Ironias do Destino escrita por Bi Styles


Capítulo 30
Capítulo 30 -Especial.


Notas iniciais do capítulo

OIII GENTE!
Bem, essa semana foi tudo muito corrido para mim. As aulas voltaram e tive muitos trabalhos, atividades e estou tendo que estudar :(
Mas, vem um capítulo fresquinho aqui! E O MAIS LEGAL: É UM CAPÍTULO NARRADO POR GUSTAVO! ISSO MESMO, O QUERIDINHO DAS LEITORAS! Espero que gostem perspectiva dele!



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Eu estava na biblioteca sozinho havia algumas horas. Ainda bem que Kiara não me seguiu. Pode ser que eu falasse algo terrível para ela, ela chorasse e depois eu me arrependesse profundamente.

Não estou mais com raiva de meus pais, Anastácia e Alef. Muito pelo contrário. Estou grato a eles. Eles cuidaram de mim. Eles me amaram.

Mas agora, a raiva está direcionada a Jorge e Daniela. Como eles puderam me abandonar por causa de uma maldita lenda? Isso é imperdoável. E o pior de tudo é que eles querem que eu os perdoe, como se fosse um erro reparável. Eles pensam que eu sou igual a Gabriel, que aguenta tudo de bico calado e perdoa a todos sem pensar duas vezes. Eu não sou assim.

Só que, apesar de eu não querer admitir, eu sinto algo por Daniela e Jorge. E não é nada ligado a raiva. É algo como amor familiar. E eu me odeio por sentir isso, depois de tudo o que eles fizeram.

Mas, como disse Kiara, eu devo dar valor áqueles que me apoiaram. Não vou ficar gastando meu tempo dando tanta atenção á duas pessoas que nunca fizeram nada por mim.

Decido ir até o quarto de costura, ver meus verdadeiros pais, e conversar com eles. Entretanto, a porta da biblioteca se abre e a última pessoa que eu esperaria ver no dia de hoje aparece.

–Rei Charles. –falou e faço uma reverência. Um turbilhão de coisas passa na minha mente e, acredite, nenhuma é nada boa. “Ele veio me castigar por ficar com sua filha”, penso, “Ele vai me matar”.

Ele repara na minha agitação e fala, com uma voz calma:

–Eu não vou te matar, pode ter certeza disso. Só vim até aqui para conversar.

–Conversar? –pergunto, incrédulo. “Conversar sobre minhas intenções quanto a Kiara”, penso.

–Sim. –ele faz uma pausa. –Se não lhe atrapalhar em nada, gostaria de te levar ao meu escritório. Lá, conversaremos melhor.

–Tudo bem. –falo e o sigo.

Passamos por corredores e mais corredores. O rei não direciona nenhuma palavra a mim. Engulo em seco diversas vezes, antes de ele abrir uma porta e pedir que eu entre.

O escritório está muito organizado. Deve ser porque o rei não passa mais tanto tempo aqui. Desde que eu, Kiara, Gabriel e Nouah fomos á cidade, os protestos cessaram. Parece que o discurso de que tudo iria ficar bem, foi bem aceito por eles. Acho que o rei está sem preocupações, no momento.

Sem querer, acabo me lembrando da primeira vez que eu e Kiara entramos aqui. Ela não deveria ter seus 9 anos. Nós entramos aqui correndo e gargalhando. Tínhamos acabado de roubar alguns doces da cozinha e precisávamos de um lugar seguro para come-los. Seu pai estava viajando á negócios, então entramos aqui.

–Senhor Gustavo? –chamou o rei Charles, me tirando de meus pensamentos.

–Sim, senhor. –respondi.

–Pode se sentar.

Me sentei e comecei a tamborilar os dedos em meu joelho. Era assim que eu reagia quando estava nervoso ou ansioso. Rei Charles parecia que conhecia cada movimento meu, portanto sorriu e falou:

–Não precisa ficar nervoso. Não mandarei lhe matar. Pelo menos não agora.

“Ah, ótimo. Ele quer me matar depois”, pensei com nervosismo.

–Então o que quer conversar comigo? –perguntei, a voz trêmula.

–Sobre Jorge.

Me levantei. Não importa se ele era o rei ou o pai de Kiara. Eu não iria conversar sobre Jorge.

–Não, obrigado. –respondi e comecei a caminhar em direção a porta.

–Sabe, você tem o mesmo jeito teimoso dele. –provocou rei Charles. –O mesmo jeito de não me dar ouvidos.

–Não diga que me pareço com ele. Você mal me conhece! –falei, encarando o rei.

–Conheço o bastante para saber que você tem os mesmos traços que ele e Gabriel. Agora sente-se, por favor.

–Não.

–Ah, por favor. –o rei revirou os olhos. Nunca o tinha visto tão calmo. –Só quero fazer algo que minha filha pediu.

–Kiara? –perguntei, demonstrando interesse.

–Sim. –ele falou. –Ela pediu que eu conversasse com você. E eu estou querendo deixa-la feliz. Então, o senhor pode se sentar, por favor? –ele falou as últimas palavras como se fossem forçadas. Rei Charles estava com a paciência no limite.

–Tudo bem. –falei e sentei. –Comece do início.

–Seu pai, o rei Jorge, chegou aqui com dois bebês nos braços. Ele estava tremendo e parecia que, a qualquer momento, passaria mal. Eu e minha mulher, Isabel, o recebemos de braços abertos e deixamos que ele explicasse, o por quê da visita. Ele contou que sua mulher, a rainha Daniela havia tido dois filhos e que ele não poderia ficar com os dois. Quando perguntei porque ele não poderia ficar com os dois, ele respondeu que haviam homens na França que matavam gêmeos, por causa de uma lenda bem antiga. Tal lenda dizia que qualquer casal que tivesse gêmeos teria não só sua família, mas toda a civilização ao seu redor, amaldiçoadas. Ele disse que tinha medo de perder os dois filhos.

Ele fez uma pausa para que eu absorvesse as palavras. Só que minha mãe disse que... Fiz menção de que iria falar, mas ele estendeu a mão pedindo silêncio.

–Ele pediu para que eu ficasse com os dois filhos, para que nenhum se sentisse superior ao outro. Só que, senhor Gustavo, eu não podia aceitar dois filhos de uma vez só. Isabel, por sua vez, se encantou por você. Ela disse que via um brilho diferente em você e que cuidaria tão bem de você tanto quanto cuidaria de um filho. Jorge, apesar de triste, nos deixou no dia seguinte. Entretanto, como você já sabe, Isabel ficou grávida 1 ano e meio depois e eu não poderia ficar com dois filhos. Portanto, vi que seria uma ótima ideia dar você para Anastácia, que era uma mulher que eu conhecia há muito tempo. Ela aceitou de bom grado. E eu vi que você seria feliz.

Engoli em seco. Ele olhou para mim como se permitisse minha fala.

–Quer dizer que minha mãe mentiu para mim? Ela me disse que foi por causa de uma lenda e... –fui interrompido.

–Eu omiti várias coisas para ela. Só disse o essencial.

–Então quer dizer que Jorge poupou minha vida? –perguntei, com medo de chorar na frente de Charles.

–Sim. Ele poupou sua vida e a de Gabriel.

–Mas, de qualquer forma, ele me abandonou!

–Você preferia estar morto e sem ter tido a chance de conhecer Kiara, ou estar vivo com uma família que cuidou de você como se fosse filho de verdade?

Aquelas palavras deram uma pancada em cheio no meu coração. Uma lágrima esperta desceu do meu olho esquerdo, que eu tratei de enxugar depressa.

–Pode chorar. –falou Charles. –Eu diria que você é um fraco se não esboçasse sentimentos.

–Eu falei coisas horríveis para Jorge e Daniela, sendo que eles salvaram minha vida...

–Todos cometem erros.

Então, uma pergunta surgiu na minha mente, mesmo sabendo vagamente a resposta.

–Por que você não poderia ficar com dois filhos? –perguntei.

–Isabel... –ele respirou fundo. –Quando ela ficou grávida, ela tinha certeza de que trazia uma menina em seu ventre. Então, ela sabia que, se realmente fosse menina, ela se apaixonaria por você. E ela concluiu que seria impossível deixa-los juntos caso todos pensassem que vocês eram irmãos. Ela sabia que Kiara iria amar você.

–E por que você não cumpre a vontade de sua mulher e me deixa casar com sua filha? Por que você entregou sua filha para Gabriel?

–Porque eu não queria que ela casasse com você. –ele disse, sem hesitar um único segundo. –Porque eu achava estranho, um garoto que eu chamei de filho, por quase dois anos, se casar com minha filha. E também porque minha filha não poderia casar-se com um plebeu. Dessa forma, eu planejava nunca lhe dizer a verdade, para evitar seu sofrimento.

Quando dei por mim, já estava banhado em lágrimas. Odiava me sentir fraco na frente dos outros. Respirei fundo e sequei todas que banhavam minha bochecha. Rei Charles não apoiava meu casamento com Kiara por me considerar um filho.

–Você sabe que... –minha voz falhou. –Que você ainda pode me chamar de filho, mesmo eu casando com sua filha.

Ele hesitou, por incrível que pareça. Parecia que estava me analisando.

–Eu não posso. –disse por fim. –O casamento de Kiara com Gabriel está marcado. Nem eu posso mudar isso.

–Peraí, você é o rei, não é? –perguntei, desesperado. –Você não pode deixar Kiara casar com ele! Não pode!

–Senhor Gustavo, eu não posso fazer nada que impeça.

–Rei Charles...

Ele me ignorou e abriu sua gaveta. De lá retirou uma fotografia e me entregou.

–Eu guardei ela para que um dia, quem sabe, eu pudesse lhe entregar.

Eu olhei para ela, confuso. Nela, tinha um rei Charles bem mais novo sorridente e uma mulher com um bebê no colo. Era Isabel me segurando.

–Ela amava você, senhor Gustavo. O amava como um filho.

Eu fiquei sem palavras. Ela me embalava nos braços como uma verdadeira mãe.

–É melhor você conversar com seus pais. Eles devem estar sofrendo tanto quanto você.

–Quais pais?

Ele sorriu.

–Acho que você sabe de quem eu estou falando.

...

Bati na porta duas vezes para alguém aparecer. Daniela estava com os olhos vermelhos e eu vi como eu era parecido com ela. Os olhos azuis e os cabelos castanhos.

–Não precisa ser grosso comigo de novo. Eu já ouvi suficiente lá embaixo. –ela falou, tentando enxugar as lágrimas. Puxei a severidade dela também.

–Eu não vim para falar grosserias. Sabia que também sou gentil?

Ela apenas me encarou, esperando minha gentileza.

–Daniela... –pigarreei. –Eu não sabia da real história. Por isso fui grosso com você e Jorge. Me desculpe.

Ela sorriu, sem graça e disse:

–Você parece seu irmão.

–Ah, não, por favor. –falei, quase rindo. –Eu posso ser seu filho, mas nunca vou considerar Gabriel meu irmão.

Seu sorriso desapareceu.

–Não fale isso.

Antes que ela falasse mais alguma coisa sobre Gabriel, corri e abracei-a. Com tanta força que tive medo de quebra-la ao meio. Certamente era mais fácil fazer as pazes com ela do que com Jorge.

–Posso te chamar de filho? –ela perguntou, a voz embargada.

Pensei um pouco. Eu teria de acostumar com essa nova família. Só assim eu poderia ter uma chance de casar com Kiara. Apesar de Charles dizer que não poderia fazer nada, eu tinha certeza de que podia burlar algumas leis. Então, não estava nem um pouco preocupado.

–Claro, mãe. –falei. Ela me abraçou mais forte.

Então ouvi passos vindos do corredor. Jorge se aproximou de mim e me dirigiu um olhar frio.

–Veio dizer mais grosserias á minha mulher? –perguntou, áspero.

–Na verdade, não. Eu vim para pedir desculpas, aos dois. –engoli em seco. –Eu não sabia da história verdadeira e tirei conclusões precipitadas. Espero que me perdoem.

Jorge passou por mim e entrou no quarto, sem dizer uma palavra. Daniela olhou confusa e falou:

–Ele precisa de tempo, Gustavo.

–Eu precisei apenas de 30 minutos para perdoar vocês, que me abandonaram por 17 anos. E ele não pode me perdoar por uma bobagem que eu fale...

–Gustavo. –Jorge me chamou. –Entre.

Entrei vacilante no quarto deles. Daniela... quer dizer, minha mãe, entrou logo atrás de mim. Eu tinha que aprender a chama-la assim.

Jorge se levantou, trazendo consigo um pequeno baú. Ele me entregou e falou:

–Eu guardei isso por 17 anos. Espero que guarde para o resto de sua vida.

Quando abri o baú, o conteúdo me surpreendeu: uma adaga de ouro com as letras Gs.

–Gabriel tem uma igualzinha a esta. Pode considera-la um símbolo da realeza. –minha mãe falou ao meu lado.

–Por que agora, Gustavo, você não é mais um simples homem. Você é um príncipe.

Um príncipe. O masculino de princesa. E príncipes se casam com princesas. E quem é a princesa em questão?

Não pude deixar de sorrir.

Continua...


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Notas finais do capítulo

COMENTEM, ACOMPANHEM, FAVORITEM E RECOMENDEM!
Sério gente, no outro comentário teve pouquíssimos comentários. Eu fiquei triste, muito triste. :'(
Podem me chamar de pidona de comentários, mas é o jeito! Eu fico realmente muito desmotivada quando vejo apenas 1 comentário, 2 comentários. Eu fico tipo: ai meu Deus, ninguém gosta das minhas fics :'(
Por isso que eu NECESSITO de comentários. Obrigada por aqueles que me entenderem :'D



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