Wild&Free escrita por Dani Schirmer


Capítulo 4
The Last Time




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Durante a aula toda não consegui pensar em outra coisa, meus pensamentos eram somente sobre o estranho pote de doce na minha porta e a sensação de ter Astila perto de mim mais uma vez, o sinal tocou mais eu continuei ali sentada pensando e pensando nele.

– Senhorita Van Looly, está tudo bem? – Ele estava sentado sobre a mesa e me olhava diretamente.

– Sr. Humphrey, você acredita que ainda há lobos por essas regiões? – Olho pra ele.

– Aprendi que a muita coisa que não sabemos, talvez sim e talvez não. – Ele continuava me olhar diretamente. – Você estava muito bela vestida de índia, tens alguma tribo norte americana favorita?

– Gosto de todas, não tenho nenhuma em especial. – Sorrio e me levanto. – Se me der licença, tenho que ir.

– Cuidado senhorita, a estrada a noite é perigosa. – Ele sorri de canto e me fita com os olhos. – Boa viagem para casa senhorita Van Looly.

– Boa noite Sr. Humphrey. – Saio da sala e visto meu casaco.

As noites estavam cada vez mais frias, o estacionamento estava vazio e um pouco escuro, subi em minha moto e fiquei a procura da minha chave, mas então escutei um barulho, era como se alguém tivesse me vigiando, eu sentia a presença de alguém.
Liguei minha moto e prendi meu cabelo, sai dali o mais rápido que pude pois a sentia a presença de algo, mas aos meus olhos não havia nada.

A estrada estava vazia, então ouvi algo que parecia um uivo, parei a moto perto do acostamento e procurei de onde vinha o barulho, mas senti a presença de alguém, olhei rapidamente para o lado e vi dois olhos azuis me fitando, os olhos do lobo negro, ele estava ali, sai da moto e fui em sua direção.

– Astila é você? – Abaixo-me e olho ele diretamente nos olhos.

O lobo rosnou e sumiu na escuridão, voltei devagar até minha moto, mas me assustei ao ver um carro parado atrás dela, a porta se abriu e o misterioso professor apareceu.

– Está me seguindo Senhorita Van Looly? – Ele acende um cigarro e me olha.

– Não, claro que não. – Subo na moto e a ligo. – Começo achar que o senhor está me seguindo. – Olho para ele.

– Até logo senhorita. – Ele entra no carro e some na escuridão da estrada.

Assim que entrei em casa, peguei um remédio para dormir e um copo de agua, tomei um rápido banho e coloquei um short e um moletom, tomei o remédio e peguei meu celular, coloquei meus fones com música no máximo e fechei os olhos.

– Vai passar o dia todo no chão? – Ele ria.

– Olha só, só por que eu era amiga do seu pai, isto não quer dizer que sou sua amiga. – Falo de olhos fechados.

– Vamos Nina, me conte mais sobre ele.

– Seu pai me salvou durante a segunda guerra e então eu prometi cuidar da sua mãe e de você. – Rio. – Agora você já está grandinho e pode cuidar de si sozinho.

– Quantos anos você tem mesmo? – Ele se senta na minha frente.

– Vinte e cinco, agora pare de me irritar Philip. – Sorrio. – Você é uma criança, cheira a leite ainda.

– Você vai pra casa Nina? – Ele me abraça.

– Vou meu amor, mas se precisar de mim, sempre estarei em seu coração.

Acordei com um som de uivo, passei a mão sobre o rosto e suspirei, levantei da cama e me arrastei até a janela e então lá estava ele, desci as escadas correndo e abri a porta, andei devagar em sua direção e me sentei a sua frente.

– Eu amei ele em silencio, meu amor era proibido, a menina branca e o guerreiro, e eu o perdi. – Deixo uma lagrima cair. – Eu fui egoísta, abri mão de tudo, me afastei e agora é tarde demais, mas então você volta, volta como um fantasma em assombrando. – Minha lagrima se torna um choro. – Suma da minha frente Astila, volte pro seu descanso eterno, volte pra sua mulher e me deixe.

O lobo sumiu na escuridão, continuei sentada ali, chorando como uma criança assustada, todas aquelas malditas lembranças e sentimentos, os anos que passei feliz ao lado de outras pessoas até tudo desmoronar, minha vida não passava de uma falsa história de conto de fadas, onde o príncipe havia se perdido no caminho e esquecido a princesa.

Ao longo da vida aprendi que minha vida não passava de uma maldição, por causa do egoísmo e egocentrismo do meu pai, por causa disso, eu vivia uma vida de solidão e ódio, ódio a mim mesma por ter deixado de fazer e falar muitas coisas, o mundo acabaria e eu continuaria ali, e isso me matava por dentro, nem o diabo me queria. Entrei na sala e deitei no sofá, liguei a televisão e coloquei em um canal qualquer, minha cabeça estava dividida entre o ódio e a razão, o sentimento e a saudade, Astila e o lobo negro, a vida e a morte.

– Me diga senhorita Van Looly, o posso fazer pela senhorita hoje? – Ela se sentou e me olhou.

– Senhorita Wonder, há um lobo negro em minhas terras, primeiro achei que poderia ser Kamali, mas então ficou mais frequente, ele se senta perto da minha casa e fica a noite toda lá. – Sento-me em sua frente e olho pra ela.

– Pode ser somente um Nidawi, espíritos da natureza tendem a se transformar em animais para nos proteger. – Ela me olha sorrindo.

– Não sei, mas assim mesmo, obrigada pela conversa. – Me levanto e saio da sala, vou andando lentamente ate a biblioteca e sento no chão entre duas estantes.

O silencio do lugar era reconfortante, era uma paz que me fazia feliz, mas então ouvi alguns passos e quando olhei para o lado lá estava Louise e seu sorriso.

– Oi estranha.

– Oi Louise. – Sorrio fraco ao olhar pra ela.

– A onde a senhorita esteve durante a festa? Meu irmão veio só para vela.

– Ah então Nick está de volta? – Olho um pouco assusta pra ela.

– Ele está louco para lhe ver, não parava de perguntar sobre você. – Ela sorri.

– Bom, tenho que ir. – Levanto e vou em direção a porta.

Já estava tarde e ainda estava sentada na varanda vendo um principio de neve cair, quando escutei um barulho familiar, então uma Mercedes preta parou bem na minha frente, dela saltou Nicholas Van Der Beek, irmão de Louise.

– Princesa. – Ele sorria.

– Oi Nick. – Digo com indiferença. – Como vai?

– Bem, obrigado. – Ele fecha a porta do carro e se aproxima. – Espero que não tenha ficado chateada pela última vez que tive que voltar correndo a Milão.

– Esta tudo bem, na verdade, nem estamos mais juntos. – Sorrio fraco e olho pra ele. – O tempo passa e você não mudou nada.

– Nem você, minha princesa. – Ele se senta ao meu lado e me dá um beijo na testa.

– Nick pelos velhos tempos, durma comigo, ando me sentindo sozinha. – Encosto a cabeça no peito dele.

– Será um prazer. – Ele me pega no colo e me leva até o quarto, me coloca na cama e deita ao meu lado. – Este lugar continua igual, os desenhos, o perfume, a paz. – Ele entrelaça os dedos aos meus.

– Vamos dormir, amanhã conversamos melhor. – Fecho os olhos e tento esvaziar minha mente.

A floresta estava silenciosa, eu estava sentada sobre uma pedra olhando ouvindo o som das patas dos cavalos, o riso das crianças e o som da natureza.

– Es tão bela. – Ele senta ao meu lado.

– Olá Astila. – Continuo seria.

– O que houve Nina? Por que estas assim? – Ele me olhava.

– Vá embora Astila, vá embora! – Digo irritada e me levantando.

– Nina, o que está acontecendo? – Ele se levanta e se aproxima.

– Não chegue perto. – Saio correndo e assobio chamando Wicapi, não demora muito e ela aparece correndo ao meu lado, seguro em sua crina e pulo.

Fugi da tribo com a dor no peito, Astila ia ser pai e não seria ia eu que daria este filho a ele, meus olhos pareciam rios, meu coração parecia um vidro quebrado, tudo estava dando errado, percorri quilômetros sem olhar pra trás, tudo o que queria era esquece-lo.

Acordo ouvindo um barulho de algo quebrando, levanto da cama assustada e percebo que Nick continuava a dormi, desço as escadas correndo e acendo a luz da sala, tudo estava no lugar, não havia nada quebrando, ando calmamente até encontrar algo caído no chão, abaixo-me ao ver que era um livro, quando me levanto escuto um uivo, saio correndo e abro a porta, lá estava o lobo, ele andava de um lado ao outro como se procurasse algo, como se estivesse irritado.

– Não tenho medo de você. – Largo o livro no chão e vou em sua direção. – Me mostre quem realmente es tu.

O lobo sumiu na escuridão, ouvi um barulho e quando olhei pra trás lá estava Nick, estava ficando cada vez mais frio e as pegadas dele haviam sido apagadas pela neve, entrei em casa e voltei ao quarto.

– Não sei o que está acontecendo. – Falo enquanto deito na cama.

– Está tudo bem Nina, estou aqui. – Ele deita e me abraça. – Talvez por ter sido Halloween, você não disse que seus pais morreram no Halloween?

– Ah sim, faz três anos. – Suspiro.

– Então, deve ser uma data que ainda mexe com você. – Ele me dá um beijo na testa. – Estou aqui pro que der e vier, vou cuidar de você.

– Obrigada, agora vamos descansar. – Fecho os olhos.


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