Ironias do Destino escrita por Bi Styles


Capítulo 29
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Gente, aviso p vcs. MINHAS FÉRIAS ESTÃO ACABANDO :'((
Então, a partir de segunda, vai ser bem mais complicado postar capítulos. Mas, mesmo assim, farei o possível para postar nos fins de semana ou até mesmo na semana. NÃO DESISTAM DA FIC!
Outro aviso: Vejam como o pai de Kiara se tornou uma pessoa incrível! I LOVE YOU REI CHARLES



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O silêncio pairou de uma forma assustadora no ar. Jorge Vanseford, pai de Gus? Então esse era o seu segredo! Era de Gus que ele falava, no dia que escutei sua conversa com Daniela. Mas como...?

Olhei para o lado e vi que a rainha Daniela estava com os olhos inchados de tanto chorar. Gabriel, por sua vez, olhava horrorizado para o pai. Certamente não sabia que tinha um irmão.

–Tire-o da guilhotina agora, rei Charles! –ordenou Jorge.

Meu pai fez sinal para que tirassem Gus. Quando ele saiu de lá, correu e me abraçou. Minhas lágrimas molhavam seus ombros. Porém, nada saia da minha boca. Eu só chorava e o abraçava.

Gus me afastou e olhou nos meus olhos. Seus olhos esboçavam raiva. Ele quis me mostrar o quão com raiva ele estava. Porque somente eu poderia impedi-lo de fazer alguma besteira. Ele queria que eu o ajudasse a acabar essa raiva.

Me estabilizei e falei, aos súditos:

–Logo vocês receberão o relatório do que aconteceu aqui. Espero que consigam chegar em paz nas suas casas. Entretanto, peço desculpas pelo o que ocorreu aqui hoje. –suspirei. –Garanto que isso nunca mais vai acontecer. Obrigada.

Os súditos me aplaudiram e aos poucos foram indo embora. Me virei e vi que só restava eu e Gus em cima do palco. Todos, inclusive meu pai, tinham ido embora. Até os guardas!

–Você está linda. –Gus falou, sorrindo.

–Devo estar cheia de olheiras, despenteada e com o rosto vermelho. Devo estar linda mesmo. –falei em ironia.

–Você é linda de qualquer maneira, Kiara. Só que não percebe isso. –ele respondeu, se aproximando de mim.

Deixei ele se aproximar até ficarmos a poucos centímetros de distância um do outro.

–Essa roupa ficou ridícula em você. –falei, apontando para sua roupa de “prisioneiro”. –Ela não realça seus olhos.

–Tirarei ela logo. –ele falou, dando de ombros. –Só quero que saiba. –ele me deu um selinho. –Que eu amo você.

–Eu também. Mas nosso mundo está desmoronando, Gus. –falei.

–Sério que você acreditou no Jorge? –perguntou ele, incrédulo. Ele gargalhou. –Kiara, pensei que você fosse mais inteligente.

–Porque ele mentiria para te salvar? –perguntei.

–Talvez porque seu lado humanitário falou mais alto e viu que um menino de 17 anos iria ser enforcado injustamente. –ele respondeu.

–Isso é impossível. –eu falei. –De qualquer forma, se isso for realmente mentira, meu pai tentará lhe matar de novo.

–Eu fujo antes. E espero, do fundo do meu coração, que uma princesa fuja comigo.

–Depois do que eu vi hoje, pode ter certeza de que eu fugirei. –falei, com tanta certeza, que estranhei. –Não sentirei culpa por acabar com os planos de meu pai.

...

–Não acredito que esteja vivo! –exclamou o senhor Alef, quando viu Gus entrar no quarto de costura.

Eles se abraçaram e o senhor Alef chorou. Gus era forte o bastante para segurar lágrimas, portanto, somente sorria.

–O que houve...? –perguntou Anastácia, saindo do quarto. Ao ver Gus, ela sorriu e correu para abraça-lo. Apesar da força para não chorar, Gus não aguentou ao abraçar a mãe. –Gustavo! Eu não acredito!

Eu apenas observava de longe, com lágrimas nos olhos. O senhor Alef percebeu minha presença e se aproximou.

–Eu sabia que não deixaria meu filho morrer. –ele falou, esboçando um sorriso.

–Eu o amo tanto que... –lágrimas começaram a descer. –Desculpe. –falei e comecei a enxuga-las.

–Eu sempre soube. –falou, se referindo á mim e a Gus. –Só pela troca de olhares entre vocês.

Sorri como resposta. Hugo saiu do quarto com Arthur no colo. Ambos sorriram e abraçaram Gus.

–Como você escapou? –perguntou Hugo.

–Eu escapei, de fato, porque o rei francês interveio. –falou Gus. –Dá para acreditar? Jorge Vanseford indo ajudar um pobre garotinho?

–Inacreditável mesmo. –falou Anastácia, sem olhar para a gente.

–Mais inacreditável foi o que ele falou. –Gus disse, rindo. –“Soltem-no! Ele é meu filho!” –Gus imitou uma voz grossa, ao dizer essa frase. Eu e ele rimos.

Quando olhei para Anastácia, meu sorriso desapareceu. O de Gus também. Ela chorava, silenciosamente.

–Desculpe, querido. –ela falou, se dirigindo á Gus.

–Desculpar pelo o quê, mãe? –perguntou ele, a voz tremendo.

–Eu tenho omitido a verdade todos estes anos e... acho que chegou a hora da verdade.

Quando olhei para Hugo e Alef, vi que eles balançavam a cabeça. Seja lá o que Anastácia fosse contar, eles sabiam, e não fazia pouco tempo.

–Jorge Vanseford se casou com Daniela há 20 anos atrás. Eles tentaram ter um filho por três anos. Não conseguiam. Quando, por fim, conseguiram, eles ficaram felizes. Entretanto, no dia do parto, não era apenas um bebê. Eram dois. E, há uma lenda na França que, quando um casal tem gêmeos, é amaldiçoado. Jorge não queria correr o risco de ser amaldiçoado, principalmente porque ele era o rei da França. Então, depois de 8 meses escondendo os dois bebês , ele os trouxe para Esmeralda. Quando chegou aqui, o rei Charles disse para ele não acreditar em tais lendas. Mas Jorge era teimoso. Então, Charles ficou com um dos bebês.

Anastácia deu uma pausa e teve um acesso de tosse. Ela parecia tão forte, mas ao mesmo tempo tão fraca. Mas ela continuou:

–O rei Charles ficou muito tempo com o bebê. Permaneceu com ele até os dois anos de idade do menino, que foi quando a sua mulher descobriu estar grávida. Ele resolveu levar o bebê francês para algum lugar. Então ele me encontrou e deu tal bebê para mim, que aceitei de bom grado. Entretanto, ele me pediu sigilo total. Ninguém poderia saber do segredo de Jorge. –ela fez uma pequena pausa e continuou: -Você era esse bebê, Gustavo.

Gus se levantou. De seus olhos saíam incontáveis lágrimas. Lágrimas de raiva. A mesma raiva que expressava mais cedo. Ele saiu de lá batendo a porta com força. Ficou um silêncio no quarto de costura. Entretanto, como eu disse mais cedo, somente eu poderia curar essa raiva dele. E eu tinha que fazer isso antes de alguma coisa acontecer. Me levantei e disse:

–Vou atrás dele.

–Kiara, tente o convencer que... –falou Anastácia.

–Eu sei o que eu preciso falar para ele. –falei, ríspida. Eu odiava mentiras. Mesmo se fossem para proteger.

Saí e tentei pensar: “Se eu tivesse com raiva e quisesse ficar sozinha, onde eu estaria?”

Biblioteca.

Corri para lá e abri a porta devagar. Gus estava sentado em um canto, abraçando os joelhos. Sua cabeça estava baixa.

–Gus... –chamei e me sentei perto dele.

–Se for para me dizer que eles mentiram para me proteger, Kiara, por favor vá embora. –ele disse, a voz embargada.

–Eu não vim para falar disso. Você sabe, mais do que ninguém, que eu odeio mentiras.

Ele levantou a cabeça. Seus olhos estavam vermelhos. Nunca o havia visto chorar com tanta intensidade. Até os mais fortes demonstram fraqueza, de vez em quando.

–Mas você precisa relevar, Gus. –eu falei. –Eles sempre estiveram com você. Eles o aceitaram e lhe deram amor.

–Eu sei. Eu sei. –ele falou, a voz firme. –A minha raiva está dividida. Uma parte com raiva de meus pais, por terem mentido para mim. A outra, é raiva de Jorge. Ele me abandonou, Kiara. Ele abandonou o próprio filho!

–Mas você precisa ver que, seus pais sempre estiveram com você. Tudo bem, eles mentiram. Porém, foi para lhe proteger.

–Eu falei para não dizer isso. –ele falou, com seus olhos azuis direcionados para mim. A raiva estava dissipando. A qualidade que eu mais admirava em Gus era isso: a facilidade para a raiva sair de seu corpo.

–Tive que dizer. –falei e sorri. –Essa é a verdade. Se eles tivessem dito isso há algum tempo atrás, você compreenderia? Creio eu que estaria bem mais nervoso do que agora. A sua maturidade, Gus, vai ser testada hoje.

–Eu sei Kiara. Tente se pôr em meu lugar. O que você faria?

–Gus, sinceramente, eu não sei. Seria mentira se eu dissesse que faria isso, ou faria aquilo, porque só sabe a dor de uma descoberta dessa quem passa.

–Eu não sei o que fazer agora, Kiara. –ele falou e suspirou. –Eu sempre tive certeza do que eu queria para mim, mas agora... Tudo está totalmente sem sentido.

Eu o encarei. Aquele era um lado de Gus que eu não conhecia. O lado cheio de incertezas e fraquezas. Se eu não fizesse algo, creio que nunca mais veria o lado seguro e forte de Gus.

–Ei. –falei, colocando minhas mãos em suas maçãs do rosto. Trago seu rosto para perto do meu. Seus olhos estão cheios de súplica. –Você é forte o bastante para saber o que vai fazer. Deixe a poeira baixar. Converse com sua família.

–Qual das duas, você está querendo dizer? –ele perguntou, cheio de ironia.

–Aquela que sempre te apoiou e protegeu você quando ninguém mais quis. Você tem que dar valor á família que cuidou de você, não a que te abandonou.

Ele pareceu relevar o que eu disse. Eu soltei as maçãs de seu roso. Virei o rosto e Gus baixou a cabeça. Ele saiu de seu torpor e me puxou, em um abraço.

–Você não sabe o quanto é importante para mim, mimadinha. –ele falou.

Ficamos em silêncio. Gus sempre fez de tudo por mim. Ele me salvou das garras de Gerard e sempre esteve comigo quando precisei. E eu sempre falei coisas horríveis para ele e tinha desistido dele naquela noite. Eu era muito egoísta.

–Desculpa. –sussurrei em seu ouvido.

–Pelo o quê? –perguntou, se afastando de mim, e olhando confuso.

–Eu sempre falei tantas coisas horríveis para você, desisti de você naquela noite e quase deixei você morrer. Em contrapartida, você me salvou de todas as maneiras que alguém poderia ser salvo. Você enxugou minhas lágrimas, me ajudou á esquecer os problemas, me fez acreditar que o mundo poderia ser melhor e, mesmo eu tendo desistido de você naquela noite, você me salvou de Gerard. E é por isso que eu te amo, Gus. Você sempre foi forte o suficiente para suportar tudo e me ajudar. Enquanto que eu sempre fui fraca, e desisti de você por me sentir fraca.

Ele ficou em silêncio.

–Quando eu acordei hoje de manhã, e vi que você seria tirado da minha vida, meu chão desapareceu e eu percebi o quão você era importante. Eu não sabia o quanto tinha medo de perde-lo até vê-lo naquela guilhotina. Não sabia o quanto o amava até perceber que poderia perde-lo para sempre. –fiz uma pausa. –Eu te amo, Gustavo.

–Se você me chamou por Gustavo, é porque é sério. –ele disse, rindo.

–Eu faço uma declaração, e é assim que sou agradecida? –perguntei, momentaneamente chateada.

–Não. É assim... –ele falou e me beijou. Ele me soltou por um momento e olhou para mim sorrindo. –Eu te amo, Kiara. –e me beijou novamente.

Então eu lembrei de algo. Me afastei dele e falei:

–Agora que você é membro da família real, você poderá se casar comigo.

–Ao menos uma notícia boa, não é? –ele falou, dando um meio sorriso.

Sorri. Meu dia só melhorava.

–Eu ainda não consigo acreditar que sou irmão de Gabriel. –ele disse, fazendo uma careta.

–Eu estava certa, afinal de contas! Você é irmão gêmeo de Gabriel.

Ele fez menção que iria vomitar.

–Você mesmo disse que ele era um bom homem para mim, mais cedo. –falei.

–Eu chamo aquilo de desespero pré-morte. –ele explicou. –Gabriel é um imbecil. E mesmo eu sendo irmão gêmeo dele, nada vai mudar entre nós. Eu ainda gostaria de dar um soco na cara dele.

Eu comecei a rir. Estava tudo indo tão bem que comecei a suspeitar de alguma armadilha do destino.

...

Gus decidiu que gostaria falar com Jorge e Daniela. Eu aceitei e fui com ele. Caminhamos de mãos dadas, sem ter medo de alguém nos ver. Todo mundo já sabia. Não tinha sentido se esconder agora.

Chegamos na sala de jantar na hora do almoço. Estavam todos lá. Jorge olhou para Gus e deixou a colher cair dentro de seu prato. Gabriel pediu licença e subiu para seu quarto. Meu pai continuou comendo normalmente, como se nada estivesse acontecendo. A rainha Daniela se levantou e correu para abraçar Gus.

Em um primeiro momento, ele deixou os braços pendendo ao lado do corpo, porém logo agarrou a mãe com força. Daniela chorava, de emoção. Me lembrei que a decisão de dar o filho foi de Jorge, não dela.

–Meu filho... –sussurrava ela. Como eu estava perto dos dois, conseguia ouvir tudo.

Eles se separaram e ela pegou nas mãos dele.

–Me desculpe, querido. Eu não tenho ideia do que esteja passando...

–Não tem mesmo. –ele disse friamente. Senti que ele explodiria a qualquer momento. Ele era capaz de controlar a raiva perto das pessoas com que ele se importava. Mas ele não dava a mínima para Jorge ou Daniela. Pelo menos não agora.

–Eu senti um aperto tão grande no meu coração quando tive que me despedir de você e...

–A senhora tem coração? –perguntou ele, fingindo surpresa. –Incrível uma pessoa que dá o filho por causa de uma lenda ter coração.

–Filho...

–Não me chame de filho! –ele disse e apontou o indicador para ela. –Eu sou filho de Anastácia e de Alef. Não sou filho de vocês dois.

–Você está exaltado, Gustavo. –intrometeu-se Jorge. –Você precisa se acalmar.

–Claro. Eu acabo de descobrir que meus pais me abandonaram por uma besteira, que eu fui enganado a vida inteira, e é para eu ficar calmo.

–Gustavo. –chamou Daniela. –A gente só quer o seu bem.

–Eu sei. –ele disse. –Eu agradeço por vocês terem me mandado para cá.

–Agradece? –perguntou Jorge, espantado.

–Mais é claro. Se eu tivesse ficado na França, eu seria tão idiota quanto Gabriel. Então, obrigado Jorge e Daniela.

–Não fale assim do seu irmão, Gustavo.

–Ele não é meu irmão! –berrou ele. –Eu só tenho dois irmãos: Hugo e Arthur. E só!

–Filho, precisamos conversar...

–Não. Não precisamos. –Gus respondeu e saiu.

Acompanhei sua saída com o olhar. Meu pai terminou de almoçar e disse:

–Obrigado pela adorável companhia de vocês. Porém, preciso me retirar.

Ele se levantou e começou a caminhar até a escada, entretanto, peguei seu pulso.

–Como pode ser tão egoísta? O mundo ao seu redor desmorona e você não faz nada? –perguntei, o encarando.

–São questões familiares. Não posso me intrometer.

–Mas pode ajudar. Converse com Gus.

–O senhor Gustavo me odeia. Não mudaria a opinião que tem do pai.

–Mudaria. Porque ele sabe que você ficou com ele por um período.

–Mas ele também sabe que depois eu o abandonei.

–Mas ele sabe que foi por minha causa. –fiz uma pausa. –Pai, eu vi hoje de manhã que você não queria mata-lo. Por que fez aquilo?

–Você queria saber do segredo de Jorge, não é? Eu sabia que se fizesse aquilo, ele iria se entregar.

–Então você não iria matar Gus?

–Não. –ele olhou para mim. –Querida, eu posso não ser o melhor pai do mundo, mas matar pessoas inocentes não é uma atitude minha.

–Mas ele e eu...

–Eu tenho certo rancor quanto a isso. Porém, ele salvou sua vida. Não poderia mata-lo depois disso.

–Então você aceitaria meu casamento com ele? –perguntei, cheia de alegria.

–O senhor Gustavo mostrou muita coragem estes dias, fazendo com que eu mudasse minha opinião quanto a ele. E eu não quero cometer o mesmo erro que cometi com sua mãe, e deixar você ser infeliz. Entretanto, o casamento com Gabriel já está marcado há muito tempo. Não posso mudar isso.

–Mas você é o rei e tem poder.

–Não para isso. É questão de lei, Kiara.

Lágrimas brotaram de meus olhos.

–Mas, papai...

–Kiara, eu sei que vocês dois se amam. E, apesar de eu nunca ter gostado de Gustavo, eu tenho orgulho por você ter se apaixonado por ele. Ele é um bom homem, apesar de pobre. Mas não posso mudar as leis. Me perdoe.

E ele foi embora, me deixando sozinha com um único pensamento: O que farei agora?

Continua...


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Notas finais do capítulo

Uma pergunta paira no ar. O rei Charles é #TeamGus? :O
Vamos descobrir isso no próximo capítulo!
COMENTEM, ACOMPANHEM, FAVORITEM, RECOMENDEM! BJ*



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