Aquele Que Venceu a Morte escrita por Ri Naldo


Capítulo 3
Oak


Notas iniciais do capítulo

Bem, devo desculpas a vocês. Desculpem pelo atraso enorme. Mas, dessa vez, eu não desisti, estamos de volta com mais sofrência de Dylan para vocês.



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— Shhhhh. Façam menos barulho, por favor. Não notaram que aqui é uma biblioteca?

Essa era a terceira vez que a bibliotecária reclamava com a gente, tudo porque Lucas não conseguia ficar cinco minutos sem derrubar um maldito livro da prateleira enquanto espanava de má vontade.

Dei de ombros para ele.

— Isso é o que ganha por enfiar uma adaga na coxa dos outros.

Ele revirou os olhos.

Basicamente, nós tínhamos que varrer o recinto, espanar as prateleiras, organizar todos os livros em ordem alfabética — e, cara, tinha mais de mil livros ali —, inclusive os da “área restrita”, o que era apenas uma sessão de livros eróticos, e ainda trocar turnos de bibliotecário pela noite toda. Nada demais, exceto pelo fato que perderíamos um dia inteiro de treino.

Já tínhamos varrido, o que foi uma experiência não tão legal, porque eu tinha que varrer embaixo das mesas também, ou seja, pedir “licença” para as pessoas que estavam sentadas, ou seja, fazer um papel de grande idiota. Ah, cara, como eu queria estar treinando. Até ver Julieta e Colin se beijarem loucamente — o que eles deveriam estar fazendo nesse momento — seria melhor que isso.

Agora estávamos espanando, e depois iríamos organizar os livros. Pelos cálculos que fizemos, levaríamos mais ou menos a tarde toda para organizar tudo. Então, por fim, ficaríamos como escravos em uma bancada.

— Quanto mais cedo começarmos, mais cedo terminaremos — falei, soltando um suspiro.

E trabalhamos sem falar mais nenhuma palavra.

Ψ

— Está tudo nesse computador. O campista vem, pede o livro, vocês checam se está disponível. Se estiver, vocês vão buscar, se não, digam que está ocupado. Ali, perto do computador, tem um carimbo. Atrás de qualquer livro dessa biblioteca tem uma folha de datas. Quando alguém pegar um livro, vocês carimbam na folha de datas, que marcará o dia que ela deve entregar o livro de volta. Se alguém fizer barulho, peçam para calar a boca. Tenham uma boa noite.

Depois que falar tudo isso em mais ou menos dez segundos, a bibliotecária saiu, desengonçada. Ela era, na verdade, uma ninfa — o que é bem fácil de notar quando a pessoa tem pele e cabelo esverdeados.

Sentei na cadeira, suado e com cheiro de livro velho. Lucas começaria primeiro.

Era uma noite movimentada na biblioteca, pelo visto. Lucas atendeu uns vinte campistas antes de passar o turno para mim, que atendi outros vinte, inclusive Colin, que deu uma risadinha ao sair. E, assim, entre livros e carimbos, nossa noite foi passando, até que só restou uma pessoa na biblioteca. Como não tinha mais nada para fazer, fiquei olhando para ela, já que não havia a mínima chance dela perceber, uma vez que estava imersa no livro, que Lucas tinha entregado a ela umas horas atrás. Era uma menina, tinha cabelos pretos na altura dos ombros, olhos também pretos, que ficavam de um lado para o outro, seguindo as frases. Era incrível, mas ela me lembrava muito Louise, exceto que, ao contrário de Louise, ela não parecia estar carrancuda o tempo todo.

Lucas deve ter percebido, porque pegou um ticket e entregou para mim.

Hellen Oak

Chalé 6 - Atena

Livro: Prova de Fogo

10/09/2016

— E o que eu deveria fazer com isso?

— Agora você sabe o nome dela.

— E o nome dela vai me dar uma passagem para fora dessa biblioteca?

— Bem…

Nesse instante, uma ninfa entrou na biblioteca e veio até o balcão. Lucas se levantou imediatamente.

— Pode falar o nome do…

— Não vou querer nenhum livro. A bibliotecária mandou entregar esse papel a vocês. É uma lista das pessoas que não entregaram os livros no prazo de hoje. Aí tem o nome delas e o livro que elas pegaram, vocês têm que ir no chalé de cada uma delas e pegar os livros. Depois, estarão livres.

E foi embora apressada.

— Todas as ninfas são assim ou… — disse Lucas, pegando o papel. Ele deu uma risada.

— O que foi? — perguntei.

— Isso vai ser divertido. Eu vou começar, pode ficar aqui, já volto.

Ele saiu da biblioteca com um sorriso no rosto, e eu sem entender nada. Dei de ombros.

Alguns minutos depois, a menina fechou o livro e veio na direção do balcão. Assim que ela chegou, eu me levantei. Ela ofereceu o livro a mim.

— Não gostou do livro? — perguntei.

— Gostei, sim. Na verdade, eu já terminei.

Quase fiquei de boca aberta.

— Mas você acabou de…

— Eu leio um pouco rápido.

— É, um pouco — peguei o livro e registrei a entrega.

— Obrigada.

E saiu da biblioteca. Alguns minutos depois, Lucas entrou novamente, segurando uma pilha de livros.

— Isso com certeza é mais da metade da lista.

— Eu só deixei um nome para você — e me entregou o papel.

Olhei o único nome restante e amarrei a cara para Lucas.

— Tá de brincadeira.

Ele soltou outra risada.

Soltei outro suspiro, calcei minhas sandálias e saí da biblioteca, procurando a pessoa que acabara de sair de lá: Hellen Oak. Como sempre, os campistas estavam fazendo uma folia em volta da fogueira. Passei por lá, esperando encontrar Hellen, mas ela não estava lá. Então resolvi ir para o único lugar que vinha na minha mente: o chalé de Atena. Eu geralmente evitava aquele lugar, principalmente por causa da rivalidade entre Atena e Poseidon. Percy às vezes me chamava para ir lá, mas eu já tive experiências de homicídio o bastante com uma Annabeth desesperada. E, além do mais, não queria ela me abraçando o tempo todo por ter salvo a vida do namorado dela, e depois o Percy, meu único companheiro de chalé, ficar todo estranho para cima de mim. Agora imagine só entrar lá e perguntar por uma menina na frente de todos os outros campistas desse chalé. Mas não tinha jeito. Era isso.

Respirei fundo e bati na porta do chalé. Por pura sorte, quem abriu a porta foi ela.

— Você não é o…

— Sim, o cara da biblioteca. É que a bibliotecária mandou essa lista. São as pessoas que ainda não entregaram os livros que pegaram. Sinto dizer, mas você é uma delas.

— Ah. É, acho que gostei demais daquele livro. Importa-se de entrar?

Sim, eu me importava.

— Claro que não.

O chalé parecia muito maior por dentro, como sempre. Não mudara muito, só o vermelho nas paredes, que foram repintadas, agora estava mais vivo. Mas as prateleiras e beliches continuavam no mesmo lugar de sempre.

Segui Hellen até um beliche no fundo do chalé. Ela sentou na cama e começou a revirar livros em seu baú, enquanto eu esperava encostado em uma estante, até que ela tirou um do monte e me entregou.

— A Cura Mortal.

— Exato. Obrigado.

Quando desencostei da estante, alguns livros vieram junto comigo. Muito rápido, Hellen estendeu a mão antes que algum deles caíssem no chão, e pegou todos.

— Desculpe. Belos reflexos.

— Obrigada — ela falou, enquanto colocava os livros novamente na estante.

Fui andando, mas dei meia volta com uma ideia em mente.

— Você já pensou em praticar esgrima?

— Não, por quê?

— Porque acho que você se sairia bem.

— Mesmo?

— Sim.

— Quando?

— Amanhã.

— Que horas?

— 9 da manhã.

— Estarei lá.

— Certo.

Depois dessa conversa rápida e estranha, voltei à biblioteca, onde Lucas estava me esperando.

— E aí, como ela é?

— Estranha. Por que você está tão interessado nela?

— Sei lá.

— Convidei ela para fazer esgrima.

— E?

— Ela aceitou.

Ele sorriu.

— Você é o cara.

Revirei os olhos. Fui até a estante correspondente e pus o livro lá.

Saí com Lucas e tranquei a porta da biblioteca.

Ψ


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