Bleeding Out escrita por Becky Cahill Hirts


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Oie gente.



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Meia hora depois, Janet chegou junto com dois rapazes, empregados, Amy sabia, pois carregavam as bandejas e levavam o carinho. Janet sorriu tímida para Amy. Não era primeira vez que elas jantavam juntas, mas era primeira vez que teriam companhia.

— Por favor, coloquem a mesa para... — Janet se interrompeu, olhando para Amy, uma ruga de preocupação surgiu em seu rosto. — Eu pedi comida para três senhorita, o seu tio e Daniel vão se juntar a nós?

— Não que eu saiba. — Amy respondeu simplesmente, um meio sorriso em seu rosto. Força. Só algumas horas e você poderá correr para o seu quarto...

— Mesa para três, então. — Janet virou sorrindo para os ajudantes. Eles apenas assentiram e começaram a trabalhar, enquanto Janet levava uma garrafa de suco de maracujá para a geladeira.

Era uma brincadeira das duas. Uma vez, Janet brincou que não poderiam abrir uma garrafa de vinho como todas as outras amigas fazem em jantares assim, e Amy — em um raro bom momento — disse que elas poderiam abrir uma garrafa de suco de maracujá. Desde então nenhum jantar entre elas acontecia sem uma garrafa de maracujá por perto.

Ian, que havia subido para um dos quartos de hóspedes, retornara com um pequeno sorriso no rosto. O rapaz ainda vestia as roupas que vestiu quando buscou Amy na delegacia — calça bem cortada e terno de ninho — o que lembrou Amy de uma coisa.

— Janet — Amy chamou, virando-se para ver Janet, com seus cachos chocolate olhando para ela com uma expressão carinhosa.

— Sim, Srta. Cahill? — Amy queria matá-la, mas se sentia muito fraca. Todo o esforço de falar a consumia quase que totalmente.

— Primeiro: é Amy — ela se encantou por conseguir dizer. — Segundo: eu conheci dois bons policias hoje e adoraria agradecê-los pelo serviço prestado a mim... Poderiamos...? — A voz de Amy sumiu no inicio da frase, falhando totalmente. A garota mordeu o lábio, irritada por ser traída pela própria voz na frente de Ian.

— Mandar os nossos devidos agradecimentos? — Janet concluiu, em forma de pergunta. — É claro, senh... Amy.

— Rosquinhas e café na cesta. — Foi tudo que Amy conseguiu dizer antes de Ian pigarrear.

— Senhoritas — ele se curvou levemente. — Creio que ainda não fomos apresentados, senhorita...? — ele deixou a frase no ar, olhando fixamente para Janet.

— Janet. — A morena respondeu, estendendo a mão para Ian. — Janet McLiks, sou a gerente do hotel, cuido dele para a srta. Cahill.

— Ian Kabra, mas pode me chamar de Ian. — Ian lançou um sorriso maravilhoso para Janet. — Sou primo de Amélia.

Amy se sentiu mal. Eles falavam, embora que Janet fosse sem querer, como se ela não estivesse ali. Há dois passos deles. Isso a deixava com uma vontade maluca de começar a falar sem parar, mas ela jamais iria conseguir fazer isso. Amy não poderia engrenar-se em uma conversa pois nunca teria assunto... Ela havia perdido o jeito de conversar com pessoas há muito tempo...

E pelo visto, nesse jantar ela pagaria por isso.

—>Bleeding Out<-

Fazia quase uma hora completa que eles se sentaram na mesa, taças de suco de maracujá eram servidas com a mesma velocidade que seriam se aquilo fosse vinho. O prato principal, carne com recheio de queijo ao molho branco com arroz integral e batatas tostadas, havia acabado rapidamente, junto com a salada e com a entrada.

— Sirva-nos a sobremesa! — Janet pediu com um sorriso ao único ajudante que havia ficado ali. Amy estava tomando um gole de seu suco e encarava o seu prato. Para ser sincera, foi a única coisa que Amy fez o jantar inteiro. Janet e Ian conversavam de maneira normal e animada, não a ignorando, mas não tentando fazê-la falar. O único momento em que eles não conversaram e que Amy falou foi quando Janet pediu desculpas e disse que aquilo jamais iria acontecer novamente, Amy lhe disse que estava tudo bem e ponto. Fim. Depois disso ela não precisou falar mais nada.

O ajudando entregou taças de sorvete de chocolate belga e baunilha para todos na mesa. Dentro havia chocolate normal ralado, calda de caramelo e morangos cortados. Amy sempre adorou a sobremesa.

— Hm! — Ian fez o som um pouco mais alto do que é considerado adequado. — Isso está maravilhoso!

— Eu sei! — Janet respondeu, animada. — Amy e eu adoramos sobremesas e sempre pedimos para o chefe nos surpreender, não é Amy?

A ruiva respondeu um “uhum” seco em resposta e tratou de colocar uma grande colher na boca, só para o caso deles olharem para ela como se ela estivesse sendo grossa e verem que ela apenas estava de boca cheia. Mas isso não aconteceu. Em um segundo a conversa voltou a seguir solta, e Amy se sentiu deslocada.

Depois de terminar a sua sobremesa, ela levantou, levando com ela as taças e pratos que estavam na mesa, mas nenhum dos dois pareceu notar — mesmo que ela tenha quase botado a mão na cara deles.

Ela andou até a cozinha equilibrando tudo e sendo recebida por um atendente contente.

— Obrigada por nos servir hoje, estava maravilhoso. — Ela agradeceu, recebendo um sorriso e um “não foi nada” da parte do rapaz.

Amy voltou para sala, observando Ian e Janet conversarem. Eles pareciam tão em sintonia, como se tudo fosse normal...

Só para você não é normal conversar, Amélia.

— Estou cansada — ela falou baixo, esperando que eles ouvissem mas que não ligassem. — Vou ir dormir.

Janet desejou uma boa noite, e Ian também, seguindo-a com os olhos até o último momento em que ela estava na sala.

Amy andou devagar pelo corredor, chegando no seu quarto escuro e fechando a porta, mas sem trancá-la. Amy morria de medo de portas trancadas.

Ela olhou ao redor, ainda sem acender a luz. Tudo estava normal e no lugar, e ela estava sozinha.

Amy desabou no chão, sabendo que a noite ia ser ainda mais longa.

—>Bleeding Out<-

Ian havia gostado de Janet. Ela sabia como conversar e havia sido gentil.

Quando ele fechou a porta do apartamento, assim que ela saiu, junto com o atendente, ele estava minimamente mais feliz. Amélia havia sido seca e na dela o jantar inteiro, mas, pelo que Ian percebeu, Janet estava acostumada a levar a conversa sozinha numa boa, sendo agradável e animada nos momentos certos.

Ian olhou ao redor, o apartamento estava arrumado novamente, nem parecia que alguém vivia ali! Não que ele não estivesse acostumado com a organização, mas sempre havia livros em cima da bancada, ou um casaco no sofá... Uma janela aberta ou um prato ou copo que um dos empregados ainda não haviam recolhido. Sua casa sempre tivera a presença de algo... Vida, Ian classificaria.

Mas este apartamento... Ele parecia ter sido feito como uma casa de bonecas, você usava ele, mas não havia alegria, não havia vida! Ian não conseguiu deixar de achar aquilo tudo muito estranho.

E além do mais, tinha Amélia!

Oh, o que ele iria fazer com aquela garota?

Ela era tão na dela! Não havia falado nada o jantar inteiro, mesmo com todas as vezes que Ian e Janet tentaram incluí-la na conversa, ela simplesmente murmurava um “aham” ou um “uhum” e continuava fitando o prato! Nem uma única palavra ela havia dito, nem uminha!

Quando ela saiu, Ian não conseguiu deixar de notar a expressão no rosto dela... Ele ficou assustado. A única palavra que ele tinha para descrever aquilo era “quebrado”. O rosto dela parecia quebrado e aquilo o assustou... E o preocupou. Não que ele devesse ficar preocupado, mas era instintivo. Algo que nem ele conseguia explicar...

Balançando a cabeça para retirar aqueles pensamentos confusos, Ian começou a subir a pequena escada de vidro. Ele tentava pensar em Natalie e como a irmã deveria estar morrendo presa em sei lá onde com Alistair e com Daniel mas ele apenas sentia um prazer ao pensar nisso. Natalie sempre fora muito... Qual o termo que usam na linguagem vulgar... Patricinha. Um tempo em um fazenda ou sei lá onde faria bem para a garota urbana de Londres.

Ian estava quase entrando no seu quarto quando ouviu um baque surdo. Era aquele tipo de barulho que quase ninguém consegue ouvir, mas que Ian sempre prestou atenção. Significava que alguém não queria ser ouvido, ou que estava sendo cuidadoso com alguma coisa...

Ele se aproximou da porta, só percebendo que se tratava do quarto de Amélia quando estava quase entrando. Ele se reteve, com a mão na maçaneta.

O que quer que a garota estivesse fazendo não era da conta dele. Ela nem havia falado com ele direito e ele se achava no direito de invadir o quarto dela? Quer dizer, se ela já o odiava, ela não iria odiá-lo mais ainda se ele fizesse isso?

Oh, céus! E como não fazer?

Hesitante, Ian testou a maçaneta.

Aberta. Sem trancas.

Ele empurrou a porta levemente, fazendo-a abrir devagar. Ele estava se esforçando para parecer normal abrindo a porta do quarto da sua prima estranha e distante porque ouviu um barulho lá dentro...

E se ela estivesse sem roupa? E se ela estivesse com alguém ali dentro? E se...

Mas todos os pensamentos de Ian morreram quando seus olhos se ajustaram ao escuro do quarto.

Sentada apoiando a cabeça contra a cama, com um mar sangria ao redor, estava Amélia Cahill.


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Notas finais do capítulo

Poor Amy...
Love u all,
Becky.