POV - Katniss

Ficamos separando os filmes para escolhermos quando os meninos chegassem e depois de alguns minutos ouvimos três leves batidos na porta, sabíamos que eram os meninos, pois havíamos combinado isso. Annie abriu a porta e os meninos entraram em seguida ela passou a chave e correu para os braços de Finnick, o garoto a pegou pela cintura levantando-a do chão e eles deram um beijo fofo e romântico, depois deram as mãos e foram se sentar no tapete felpudo de Johanna. Enquanto escolhíamos o filme Gale estava abraçado á Madge e Clove estava aos beijos com Cato em algum canto. Peeta não tirava os olhos das minhas pernas e isso estava me incomodando profundamente. Droga de pijama curto!

— Vamos assistir terror? – Perguntei sem ânimo algum.

— Sim! Atividade paranormal 4!!! – Johanna falou toda contente ligando o aparelho de DVD.

— Eu não gosto de filme de terror. – Falei abraçando as pernas sob meu peito.

— Porque Catnip? Tem medo? – Gale perguntou ainda abraçado á Madge.

— Tenho. – falei escondendo o rosto nos joelhos e Peeta riu. – Do que está rindo Peeta? – Perguntei irritada olhando feio para o garoto que parou de rir na mesma hora.

— Desculpa Kat, mas não precisa ter medo, estamos todos aqui. – Ele falou sorrindo, como se aquilo mudasse alguma coisa.

— Qual é KitKat! – Falou Johanna se ajeitando na cama ao lado de Delly que dormia profundamente.

— Que se dane! – Falei pegando uma almofada e deitando no tapete. Todos os casais estavam deitados ali no chão, e Peeta e eu estávamos um pouco perto – quando digo um pouco não é quase em cima um do outro ok? Digamos que quase um metro de distância! O filme começou e eu estava morrendo de medo, colocando tudo o que era comestível na boca pra tentar me aclamar, mas nada adiantava.

— Fominha. – Ouvi uma voz rouca sussurrar no meu ouvido e gelei ao perceber que era Peeta, o quarto estava um pouco escuro, pois Johanna havia apagado as luzes.

— Não sou não. – Falei largando o pacote de cookies do meu lado. – Estou apenas nervosa. – Falei sem olhá-lo.

— Ainda está com medo?

— Um pouco. – Falei escondendo o rosto, pois estava passando uma parte “feia” do filme.

— Ei! – Ele falou chegando mais perto. – Não precisa ter medo ok?

— Fácil pra você falar, é homem.

— E o que isso tem a ver? Está dizendo que só porque sou homem não sinto medo? – Tive que parar de olhar pra TV e encará-lo.

— Talvez. – Falei dando de ombros.

— Pois está enganada. Sinto medo de muita coisa. – Falou dando de ombros.

— Como?

— Como amar e não ser correspondido. – Tá, ok! Esse papo tava ficando estranho. – Já sofreu por amor Kat?

— Talvez sim, talvez não.

— Pela sua resposta sim. Então deve saber do que estou dizendo... Também tem esse medo?

— Talvez. – respondi dando de ombros, nem estava mais prestando atenção ao filme.

— Você é assim com todo mundo ou só comigo?

— Assim como? – perguntei confusa e ele riu baixinho.

— Assim, reservada. Mas tudo bem, não quer falar do passado, eu entendo. Mas para de me tratar como se eu fosse um idiota.

— Tipo o Cato? – Perguntei rindo.

— Tipo o Cato. – Ele respondeu rindo. – Amigos? – Ele perguntou me estendendo a mão.

— Amigos. – Respondi pegando em sua mão e ele sorriu.

***

Acordei assustada sentindo meu travesseiro se mexer e uma mão grande e quente em minha cintura. Abri os olhos e vi duas pernas masculinas, olhei pra cima e vi Peeta. Oh meu Deus! Eu estava deitada com a cabeça em cima da barriga de Peeta e ele estava com a mão na minha cintura! Meu Deus! Meu Deus! Meu Deus! O que houve? O que está havendo aqui? Com muito cuidado tirei a mão dele de cima de mim e levantei a cabeça devagar pra não acordá-lo, seria muito desconfortável se ele acordasse agora. Olhei para os lados e vi Gale e Madge dormindo abraçados no sofá, Cato e Clove estavam deitados agarrados no enorme tapete felpudo, Annie e Finnick também, Johanna e Delly estavam deitadas na cama, com as pernas de Johanna em cima da garota. O quarto estava uma bagunça, haviam latas de refrigerante por toda a parte e também embalagens de comida, nem sabia onde estava meu celular, mas vi um jogado no tapete e peguei pra ver as horas, eram cinco da manhã. Nem lembro a que oras fomos dormir e nem se assistimos o filme até o fim, nem me lembro como minha cabeça foi parar na barriga de Peeta. De repente sinto uma mão no meu ombro e me viro assustada.

— Peeta, seu doido! – sussurrei levando a mão no peito. – Quase me matou de susto!

— Foi mal. – ele riu baixinho. – Que horas são?

— Cinco.

— Dá tempo de dormir mais um pouco antes do colégio. – Falou bocejando. – Dormiu bem?

— Eu... Hãn... Eu não... – Ele riu.

— O que houve? Por acaso acordou deitada em cima de algum garoto?

— Idiota! – Resmunguei e ele riu.

— Relaxa. – ele riu de novo. – Você estava dormindo sem almofada porque o Finnick roubou todas, e você parecia desconfortável... Então coloquei sua cabeça em cima da minha barriga. – Senti minhas bochechas queimarem e acho que ele percebeu, pois deu um sorrisinho de canto.

— E o que sua mão fazia em minha cintura? – Perguntei erguendo as sobrancelhas.

— Isso eu não sei! Devo ter colocado enquanto dormia, desculpa.

— Tudo bem. – Falei suspirando.

— Vai dormir mais um pouco?

— Vou, eu acho.

— Vem aqui. – Ele falou apontando pro seu braço.

— Não. – Falei o óbvio.

— Como amigos, vai... Você não tem almofadas... – Olhei ao redor e confirmei que não tinha mesmo mais almofadas.

— Como amigos? – Perguntei e ele assentiu. – Okay, mas mantenha sua mão longe da minha cintura.

— Okay.

— Okay. – falei e me ajeitei em seu braço, estava meio desconfortável, então ajeitei a cabeça em seu peito, sabia que ele estava sorrindo agora então tratei logo de deixar bem claro que era como amigos. – Como amigos Mellark.

— Okay Everdeen. – Ele falou e colocou a mão no meu cabelo. – Posso?

— Pode, durmo rápido quando mechem no meu cabelo. – Sua mão começou a entranhar por meus fios me dando uma sensação boa, nem me lembro quando foi a última vez que me senti assim. Eu sabia que estava quebrando todas as regras em deixá-lo fazer isso, mas eu não podia recuar, era bom me sentir assim, protegida. Eu havia acabado de conhecer essa turma, mas me senti conectada á eles de uma forma diferente, como se eu sempre tivesse pertencido á essa família. Peeta estava cuidando de mim de uma forma que ninguém cuidou, e era estranho, pois havíamos acabado de nos conhecer, mas sei que nessa família todos eram assim, eles se importavam uns com os outros e fariam qualquer coisa para protegê-los. Meus olhos foram ficando pesados e sem que eu percebesse a inconsciência me tomou.

***

Vários celulares despertando de uma vez não é uma forma muito legal de se acordar, pode acreditar. Todos acordaram assustados com várias músicas diferentes tocando de uma vez em um barulho ensurdecedor, levantei correndo do peito de Peeta, mas parece que Johanna percebeu, porque me olhou sorrindo maliciosa, apenas fiz que não com a cabeça e ela sorriu.

— Gente, a essa hora minha mãe já saiu de casa, então só tem a empregada. Todos trouxeram suas roupas e materiais?

— Sim! – Dissemos em uníssono.

— Firmeza então! As garotas usam o banheiro do meu quarto e os garotos usam o do corredor. – Johanna falou levantando da cama. - E sejam rápidos! – Todos se levantaram caçando suas coisas e em seguida os meninos saíram do quarto, Johanna tratou logo de fechar a porta e passar a chave. – Kat o que foi aquilo?

— Aquilo o que? – perguntei desentendida separando minha roupa.

— Do que vocês estão falando? – Annie perguntou confusa.

— Nada não. – Respondi.

— A Kat estava dormindo no peito do Peeta. – Johanna soltou a bomba e todas abriram a boca com a mão em cima.

— Sério Kat? – Clove perguntou chocada.

— Sim e não. – Respondi e ela me olhou confusa. – Bom, eu dormi, mas não é isso que estão pensando! Foi culpa do Finn!

— Porque culpa do Finn? – Annie perguntou cruzando os braços.

— Ele roubou todas as almofadas e eu fiquei com a cabeça no chão duro!

— Então resolveu usar o peito do Peeta como almofada? Espertinha você hein... – Johanna falou sorrindo.

— Na verdade eu nem me lembro de ter dormido em cima dele. Eu acordei eram umas cinco da manhã deitada com a cabeça na barriga dele, e a mão dele estava na minha cintura. – Antes que elas dissessem qualquer coisa eu continuei. – Ele disse que me viu dormindo com a cabeça no chão e que eu parecia desconfortável, então sem me acordar ele colocou minha cabeça na sua barriga, como amigos! Só isso!

— E a mão dele fazia o que na sua cintura? – Delly falou rindo.

— Ele disse que talvez tenha colocado enquanto dormia. – Falei dando de ombros.

— Então não aconteceu nada? São só amigos? – Johanna perguntou desconfiada.

— Apenas amigos! – Falei sorrindo.