Ele acreditava em mim agora.

Enquanto ele me abraçava eu vi os olhos vazios de Josh, ali no chão, jogado. O sangue ainda estava em minhas mãos. Eu chorei, e limpei meus olhos com minhas mãos sujas de sangue. Parecia que eu estava chorando lagrimas de sangue. Como um vampiro, ou alguma aberração.

Mas eu não era mesmo? Matei meu ex-namorado, e ainda sorria por isso. Mas eu tinha motivos, não tinha? Não aguentei mais. Cai dura no chão de tanto chorar.

Em meu sonho eu andava com Josh, e sua mão era quente. Ele sorria alegremente e eu também. Nós éramos felizes.

–Sophia- Ele diz sorrindo- Você me matou. Me matou.

–Como?- Eu digo- Você está aqui ao meu lado...

–Não seja idiota- Ele diz sorrindo- Você me matou com um tiro na cabeça. Aqui, olhe.

Ele vira a cabeça e vejo um furo. Enorme e sangrento. Eu atirei nele. Atirei nele.

–Josh... Me desculpa- Eu digo chorando- Eu não queria fazer isso... Eu te amo.

–Eu sei- Ele diz sorrindo e passando a mão em meus cabelos- Mas não se preocupe. Eu vou voltar. Por você.

Nesse momento sinto alguém me puxando. Alex.

–Sophia- Ele diz- Acorde.

–Oi... –Eu digo- Alex, eu estou bem. Pode me soltar.

Ele me solta e eu fico em pé. Olho para os lados e vejo que estou em casa. Por quanto tempo eu dormi?

–Bem... Você dormiu por umas dez horas- Ele diz

–Como você... Ah- Eu digo- Pensei alto.

Ele se senta ao meu lado e pega minha mão. Eu sento junto com ele.

Eu olho em sua feição e vejo que ele está preocupado.

–O que foi Alex?- Eu digo- Algum problema?

–Não... É que Josh sumiu- Ele diz- Você atirou nele, e o colocamos no carro. Depois que dormimos, o corpo sumiu. Não sei o que aconteceu.

Olhei para baixo e depois coloquei as mãos na cabeça.

–Nossos problemas nunca acabam não é?- Eu digo

–Bem, é o que parece- Ele diz sorrindo- Já foram procurar, e me deixaram de folga. Nós poderíamos começar o treinamento...

–Sim, vamos- Eu digo me levantando- Eu só preciso trocar de roupa, aí eu já saio, está bem?

–Tudo bem, eu vou descer- Ele diz se levantando- Vou no mercado comprar umas frutas. Você quer?

–Quero- Eu digo sorrindo- Só não traga bananas. Eu não gosto.

–Tudo bem- Ele diz sorrindo- Eu também não.

Ele abre a porta, e depois a fecha. Escuto pés descendo a escada. Vou até o banheiro e tiro minha roupa. Ligo as torneiras da banheira e me deito. Pego alguns óleos de banho e jogo na água. Tudo o que eu precisava agora, era relaxar.

Fiquei pensando em minha família, enquanto tomava banho. Sem meus pais e meus avós, meus tios vieram até mim. Eles me perguntaram se eu queria ficar ou ir até Nova Iorque com eles. Preferi ficar na casa, e eu sustentaria a mim mesma. Porém, meus tios quiseram ajudar. Eles pagavam a água e a luz de casa, e eu precisaria comprar os móveis, roupas, alimentação... Gostei da ideia.

Há três anos eu vivia assim, e esse seria o quarto ano. Já estava acostumada a dormir na casa das amigas, acampar, sair à noite. Mas uma parte de mim, ainda sentia falta de um carinho materno.

Saio da banheira e me seco. Prendo meu cabelo, e coloco uma toalha. Abro a porta do banheiro e saio. Quando vejo que Alex está na cama, me assusto.

E por mais que eu não queira, eu soltei a mão da toalha. Ela caiu no chão, e Alex olhava diretamente pra mim.

Fiquei vermelha de vergonha e corri pra dentro do banheiro. Alex começou a rir e depois me chamou. Que vergonha Sophia. Você acabou de ficar pelada na frente de um garoto. Que horror.

–Sophia, pode vir- Ele diz- Até parece que você nunca ficou nua na frente de alguém.

–De um garoto não- Eu digo- Ai Alex, me desculpa. Que horror.

–Horror nada- Ele diz- Você é linda. Perfeita na verdade.

–Perfeita... Até parece- Eu digo já colocando outra toalha- Alex, eu preciso me trocar. Pode me dar licença?

–Claro- Ele diz

Eu abro a porta novamente e ele se levanta da cama. Ele ainda está sorrindo e eu fico vermelha de novo.

Até que ele vem até mim e me beija. Ele passa as mãos na toalha e eu tento segura-la ao máximo. Até que ela cai novamente, mas eu não ligo. Ele tira a camiseta, e depois a calça. Ele me joga na cama e eu me sinto estranha. Eu ainda não perdi a virgindade, por mais estranho que seja.

Ele tira a cueca e depois deita ao meu lado. Eu nunca tinha visto um homem nu, a não ser nas aulas de biologia.

–Alex... Eu... Não sei- Eu digo, mas ele já tinha começado a me beijar- Eu... Nunca fiz isso...

–Tudo bem... – Ele diz- Vou devagar com você.

Ele puxa uma coberta por cima dele e depois ele me “abraça”. Não sinto mais nada. Parece que eu entrei em um sonho louco, e nem sabia o que estava acontecendo.

Mas realmente, era um sonho louco.

Algo me sacode e vejo dois olhos azuis. Muito azuis. E duas sobrancelhas ruivas.

Josh sorri e depois me levanta. Eu fico de pé e me balanço. Mas percebo que estou presa.

–O que esta fazendo aqui?- Eu digo- Eu te matei! Como assim?

–Bem... Você não me matou- Ele diz sorrindo- E que sonho estranho esse...

–Como você sabe dos meus sonhos?- Eu digo

–Eu... Bem- Ele diz- Completei meu ritual. Agora sim, você pode dizer que está conectada a alguém.

–O que... –Eu digo- Como você... Seu canalha! Me solta!

–Não- Ele diz rindo- Você vai ficar aqui. Comigo.

Ele assopra em eu rosto e eu apago.