Bleeding Out escrita por Becky Cahill Hirts


Capítulo 21
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Oiie gente.



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Ian achou que seu coração ia parar de bater naquela noite.

Céus, ele ia matar Amélia Hope Cahill assim que a encontrasse. Mas no fundo está era a questão. Ele não fazia ideia de onde ela estava!

Quando Amy gritou com ele, o choque que percorreu seu corpo foi tão grande que a única coisa que ele fez – e não deveria ter feito – foi soltá-la o mais rápido possível. O mero pensamento que seu toque lhe deixava desconfortável foi o suficiente para fazer seu mundo virar de cabeça para baixo.

Quando viu Dan, Sinead e Nellie correndo na sua direção percebeu o erro que cometera.

— Onde ela está? — Questionou Sinead naquele momento. — Você viu ela? Viu Amy?

Ele simplesmente não sabia como responder. O olhar na face de Nellie foi ficando cada vez mais preocupado, até ela se virar para os Holt e os irmãos de Sinead que os encaravam confusos.

— Amy fugiu, nós temos que encontrá-la.

Depois daquilo foi cada um para um lado. Natalie foi para junto de Dan, tentar tranquilizar o rapaz que estava a quinhentos por hora. Cinco minutos depois ela e o Cahill mais novo se dirigiam para a saida, por onde Hamilton e Sinead haviam acabado de passar. Pouco a pouco, só sobrou ele.

Ian não era de sair correndo como se o mundo fosse acabar no primeiro problema que lhe aparecia. Ele pensava, refletia e então agia. Ele nunca fora impulsivo.

Mas naquele momento o único motivo pelo qual ele não estava mais desesperado que Dan era o fato de que ele estava totalmente paralisado.

Amy? Sua mente parecia questionar. Onde está, Amy?

Era como se uma cratera houvesse se formado no coração do moreno. Ele havia ido no banheiro por dois segundos e quando voltará a garota havia enlouquecido.

Ian colocou a mão sobre o lugar no peito onde ela o havia espancado no peito. Não doera, mas Ian sabia que fora a intenção. Por poucos segundos ele refletiu que talvez ela houvesse conseguido, afinal tudo parecia vazio ali dentro.

Bleeding Out

Amy foi encontrada horas depois, pelo seu irmão.

Quando o garoto a encontrou só conseguiu pensar em o quão burro havia sido por não ter pensando naquilo antes, era bem óbvio. Amy sempre gostava de vir para o cemitério quando as coisas complicavam.

Ele ligara para Alistair, este que já estava prontamente procurando pela garota, e em menos de dez minutos Amy foi levada para o Massachusetts General Hospital, que prontamente fez um exame completo em Amy, revelando que sua saúde física estava  parcialmente bem, levemente abalada por um virose ou algo do tipo pela exposição ao frio e à chuva por tanto tempo.

Mas não foi só a virose ou resfriado que eles encontraram em Amy. Marcas de cortes, arranhões e alguns hematomas também se encontravam lá. Uma série de feridas mal-cicatrizadas e algumas bem recentes.

O médico de plantão, Dr. Alexandre Gloss, chamou o tio de Amy de lado, considerando a grande comoção que se formava na sala de espera, já que a garota tinha uma grande família, aparentemente.

— Ela está bem. — Anunciou para os familiares antes de ir até o senhor idoso responsável pela menor. Ele notou uma ruiva e uma mulher de cabelos coloridos se abraçarem como quem agradece aos céus. Alistair parecia um homem ok, segundo a avaliação do médico, não pareceu negligente em nenhum aspecto com a menor, então o médico supos que ele não sabia de nada. — Senhor Oh, o que vou lhe contar talvez o choque, mas é importante pensar no bem estar de sua sobrinha no momento.

Alistair apenas assentiu. Ele tinha um grande amor por Amy e Dan, como se fossem seus próprios filhos, afinal os havia criado de tal forma. E mesmo não sendo muito presente na vida de ambos, os amava.

— A srt. Amélia tem marcas no corpo que indicam automutilação. — O médico disse sério, analisando a face do homem para tentar interpretar sua expressão. Não conseguiu nada. — Algumas são bem velhas, como cortes que não foram tratados de maneira adequada, mas alguns são realmente novas.

— Espera ai, você disse novas? — Desta vez o médico percebeu a surpresa no rosto do senhor. — Amy me prometeu que pararia... — Alistair falou, tão baixo que era óbvio que era só para ele. Mas o médico ouviu.

— Esse tipo de problema não é resolvido de maneira simples. — Alexandre mesmo já havia lidado com ao menos umas quinze adolescentes com depressão e que praticavam automutilação. As famílias sempre tratavam como se não fosse nada. Até algo dar errado. — Sugiro um bom psiquiatra e...

— Amy não vai. Ela nunca aceita, não desde a morte de seus pais.

O doutor assentiu, ele havia lido a fixa da paciente tão logo quanto viu as marcas em seu corpo, esse tipo de problema geralmente tinha algo haver com o histórico do paciente.

— Vocês moram na mesma casa dos pais dela? — Perguntou o médico, curioso. Quando Alistair fez que sim o médico prosseguiu. — Talvez uma mudança de ares lhe faça bem, umas férias em algum lugar bem diferente daqui.

— Você acha que ajudaria?

— Não tem como ter certeza, mas automutilação pode ser causada por uma pressão muito grande em cima de pessoa, um trauma antigo ou até mesmo por esquizofrenia. — O doutor estava torcendo para que não fosse o último caso . — Uma mudança pode ajudar nos dois primeiros casos, quanto ao último... — ele apenas balançou a cabeça. — Um psicologo pode ser muito recomendado em casos como esse.

Alistair agradeceu o doutor, que resolveu não prolongar o assunto, visto que o homem parecia bem perdido em como progredir.

Mas ele estava enganado, Alistair só estava pensando em um lugar onde Amy nunca estivera antes.

Bleeding Out

Amy abriu os olhos devagar, a luz branca machucava, como se fosse o sol e ela o estivesse mirando sem qualquer proteção.

Onde estava? A última coisa que lembrava era do ataque no restaurante.

Meu deus, o ataque no restaurante! Amy se sentou em um pulo, as mãos conectadas aqueles milhões de tubinhos e outras coisas a machucaram enquanto ela as forçava a chegar o mais perto da sua cabeça possível, naquela posição de “meu deus não acredito que fiz isso”, as bochechas vermelhas de tanta vergonha.

Ela havia surtado na frente de simplesmente tooodo mundo.

— Devo imaginar que queira saber onde está. — A voz de Alistair a pegou desprevenida. Olhou para o canto direito do quarto, onde, sentado em uma poltrona de acompanhante Alistair Oh, seu querido tio, estava, com ar pernas cruzadas e aora fechando um jornal. — Eu finalmente consegui expulsar aquela parentada toda daqui, devo admitir que foi difícil, mas prometi que você ligaria quando acordasse.

Amy o encarou, logo após analisando o quarto onde se encontravam. Paredes brancas, uma porta com janelinha, várias máquinas – inclusive uma que estava monitorando seu coração em alto e bom som –, e nada além da cama dura onde estava deitada, a poltrona onde Alistair estava sentado e um pequeno criado-mudo.

Hospital. Um leve calafrio percorreu pela coluna de Amy. Ela odiava hospitais.

— E-e-estou em um h-hospital. — Disse, fraca.

— E numa fria, minha querida. E numa fria.

Amy olhou para Alistair. Ele parecia bravo, mas ela não sabia por quê. Quer dizer, ela havia descartado o fato de ter fugido, Alistair sempre era bom com ela quando ela fazia isso, será que a paciência do tio havia finalmente esgotado?

Alistair percebeu que a garota não iria falar nada até ele falar.

— Você disse que ia parar.

E então Amy entendeu. Os médicos haviam achados os cortes e cicatrizes, se fossem espertos inclusive veriam que algumas foram feitas naquela manhã, ou na manhã anterior, Amy não conseguia saber já que a janela estava muito bem tapada com um blecaute.

Ela se envergonhava por não conseguir parar. Sempre fora assim. Mas ela não queria que Alistair descobrisse isso. Ela tomava tanto cuidado... Até sair correndo do restaurante na noite anterior. Mas ela não conseguia aguentar mais aquilo. Era muita gente, muitas vozes, muita atenção.

Ela precisou fazer aquilo, precisou sair dali. E nem havia se machucado, pelo que ela percebera. Exceto por aquele hematoma roxo em sua perna que ela não lembrava como havia conseguido.

— Você vai viajar, Amy. — Alistair falou, antes da garota poder dizer qualquer outra coisa. — Vai para Aspen, Colorado, e não tem conversa.

A garota simplesmente não conseguiu se recuperar do choque antes de Alistair sair pela porta do quarto. Ela iria para o Colorado. Quisesse ela ou não.

Bleeding Out

Quando descobriu o que Alistair pretendia, Ian abordou o tio no hospital.

Não foi difícil convencê-lo que Amélia não poderia ir numa viagem daquelas sozinha, e como Dan havia falado mas provavelmente iria que querer ficar para ir a feira de tecnologia de Boston, na semana seguinte, junto com Natalie, Alistair pensou que talvez fosse bom dar um voto de confiança ao seu sobrinho do outro lado do mar.

— Mas, Ian — chamou o rapaz. — Duas coisas, por que você quer ir?

Nem ele mesmo sabia, para ser sincero.

Depois da última noite Ian se sentia como se cada célula de seu corpo gravitasse ao redor de Amélia, e não estava gostando nem um pouco disto. Mas invés de forçar uma separação para o seu bem, ele só conseguia pensar em como amaria ficar sozinho com Amy naquela montanha.

— Pretendo tentar conversar com Amélia sobre como ela pretende lidar com as empresas, o aniversário de dezoito anos dela se aproxima e eu não gostaria de entrar no comando antes dela também estar lá, ou pensar em qualquer coisa que não lhe agradaria.

Alistair assentiu com a cabeça, e deu um pequeno sorriso zombeiro para Ian antes de se dirigir a cafeteria do hospital.

— Mas é você que conta para ela. — Disse, de costas e levantando o jornal que estava em sua mão.

Ian respirou fundo encarando a porta do quarto da Amy, a única coisa que conseguia ver pela janelinha de onde estava era a parede branca tradicional de todo hospital.

Ele sabia que uma hora teria que conversar com a garota, afinal, ele estava preocupado com ela, preocupado demais. Mas talvez não fosse o melhor momento, e pelo jeito que Alistair falou, contar para Amy que ele ia junto deveria ser um grande problema.

— Toc toc. — Fez o som com a boca enquanto abria a porta. Amy estava sentada encarando suas mãos quando ele a viu, os cabelos ruivos adornando seu rosto como a juba de um leão. — Posso entrar?

Amy lhe olhou rapidamente, parecendo suspirar. Ian só não sabia se era de raiva ou admiração. Julgou ser o primeiro.

— Já entrou mesmo. — A ruiva respondeu seca, fazendo Ian refletir novamente o por que dele estar fazendo aquilo.

Ele andou pelo pequeno quarto iluminado pela luz branca forte até chegar na poltrona onde outrora Alistair estava sentado. Ele viu Amy fixar os olhos na porta enquanto ele fazia todo o seu trajeto e ficou imaginando um motivo para a sua presença trazer tanto incomodo para a garota.

— Como está? — Perguntou, enquanto sua mente trabalhava para encontrar a maneira certa para contar para a ruiva. Céus, por que era tão difícil?

— O melhor que se pode estar numa cama de hospital. — Amy disse, irônica, lhe encarando com todo um ar petulante. Mas Ian viu o olhar da garota se desmanchar enquanto o tempo passava e ela ainda lhe olhava. Depois do que Ian considerou maravilhosos minutos onde ambos estavam presos nos olhos uns dos outros, Amy virou a face, o rubor vermelho preenchendo suas bochechas e a deixando admirável enquanto ela balançava a cabeça, como quem tenta retirar algum pensamento dela.

— Isso é bom, — Ian comentou, dando um passo na direção da cama e a avisando totalmente com os olhos, estes que voltaram a prestar atenção nele quando viu o movimento, sobre o que ele pretendia fazer. — Eu detestaria te ver nessa cama por muito mais tempo.

Ele levantou sua mão, e, tão devagar como quem avança na direção de um animal selvagem, Ian desceu ela para segurar o queixo de Amy e a forçar fitá-lo. Ele viu o pânico no rosto dela, mas não ia desistir. Ele ainda estava recentido por todos poderem tocá-la menos ele. (Embora não entendesse de maneira nenhuma porquê se sentia assim).

Com os segundos se passando, os olhos verde-jade de Amy foram ficando mais calmos, como quem se acostuma ao contato dele. Ian ainda estava mortalmente parado quando reparou que ela voltara a respirar normalmente, as bochechas adquirindo um tom ainda mais vermelho, se é que era possível.

Ian não conseguiu não sorrir, o que levou a garota ao estágio pimentão. Mas que culpa ele tinha se ela parecia simplesmente a coisa mais interessante do mundo para ele?

Esse pensamento o deixou confuso tão logo quando entrou na sua cabeça. Ele a achava mesmo tudo isso? O que estava acontecendo? Ele só podia estar enlouquecendo.

Fora da cabeça dele, Amy notou o olhar de confusão nos maravilhosos olhos âmbar, e ela queria muito poder virar a cabeça. Seu sangue todo fervia e ia de encontro a sua face. Ela não conseguia parar de admirar a pele morena do rapaz, ou como seus cabelos negros e lisos eram simplesmente maravilhosos demais para serem sequer comentados. Ela só queria passar a mão ali...

Foco, Amy! Pensou a ruiva.

Mantenha o foc, Ian! Se xingou o moreno, enquanto soltava gentilmente o queixo da garota, não sem antes pensar numa palavra para descrever todo o seu ser.

Adorável.

— Eu vou ganhar alta daqui uns minutos, no máximo em duas horas. — Amy falou, sua voz baixa e concentrada retirando Ian de seu mundo.

— E vai viajar quando?

— C-como? — Amy o olhou surpresa, a gagueira voltando para a sua voz. — Como você sabe disso?

Péssima ideia, Ian se reprendeu, ao notar o leve pavor voltar ao rosto antes relaxado de Amy.

— Ah, bem, — Ian coçou a nunca enquanto tentava achar um jeito de explicar aquilo. — Eu me ofereci, já que Dan está ansioso para levar Natalie na feira semana que vem, a ir como seu acompanhante de viagem. Sabe como é, se você precisar de alguma...

— Desculpa. — Amy o cortou, balançando a cabeça confusa e fechando os olhos e os abrindo rapidamente, como se estivesse tentando provar que algo não era sonho. — Você acabou de dizer que vai comigo para Aspen?

— Ahn, quando você fala desse jeito parece bem mais fútil mas... — ele sorriu para a garota, que em outros momentos teria achado o sorriso maravilhoso, mas estava muito aterrorizada naquele instante. — É exatamente isto que eu quero dizer.

Bleeding Out

Amy havia conseguido fazer Ian ir buscar um café para ela antes de finalmente deixarem aquele hospital.

Tio Alistair estava terminando a papelada e Ian simplesmente se recusava a sair do seu lado, o que deixava a ruiva terrivelmente confusa. Qual era a desse britânico? Ele estava tentando enlouquecê-la? Pois estava conseguindo.

Amy respirou fundo, o plano que tinha formado em sua cabeça era simples. Alistair já havia comprado as passagens e eles estavam indo para Aspen, num voo super cansativo, dali duas horas. Ela tinha que encontrar Dan e lhe pedir para ele pegar o lugar de Ian.

Catando freneticamente o celular dentro da bolsa, Amy acabou por virar tudo em cima da cama. Ela não queria magoar os sentimentos de Ian, embora não soubesse o porquê disto, nem o motivo pelo qual Ian estava tão determinado a ir com ela nessa viagem. Então havia pedido pro britânico buscar um café com baunilha para, na lanchonete, pelo que entendera aquele lugar era sempre cheio e o garoto iria demorar.

Quando, depois de espalhar alguns papéis, sua carteira e uma agenda pequena que ela levava sempre junto na bolsa, ela encontrou o celular, foi apenas uma discagem de um número só, Dan estava na sua discagem rápida.

Quando mais tempo tocava, mais nervosa ela ficava.

Onde estava Dan? Por que ele não respondia ao telefonema?

Ele tentou mais cinco vezes antes de deixar uma mensagem:

— Dan, é Amy. Daniel onde você está, eu sei que nos falamos mais cedo e eu disse que não ia precisar falar com você o resto do dia e te mandava uma mensagem quando chegasse em Aspen mas as coisas mudaram. — Ela respirou fundo, estava falando muito rápido e Dan, como o lerdo que era provavelmente não entenderia absolutamente nada. — Eu preciso que você vá para Aspen comigo, traga a Natalie se quiser, traga até Saladin, mas por favor, eu preciso que você vá, não me deixe sozinha com... — E o som do bipe que encerrava o tempo de sua mensagem tocou.

Amy estava pronta para colocar o telefone no ouvido novamente quando a porta de seu quarto se abriu, forçando-a a desligar.

Ian Kabra em toda a tua perfeição e com dois cafés na mão lhe um magnifico sorriso, do tipo que fazia toda garota se atirar no chão. Ele não pareceu reparar na sua bagunça enquanto adentrava o quarto e entregava um café quente para ela.

E as coisas só complicaram ainda mais quando o moreno usou toda a sua incrível voz para perguntar:

— Pronta para ir?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, não esqueçam o review.
Love u all,
B.