Bleeding Out escrita por Becky Cahill Hirts


Capítulo 22
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Oiiiee
Esse capítulo é o inicio de uma nova fase pra Amy, agora as coisas aceleram.



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Amy conseguia recordar perfeitamente os trinta – ou mais – tópicos de assunto que Ian tentou com ela, desde a saída da cidade, passando pelo aeroporto, dentro do avião e enquanto estavam no táxi, este que eles haviam pegado no aeroporto. O voo havia sido longo e cansativo, mas no único momento que Amy dormiu acabou acordando meia hora depois encostada no ombro do moreno. Depois disto dormir e repetir a cena estava fora de cogitação.

— Vocês vão ficar em algum hotel? — Perguntou novamente o motorista. Amy não havia dito uma palavra ainda então não era estranho ela deixar Ian responder.

— Ah, não, não. — Ele checou novamente um pedaço de papel. — Nossa casa fica na...

Amy não precisava ouvir mais. Ela estava tão atordoada pela presença de Ian. Até o voo decolar Amy esperou Dan aparecer dentro do avião, com uma provável Natalie atrás – ou quem sabe Saladin –, para salvá-la de tudo aquilo.

Mas Dan não apareceu, e o seu companheiro de viagem parecia bem satisfeito em estar na fria cidade do Colorado.

— Esta cidade parece com a casa do Papai Noel ou algo do tipo, não achas? — Ian perguntou, chegando mais perto para olhar as casas que passavam rapidamente pelo vidro da porta da Amy. A garota não deixou de notar que a paisagem era exatamente a mesma na janela do lado dele.

Por mais irritada com tudo aquilo que estivesse, Amy não poderia deixar de concordar. O inverno chegara mais rápido em Aspen, a neve acumulava nas calçadas e no telhado das pequenas casinhas era evidente. Eles já se preparavam para o natal, Amy sabia, pelas luzes piscantes enfeitando as árvores sem folhas pela rua.

Tudo ali era pequeno e belo. As casas eram constituídas de dois andares no máximo, e até mesmo o mais alto prédio encontrado era apenas um hotel, no centro da cidade, com três andares mas a largura de uma quadra inteira. Ela perdeu a conta da quantidade de restaurantes, cafés e padarias eles passaram por. Havia postes nas ruas, bancos e muitas árvores, a sua maioria já sem folhas, mas uma ou outra preservava as folhas verdes ou marrons.

E as pessoas andavam pelas ruas sorrindo e se cumprimentando, como se todas fossem velhas amigas. E talvez fossem. O número populacional ali era tão pequeno que era bem provável que eles todos engatinharam juntos.

Mas, mesmo concordando com Ian, Amy não disse uma única palavra que demonstrasse isso. Nem mesmo balançou a cabeça.

Ela sabia que seria difícil, mas estava decidida a ignorá-lo.

Bleeding Out

Ian não iria desistir facilmente.

Ele sabia que Amy estava preferindo ignorá-lo, mas daria o seu melhor para que fosse por pouco tempo.

Quando o táxi parou na residencia localizada, Ian notou a surpresa no rosto de Amy. Algo estava errado. Após pagar o taxista, ele saiu do carro e olhou para a casa onde iriam ficar pelos próximos dias.

Ela não era alta, tinha paredes envesadas e uma pequena sacadinha no segundo andar. Olhando mais para cima, Ian conseguiu ver onde a neve dava espaço para uma chaminé, o que certamente indicava uma lareira no interior. Tinha um caminho de pedrinhas até a porta da frente, e um banco tal qual os da rua estava localizado no que deveria ser o centro do jardim na primavera, pois neste momento só havia neve para tapá-lo. Um poste, diferente dos da rua, mas igualmente belo em sua forma, descansava ao lado do banco. A casa parecia pequena e confortável, nada exagerada e certamente muito bela. Um pequeno chalé.

O taxista desceu para ajudá-lo com as malas enquanto Amy andava quase em transe para perto da casa. Ian pegou as malas de ambos, afinal, eram poucas e não fazia sentido pedir para Amy carregar a dela.

— Muito obrigada. — Agradeceu ao taxista.

— É um prazer, sempre bom ver os turistas chegando a nossa maravilhosa Aspen.

O homem estava indo embora, mas Ian lhe fez mais uma pergunta, que, após respondida, deixou o moreno muito satisfeito.

O britânico levou as malas para dentro da casa, esta que Amy já havia aberto. O interior do chalé era bem aconchegante, embora Ian estivesse acostumado com um padrão do nível Isabel, achou aquilo tudo bem... Bom. Quase como um lar.

A porta da frente dava para uma grande sala, que Ian percebeu ser dividida em naipes. A primeira parte, aquela que dava para a porta, parecia um feliz hall, onde havia puxadores e mesinhas para largar coisas. Além de um grande tapete fofinho que onde se dizia “Tire ao entrar” e apontava para uma ilustração de um sapato sorridente. Ian se controlou para não dizer o quão estranho aquilo era. Mas ao ver as botas de neve de Amy não hesitou em tirar as suas. A segunda parte da sala, a parte que ficava na ala direita na janela da porta, tinha uma janela grande para iluminá-la. Uma mesa para quatro se localizava no centro daquele espaço. Logo na frente, um conjunto de dois sofás distribuídos em forma de L montavam a sala de estar. Um tapete felpudo estava entre estes dois e uma lareira. Ian visualizou a cozinha, atrás de uma bancada americana e totalmente moderna e atualizada. Ele também viu a porta que levava para o que ele pensou ser o banheiro e as grandes escadas de mármore que levavam ao segundo andar.

Amy não estava em lugar algum ali.

Subindo devagar, mas audivelmente, para não assustar a garota, Ian reparou que o segundo andar inteiro era um grande cômodo. Havia uma cama grande no centro, dando de cara para a entrada, já que não haviam portas ali. No sul do quarto, uma escrivaninha se encontrava diante de uma janela. Diversos papeis e outras coisas do gênero se encontravam lá. Os roupeiros estavam do lado da cama, e eram grandes e de um marrom escuro que vez Ian imaginar o quão velhos e pesados deveriam ser, embora não aparentassem. Havia uma porta no extremo norte, uma porta que dava para a sacada da frente. No leste, exatamente no mesmo lugar que a lareira do andar de baixo, havia outra lareira, um pouco menor e mais moderna do que a do primeiro andar, mas provavelmente aquecia igual.

Amy estava parada diante da única cama, os olhos fixos nela. Ian percebeu que deveria falar algo, já que a garota estava seriamente desconfortável.

— Eu posso dormir no chão sem problema algum. — Falou, parando do lado da ruiva e cutucando outro tapete felpudo que se encontrava lá. — Tenho certeza que é tão confortável quanto.

Amy pareceu surpresa com o teor da conversa, seus olhos jade pareciam tristes quando se focalizaram em Ian.

— Isso é muito gentil de sua parte.

Mas Ian percebeu que não era esse problema que afligia a ruiva, ela parecia quase saudosa. Bom, Amy sempre parecia saudosa, mas naquele momento...

— Algo de errado? — Perguntou, inocente o britânico.

Amy balançou a cabela, negando, enquanto mordia o lábio.

 — Apenas o frio. — Por mais que Ian conhecesse Amy há pouco tempo, ele sabia que ela não estava tendo problemas para com o frio, mas preferiu não pressionar a garota.

— Vou ligar a lareira.

Bleeding Out

Ian havia saído fazia quase meia hora, quando Amy decidiu que não aguentava mais aquilo tudo.

Aquela casa... Ah céus, aquela casa...

Ela não entendia por quê Alistair a mandara para lá, justo para aquele lugar. Não fazia sentido! Mandá-la para a casa de inverno dos Cahill, sério?

Ela não havia reconhecido o nome, afinal nunca soubera. Mas do instante em que desceu do avião até se encontrar ali, parada em frente ao pequeno chalé de Hope, ela havia notado que o lugar era familiar. Mas apenas quando realmente viu a casa, quando entrou e subiu as escadas até o quarto dos seus pais... Bem, ela já tinha certeza absoluta de onde estava.

Arthur e Hope vinham aqui o tempo inteiro quando namoravam, Grace havia dado a casa para Hope em uma maneira de simbolizar a liberdade da filha, quando a mesma fez 21. Arthur pediu Hope em casamento naquela casa, naquele quarto... Quando pequenos, os irmãos vieram apenas duas vezes ali. Quando Dan nasceu e quatro anos depois. Mas Amy nunca iria esquecer o lugar onde passou duas das mais divertidas férias de sua vida.

Tremendo novamente, Amy se sentou no chão ao lado da escadaria. As palmas das mãos nos olhos, os cotovelos apoiados nos joelhos. Ela não sabia o que fazer. Aquele lugar era o lugar mais dos seus pais em que ela estivera ao longo de todos esses anos.

Ela nunca mais entrou na última porta do corredor. Ou foi visitar a mansão de Grace, afastada da cidade. Ou viajou até a casa de veraneio dos pais em Miami. Ela simplesmente não queria estar naqueles lugares. E agora Alistair a mandara diretamente para lá.

Amy pescou no bolso da calça seu celular, discando um número apresada e colocando o aparelho no ouvido.

Estava tão cansada.

Lágrimas caíram por seus olhos enquanto o telefone chamava.

— Oi, aqui é o Dan.

— Dan, eu preciso... — Amy começou a falar tão logo que ouviu a voz do irmão.

— No momento eu não posso atender a sua ligação, estou sendo perseguido por ninjas, aliens assassinos e parentes malucos. Mas assim que eu conseguir me esconder posso retornar sua ligação, ou ligar para a policia, o que faria mais sentido. De qualquer forma, você sabe o que fazer. — E o bip alto chegou aos ouvidos de Amy.

Dan...

Ela só desligou o celular, cansada demais para enviar outra mensagem. Ela não sabia o que fazer, tudo que conseguia se manter fazendo era chorando. Chorando e chorando.

Mas como você é fraca, Amélia!

Amy não precisou da “voz malvada”, como Amy chamava a voz que vinha lhe atormentar a cabeça, ela mesma podia listar seus defeitos.

A vida não é fácil. Ela disse, se repreendendo. Você não pode ficar aqui chorando toda vez que pensar nos seus pais! Não seja fraca!

Mas ela sentia que era. Ela se sentia inútil.

Amy se levantou, determinada a se controlar. Ela não iria se machucar não iria. Ela precisa honrar o pais. Precisa mostrar para Alistair que era confiável, precisava...

O mundo girou em um minuto inteiro, e Amy viu a sua queda antes mesmo de cair.

Havia tropeçado em sua própria bolsa, aquela que havia deixado cair aos pés da cama no instante em que percebeu onde estava. Ela poderia ter facilmente caído no chão, se aquele lugar sem porta para proteger a escada houvesse sido melhor arquitetado. Amy cai na direção das escadas, rolando degraus abaixo sem uma única maneira de parar sua queda.

A garota só conseguiu pensar em como o destino é cruel quando sentiu a sua cabeça batendo pela última vez contra a parede do primeiro andar, justo no dia que ela havia decidido não se machucar, e então o mundo ficou negro.

Bleeding Out

Ian voltava animado da padaria. Ele havia saído para buscar algumas coisas para ele e Amy comerem, esperando que se ele fizesse o jantar ela ficaria mais leve.

Aspen era um lugar muito mais maravilhoso do que o que qualquer um poderia imaginar. As padarias tinham um cheiro delicioso, e qualquer lugar em que você entrasse parecia sua própria casa, quente e aconchegante.

Ian já havia até feito uma lista de lugares que poderia sugerir para ele e Amy jantarem quando encontrou a mais maravilhosa das padarias. Peu sucré, Ian lembrava das aulas de francês e sabia que significava Ligeiramente doce. Natalie teria adorado aquele lugar.

Ian entrou, sentimento o ar quente do aquecedor aquecer-lhe completamente. Retirando suas luvas, ele foi até o balcão, onde pediu uma série de doces e salgados, ele não sabia exatamente o que Amy gostava. Comprou também chá de flor-de-lis e leite, afinal, britânicos sempre tomam chá com leite. 

Após passar um bom tempo admirando as flores que enfeitavam o lugar enquanto esperava a atendente terminar com o seu pedido, Ian pensou que talvez fosse legal legal alguma flor para enfeitar a mesa de centro, mas logo desistiu da ideia, ele não fazia ideia de como aquelas flores estavam sobrevivendo ao frio e também temia que Amy tivesse uma alergia ou algo do tipo.

Ele calçou novamente suas luvas quando saiu do lugar, andando sem presa para voltar pelas ruas de Aspen. Ele estava louco para subir as montanhas. Esqui era o único esporte que Ian realmente gostava depois de xadrez, e esquiar em Aspen deveria ser uma aventura terrivelmente emocionante.

Quando finalmente chegou em casa, ele largou as sacolas grandes na mesa enquanto retirava o seu calçado encarando pela janela a leve la fora. Luvas, chaves e o seu casaco pesado foram retirados já que lá dentro o ambiente era quente graças as duas lareiras que Ian ligou.

Estava prestes a guardar as compras, presumindo que Amy deveria estar dormindo no andar superior quando a viu.

Ele não pensou, apenas correu em direção ao corpo inconsciente de Amélia Cahill, sua cabeça sangrava comum corte na lateral do rosto, não era profundo mas deixou Ian preocupado. Aquela garota vivia sangrando. Quando ele segurou sua cabeça em seu colo, Amy abriu os olhos assustados.

Seu rosto estava tão vermelho, e Ian sentiu suas bochechas molhadas quando retirou seu cabelo do rosto. Amy tentou se levantar mas Ian a segurou contra o chão, com medo dela ter fraturado algum osso.

Mas antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, Amy Cahill começou a chorar desesperadamente.


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Notas finais do capítulo

Pontos para a Amy por não ter se machucado mesmo quando tudo indicava que ela iria fazer? Muitos pontos.
Espero que vocês estejam vendo a evolução dela.
Até semana que vem.
Love u guys,
B.