Bleeding Out escrita por Becky Cahill Hirts


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Oiiie,
Muito obrigada todo mundo que comentou no último capítulo, vocês fazem meu dia valer a pena.
Espero que gostem, esse capítulo foi bem complicado de se escrever.



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Amy saiu do quarto levemente mais leve. Ela ia fazer aquilo dar certo. Ia mostrar para Ian e Dan que estava bem, que não havia motivos para se preocupar.

Falar é fácil.

Quando chegou a sala viu que todos já estavam sentados na mesa de café da manhã. Natalie, que era a única sentada de frente para a escada, estava sorrindo e parecia levemente animada, embora pelos saltos plataforma que Amy viu que ela usava quando observou os pés da mesa enquanto andava, era meio óbvio que ela não pretendia jogar. Apesar dos saltos, a morena havia se vestido com uma jaqueta esportiva rosa e uma calça legging preta. Os longos cabelos mais escuros que a noite estavam presos em uma longa trança de raiz.

Dan e Ian estavam de costas para ela, vestiam bermudas, embora aquilo estivesse um pouco mais normal no Dan do que em Ian. O moreno utilizava uma camiseta bem normal, até, fazendo Amy ficar levemente espantada. Ambos inclusive usavam um estilo de tênis bem parecido, mas Amy se perguntou qual tênis para realizar um esporte que é muito diferente daquilo. A única diferença entre eles, obviamente, era que Ian estava, tal qual Natalie, pronto para um desfile de moda, ao passo que Dan estava bem normal aos olhos de Amy.

Ela mesma vestia uma legging preta, provavelmente igual a de Natalie – não é como se existissem muitas opções de leggings pretas ao longo do globo –, uma blusa cinza folgada de um ombro só e um tênis esportivo que era incrivelmente confortável. Amy se sentia pisando nas nuvens enquanto o usava. Uma camiseta xadrez vermelha se encontrava em sua cintura, para dar um pouco de cor ao seu visual, algo que Amy fizera no chute. Enquanto descia os degraus da escada, seu cabelos soltos lhe caíram sobre a face e Amy lembrou que precisaria prendê-los para jogar, agradecendo por ter pego uma presilha antes de sair do quarto, a borrachinha agora se encontrava em seu pulso.

Alistair, novamente, não estava em lugar nenhum, o que fez Amy questionar o que o tio andava fazendo.

— Amy! — Natalie chamou, sorrindo e acenando animada para a ruiva que se aproximava. — Você precisa vir comer estes brownies, estão simplesmente divinos! Seu irmão estava me contando que a cozinha do hotel é muito bem elaborada, e eu estou sinceramente encantada, é como ter um restaurante privado funcionando pelo tempo que você precisar!

Amy abriu um pequeno sorriso, aquele destinado para Natalie. Ela gostava da morena, ela era vibrante e alegre, duas coisas que Amy aprendera a valorizar nas outras pessoas.

— Certamente deve estar delicioso. — Amy se sentou ao lado da morena, consequentemente de frente para Ian e seu irmão, quando ambos analisaram seu rosto ela reparou que talvez devesse ter se sentado na ponta, onde era mais difícil de encará-la. Mas este pensamento foi substituído pela vontade de mostrar que estava bem (ou ao menos era isso que ela queria que eles pensassem). Juntando toda a coragem que existia em seu ser, falou: — Dan, pode me passar a jarra de suco de laranja, por favor?

Ela o olhou nos olhos quando disse isto. Vendo a confusão nos olhos verdes do irmão, tão parecidos com os próprios, mas ela manteve o olhar tal qual sua voz calmo e confiante.

O café transcorreu bem, Ian e Dan pareciam relaxar em suas cadeiras a medida que Amy se lançava em uma conversa sobre banalidades com Natalie. E no final, ela quase se enganou ao pensar que estava realmente bem.

Bleeding Out

— Sinead?! — Amy sorriu grande para a amiga que estava lá, conversando banalidades com Eisenhower e Mary-Todd. A ruiva dos olhos azuis sorriu animada ao ver a face da outra. — O que faz aqui?

— Está brava por eu vir, sis? — Sinead perguntou, parando na frente de Amy fingindo tristeza.

— Não, não, nada disto, eu só não sei como você... — Sinead puxou a outra para um longo abraço, que foi correspondido desjeitosamente por Amy.

Ian, que como sempre observava a cena, não deixou de ranger os dentes ao notar que Amy abraçava todos, mas nunca nem lhe estenderá a mão.

— Dan me avisou, já que certa pessoa parece ter esquecido os amigos. — Sinead sorriu, demonstrando que era uma brincadeira, mas Amy parecia tão perdida dentro dela mesma que não disse nada. — O que há de errado, Amy? — Perguntou a mais velha em tom baixo. — Os Kabra andam lhe incomodando muito?

Amy negou com a cabeça, mas antes de poder acrescentar qualquer coisa, Nellie apareceu do nada e a abraçou contente. Amy sentiu sua visão desfocar, mas foi rapidamente. Era só Nellie, se assegurou.

— Eu me sinto velha ao ver essas duas crianças maiores do que eu e no mesmo ambiente. — Nellie falou alto, o suficiente para até Hamilton que estava testando o campo onde iriam jogar ouvir. Amy sabia que não era a intenção da mulher dos cabelos coloridos, mas novamente chamou muita atenção para elas. — Pelo amor de deus, eu cuidei dessas meninas.

— É muito bom revê-la mesmo, Nellie. — Sinead falou, com aquele sorriso verdadeiro aparecendo em sua face.

— Ah meu deus, não tente me fazer sentir como se eu não estivesse virando uma velha caquética, garota. — Nellie fingiu desespero. — A minha vida é um saco, eu quase consigo sentir o cheiro da morte se aproximando!

Todos riram, mas para Amy a piada inocente de Nellie havia a pegado de jeito. Ela não queria que nada acontecesse a au pair tão querida. E apenas a ideia disto já foi o suficiente para desestabilizá-la.

— Você está bem? — Ian Kabra murmurou perto do seu ouvido, se aproximando já que Sinead e Nellie se afastavam para rir mais, Amy consegui ver os irmãos Starling entrando na brincadeira quando Nellie os olhou e disse: “Mas vocês tomaram uma poção de crescimento, não pode ser! Dan? Onde está o meu pequeno Daniel?”.

Amy tentou não se afastar dele, afinal, Ian sempre lhe perguntava a mesma coisa.

— Estou ótima, se lhe serve como resposta. — Amy disse, pronta para ir embora mas foi segurada por uma mão firme em seu antebraço.

— Olhe nos meus olhos e repita isto. — Ian pediu, afrouxando o aperto ao notar o pânico que Amy sentiu com seu toque. — Vamos, Amélia, faça antes que alguém note nossa ausência nas piadas e risadas.

Amy respirou fundo, de jeito nenhum ela ia olhar para aquele infinito âmbar.

— Ian, nós podemos ficar aqui o dia inteiro...

— Repita isso olhando pra mim ou eu vou falar para Dan que não foi sua primeira vez neste estado.

— Você não ousaria! — Amy se virou para ele, reparando que estavam próximos demais naquela virada. Ela estava irritada com ele, ele havia prometido. Mas ao ver o olhar no rosto de Ian sabia que ele só estava dizendo aquilo pois havia uma preocupação ali. Uma preocupação inútil e que ela não reconhecia o motivo, mas estava ali. Antes de se ver presa nas orbes do moreno, ela olhou para seus tênis, convencida que encará-lo era melhor que olhar para o rapaz a sua frente.

— Teste-me.

Amy voltou a respirar fundo, ela precisava dar um jeito naquilo.

Então sendo rápida ela começou a falar antes de seus olhos se fixarem nos dele.

— Eu estou completamente... — E deu. Ela estava perdida naqueles olhos âmbar e incapaz de mentir para estes. — Eu vou ficar bem.

Ian sustentou o olhar da garota, dando-lhe um sorriso de lado. O exato sorriso que dizia: eu sou demais e que fazia as pernas de Amy ficarem bambas. Se ela pudesse parar para pensar nisso.

— Temos um jogo para jogar, Ian Kabra. — Ela falou, batendo contra o seu peito numa tentativa de afastá-lo. — E eu pretendo ganhar.

Bleedingo Out

Como esperado, o time que ganhou foi aquele onde estavam Hamilton e as gêmeas. Amy deu sorte por estar neste time, ao lado de Sinead, e deu mais sorte ainda quando fez alguma coisa chamada Touchdown, ou algo do gênero, mas tudo que ela fez foi sair correndo do gigante do Eisenhower que estava correndo atrás dela. Talvez ela fosse rápida no corrida, mas ela nem sabia que isso valia alguma coisa.

— Pizza da vitória! — Hamilton gritou, enquanto segurava uma bola de futebol americano na mão. Ele era o tipico jogador que se vê em filmes Hollywoodianos, com uma jaqueta de algum time nas costas e um boné na cabeça.

— Pizza da vitória! — Reagan e Madison entoaram, enquanto Mary-Todd e Eisenhower se entreolhavam e suspiravam.

— Pizza da vitória? — Dan perguntou, meio por fora, ele havia ficado no time dos dois mais velhos, e bem, pizza da vitória não parecia algo que o seu time faria parte.

— Os perdedores pagam para os ganhadores, mas todos comem pizza, Dan, não precisa se preocupar. — Nellie falou sorridente, afinal, ela também estava no time ganhou.

— Parece justo. — Ian falou, sorrindo um pouco para Natalie que não havia jogado, como previsto. — O que você acha, Nat?

— Primeiramente, de que lado eu estou? — Natalie perguntou, fazendo todos rirem.

Amy estava se sentindo estranha naquela atmosfera super amigável, e já achava incrível ter conseguido aguentar os contatos no jogo inteiro, talvez fosse melhor ir direto para casa e não dar sorte para o azar.

— Eu estou um pouco cansada, acho que vou direto para casa, Natalie você fica no meu lugar. — Ela falou baixo, mas em um momento de total silêncio, então todos a ouviram.

— Ah não, Amy! — Sinead disse, batendo a mão contra a coxa. — Você precisa comer alguma coisa, nós jogamos o dia inteiro.

— Sim, mas...

— Sem mais, little Amy, — Ted a cortou, brincando com a forma como ela o chamava quando pequena. Little Ted e little Ned. — Você vai conosco, por favor!

— Sim, Amy, por favor! — Reagan e Madison se juntaram para pedir.

A ruiva só viu um jeito de se livrar de toda aquela atenção da maneira mais rápida, e lançando um olhar meio bravo para a irmã de alma, apenas concordou com a cabeça.

Eles entraram nos carros, cada um em seus devidos carros. Os Cahill pegaram carona com os Kabra, embora Sinead tenha tentado levá-los para o seu. Amy deixou Dan ir na frente, ao lado de Ian. Ela simplesmente queria acabar logo com aquela noite.

A pizzaria escolhida não ficava muito longe do hotel dos Cahill, então Amy pensou que talvez conseguisse uma desculpa ir para casa mais cedo, a pé no caso. Quando eles chegaram, os Holt e os Starling (e a Nellie), já estavam lá, em uma mesa gigante.

— Ai está a nossa estrela! — Hamilton gritou ao ver Amy. Ok, talvez eles se esqueceram que o lugar era público. Amy corou da cabeça aos pés, enquanto se sentava na cadeira que Dan havia lhe puxado, gesto que ela agradeceu com um aceno de cabeça. Somente quando sentada percebeu que estava no centro da mesa. — Aquele touchdown até me deixou com inveja, Amy.

— Ah sim, porque o Hamilton é o poderoso do futebol. — Reagan zombou. — Menos, Hammer.

— Mas aquilo foi realmente incrível, Amy — Madison acrescentou, sorrindo para Amy. — Você joga futebol?

Amy negou com a cabeça, gastando todas as suas forças para ser simpática e dar um sorriso.

As vozes começaram a aumentar enquanto todos eles falavam ao mesmo tempo. Amy não conseguia se concentrar em nada. Virou-se para olhar o seu irmão mas o viu inclinado em uma conversa com Ned, Ted e Natalie. As gêmeas discutiam com Hamilton enquanto Nellie tentava os fazer parar de brigar. Sinead estava conversando com Mary-Todd e Eisenhower. E Ian... Ian não estava em nenhum lugar que Amy conseguisse ver.

— Então, já pensou se vai fazer alguma faculdade Amy? — Mary-Todd lhe perguntou de repente.

— Você pode fechar para mim? — Reagan perguntou ao mesmo tempo, já que estava sentado do outro lado da ruiva.

— Ei, Amy! Né que o Dan adorava assistir Branca de Neve, quando menor? — Chamou Ned, sorrindo brincalhão para Dan.

— Diga que não é verdade, Amy! — Dan rebateu, enquanto Nellie ria, Hamilton e Madison discutiam e tudo estava girando...

Amy tentou focar os olhos no centro da mesa, mas tudo parecia girar. Um gosto de bile subiu pela sua boca e ela sentiu o suor cair pelo seu pescoço.

Você acha que pode ser um deles?

Aquela voz não, tudo menos aquilo!

Amy balançou a cabeça, tentando retirar aquilo dela.

Tola, acha mesmo que pode se livrar de mim como fez com os seus pais? Você deveria parar de se achar tão especial e ver como ninguém gosta de você.

Por um minuto completo, o muito inteiro pareceu perder o som. Amy olhou para cima e via bocas se mexendo mas nenhum som chegava aos seus ouvidos. Ela via expressões, olhos parecendo preocupados em sua direção, pessoas brigando. Mas não as ouvia, tudo que ela conseguia ouvir era aquela voz...

Você incomoda, sabia? Daniel está tendo que se esforçar o dobro para fazer sala porque nem isso você consegue fazer.

Por favor, para! Amy pediu, tentado se manter focada. Por favor...

Eu não entendo o que você está fazendo aqui ainda, não percebe que você é melhor para todos morta? Igual aos pais que você matou.

Aquilo era demais, Amy se levantou abruptamente. O mundo voltando a ter som, os gritos, as falas rápidas, tudo.

Ela saiu correndo, sem olhar para trás enquanto uma fina gota caia de seus olhos.

— Amy? — uma voz a encontrou em seu pequeno mundo. Mãos se fecharam entorno de seus pulsos enquanto ela batia contro o peito forte da pessoa.

— Me solte! — Ela gritou. — Me deixe ir!

Ele a soltou imediatamente, parecendo chocado com as palavras dela. A última coisa que Amy viu foi um lampejo do tom âmbar de seus olhos, antes de sair daquele lugar e correr pelas ruas frias de Boston.

Ela não pensou naquela fuga, apenas foi levada para onde seu coração estava. Enterrado a sete palmos do chão. O vento fria batia de encontro ao seu corpo mas ela mal notava. Ela só precisava chegar lá.

Suas mãos abriram sem muita força os grandes portões do lugar, e ela voltou a correr, desta vez pela grama, desviando de pedras e outras coisa. Ela sabia para onde ir. Ela conhecia o caminho. Já estivera lá muitas vezes.

Quando um trovão ecoou no céu nublado de Boston e uma chuva gelada começou a cair, Amélia Hope Cahill se ajoelhou diante do túmulo de seus pais.


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Notas finais do capítulo

Não sou a fã número um deste capítulo mas ele é necessário.
Enfim, até o próximo sábado.