...

–E então?-Janaina me perguntou.

A TV estava ligada em um filme qualquer, sentadas no sofá comíamos pipoca com suco, as cortinas fechadas deixava a sala e cozinha escuras. Lola dormia em um canto.

–E então uq?

–Você já ficou com ele?

–Não! Ele é meu amigo, apenas isso.

–Ah, Lilly Maddox, acha que não lhe conheço? Eu convivi com você minha vida toda, eu só vi esse brilho no olhar duas vezes. Uma com o Erick e agora.-Ela apontou para o meu nariz.

–Não senti aquela coisa por ele.

–Deve ser a falta de sexo, faz o que? 9 meses? 10? Deuses... Vamos tranzar, amiga!

–Uau, isso foi um convite?-Pisquei.

–Minha namorada até gosta de você, Lilly, mas ela é ciumenta.

–Okay, okay, me trocou por ela mesmo...

Peguei a pipoca, ela me chamou de boba bem baixinho e jogou pipoca em mim. Sorri, momentos como esse são impagáveis.

A Nathalia é engenheira e namorada da Janaina, linda e alta.

–Vou sair com ele e uns amigos hoje.

–Não?! Você se socializando? O que isso? Fim do mundo?

–Idiota, ele insistiu e me chantageou emocionalmente, pegou o caso da Lola a seu favor.

–Esperto.

–Canalha isso sim.-Bufei.-Mas pode ser legal.

–É, agora quem é que está trocando quem?

Sorrimos e conversamos mais um pouco.

–Preciso mesmo ir, Nathalia odeia quando chego tarde sem avisar -Ela falou parada com a porta aberta.

–Okay, manda um abraço para a Nath-ela correu até o elevador de onde o Kevin saia. Ele deu um beijo na testa dela e se despediram.

–Boa noite- A voz dele parecia forçada para ser feliz, isso me deixou curiosa.

–Boa, eu vou me arrumar...

–Ah, sabe o que é...-ele coçou a parte de traz da cabeça.-Hoje não vou sair.

Senti uma pontada de decepção, mas como já sou acostumada, passou bem rápido.

–Ah, aconteceu alguma coisa?

Ele pegou uma mochila azul forte e mostrou uns papeis.

–Tenho que preencher tudo para levar amanha a tarde.-O tom dele era triste, chegava a dar pena.

–Quer ajuda?

–Seria ótimo, mas minha noite foi arruinada, não quero arruinar a sua.

–Ah, tudo bem, estou morta já, então, passaria a noite com a Lola assistindo alguma coisa.

–Okay, então. Amanhã prometo que sairemos.

–Quinta.-Comentei enquanto saiamos do apartamento, Lola nos seguia.-Domingo...-Pensei que havia falado baixinho em meus pensamentos, mas ele se virou.

–Não quero que se mate, Lilly-Ele ia falar alguma coisa, mas se calou.-Sei uma coisa para te animar.

Sorri, entramos e ele foi até o quarto, o segui.

–Senta na cama.

O encarei.

–Se eu mandar a Lola te morder, ela não hesita. -Ele se virou sorridente.

–Não para isso, moça. Quero te mostrar que a vida tem um lado bom, e um deles se chama maconha, marijuana, cannabis.-Ele sorriu e piscou.

–Isso é uma boa ideia? E a papelada.

–Estamos cansados, com sono e jajá teremos fome, então.-Ele me entregou um pequeno cigarro, não muito fino. Acendi e traguei.

–Vou pedir uma pizza.

Soltei a fumaça perto dele e sorri.

–Acha que já não a conheço?-Me referi a maconha, ele sorriu.

–Você, Lilly Maddox, é uma caixinha de surpresas.

Logo depois que ele pediu a pizza, eu já estava bem animada. Achei melhor levar a Lola para meu apartamento e assim eu fiz. De volta para o ap dele, ele já havia colocado uma musica.

A batida se tornou familiar, sorri e ele tragou um pouco.

– Have you got colour in your cheeks?- Cantei e ele me acompanhou.

– Do you ever get that fear that you can't shift the type.

–Você tem um bom gosto –disse.

Ele sorriu e se aproximou, soltando a fumaça.

–Deixa eu tentar uma coisa-Ele tragou, me segurou pela cintura e eu sabia, abri a boca.

Ele soltou a fumaça e me beijou. Não sei o que senti ao certo, felicidade? Isso é certo?

Não sei se devia estar feliz. Mas estava, nos separamos e ele bebeu uma cerveja enquanto me entregou o cigarrinho, peguei e traguei mais um pouco.

Ele entrou no quarto e o segui, sentou-se na mesa com os papeis e começou a escrever neles, cheguei perto e sentei na cadeira ao lado, entreguei a ele que continuou a fumar e escrever.

–Em que posso ajudar?

–Nada, pode dançar, sei que está inquieta.

E era verdade. Comecei a dançar. Tirei o all star e a calça, ele olhou com relance.

–O que está fazendo?

–Nada de mais. Quando nos conhecemos eu estava assim, mas minha calcinha e sutiã eram pretos e esses são rosas.-Sorri e ele reparou e confirmou com a cabeça.-E a blusa era branca essa é azul.

A campainha tocou.

–Pizza-Disse e ia correndo até a porta, ele me segurou pela cintura.

–Nem pense... eu vou.-Me jogou na cama, apenas com um braço, uau, forte!

Ele foi e depois de um tempo a musica se desligou e ele voltou com pizza.

Peguei um pedaço e ele também.

–Então...-Comecei, o efeito já estava passando. –Posso ajudar nos papeis.

–Não, eu termino ainda hoje, tem que preencher com umas informações do hospital.

–Aaata-Terminei o primeiro pedaço e peguei outro, deitei na cama.

–Só queria te trazer aqui.-Ele sorriu.

Gargalhamos, não sei se era o efeito da maconha, ou por que é bom estar perto de alguém. Mas estava me sentindo feliz, acho que isso não é certo.

Terminamos a pizza, ele se sentou e continuou a escrever, meus olhos pareciam pesados, pisquei uma, duas, três e dormi.