O Cupido escrita por Biacoscrato


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Obrigada aos meus leitores, e bem-vindos, aos que são novos. Amo muito vocês, e espero que gostem da história.



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Entrei na sala de Aula com pavor imenso. E depois de relaxar a expressão das lembranças horríveis de Josh, sentei em uma carteira. A última da sexta fileira.

Olhei para o teto da sala de aula. Havia algumas luminárias e uns pontos de rachadura na parede. Manchas de musgo rodeavam os cantos da sala e pareciam formar um desenho em tinta aquarela. Olhei para o quadro, e vi várias contas de Álgebra, e me senti confusa. Queria estar escutando música e desenhando em meu caderno. Depois eu pegaria um livro e me deitaria na cama para lê-lo. Olhei para a janela e vi alguns pássaros em cima de uma árvore. Eles eram de uma plumagem escura e algumas manchas claras. Nunca tinha visto, ou ouvido falar. Ao lado deles, pequenas flores nasciam em alguns ramos das arvores. Eram lindas. Possuíam coloração viva, puxada aos tons de amarelo e vermelho, e se sobressaiam ao tom apagado e marrom do tronco da arvore. Pensei em como reproduzi-la em um papel, e desenharia seus traços perfeitamente, e delicadamente. Viro uma folha de meus cadernos e tento desenhar a mesma arvore, com os mesmos detalhes, porém, haveria uma só diferença. Josh estaria enforcado em uma corda, pendurada em um galho. Uma imagem que formava em meus sonhos quase todas as noites, depois que ele saiu de perto de mim.

–Sophia Linconlin- O professor de matemática olhou em meus olhos, com um sorriso desafiador- Poderia responder essa pergunta, por favor?

Olhei para o professor, confusa. Nem estava prestando atenção em sua aula, e nem sabia de que assunto se tratava. Olhei para o quadro branco e li a pergunta. “Qual é o valor do número PI?” e em cima da pergunta, estavam bem demarcadas as palavras “Revisão do Fundamental II”. Pensei nas minhas aulas da Quinta série, e da minha professora de iniciação a Álgebra, que parecia um cachorro. E o número apareceu em meus olhos, como uma placa de letras em neon.

– 3,14–Eu digo olhando em seus olhos ameaçadores- Foi à pergunta mais fácil da aula, ou do ano, eu acho.

Algumas risadas ecoaram a sala, e o professor ficou pálido. Pelo jeito, não gostava de ser desafiado. Seus olhos me rondearam com um ar maquiavélico, e depois se fixaram no quadro novamente.

Soltei um suspiro de alívio. Não poderia ter errado a primeira pergunta do ano, e a mais idiota. Olhei de novo para o meu desenho e forcei as linhas. Meu desenho se formava, e o sonho voltava aos meus pensamentos. A mesma música lenta e triste rodeava meus ouvidos, e o cheiro de musgo não saia de meu nariz. O frio de Dezembro percorreu meu braço, mesmo estarmos em Setembro. O sonho voltava, e meus pelos arrepiavam. Minha sobrancelha tremia e meus dedos não paravam o desenho. Meus pés se balançavam e minhas pernas chacoalhavam rapidamente. Minha cabeça doía. O medo percorria meu corpo, e a vontade de chorar era imensa. Olhei para o desenho, e soltei meu lápis. A árvore era ensanguentada e a corda estava arrebentada nas pontas, além de estar manchada de sangue. Era noite, e a neve caia em minúsculos flocos, fazendo que o chão ficasse mais fofo e branco. As nuvens não estavam lá, e a lua brilhava intensamente. Uma jovem estava deitada com as mãos na cabeça, e suas mãos tremiam. Duas pernas estavam em cima de sua cabeça, após mais uma cintura, tronco, e braços. Uma cabeça caia, como uma pena, sobre o pescoço enforcado. Os olhos estavam abertos e tristes. Porém, o sorriso torto ainda se mantia. Josh sorria, ao frio da noite, e da morte. Uma lágrima caiu de meus olhos, e pingou no papel. Não esquecia os sonhos. Cada dia uma morte diferente. Cada dia eu chorava enquanto acordava. Cada dia eu estava triste no trabalho, ou na faculdade. Eu não iria mais sonhar, ou sequer dormir. Josh não morreu na vida real, mas a partir de agora, ele morreu em mim.

Após o término das aulas em geral, peguei minha bolsa e caminhei lentamente até um banco, que ficava fora da faculdade. Coloquei minha bolsa, e apoiei minhas mãos na cabeça. Permiti que as lágrimas caíssem e molhassem meu rosto. Josh se fora e eu nada poderia fazer. Meus sonhos me assustavam, e minha vida ficava cada vez mais complicada. Precisava esquecer os abraços quentes, e os beijos apertados. Precisava de um novo amor, de uma nova vida. De uma pessoa que conseguiria me fazer voltar a dormir bem.

–Sophia?- Luana se aproxima de mim- O que aconteceu amiga?

–Eu... - Eu digo com as mãos no rosto- Não quero mais o Josh. Não quero mais dormir mal por ele. Não quero mais que ele me ame, ou eu o ame. Quero uma vida nova. Quero uma família. Quero minha mãe e meu pai, e quero um abraço fraterno. Quero carinho, você entende? Quero parar de chorar, e não precisar mais de lágrimas.

–Sophia- Ela diz me abraçando- Não chore. Eu sou sua família. Em momentos difíceis como esse, pode contar comigo. Sempre vou estar aqui, do seu lado, e sempre vou te amar. Como melhor amiga, e irmã. Tudo bem?

–Eu te amo Lu- Eu digo abraçando- a e enxugando minhas lágrimas- Você é a melhor amiga do mundo, e minha única irmã que não é fraterna. Você é a minha irmã do coração, e sempre vai ser.

Ela me abraçou forte e senti seus lábios sorrirem. Depois me soltou e me guiou até a porta da faculdade, onde Alex me esperava. Fui até ele e o abracei. Sem motivo, só por puro afeto. Ele sorriu e apertou minha mão, e depois nós seguimos a rua, até minha casa. Josh saiu de minha vida, e eu sabia quem conseguia me fazer dormir bem naquela hora. Alex.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Posto o prox cap daqui a dois dias



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