Bleeding Out escrita por Becky Cahill Hirts


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

E ai? Tudo bem com vocês?
Eu estou ótima.
Espero que gostem.



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— Isso está ficando repetitivo, não acha? — Ian perguntou, enquanto passava o pano delicadamente sobre sua testa.

— Sempre fica repetitivo com você. — Amy murmurou, fechando os olhos com força.

Depois dele tê-la encontrado naquela situação, estava prestes a ligar para o hospital quando Amy segurou seu antebraço e disse: “Eu estou bem. Não ligue para o hospital, por favor.”. Ian não sabe bem o que o levou a não ligar, poderia ser o pavor no rosto da garota ao a vontade de passar mais tempo com ela, pois sabia que se Amy fosse levada ao hospital Alistair iria levá-la de volta para Boston.

Bem, como Amy pediu “sem hospital” ela estava tentando mesmo colaborar com Ian. Ele perguntou se algum lugar doia demais, ela disse que não. Ele pediu para ela mexer os braços, pernas, dedos e inclusive se sentar sozinha e ela continuou dizendo que nada doía. Então, Ian pediu permissão para carregá-la até o segundo andar, mas Amy teve um leve ataque com essas palavras, quase implorando para ele não forçá-la a subir, o que levou o moreno a carregá-la gentilmente até o sofá e deitá-la lá. Ian não pode dizer que não se sentiu muito bem quando Amy abraçou seu pescoço no momento em que ele a levantou do chão, ou como sua cabeça ficou alinhada em seu peito enquanto eles andavam.

Durante todo o voo, principalmente quando ela dormiu e se aconchegou em seu peito, e a caminhada sozinho que ele fizera, Ian pensou no que sentia por Amy. Ele fazia qualquer coisa por ela. E isso estava estupidamente claro, quem entraria em um avião para Aspen só porque a garota ia para lá? Mesmo sabendo que Isabel não iria gostar daquela mudança no seu jogo. Ele estava louco.

Entretanto, por mais que pensasse Ian não conseguia encontrar uma explicação lógica para tudo aquilo. Não existe lógica no amor, a metida da sua voz interior, também conhecida como consciência, lhe lembrou. Mas aquilo não era amor, por seu pai, ele só a conhecia fazia uma semana. Amor levava anos para aparecer, não?

Mas por algum motivo idiota, Ian sabia que se importava com ela. Ponto. Era isso. Ele se importava com ela. Nada de amá-la ou até mesmo gostar dela. Só se importava com ela. Como se importaria com um cachorrinho machucado no meio da rua. Ok, definitivamente ele não se importava muito com o cachorrinho... Ora vamos, ele era um Kabra. Kabras não se importavam com nada. (Natalie é uma exceção a essa regra, a irmã mais nova de Ian tinha um sério problema com animais, não podia vê-los que já queria todos. A mansão dos Kabra em Londres tinha um zoológico inteiro coordenado por Natalie.).

Porém, mesmo Kabras não se importando com nada, ele se importava com Amélia.

E não podia negar que ela era atraente. Demais até para uma garota tão frágil... Seus cabelos ruivos eram um convite constante para serem afegados. Suas bochechas rosadas constantemente pareciam implorar para serem admiradas. Seus lábios carnudos imploravam por beijos. E seus olhos... Ian achava incrível o fato da parte do rosto da garota que ele mais gostava fossem aqueles olhos. Emoldurados com lindos cílios longos, as duas orbes jade eram perfeitamente maravilhosas. Ian amaria passar um bom tempo apenas dentro daqueles olhos.

Mas isso tudo era desejo físico. É completamente diferente.

— Você parece irreconhecivelmente quieto, nesta noite. — Amy falou, olhando para dentro de seus olhos âmbar pela primeira.

— Você acha que eu constantemente falo em demasia? — Ian devolveu, sorrindo de lado pela garota parecer notar mais nele do o mesmo havia percebido.

— Naturalmente. — Amy sorriu pequeno, sentindo uma gota do pano molhado de Ian correr de seu rosto até seu cabelo. — Você muitas vezes parece desconhecer a arte de ficar calado.

Ian não pareceu se ofender, ele estava longe disso. A ruiva finalmente, finalmente, estava conversando normalmente com ele. Ian não sabia se dançava, cantava ou os dois ao mesmo tempo enquanto fazia malabarismo.

— Eu lhe incomodo com minhas constantes perguntas?

— Apenas quando não estou com meu melhor humor. — Ian terminou de limpar o machucado em sua testa, pegando um remédio em spray para colocar ali.

— Feche os olhos. — Mandou, vendo a ruiva obedecer logo em seguida.

— Mas eu sei que a culpa do meu humor é somente minha, então, não suas perguntas não me incomodam. — Ian percebeu que ela estava sendo social, se esforçando para conversar com ele.

Quando ele terminou de passar o spray notou que havia feito um bom trabalho. Ele desconhecia essa habilidade que ele tinha para cuidar de pessoas mas pelo jeito a estava encontrando graças a Amélia.

Ian levantou depois, indo buscar a bandeja de coisas que havia organizado enquanto esquentava água para limpar os machucados de Amy. Ele colocou tudo que comprou na padaria ali, além de ter feito um bule de chá e esquentado uma caneca de leite. Ele levou cuidadosamente as coisas para a frente do sofá onde Amy estava deitada, sentando-se no chão diante dela.

Ele passou as coisas para Amy sem dizer uma única palavra, ele estava curioso para saber o que havia acontecido, ele temia que a ruiva houvesse se jogado de proposito da escada ou algo do gênero. Com Amélia era sempre difícil de prever.

Se ela houvesse se jogado, bem, ele ligaria na mesma hora para Alistair. Ou ao menos era isso que ele estava tentando convencer sua mente que iria fazer.

— Desembucha, Ian. — Amy falou, de forma bem abrupta enquanto se servia de um pequeno bolinho folhado que Ian não fazia noção do era mas parecia bom. O moreno não deixou de notar como o seu nome saia bonito da boca dela. E dai ele percebeu outra coisa, eles mal se chamavam pelo nome desde que se conheceram.

— Eu gosto quando você me chama assim. — Foi tudo que o britânico conseguiu falar enquanto se servia de chá de flor-de-lis com leite quente, chai.

— Assim como? Ian? — A ruiva parecia conter uma risada, fato que Ian não deixou de apreciar.

— Exato, Amy. — Ele falou o nome dela devagar, e a ruiva abriu um pequeno sorriso contido. Ela também havia gostado.

— Mas não é nisso que você está pensando — Amy informou, parecendo cansada. — Se formam três linhas na sua testa toda vez que você está preocupado.

Ian ficou surpreso. Não com o fato de ter rugas naquela idade mas o fato dela ter reparado nelas. Reparado o suficiente para saber inclusive em que situação aparecem.

— Eu estava pensando... — Ian tentou encontrar as palavras, afinal não queria ser grosso com ela. — Estava pensando no que...

— Você está se perguntando se eu cai de proposito. — A ruiva disse seca, encarando-o nos olhos. Ela não sabia o que estava acontecendo com ela, mas ela sentia que devia a Ian aquela conversa. — Eu não fiz de proposito. Eu escorreguei. Se você subir lá em cima provavelmente vai ver a bolsa no chão.

— Você tropeçou numa bolsa?

— Falando assim faz-me parecer uma idiota. — Amy falou, quase em um tom de brincadeira, espantando Ian. O moreno fitou os olhos da ruiva por longos minutos, enquanto refletia sobre a postura dela. Desde quando Amy brincava? — O que há?

— Ahn?

— Você está me encarando daquele jeito. — Amy justificou. — Com as rugas na testa de novo. Vamos Ian, o que te incomoda agora?

Encarando os olhos jade ele não conseguiu nem refletir sobre o que estava para falar, só falou. Coisa que não teria feito se não tivesse tão embriagado nos olhos da ruiva.

— Eu só estou tentando te entender, Amy! Você nunca falou comigo mais do que uma ou duas frases trocadas e agora você está praticamente puxando assunto, mesmo depois de ter me ignorado o dia inteiro. Então sim, eu estou confuso. Você me deixa confuso!

Amy não disse nada por alguns bons minutos. Tempo suficiente para Ian rever toda a sua fala e se odiar por ela. Ele ainda por cima usou o tom de quem não aguenta mais. Ela não merecia se sentir responsável pela confusão dele.

— Olha eu...

— É a casa dos meus pais. — Amy sussurrou, olhando para o seu colo. Ian parou de pensar na mesma hora. Será que ele havia ouvido coisas? Ficou tentado a pedir para ela falar de novo, mas sabia que ela não iria.

— Onde? — A garganta dele estava com um nó, ele não sabia como falar aquilo. A garota o havia desarmado completamente com aquela simples frase. Ele praticamente havia esquecido todo o treinamento de compostura e educação e estava se perguntando se ela o afastaria se ele lhe desse um abraço.

— A-a-aqui... — Ian viu algumas lágrimas rolarem pelo rosto dela. Ian poderia não entender Amy perfeitamente bem como Sinead ou Nellie, mas sabia que o assunto pais era muito delicado para ela.

Aqui? Ele olhou envolta, quase como se esperasse ver os pais da ruiva aparecendo do nada. Mas foi só meio segundo depois que ele percebeu o que aquilo deveria significar para Amy. Ela estava na casa dos seus pais. Seus pais mortos.

E subitamente ele queria matar Alistar Oh por não ter pensado nisso.

Ele ficou em silêncio, apenas esperando que a ruiva se acalmasse. Ela havia puxado os joelhos para perto de seu corpo e estava chorando baixinho ali. O som partia o coração de Ian, o que o assustou já que ele nem sabia que este órgão doía daquele jeito. Ele queria poder fazer alguma coisa, qualquer coisa, mas não podia.

Gradativamente, a garota se acalmou e começou a respirar fundo várias vezes. Ian serviu uma xícara de chai para ela, embora não soubesse se ela iria gostar. Quando ela foi olhá-lo, ela apenas virou a cabeça escorada no joelho, espiando pelos fios de cabelos em seu rosto. Ian tentou parecer controlado, mas ele estava quase ligando para a companhia aérea e pedindo para que eles fossem embora.

— Obrigada. — Murmurou ela, pegando a xícara e se erguendo novamente.

— É chai, não sei se você gosta... — Ele olhou desesperado para a bandeja. — Posso buscar outra xícara e te servir só chá, ou leite. Ou quem sabe um copo d’água...

— Ian. — Ela chamou, baixo mas presente. Os olhos vermelhos pelo fato de ter acabado de chorar, as bochechas coradas. — Eu vou ficar bem.

— Nós podemos ir embora, sabe. — Ele falou, enquanto ela levava a xícara até a boca. O britânico estava usando toda a sua concentração para acreditar na garota. — Não precisamos ficar aqui caso você não queira.

— Eu quero ficar. — Isso surpreendeu Ian. Ele pensou que a única coisa que ela iria querer no momento era pegar tudo e nunca mais voltar. — Eu gosto daqui. E não é tão ruim me lembrar deles, sabe? Quando as lembranças são boas, eu quero dizer...

Ian esperou até ela dar mais uma mordida em seu doce antes de perguntar. Ele estava tentando não fazer aquela pergunta mas estava querendo muito ouvir a resposta.

— Como eles eram?

Amy pareceu se concentrar em alguma coisa, seu rosto se iluminando como se achasse a memória no instante seguinte.

— Minha mãe tinha o sorriso mais bonito que você pode imaginar — Amy começou, sorrindo de lado com a lembrança. — Ela sempre sabia o que dizer e era calma e bondosa... Ela gostava de se sentar a mesa para todas as refeições, e sempre vinha me dar um beijo de boa noite antes de dormir.... — Amy sorriu novamente, triste. Ian não deixou de reparar que aqueles sorrisos não eram os tradicionais meio-sorrisos que todos recebiam. Era um sorriso mesmo, um sorriso lindo. — Seu nome era Hope. Ela sempre pedia para chamarmos ela daquele jeito, ela e meu pai. O dele era Arthur. Ele gostava de comer porcarias e ver filmes conosco. A risada dele... A risada dele quando assistia algum filme conosco era sonora. E as vezes era só um clássico da Disney ou sei lá... — Os olhos da ruiva marejaram, e Ian resolveu que iria lhe dar certa privacidade para se recompor.

Virou-se devagar para a lareira, analisando a madeira queimar.

— Eles parecem ótimas pessoas. — Foi tudo que conseguiu dizer, enquanto segurava mais um talo de madeira pronto para alimentar o fogo.

— Eles eram. — Amy parou de falar, respirando fundo. — Viviam viajando por causa do trabalho...

— Pensei que eles fossem donos do hotel como trabalho.

— Ah não, o hotel era mais um sonho de criança da minha mãe. Como a empresa de Grace era para ela. Minha família trabalhava de uma maneira muito menos remunerada. — Amy riu da própria fala, enquanto Ian apenas virava para encará-la encantando. Ela fitava as mãos, que estavam apoiadas em seu colo. Mexia os dedos em movimentos nervosos e parecia estar concentrada em suas lembranças. — Minha mãe era arqueóloga e meu pai historiador, como Grace. Eles viajam o mundo inteiro a procura de relíquias ou apenas para estudar alguma região e suas culturas. Hope também fazia parte de grupos que construíam casas em países com problemas, ela conhecia a América central inteira como se fosse sua casa. Eles sempre traziam presentes e passam muito tempo com a gente quando voltavam, sempre nos levando em cinemas, teatros, restaurantes diferentes.

Ian sorriu, aquela vida ele conhecia. Vikram, seu pai, era um amante de toda e qualquer arte, e sempre que estava em casa, o que acontecia cada vez menos vezes, dava um jeito de sair com os filhos para mostrar-lhes algo novo. Ian conhecia todos os teatros e cinemas de Londres como se fossem dele.

— Grace era a avó que todos gostariam de ter. — Amy riu, olhando para Ian como quem diz “e ela era a sua vó também”. — Ela não sabia cozinhar muito bem, mas estava sempre tentando. E toda vez que fazia alguma catástrofe na cozinha acabava nos levando em uma padaria e comprando coisas gostosas para nós. Ela também gostava de comprar churros para a gente, de um cara que vendia na frente do hotel. Hope nunca aprovava a quantidade de porcarias que Grace e Arthur nos davam, mas Grace sempre dizia: “Eu sou a avó, eu posso mimar”.

— Isso parece exatamente o que uma avó deveria dizer. — Ian se sentou novamente na frente de Amy, o ar quente da lareira esquentando os dois o suficiente para eles não precisarem de mais nada na noite fria de Aspen. — Gostaria de tê-la conhecido melhor do que a conheci.

Amy o olhou, os olhos verdes pensativos e calmos. Ian não via aquele tipo de olhar no rosto da jovem, nunca. Era simplesmente incrível como ela ficava cada vez mais bela por estar calma. Ian Kabra, você definitivamente precisa parar de ter esse tipo de pensamento.

— Você conhecia meus pais também? — Amy perguntou, olhando simpática para o rapaz.

— Pouco. — Ele admitiu, sorrindo para a garota que o encarava com curiosidade. — Eu lembro dos cabelos “estranhos” de Hope — Ele fez aspas no ar na palavra estranhos. — Eu nunca havia visto um tom tão vermelho. Obviamente agora sei que o cabelo dela era considerado castanho avermelhado, pois o seu é mil vezes mais vermelho do que o de sua mãe. — Amy corou com a comparação. — De Arthur eu só lembro do óculos, eu quase quebrei os óculos dele sem querer. Eu era bem pequeno, deveria ter uns cinco anos quando os conheci.

Amy ainda parecia ainda estar pensando em tudo que ele havia falado para ela, os olhos fitando o nada e parecendo vagos.

— Algo errado? — Foi a vez de Ian perguntar, fazendo a ruiva lhe direcionar um dos seus meio-sorrisos.

 — Apenas me pergunto o porque deles terem colocado você e Natalie no testamento. — Ela o encarou da maneira mais aberta que já havia feito, como se esperasse que Ian fosse reagir mal aquele comentário.

— Eu não sei. — Ian deu de ombros. — Eu também achei estranho, Amy. E sério, não é minha intenção ser um problema para você e Dan e sei que não é a de Natalie também.

Amy riu. Riu. Riu. De uma coisa que ele disse. Ela riu. E o som da risada foi como se os barcos de Rá raiando o dia pela manhã após passar a noite lutando no Caos. Foi como se a vida voltasse a terra. O começo da primavera. Seu riso foi a coisa mais bela que Ian já ouvira, e aqueceu uma parte de seu corpo como se estivesse destinado a estar lá.

 — Não se preocupe, britânico bobo. — Amy falou em tom de piada, batendo fraco duas vezes no nariz de Ian. — Eu e Dan sabemos muito bem nos cuidar.

Ah, eu sei que sim.

Eles passaram mais uma meia hora daquele jeito, apenas trocando assuntos banais e – Ian não sabia se agradecia ou não por isso – se conhecendo melhor também. No final, Ian já tinha quase cem por cento de certeza que Amélia Cahill era incrível.

A pior parte para o britânico era que ele queria começar a flertar com ela. Ela era incrível, o exato tipo de garota maravilhosa. Mas ele não tinha muita certeza de como a garota iria reagir e temia tentar.

— Natalie é modelo? — Amy exclamou quando Ian contou que Natalie não estava nem um pouco ansiosa para voltar para Londres, mesmo tendo desfiles para realizar lá. — Isso não deveria me surpreender, ela é maravilhosa.

Ian riu, achando divertido o jeito como ela parecia surpresa com aquilo, e depois se repreendeu por ter ficado tão surpresa. Amy era a pessoa mais interessante que Ian conhecia.

— Bom, é de família. — Ele não resistiu em dizer, mas percebeu que Amy entendeu suas palavras de maneira errada quando ela o olhou com uma sobrancelha levantada.

— Convencido, você, hein Kabra? — A ruiva havia pegado a mania de o chamar assim quando ele a chamou de Cahill brincando.

— Eu estava falando da outra parte da família de Natalie. — Ian a olhou, seu olhar todo sugestivo.

— Ah... — Amy corou rapidamente, ficando da cor de seus cabelos ruivos. — Oh. — Ian não resistiu e soltou uma gargalhada pela ação da garota. — Não ria, Kabra! Foi você que soltou essa mentira ai.

Ian parou de rir na hora.

— Achas que estou mentindo?

— Ou talvez eu tenha entendido errado e você esteja falando de Natalie ser maravilhosa como as Holt.

Ian revirou os olhos, suspirando.

— Certamente eu não estou falando das Holt, Cahill.

Amy riu com a irritação dele, ela estava se sentindo tão confortável que quase achava que seu chai tinha alguma substância entranha. Obviamente no começo ela não queria conversar com ele, mas agora... Agora parecia que ela estava conversando com Sinead ou Dan. E o fato espantou a garota totalmente de uma hora para outra. O que estava acontecendo com ela?

— Eu preciso ir para a cama. — Amy falou, ficando séria de repente. O que ela estava fazendo? Ela parecia uma pessoa totalmente diferente. O que havia de errado com ela? Aquele era Ian Kabra! Ian Kabra, o garoto que ela odiava. Quer dizer, ela o odiava, certo? Ele estava bagunçando a vida dela totalmente.

— O que houve, Amy? — Ian parecia confuso com a mudança subta do comportamento dela.

— E-eu... — Estúpida. — E-eu não estou me sentindo bem...

Ian enxergou a mudança nos olhos dela. Amy não parecia mais a garota que riu de todas as suas piadas, algo de errado havia acontecido com ela. Ele não podia deixar ela ir sozinha. Um medo enorme tomou conta de seu coração.

A expressão dela havia se transformado na que ela tinha no rosto quando saiu do jantar aquela noite, com Janet.

Ele não ia deixar aquilo acontecer de novo.

— Eu vou com você.

— N-não... — Amy levantou rapidamente. — E-eu preciso ficar s-sozinha.

A cabeça dela estava girando novamente. O que estava fazendo? Estava rindo e se divertindo com Ian Kabra? E o pior nem era ela estar rindo e se divertindo, embora isso fosse suficiente para enlouquecê-la.

— Amy. — Ian chamou, ela se sentiu tonta, a sala estava girando.

Estúpida. Nem mesmo para manter essa porcaria de vida você consegue. Acha que pode ser feliz? Você não pode.

Ela respirou fundo, a voz atormentando seus pensamentos. Um terço de seu cérebro achou a sanidade, ela não podia repetir o que fizera na manhã do dia anterior. Não podia se machucar novamente.

Você acha mesmo que tem forças para isso? Os seus pais querem que você sangre, sangre até a morte para compensar o fato de você tê-los matado.

Ela não podia, não podia. Mas sozinha não conseguia. A sala girava enquanto ela tentava manter seus pés fixos no chão.

A lucidez ainda estava nela, indo embora como se fosse aniquilada pela parte ruim do cérebro de Amy. Com uma última ideia louca Amy se sentiu exausta, caindo drasticamente no chão. Mas antes que sua cabeça tombasse e batesse no piso duro, Ian a segurou.

— Amy!

Amélia se abraçou forte, as mãos fincando nos braços e os olhos fixando o teto.

Fraca. Burra. Tola.

Ela não iria conseguir sozinha. Ela estava sentindo a vontade de se arranhar, de se xingar, de se machucar.

— Não me deixe sozinha. — Foi o que ela falou antes de fechar os olhos para enfrentar a sua batalha mental.

Mas quando Ian segurou-a no colo, e ela se sentiu sendo transportada do chão ela sabia que dessa vez ela poderia ganhar.

Ela não estava sozinha.


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Notas finais do capítulo

Ok, sobre esse capítulo:
A Amy começou a falar com o Ian porque pensou que devia algo para ele. Por ele não ter ligado para o hospital. Por ele não ter ligado para a Alistair.
Mas quanto mais ela falava mais ela conseguia falar naturalmente por ele. Ela o achou interessante.
Porém, no final do capítulo ela percebe o que está fazendo e se desespera. Mas como eu falei anteriormente, ela está ficando ciente que esta situação é ruim. Ela não quer mais se machucar.
Se esse capítulo foi muito estranho, me desculpem, mas grande parte dele é narrado pelo ponto de vista de Ian, que vê apenas aquilo que Amy mostra. A batalha inteira que estava ocorrendo dentro da cabeça da Amy, infelizmente e ainda bem, não veremos. Então sim, ela poderia estar rindo para Ian e se xingando logo depois, mas eu preferi deixar as coisas no ponto de vista dele aqui.
Pelo fato de eu achar que a Amy tem muitas coisas na cabeça para perceber tão claramente como Ian o que está acontecendo entre os dois (isso que ele também está bem confuso).
Anyway, espero que tenham gostado.
Love u all,
B.