho. O de Gustavo completamente preto.

–Nos morreremos por sua causa. –falaram em uníssono. A voz de Gustavo era tão áspera, que me deu arrepios.

Eles prepararam as flechas e começaram a atirar em mim, sem sucesso. Eu conseguia me desviar de todas. Porém, não pude deixar de correr.

–Você nos encaminhou para a morte! –Gustavo falou.

–Nunca mais veremos nossa mãe! –Gabriel berrou.

Eu continuei correndo, até que tropecei. Os dois pararam acima de mim e apontaram duas flechas para o meu peito.

Gustavo falou:

–Me desculpe Kiara.

E, quando iriam atirar em mim, algo os atingiu e eles caíram no chão. Eu me levantei e me aproximei deles. Ambos estavam sangrando bastante.

Quando cheguei perto de Gabriel, ele já estava frio. Ele já estava morto.

Me aproximei de Gus, temendo que sentisse a mesma pele fria. Entretanto, ele ainda estava consciente e, para minha surpresa, seus olhos estavam no mesmo tom azul que o normal.

Ele pegou meu vestido e me puxou para perto de si, selando um beijo. Quando me soltou, ele olhou para mim e falou:

–Eu falhei na minha missão. Eu não te levarei para o altar.”

...

Acordei com um grito. E escutei um grito.

Hilla estava escolhendo minha roupa e tomara um susto com meu grito. Ela correu em meu auxílio e me olhou preocupada.

–O que houve senhorita? –perguntou.

–Eu tive um sonho terrível... –eu falei e, pela primeira vez, não tive vontade de chorar. Eu tinha vontade de sair gritando e dizendo que eu sou uma estúpida e que o amor da minha vida seria morto por minha causa.

Ela tentou se aproximar de mim, mas me afastei. Eu ainda estava muito chateada pelo o que ela havia me dito ontem. Quem sabe não foi por isso que tive um sonho tão terrível?

Hilla percebeu que eu estava muito chateada com ela, então, se afastou de mim e falou:

–Desculpe-me por ontem, senhorita. Não foi minha intenção ferir seus sentimentos.

Eu ignorei e me levantei.

–Nouah já chegou da cidade? –perguntei.

–Sim. Chegou bem cedo. E ele queria falar com você, mas eu não deixei.

–Por que? –perguntei, sentindo um pouquinho de raiva.

–Porque a senhorita estava dormindo e ...

–Eu estou esperando ele chegar desde ontem! Você não tem o direito de impedir ninguém que deseja falar comigo.

Ela olhou pra mim, com os olhos cheios de magoa e tristeza. Eu e Hilla sempre fomos grandes amigas, mas isso estava prestes a mudar. Ela me magoou. Agora era minha vez.

Caminhei até o banheiro e tomei banho sozinha. Escovei os dentes e coloquei um vestido que estava no banheiro. Quando saí de lá, Hilla não estava no quarto.

“Ainda bem”, pensei comigo mesma.

Então eu saí para procurar Nouah.

...

Eu queria que já tivesse passado o horário d café da manhã. Assim, não precisaria encarar ninguém na sala de jantar enquanto eu passasse á procura de Nouah.

Mas, bastou eu colocar meus pés dentro da sala de jantar, que todos os olhares se voltaram para mim.

Meu pai foi o primeiro a se manifestar:

–Olá querida. Venha sentar-se conosco.

–Não papai. Não estou com fome. –respondi e vi que o senhor Alef me fuzilava com o olhar.

Um homem que eu tanto admirava, fazer isso comigo. “O mundo e suas admiráveis voltas”, pensei.

–Tem certeza? –meu pai insistiu.

–Tenho. –respondi e continuei minha caminhada, em busca do corredor que levava aos quartos dos empregados.

Entretanto, uma pessoa falou comigo.

–Kiara, você deveria experimentar esta torta de maçã. Está incrível! –Daniela falou, sem esboçar entusiasmo na voz. Ela era a única pessoa que ficaria do meu lado, afinal?

Meus olhos se encheram de lágrimas, e tive de me segurar bastante para não chorar.

–Não obrigada. –respondi friamente.

...

Quando cheguei no corredor dos quartos dos funcionários, esbarrei em dois guardas. Como sempre, eles passaram um bom tempo pedindo desculpas e tal.

Eu apenas sorri e disse que estava tudo bem. Mas, eu queria perguntar uma coisa. Então falei:

–Você viu Nouah? O garoto dos cavalos?

Antes de eles me responderem, uma voz masculina gritou:

–Estou aqui!

Quando os guardas saíram da minha frente, pude avistar Nouah com seu costumeiro sorriso.

Ele veio pra perto de mim e me deu um abraço.

–Por que me procuras, ó linda princesa? –perguntou, cheio de sarcasmo na voz.

–Ainda pergunta? Lembra da sua missão á cidade?

–Ah sim... –ele engoliu em seco. –Quanto a isso...Eu não vi eles.

–Eles já tinham passado por lá, então?

–Bem, eu fui em um mercadinho perto da entrada da cidade. O dono me disse que os dois haviam passado por lá.

–Mas a cidade está cheia de guardas! –exclamei.

–Segundo o dono do mercadinho, os dois saíram disfarçados. Irreconhecíveis, nas palavras deles.

Eu acenei com a cabeça.

–Tomara que estejam bem. –sussurrei.

–Eles estão. –ele afirmou. –Gustavo sabe se virar muito bem. Creio que Gabriel também.

–É porque tive um sonho e...

–Não acredito que você crê em sonhos. –ele falou, aparentando decepção. –Eles são só isso: sonhos. Não são reais.

Eu balancei a cabeça, positivamente.

–Como estão os seus irmãos? Estão bem acomodados? –perguntei, querendo mudar de assunto.

–Estão dormindo. E sim, estamos todos bem acomodados. Anne quer muito te ver...

–Claro! Eu havia prometido que a mostraria o castelo inteiro. Quando ela acordar, pode me chamar.

–Tudo bem. Eu conversei com algumas enfermeiras do castelo, e elas darão os medicamentos todos os dias, no horário certo.

–Mas Anne está bem? Ela sente muita dor?

–Ás vezes ela diz que sente dor, mas ela é forte. Ela não gosta de transpor fraqueza. Apesar de ter apenas 7 anos, ela não quer que ninguém tenha pena dela.

–Nouah, você acha que tem algo que possamos fazer? –perguntei, na esperança de salvar Anne.

–Não. –ele respondeu, balançando a cabeça. –O câncer é uma doença que não tem cura. Não podemos fazer nada, a não ser esperar por um milagre.

–Eu queria fazer algo que...

–Princesa! –gritou um guarda, correndo em minha direção.

–O que houve? –perguntei.

–Seu pai es-s-t-t-á... –o guarda gaguejou.

–Meu pai o quê?

–Seu pai está na UTI.

...

Quando cheguei na ala hospitalar, todos olharam para mim, com lapsos de pena em seus olhares. Empregados, médicos e enfermeiros.

Daniela estava lá e Jorge Vanseford também. Não podia ver Alef em nenhum lugar a vista, muito menos Anastácia. Mas eu não me importava com eles. Pelo menos não agora.

Corri para falar com o médico, que olhava para uma prancheta com sobrancelhas franzidas. Nouah vinha bem atrás de mim.

–O que houve, doutor? –perguntei, a voz trêmula.

–Seu pai está com uma hemorragia novamente, senhorita. Ao que parece, o baço está bem ruim.

–O quê? –exclamei, sentindo minhas pernas bambearem.

–Daquela outra vez, costuramos o baço de seu pai. Entretanto, pelo que pude ver, os pontos se soltaram e a hemorragia está impossível de ser contida.

–Ele não pode tomar uma bolsa de sangue, até a hemorragia parar?

–Nós vamos fazer outra cirurgia, para tentar curar esse órgão. Porém, não há bolsas de sangue. Então mandamos pegarem na cidade. Rezemos para que tudo dê certo.

–Ele corre risco, doutor? –perguntei, engolindo em seco.

–Não quero mentir para você, senhorita. Seu pai corre sério risco de vida.

Eu balancei a cabeça e sentei perto de Daniela. Não que eu quisesse falar com ela, mas sim porque era o único local disponível. Nouah ficou encostado na parede bem ao meu lado.

Ele passou as mãos pelo meu cabelo e disse, com a voz calma:

–Vai ficar tudo bem. Acredite.

Mordi meu lábio e torci para não chorar.

Ele se agachou e passou os polegares na minha bochecha.

–Olha, eu não posso ser o Gustavo, para lhe dizer que tudo vai ficar bem... Mas vai ficar. Okay?

–Okay. –respondi, baixinho. Ele levantou e saiu da ala hospitalar.

Levantei a cabeça e quis sumir. Queria estar do lado do meu pai, acariciando seu rosto, dizendo que o amo. Eu não quero perde-lo. Não quero.

Daniela, ao meu lado, se virou e falou:

–Você queria que Gustavo estivesse aqui, não é?

–Sim. Ele é o único que consegue me dizer que vai ficar tudo bem e eu acredito.

–Mas, querida, vai ficar tudo bem. Seu pai já passou por momentos bem piores.

–Eu sei. –falei, pretendendo acabar com o assunto.

Eu baixei minha cabeça e tentei não pensar em mais nada. Foi então que eu ouvi gritos de um homem. Mais precisamente, o senhor Alef. Levantei a cabeça e vi ele trazendo Anastácia nos braços, aparentemente desmaiada.

–Ajuda, por favor! –ele berrou.

Enfermeiros chegaram perto e perguntaram o que houve.

De onde eu estava não consegui ouvir muito bem, então não pude saber o que estava acontecendo. Só pude ver Anastácia sendo levada em uma maca para um quarto, deixando o senhor Alef pálido em um canto da sala.

Criei coragem e caminhei até ele. Chegando lá, ele me olhou de cima á baixo.

–O que houve com Anastácia? –perguntei.

–Ela está passando muito mal. –ele respondeu friamente. –Deve ser de tristeza, já que os dois filhos dela foram lutar em uma guerra e talvez nunca mais voltem.

–Ela está sentindo o quê?

–Ela vomitou muito sangue e estava suando bastante. Deve ser por saudades dos filhos, ou até mesmo de raiva de uma garota que escondeu algo dela e....

Ele continuou despejando palavras frias sobre como eu tinha deixado Anastácia naquela situação e tudo mais. Eu estava cansada de todos dizerem que eu era culpada por tudo. Então simplesmente gritei:

–CALE A BOCA! –quando falei isso, todos olharam para mim. Eu não ligava mais. Apontei meu indicador para a cara dele e falei:-Eu não queria que nada disso estivesse acontecendo. Se eu pudesse ter feito algo, eu faria. Mas eu não mando nos seus filhos. Então, pare de ficar dizendo que tudo é culpa minha, porque NÃO É! Se o senhor acha que é, espere para descontar em mim depois, porque eu estou com um pai entre a vida e a morte dentro de uma UTI. ENTÃO, CALE A BOCA.

Eu não queria chorar na frente dele, então me dirigi até meu lugar ao lado de Daniela e chorei baixinho.

Ela pousou a mão dela nas minhas costas, mas eu desviei.

–Não quero sua pena, nem a de ninguém. –sussurrei. Ela não colocou mais a mão, nem ninguém falou comigo.

...

Acho que adormeci no banco onde estava. Porque, eu acordei com uma série de conversas. Ao levantar minha cabeça, vi que dois homens traziam uma bolsa de sangue enorme.

Eles deram para o médico, que a pegou com as mãos trêmulas. Ele olhou para mim e me chamou. Quando eu cheguei perto dele, ele falou:

–Senhorita, fizemos uma cirurgia em seu pai. Entretanto, a hemorragia continua. Talvez essa bolsa de sangue sustente a vida dele até amanhã, ou talvez não. Caso ele consiga sobreviver até amanhã, nós podemos fazer outra cirurgia e tentar novamente. –ele fez uma pequena pausa. –Anastácia precisa de sangue, por causa que ela perdeu muito, ao vomitar. Creio que é por causa do câncer no estômago. Nós poderíamos fazer uma cirurgia e tentar retirar o tumor, que pelo visto está em estágio um pouco avançado, porém não tarde demais. Mas na cirurgia, ela perderia muito sangue, e assim precisaríamos de mais bolsas.

–Mande pegar mais na cidade.

–Este é o problema. Só há esta bolsa na cidade, e se fosse para trazer de outro país, já seria tarde demais.

–Os familiares poderiam doar...

–Já chequei os tipos sanguíneos de todos e vi que nenhum é compatível ao dos dois. Entretanto, os dois possuem o mesmo tipo sanguíneo, e a bolsa é desse tipo.

–Anastácia não poderia esperar?

–Não. Se ela esperar, vomitará mais sangue e pode acarretar sua morte. O que fazemos, senhorita?

Primeiramente, não consegui entender sua pergunta. Mas depois, percebi que havia uma intensa responsabilidade em minhas mãos. Eu iria decidir quem iria viver e quem iria morrer.

Continua...


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Notas finais do capítulo

ESPERO QUE TENHAM GOSTADO!
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