Bleeding Out escrita por Becky Cahill Hirts


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Oie gente,
Enjoy!



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O sol irritante bateu contra o rosto de Amy, fazendo-a acordar devagar. Ela sentiu os olhos presos e as pálpebras pesadas.

Sua mente era um branco.

Ela não sabia o que estava acontecendo, mas uma terrível sensação de terror cresceu dentro do seu peito.

Ela jogou as cobertas para frente, sentando-se num salto. Seus braços e costas doendo no processo.

Ela se lembrava do jantar... Ian e Janet conversando amigavelmente deixando-a de lado e depois...

Ela se lembrava do sangue.

Tanto sangue que ela mesma pensou que havia se cortado... Senão soubesse a verdade.

Os olhos dela caíram sobre o moreno, vestindo uma blusa branca suja de sangue, os cabelos bagunçados e a cara amassada.

Ian havia dormido aos pés da sua cama.

Na mão ele segurava um pano sujo de sangue e havia uma tigela jogada ao seu lado...

Amy tapou a boca ao sentir as lembranças atingindo-a como fogo.

Ela queria parar. Mas simplesmente não conseguia.

A mão esquerda arranhava com força o seu braço, descendo do ombro em direção à palma da outra mão. Suas unhas deixavam um rastro de sangue por onde passavam.

Ela viu o sangue de cor scarlet derramar-se sobre o tapete felpudo e tentou andar em direção ao banheiro, não querendo sujar o tapete que sua mãe escolhera tantos anos atrás.

Mas havia algo no chão.

Ela não soube o que era, mas a coisa a fez resbalar* (derrapar, cair) para trás, fazendo-a bater com força contra o chão. Amy gemeu baixo de dor, tentando levantar-se, mas sentindo os seus pensamentos maléficos tomarem conta.

Burra! Idiota! Pacóvia!

Como alguém como você ainda se presta a viver?

A voz aumentava de intensidade à medida que Amy lutava para tirar ela de sua cabeça.

Amy via rostos nas paredes, sua visão hora clareava e ela enxergava o seu quarto, hora escurecia antes de voltar a brilhar como faróis de caminhões...

Ela ouvia os gritos da avó, sentia a tensão do pai, via os lábios da mãe...

“Como sempre e para sempre”

Eles morreram por tentar salvá-la! — a voz dizia seca e grossa. — Você não pode culpá-los... Ainda tinham esperanças que sua filha não fosse uma abobada que nem consegue falar!

Amy se contorcia! As unhas perfurando ainda mais sua pele. Deitada no chão fazendo força para morrer e incapaz de tirar a vida que seus pais morreram para salvar...

Você não é nada, Amélia Cahill! Você é uma vergonha para todos... Seria melhor se você sumisse...

Ela conseguiu sentar-se, beliscando com força as pernas. Ela havia tirado sua roupa, estando apenas de calcinha e sutiã. Ela estava preparada para o sangue, mas a voz... A voz era cruel.

Amy bateu a cabeça com força na estrutura de madeira, implorando para o sangue bastar... Mas nunca bastava.

Ela queria correr até o banheiro, se xingar até não poder mais... Queria se fazer sentir mal, horrível e...

— A-Amé-mélia? — a garota ouviu alguém chamá-la.

Não!

Amy só percebeu que as lágrimas inundavam seu rosto quando ouviu seu soluço. Ela balançou com força a cabeça, tentando retirar todas aquelas lembranças...

Ela olhou para seu corpo, agora sem a coberta para escondê-lo... Ela estava machucada, muito machucada... Havia hematomas em um tom roxo de dar arrepios em seus braços e pernas e ela via os arranhões vermelho sangria, já que o sangue havia secado.

Ela se via apenas de sutiã e calcinha, como se lembrava de estar quando a... Quando ela se machucou tão severamente.

Seus olhos voltaram para Ian, deitado ao chão, e a ruiva quase soltou um grito de puro pavor.

Os olhos cor de âmbar do garoto estavam abertos.

E ele a encarava com alguma expressão que ela não soube explicar.

—>Bleeding Out<-

Ian observava a garota ruiva com um grande interesse.

Ela ainda não havia percebido que ele a encarava, mas certamente não demoraria muito para notar.

O garoto havia acordado assim que ela jogou as cobertas para longe, fechando os olhos no momento exato quando sentiu os dela sobre ele. Algo imaturo e infantil estava crescendo no seu peito... Aquela vontade de protegê-la... Aquele desejo de saber se ela estava bem... Mas sem deixar que ela visse que ele se importa.

Quando sentiu os olhos da ruiva não mais sobre ele, arriscou-se a abrir um pouquinho o olho direito, vendo-a encarar seu próprio corpo. Uma linha fina formava sua boca e seus olhos estavam duros e marejados. Ian não sabia se seria uma boa hora para começar a falar com ela.

Enquanto a observava, viu as lágrimas crescendo e caindo sobre sua face, como as gotas de chuva caiam sobre Londres, constante e intensamente. Ele esqueceu que estava tentando não ser flagrado. Esqueceu sua missão. Esqueceu-se da noite anterior... Esqueceu até mesmo seu nome!

Tudo que parecia importar para Ian, o que ele considerou uma ação/pensamento muito irracional, era o fato de que a ruiva dos olhos cor de jade chorava a sua frente.

E ele não sabia o que fazer para acalmá-la.

—>Bleeding Out<-

— H-h-há qua-quan-quanto temp-po es-está... — a voz da garota morreu antes dela conseguir terminar a sentença. Ela se odiou por isso, obviamente.

Já não bastava toda a humilhação que ela deveria ter pagado ontem, quando Ian a encontrou sem roupas e sangrando no meio do quarto? Já não bastava que seu rosto houvesse ficado corado de imediato só no instante em que olhara para o rapaz? Já não bastava ela estar tentando esconder as lágrimas com mais lágrimas que continuavam a cair?

— Não... — ele começou a falar, mas sua voz se perdeu no espaço infinito que havia entre os dois, ele deixou a boca aberta, apenas encarando a garota. Como alguém tão machucada, chorosa, e amedrontada parecia tão bela aos olhos de Ian? E como, justo ele, o rapaz que sempre fez milhares de mulheres, independente da beleza e da sua classe social, caírem sobre ele e se sentia tão inseguro em relação a jovem dos olhos cor de jade?

Amy pareceu perceber que algo estava errado com suas vestimentas, pois tratou de puxar o cobertor e cobrir seu corpo machucado, corando mais ainda.

— P-p-p-por fa-fav-favor... — ela começou, gaguejando mais que o normal por estar em uma situação complexa. — V-va-vai em-embo-embora... — Ela não conseguiu dizer aquilo com firmeza, e Ian apenas balançou a cabeça, negando.

— Se eu sair, você vai fazer de novo. — Ele falou aquilo com tanta calma que até o mesmo estranhou, como se fosse um expert no assunto, mas estava mais apavorado do que a menina.

— E-eu...

— Não precisa dizer nada — Ian a assegurou, levantando-se e percebendo que a tigela que ele havia pegado na noite anterior estava derramada no chão. Isso não era bom... Ele precisava de água. — Eu vou encher isso no banheiro e já volto...

Sua voz saiu tão insegura no final que ele ficou tentado a ir embora e deixar a garota sozinha. Estava não incerto sobre o que fazer... Mas não. Não poderia deixar a garota sozinha... E se ela fizesse de novo? E se ela se machucasse de novo? Ele não estaria sendo um péssimo primo se deixasse isso acontecer?

À Atlântida com essa palavra... Ele nem conhecia a garota! Mas alguma espécie de instinto se apoderou dele. E ele sabia o que tinha que fazer.

Amy estava tão assustada. Ela observava o garoto entrar no banheiro e fechar a porta com uma expressão de incredulidade na face.

Ela nunca havia deixado ninguém vê-la nesses momentos, salvo Alistair, mas... Agora o que ela iria fazer? Se desesperar? Ela não conseguia nem controlar a própria voz!

Amélia Hope Cahill! Você não pode o deixar vencer... Por favor, aja normalmente!

Respirando umas cinco ou seis vezes antes de finalmente se acalmar. Amy pegou um mini shorts e uma blusa grande, que estavam do lado da cama. Ela os usava como pijama normal, mas certamente Ian ia achar impróprio e muito ralé...

Mas que se dane o que Ian Kabra vai achar Amy!

Embora seus pensamentos fossem estes, ela sentia um terrível temor dentro da sua barriga. Um medo agudo de que Ian saísse por ai contando para todos... Uma necessidade de...

Amy arregalou a boca de espanto ao notar de que era essa necessidade.

Ela tinha necessidade de falar com Ian!

De saber o que ele viu, de saber o que ele achava que ia fazer com aquelas informações... A cabeça da ruiva trabalhava em uma maneira para despistá-lo... Uma desculpa, explicação plausível... Qualquer coisa!

Mas era como se a sua própria mente não quisesse cooperar.

Amy vestiu o pijama com dificuldades, prendendo o cabelo em um coque daqueles que não se precisa usar qualquer outra coisa que não o próprio cabelo. Seus braços doeram no processo e em sua visão apareceram pontos pretos, mas ela tentou ignorá-los... Precisava ignorá-los se quisesse falar com Ian...

Quando a ruiva estava pronta, quase como se obedecesse a um timming, Ian saiu do banheiro, carregando a tigela e um pano um pouco molhado.

Quando seus olhos pararam em Amy, ele pareceu ficar incomodado.

— Ahn... Como vou limpar os seus machucados e tratar deles se você está vestida? — Ele havia ficado meio desconfortável falando aquilo, mas Amy queria correr e se esconder dentro de um buraco.

— Não há necessidades de li-limpar ou tra-tratar de qualquer co-coisa. — Ela falou, reunindo o máximo de força para tentar controlar sua gagueira.

— Amélia, por favor! — Ian pareceu perder um pouco do seu desconforto, deixando a tigela e o pano sobre a mesa de cabeceira ele sentou-se na ponta da cama, o mais distante possível e ao mesmo tempo perto o suficiente. — Você está machucada, me deixe ajudá-la.

— Eu posso cuidar disso so-sozinha. — A garota afirmou, olhando por três segundos os olhos que a fitavam.

— Como você cuidou dos arranhões nas suas coxas? — Ian perguntou, venenoso e ao mesmo tempo afetuoso, como quem briga com uma criança que não quer ver a razão em algo. — Há quanto tempo tem aquilo? Sabe que só está piorando se você não tratar? Seu corpo irá ficar cheio de cicatrizes.

— Não me importo... — Amy informou, tendo o cuidado de esconder o rosto com os cabelos ruivos. Ele vira? Sabia de todos os seus machucados que ela tão cuidadosamente escondia? E agora?

— Amy — Ian pronunciou o nome dela quase como se fosse um suspiro. A ruiva estava ciente do seu olhar fixo nela, sem perder nenhuma expressão do seu rosto, mas ela simplesmente não conseguia olhá-lo. — Me deixe ajudá-la. Eu juro que não conto para ninguém se me deixar...

— Você não conta? — Amy foi tomada por uma surpresa tão avassaladora que permitiu seus olhos de fixarem-se nos do moreno de olhos âmbar. Eles eram verdadeiros, sinceros e... Pelo Anjo, muito belos.

Ela sentiu um desconforto enquanto os olhava. Os olhos dela fixos no do moreno, os dele fixos nos dela... Jade e âmbar. Âmbar e jade. Ela não gostava daquilo que via, não gostava de estar tão... Próxima de Ian... Ela queria desviar os olhos e implorar para ele sair do seu quarto, mas sua mente não parecia fazer o que ela queria no momento.

Ian recomeçou a falar, sem tirar seus olhos dos olhos dela.

— Se me deixar cuidar disso... — ele disse, indicando os machucados dela. — Eu prometo que não vou contar para ninguém o que vi!

Amy corou imediatamente, desviando os olhos finalmente.

Ela o deixaria limpá-la e então seu segredo continuaria a salvo... Mas a ideia de Ian tocando-a lhe dava revertério. a verdade não apenas Ian, ela sempre se limitou ao contato físico. Sempre só tocava em Dan, Alistair ou Janet... Mas ontem havia deixado os polícias tocarem-na sem problemas... Então talvez ela conseguisse deixar Ian...

Pelo bem do seu segredo.

Ela não conseguiu olhar novamente para Ian, apenas assentiu com a cabeça, encorajando-o a chegar mais perto.

Ian entendeu o recado rapidamente, deixando o ponto distante onde estava sentado para sentar-se ao lado dela, a tigela estava novamente em seu colo, e ele molhava o pano ali dentro com delicadeza...

— C-c-comece pelas pa-partes que estão a-a m-mostra... — Amy conseguiu dizer, fechando os olhos e afundando sua cabeça no travesseiro depois. Ian não disse nada, apenas segurou com delicadeza seu braço, o que enviou ondas de arrepios por todo o seu corpo, e começou a esfregar o sangue seco.

Amy sentia a dor, mas nada daquilo a incomodava mais do que o fato de Ian estar tocando-a daquele jeito. Ele a segurava e a mantinha ali. Ninguém, desde a morte de seus familiares, havia feito aquilo, e não era como se isso a trouxesse boas recordações.

— Eu peguei algumas ataduras e pomadas das coisas da minha irmã e do banheiro central da sua casa — Ian lhe informou baixo, sem parar de trabalhar. A garota havia fechado os olhos com força fazia alguns segundos e não conseguia ver a expressão em seu rosto. — Se me deixar fechar as feridas talvez elas sumam mais rápido...

— Ta-ta-tanto faz... — Amy disse, embora não tanto fizesse, ela sabia que teria que usar blusa de manga comprida por mais uma eternidade até aqueles machucados curassem-se, e eles estavam no meio do verão.

— Então eu vou fechar — Ian falou, e a garota começou a apertar as unhas contra a mão com força, tentando se controlar.

Ian havia terminado um braço e estava indo para o outro, mas algo lhe fez parar. Amy não fazia ideia do que estava acontecendo e por uns bons 30 segundos apenas esperou, mas a sua curiosidade foi maior e ela abriu um olho de cada vez, observando a expressão irritada na face de Ian.

— O-o q-que f-fo-foi? — A ruiva quis saber, sem compreender em nada a face irritada de Ian.

— Eu estou aqui, tentando tratar de seus machucados e você só consegue fazer outros? — ele falou seco, e Amy foi tomada pela surpresa. Que outros machucados ela estava fazendo? Vendo a expressão no rosto da garota, Ian puxou a mão dela, ainda contraída, e mostrou para a ruiva.

Uma fina camada de sangue estava deslizando por sua mão.

Amy arregalou os olhos. Ela sentia as unhas contra a sua pele, mas não havia sentido que havia ido tão fundo.

— E-e-eu... — mas ela não conseguia dizer nada com nada. Apenas estava apavorada demais. Ela nem havia sentido!

Ian pareceu esquecer um pouco da sua raiva quando as primeiras lágrimas trairás escaparam dos olhos da menina. Ele tomou a mão dela, abrindo-a com cuidado e limpando o machucado. Depois analisou as suas unhas.

— Eu vou cortá-las também... — ele informou a menina. — Agora mesmo!

Ian levantou-se e saiu do quarto, deixando Amy sozinha. A garota encarou as mãos com dor nos olhos. O que ela estava fazendo consigo mesma? Ela estaria maluca? Será que não era melhor contar para Alistair e pedir para ele interná-la?

A ruiva deixou a cabeça cair com força contra o travesseiro macio. Ela não merecia nem que seu primo desgraçado cuidasse dela... Ela deveria simplesmente...

— Estou de volta — a voz do garoto soava formal, e Amy sentiu uma dor dentro do peito. Ele deveria estar considerando as mesmas coisas que ela... — Pronta para perder o que te faz machucá-la?

Amy quase riu, se ele estivesse se referindo as unhas estava muito enganado...

—>Bleeding Out<-

Ian terminou de cortar a última unha de Amy. Ele havia se dado ao trabalho de cortar mais curta do que o necessário, para prevenir.

Quando terminou, não disse nada. Pegando o pano e trabalhando no próximo braço e nas pernas/coxas da garota.

Ele se viu pensando se alguma vez na vida já havia cuidado de alguém? A ideia parecia simplesmente absurda... Então por que ele se sentia com tanta vontade de cuidar da sua prima, que ele nem conhecia?

Mas Ian sentia essa necessidade. Sentia a necessidade de fazê-la se sentir bem, em segurança... Sentia algo, no fundo do seu peito que praticamente gritava por aquilo... E ele não iria falhar com ela.

— Você não me perguntou o que eu vi ontem, perguntou? — Ian questionou, querendo fazer a menina que tanto parecia sofrer cada vez que o pano apertava um de seus machucados, tanto os recentes com os antigos.

— N-n-n-não. — Foi tudo que ela respondeu.

— Quer saber? — Ian achava estranha a falta de curiosidade da menina... Quer dizer, sério? Se fosse ele que estivesse sangrando na noite anterior e um primo/prima que ele não conhece entra no quarto dele e o vê sangrando e depois dorme de um jeito muito incomodo do lado da cama dele, ele iria adorar encher a pessoa de perguntas.

Mas Amy simplesmente deu de ombros, como se a informação não valesse nada.

— Bem... Eu estava indo para meu quarto e ouvi um baque surdo, como alguém pulando com cuidado... — Ele disse, observando a jovem que havia fechado os olhos novamente. — Você estava caída no chão quando entrei, havia... Havia sangue em todo canto...

— V-vo-você n-não pr-prec-precisa fa-fazer i-i-isso. — Amy conseguiu falar, deixando Ian sem jeito pela sua gagueira... Mas ele percebeu apavorado que era porque havia achado esse fato na menina algo... Interessante.

— Tudo bem para mim se para você estiver tudo bem... — Ela assentiu relutante. — Se quiser que eu pare é só avisar. — E então ele recomeçou a contar a história.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Eu realmente espero que sim!
Beijos,
Becky.