Sobrenatural escrita por Francielle Santana


Capítulo 7
Capítulo 6 - Um relogio




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Com a respiração ofegante, me levantei no susto. Com aquela sensação universal de estar caindo. O sonho pareceu-me real. A angustia ainda apertava meu peito, como se a qualquer momento eu pudesse receber a noticia de que a dona Juditt tinha morrido, não sei… Levantei e fui beber um pouco de agua.

– Não consegue dormir?

Era meu irmão. Sua voz baixa me assustou. Ignorei, como fiz grande parte da vida.

– Deve ser peso na consciência. Voce é muito inconsequente. Como pode fugir de casa assim? Aposto que encontrou algum maltrapilho. Ah, se eu fosse seu pai…

Sorri do tão contraditório que aquilo me parecia. Meu irmão caçula, mimado do pai, que vive nas portas, querendo me dar lição de moral. Olhei pra ele sem a raiva que ele esperava.

– Voce não é, e foi por esse motivo que voltei pra casa.

Subi as escadas e fui descansar, quanto mais cedo durmo, mais cedo vou a casa de Simon e descubro mais do livro.

O sonho se repetia, mas ao inves de sentir tranquilidade, acordava cada vez mais angustiada. Evitei falar isso com Simon. Certo dia estava pensando nisso, quando Analiz, uma amiga de reuniões apareceu de repente la em casa. Ela raramente vinha, e seu semblante não era dos melhores. A casa estava vazia, e eu estava dobrando algumas roupas quando ela começou aquele papo indeciso.

– Alyah, se eu soubesse de algo e achasse que devesse contar pra alguem, mesmo esse alguem podendo se chatear e ficar muito triste… Será que devo contar?

Minha cabeça quase não aguentou de tantas hipoteses.

– Analiz, fala logo. - Sentei perto dela.

– Eu acho que a dona Juditt esconde um segredo.

Seus olhos dançavam em observação pela sala. Como se tentasse esconder algo de mim.

– Todos temos segredos.

Pensei por um momento nos meus.

– É verdade, agora tenho que ir. - Ela levantou de forma inesperada.

Nos despedimos e sinceramente não entendi o proposito daquela visita.Voltei as minhas atividades.

Ja com o cair da noite, ouvi um barulho na minha janela. Quando levantei, e fui conferir a visita tinha se repetido. Analiz, jogava pedras pequenas. Coloquei um casaco e desci as escadas. Minha mãe estava sentada lendo.

– Aonde voce vai?

– Uma amiga da reunião esta la fora, vou ver o que ela quer.

– Não demore.

Ela parecia com sono, o que facilitou. Analiz estava com seu cabelo meio solto. Ela sempre foi recatada, muito mais do que eu. Ja estava com um pretendente para casar-se. Lamentavel, ela odiava ele. Mas sua submissão era maior. Assim como minha mãe.

– Venha, preciso te mostrar uma coisa. Vamos, rapido!

Suas mãos frageis puxavam a minha, não sabia para onde estava indo, mas qualquer distração agora seria muito bem vinda. Caminhamos pelos lugares mais movimentados naquele lugar. Até entrarmos em um atalho. Alguns metros andando pela escuridão.

– Aonde estamos indo, Analiz? Me fala logo...

– Shi!! Deixa de ser curiosa,ja estamos chegando. - Ela me repreendeu por falar alto demais.

Ficamos escondidas perto de uma casa que parecia abandonada. Ela estava toda fechada, e parecia ter iluminação apenas em um comodo. Pela localização deveria ser a sala. Depois de esperar um tempo vi alguem se aproximando, a roupa mais justa parecia de uma mulher. Analiz fez um movimento para eu me esconder mais. Apesar de que a distancia em que estavamos da casa assegurava que ninguem nos veria. Mas nós conseguíamos ver. E eu vi a senhora Juditt. Quando ela estava batendo na porta, notei que havia um homem la dentro. Imaginei isso por um simples detalhe: Ele a puxou para si beijando-a. Mas ela era solteira, pelo menos foi o que pensei. Me encostei numa arvore depois do susto.

– Era esse o segredo - Analiz confessou, como se precisasse me lembrar. - Voce viu o homem que estava la dentro?

– Vi. Quem será que consegue aturar a dona Juditt?

Rimos muito supondo as brigas que eles dois teriam. Mas por que eles nao assumiam, seria até bom pra imagem dela. Quando a iluminação mudou de comodo, provavelmente da sala para o quarto, fomos até perto da casa. Por uma greta da janela pude observar, a casa estava limpa por dentro. As visitas deveriam ser frequentes. Vi o xale de dona Juditt, não havia mais como duvidar da identidade da mulher misteriosa. Ficamos mais um tempo observando. Queríamos ficar ali até ela voltar pra casa, mas a essa altura minha mãe ja estava pensando que fugi novamente. Voltamos pelo mesmo caminho, como eu era mais velha deixei ela em casa antes de ir para a minha.

– Mãe, cheguei.

Quando entrei vi que ela estava no mesmo lugar, a diferença é que estava dormindo ao invés de estar lendo. Acordei ela e fomos deitar.

***

Acordei com uma discução dos meus pais. De todas as piores formas de me acordar, não escolha na base dos gritos. Levantei ainda tonta de sono, a noite nao foi das melhores, o sonho havia se repetido, só que dessa vez eu via meu pai no lugar da dona Juditt. Tentei acalmar e organizar meus pensamentos, mas com o barulho era impossivel. Cuidei da minha higiene pessoal, fui até a estante onde estava minhas anotações, peguei os papeis e embaixo deles vi um relogio de bolso prata, engoli em seco e fui me encontrar com o Simon.

Senti uma mão puxar meu braço quando eu estava me distanciando do centro do povoado.

– Para que correr? Se as coisas mais bonitas só observamos com calma? - Era meu amigo. - Voce esta bem?

– Não.

Abracei ele com força. E ele me levou até sua casa. Chegando la contei sobre dona Juditt.

– O que tem a ver ela com essa sua angustia, minha pequena? Minha cabeça não consegue acompanhar.

– Por que isso esta acontecendo, hein? Será que seu Deus consegue me explicar?

Ele me olhou confuso. - Isso o que?

– Quando estava la vi algumas coisas, e uma delas era o relogio prata. O relogio prata que encontrei hoje cedo em minha casa. Enquanto meus pais discutiam.


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