Bleeding Out escrita por Becky Cahill Hirts


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Oie gente.
Espero que gostem :)



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Amy tentava pensar em todas as cores que ela conseguia nomear.

Não cores como azul, amarelo e rosa... Mas algo como fúscia, persimmon, puce, myrtle, oliva, azure, teal, bole...

Não cores, mas sim tons dela.

Amy estava fazendo de tudo para manter sua mente ocupada com tons, nomes, números, qualquer coisa que não fosse a presença constante do moreno tirando sua blusa grande de pijama.

E como se isso fosse a pior parte ela ainda conseguiria aguentar. Mas é claro que a pior parte é que ele narrava o que havia acontecido na noite anterior!

— Eu pensei que estava maluco quando vi aquela poça de sangue ao seu redor — o moreno falava, embora Amy não conseguisse ver sua face, pois mantinha os olhos fechados. — Tudo tão vermelho...

Ciano, tan, denim...

—... e você estava inconsciente, o que me deixou ainda mais assustado. — Amy não entendia o por quê daquele menino falar tanto! Será que ele não percebia que ela não queria conversar! — Eu pensei que você pudesse estar morta...

Abricó, rust, cerise, isabelinne, icterine, celadon, cerúleo...

— Por um momento imaginei Alistair me matando... Quer dizer, eu imagino que ele nunca me perdoaria por deixar a sobrinha dele sangrar até a morte... — Cale-se! Amy queria gritar, mas estava nervosa, constrangida e receosa demais. — Você não é de falar muito, não é?

Amy mordeu o lábio, sua cabeça se contorcendo atrás de mais um tom conhecido... Mas o único tom que vinha na sua cabeça enquanto o garoto limpava seus braços com água e soro — o que ardia bastante — era scarlet! O bom e velho vermelho scarlet.

As mãos de Ian trabalhavam com calma e precisão pelo seu corpo, primeiro limpando, depois passando algo gelado e gelatinoso — pomada — e por fim fechando com Band-Aids.

— Terei que tirar isso, posso? — ele falou, segurando delicadamente a blusa da garota. Amy tentou não começar a tremer como um chihuahua enquanto assentia rapidamente. O garoto retirou a blusa sem esforços, tomando cuidado para não pressionar nenhuma parte do corpo da ruiva. — Eu entrei e tentei limpar o melhor que eu conseguia... Primeiro você e depois o chão.

Amy teve que morder o lábio para não deixar o protesto de surpresa sair por seus lábios. Ian Kabra, quer dizer, aquele primo rico e exibido, que ela nunca imaginou que sabia o que era uma vassoura, havia limpado o chão?

Ian pareceu ter percebido a reação dela, embora a mesma tentasse disfarçar.

— Eu sei — ele falou rindo. — Também estou tendo dificuldades para processar essa ideia, agora que já aconteceu... Ao que parece você faz coisas estranhas surgirem em mim, Amélia.

A garganta de Amy fechou, ela teve que respirar duas vezes mais rápido para ter certeza que o ar estava entrando. Ela nunca imaginou ser capaz de fazer “coisas” surgirem nem em uma mosca, quem dirá em seu primo distante.

— Amy — ela se pegou dizendo no instante seguinte. E por mais que ela não tivesse registrado as palavras, sabia que não voltaria atrás no que estava dizendo. Ian a encarou com ar de quem não entende. — Você acha que pode me chamar de Amy, por favor? — conjecturou a menina.

— Ahn... Claro. — Ian parecia levemente perdido.

Por vários instantes — que Amy chamaria de horas — nada mais foi dito. Ian estava calado, o que pelo jeito era novidade, fazendo seu trabalho de limpá-la com cuidado, passar a pomada e depois enfaixá-la com as ataduras e Band-Aids.

— Você... — Ian começou, mas parecia meio incerto sobre o que iria falar. — Não querendo ser intrometido — Amy tinha certeza que o moreno estava tento flashbacks dela dizendo que ele estava sendo intromedito na noite anterior. — Mas você pode me explicar por que fez aquilo? Ou melhor, por que faz aquilo, já que não pareceu ser algo... Singular.

Falando no geral, era complicado perceber quem estava mais vermelho. Ian ou Amy.

— E-e-e-eu... — Para ser gentil e honesta com a garota, ela tentou explicar, mas sua voz não cooperou. Ela, por fim, rendeu-se e afundou ainda mais na cama.

Mais milhões de minutos passaram enquanto Ian finalizava seu trabalho. Amy o observava pelos olhos semicerrados, ele estava com uma expressão pensativa na face, como se estivesse ponderando milhares de coisas de uma só vez.

— Pode parecer estranho — o garoto quebrou o frio silêncio. — Mas me promete que não vai mais fazer isso? — Amy encarou cética o garoto de olhos âmbar. Ele não estava fazendo aquilo! — Quer dizer... — apressou-se a retalhar o garoto, com um leve rubor nas bochechas. — Eu realmente não quero ter que limpar tudo depois e, considerando o trabalho que eu fiz agora em você, não quero que você volte a se machucar... Séria como dizer que tudo que eu fiz foi para nada...

Mas foi! — a garota tinha vontade de berrar, mas não encontrou sua voz — e coragem — para dizê-las.

Então no lugar de falar, ela apenas afundou ainda mais no travesseiro.

— Amy, eu não quero ter que contar para o seu tio...

— Você disse que não contaria! — Ela ficou surpresa com a própria voz, mas não era o momento certo para aquilo. O pavor, o medo de Ian contar para Alistair o que a garota estava fazendo... A vergonha que ela sentiria... Provavelmente eles a internariam de vez. — Você prometeu!

Ela se sentia inútil e infantil gritando com o primo. Ela sabia que não adiantava em nada, seu futuro estava fadado.

Ian contaria tudo, o que ele tinha a perder? Ele se pouparia de algumas discussões com ela — não que ela estivesse planejando algo para reassumir a empresa agora — e ainda a tiraria da vida dele. Séria uma pessoa a menos com quem ele teria que dividir a fortuna que Grace deixara.

— Eu não quero fazer isso, Amy — Ian falou, com tanta sinceridade no seu tom que a ruiva estava quase acreditando nele. Quase. — Mas eu vou, se você não me prometer que nunca mais vai fazer isso...

Amy respirou fundo. Se ela prometesse e o primo não cumprisse pelo menos eles dois saberiam que ele não tinha palavra alguma... Mas o que isso adiantava? Ela seria levada para o hospício.

— E-eu n-não consig-go prometer... Isso. — Foi tudo que a voz dela se dignou a falar. E era verdade. Amy já havia prometido para si mesma milhares de vezes que iria parar, mas isso não ajudava em nada. Seus ataques não eram algo planejado... Ela simplesmente os tinha.

— Então apenas me diga que irá me chamar quando sentir vontade de fazer isso novamente — pediu o garoto, com os olhos cansados e um tom suplicante na voz.

— E-eu... Eu prometo.

Ian deu um sorriso fraco em direção à prima, os olhos passando pelos machucados dela novamente.

— Isso é bom... Por hora.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram?
Love u all.
Beijos,
Becky.