Sweet Death escrita por Lia


Capítulo 3
Parte III - Harry Potter e Rose Weasley.


Notas iniciais do capítulo

Devem ter visto o título, certo? Eu vou explicar tudo aqui: quando o nome de personagens variar no título, é quem leu/está lendo essa parte do diário. No caso, Harry leu e em seguida a Rose.



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19 de Março de 2024, segunda-feira.

Querido diário...

Tem alguns dias que não escrevo em você, para ser exata, três dias. Eu estou começando a ficar louca, doidinha, pirada. Tudo saiu dos trilhos depois da briga do Dave e Fergus, eles já estão se dando bem agora mas, meu pai veio esses dias no meu quarto perguntar como eu estou e eu acho que explodi... Acho não, tenho certeza. Eu sempre o procurei no escritório, mas ele simplesmente trancava a porta e dizia que precisava trabalhar, como poderia falar com ele assim? Tentei dia após dia, tentei até entrar pela janela! Eu tinha tanta coisa para falar com ele... Precisava de tantos conselhos... Não posso fazer isso agora, já que tenho você, diário, não preciso mais falar com ele. Estou irritada por perceber como ele é estúpido e estou feliz por saber que ele vai ler isso. Agora eu queria que você estivesse comigo, pai, porque agora tudo é novo pra mim. Você sabe que eu posso achar o sentimento que ainda guardo por você, não é? Eu sei que falei todas aquelas coisas ruins para você e eu me arrependo imensamente, mas como posso voltar aí e simplesmente pedir desculpas? Você vai fechar a porta na minha cara de novo. Mas, eu preciso me abrir, me abrir com você e com o diário, como não tenho coragem o suficiente para me levantar e ir até seu escritório, vai ser por aqui.

Papai, eu sei que você esta lendo esse diário desde o início, porque é isso que eu planejei... Bom, eu espero que seja você. Sei que vai passar isso para a mamãe, e, cuide dela, tudo bem? Nós dois sabemos qual vai ser sua reação. Podemos estar errados ou podemos estar certo. Mas nunca estamos errados sobre nada. Eu não estou errada de tomar essa decisão, você entende? O que eu falo faz sentido, mas só quando tiro o vestido. Quando tiro a máscara. Isso não é uma página de despedida, e eu não estou chorando como antes. Não mais. Porque eu sou Ripley Jonnes. E o que me dói pensar é que foi eu quem escrevi esse livro. Foi eu quem criei Ripley Jonnes. Sempre falei dela como uma inspiração, como se eu realmente tivesse pegado esse livro de sua estante, mas o fato é que foi eu quem o coloquei aí. Eu quem esperei todos os dias para que você viesse ao meu quarto, com o livro nas mãos e dissesse que estava orgulhoso... Mas acho que você nem achou ele ainda. Eu tenho algum problema, papai? Por ter escrito isso? Falado de Ripley como se eu tivesse tudo em comum com ela? Sei lá, algum parafuso a menos? Talvez eu tenha, ou eu realmente tenho, quem garante que não?

Pai, se lembra na primeira página do diário? Que eu disse meus medos? A morte era um deles. Lembra também que eu disse que se eu não superar, não mudo de fase? Esse é o ponto, eu tive que superar para tomar essa decisão. E nada me deixa mais feliz do que saber que consegui.

Como já disse, isso não é uma página dedicada a despedidas, longe disso. Eu quero contar para o diário sobre meus dias, essa página não vai ter nada com tristeza, não mesmo.

Diário, semana passada nós fomos a um parque de diversões de trouxas, ideia da tia Fleur. Eu também fui, é claro, com uma saia rosa e blusa branca, tênis branco.

"O que é aquilo?" Perguntou Fred II, apontando para uma montanha russa enorme, que dava duas, três, quatro voltas. Acho que se eu andasse naquilo, vomitava meu almoço, jantar e lanche de três anos inteiros.

"É uma montanha russa, seu idiota." Lucy deu um tapa na cabeça do menino, abrindo um sorriso largo em seguida. "Vamos, vamos, vamos?"

"Você tá ficando louca?! Quer morrer?!" Fred II deu uma risada, correndo em direção á bilheteria. Lucy, Roxy e Molly II foram logo atrás.

Eu sei que estava triste, mas isso tudo estava começando a ficar irritante. Tristeza, depressão, tristeza, depressão... Esse ciclo já tinha virado um vício para mim. Não aguentava mais. Então hoje, pelo menos hoje eu iria me divertir como nunca!

"Vamos ali, ó!" Disse e saí correndo em direção a um castelo enorme, mas nada comparado a Hogwarts. Tinha uma porta oval e no interior era escuro, eu não conseguia ver nada. Segurei o coelho de pelúcia mais forte, cruzando os braços para uma caveira que mantinha pregada na parede. Hugo chegou logo depois.

"Quer ir nisso...? Não é um pouco assustador...?" Ele reclamou, isso me arranca risadas até hoje.

"Então quer dizer que você esta com medo?!" Debochei da cara dele, apontando seu nariz com o indicador.

Olha, eu me mantive feliz até aonde pude, porque quando estava rindo de Hugo, a caveira começou a se mexer e a falar... E, que droga era aquela?! Se eu fosse um gato, todas as minhas sete vidas já teriam sumido. Eu dei o maior grito que pude dar e saltei para atrás de Hugo, apoiando meus braços em seu ombro.

"Falou! Essa coisa falou!! Cadê meu pai?!" Ele tremeu de cima á baixo, me fazendo rir mais ainda.

"O que vocês estão aprontando?" Uma sombra tampou eu e Hugo por completo, de braços cruzados e um semblante brincalhão.

O. Maior. Susto. Da. Minha. Vida. Diário.

"MÃE, NÃO FAZ ISSO COMIGO!!" Hugo colocou a mão no coração, respirando muito, muito rápido.

Eu tampei minha boca antes de dar um grito. A tia Hermione pegou meu coelho do chão e me devolveu.

"Querem ir neste brinquedo, tem certeza, crianças?" Ela parecia inserta do que dizer, mas apenas nos entregou os bilhetes.

"Qual é mãe, já temos dezesseis..." Hugo revirou os olhos, o que arrancou poucas gargalhadas de mim.

Demoramos um pouco (muito tempo) para descobrir a quem dar o bilhete. Até a caveira falou novamente (o que me fez gritar de novo) algo como: "Coloquem o bilhete na minha boca, seus maricas!". Vou fingir que sei o que é maricas antes de continuar. Hugo fez como o pedido e a porta abriu, revelando um homem com uma fantasia de lobo, sei disso porque já vi um lobo de verdade na aula de Trato de Criaturas Mágicas e, olha, ele estavam bem errado.

No início parecia bem tranquilo, só tínhamos que andar, andar e andar mais um pouquinho. Daí tudo ficou pior. Começou a sair uns esqueletos do chão, umas pessoas começaram a correr atrás da gente, agarraram o pé do Hugo e ele deu o grito mais hétero que eu já vi na minha vida!

"SOCORRO! LILY, SALVE SUA VIDA! AAH!" Eu arqueei a sobrancelha e puxei ele para perto de mim.

Nunca pensei que o Hugo seria tão pesado assim, ele tropeçou e nós dois caímos para perto de uma cortina, que se abriu no exato momento. Nós dois nos levantamos e demos de cara com várias e várias máquinas, barulhos esquisitos e um cheiro insuportável. Havia uma "central de comando" na nossa frente, com inúmeros botões também. Eu não pensei duas vezes antes de apertar com a maior força que consegui.

"O que você fez?!" Hugo olhou para mim, pasmo.

"Eu não faço a mínima ideia!"

Diário, eu desliguei o brinquedo. Tudo parou e começou a saltar do lugar que estavam, saindo as peças e tudo possível. Eu. Quebrei. Tudo. Imagina meu pai ali! Acho que pegaria mil anos de castigo. Hugo me puxou para um lugar aleatório, virando em dois caminhos diferentes, passando entre as máquinas, sujando minha roupa inteira... E eu perdi meu coelho!

"Meu coelho!" Me segurei em uma alavanca, puxando-a sem querer.

"Que mané coe..." Hugo ia começar a falar quando tudo tremeu, ele continuou a correr. "O que você fez?! De novo...?!"

"Eu não sei! Meu coelho! Isso é culpa sua!" Eu queria não rir enquanto corria, mas foi inevitável.

Tudo rangia e tremia, Hugo tropeçou e não me avisou que tinha caído, acabei por tropeçar no pé dele e voar para frente, batendo de cara com uma porta de madeira. Não foi tão forte, então meu castelo de cartas ainda estava de pé.

"Ai, minha cara!" Me afastei, massageando o local atingido.

"Tá caindo! Tá tudo caindo!" Hugo se levantou mais rápido do que eu imaginava e abriu a porta, me puxando para fora no exato momento em que tudo desmoronou. Igualzinho a um castelo de cartas! "A gente esta bem encrencado..."

"O que vocês fizeram?!" Rose brotou na nossa frente, checando a poeira que vinha da porta e arqueando as sobrancelhas.

"Olha, Rosinha... A culpa foi do botão! Eu apenas apertei para ver se ganhava alguma coisa, vencia o jogo, daí... PUF!" Tentei explicar o melhor possível, mas acho que não dava.

Não sei se expliquei tudo direito para você, diário, acho que fui muito rápida, não é? Bom, vou tentar explicar um pouco... melhor, eu tinha apertado o botão para parar tudo, o brinquedo, das máquinas, a luz... Tudo. E então, quando me segurei na alavanca (que eu pensava que era algo inútil) para voltar atrás, acabei puxando-a... Aquilo era uma alavanca-de-emergência. Só puxar em emergências. Mas estava tudo escuro! Como eu ia saber?! Em minha defesa, a culpa foi do Hugo. Por que? Não sei. Mas foi!

"Vocês quebraram nosso próximo brinquedo, poxa!" Dominique surgiu ao lado de Rose, cruzando os braços e me observando com raiva.

"O batom não foi eu!" Hugo ergueu os braços, sorrindo. "Eu não fiz por mal, vai. Foi sem querer."

Até hoje não entendi... Ele assumiu a culpa... Por mim?

Rose encarou ele de um modo duvidoso.

"Você só faz merda hein, Hugo!" Dominique bateu os pés no chão, revirando os olhos. Em seguida puxou Rose pelo punho, indo embora.
Hugo segurou na minha mão e foi me arrastando, enquanto eu ainda tentava absorver tudo que tinha acontecido e tentava ter uma hipótese do que iria acontecer. Ele se afastou um pouco do parque, se sentando em um banco, no meio de uma praça. Uma parte de seu cabelo ruivo estava sujo de graxa, seu rosto estava com um arranhão mínimo, sua calça nova suja também, sua blusa com uma quantidade de poeira infinita. Eu também não deveria estar alá aquelas coisas... Mas, não podia ver, de qualquer jeito.

"Foi mal, Hugo... Não precisava ter assumido a culpa, você sabe, não é?" Me sentei ao seu lado, observando meus tênis, que algum dia já foram brancos.

"Posso te fazer uma pergunta?" Ele virou o rosto para mim, contraindo seu maxilar.

Hugo sempre foi um menino brincalhão, até nos piores momentos. Mas naquele dia, diário, eu nunca vi ele falar de algo de um modo tão sério. Eu apenas assenti, focando toda minha atenção nele.

"Por que você coloca as pessoas em cima de você? Suas escolhas, seu jeito, você. É sempre alguém em cima, é sempre sobre outras pessoas... Por quê?"

Aquilo realmente me pegou de surpresa. Eu demorei um pouco (muito) para absorver tudo aquilo. Comecei a morder meu lábio inferior, algo que ele sabia que era quando ficava nervosa. Ele abriu um sorriso enorme.

"Porque isso para mim é o certo. Porque se eu não consigo me aceitar, nunca vou conseguir ter amor próprio. E o amor próprio é a chave para te colocar em primeiro lugar, acima de todo mundo. E, Hugo, você também não se coloca em primeiro lugar!"

E ele realmente não se colocava... Até poucos segundos antes eu não entendi como ele poderia me fazer uma pergunta assim, se ele mal se aceitava.

"Porque eu coloco outra pessoa em primeiro lugar. Alguém que é mais importante para mim do que tudo que eu tenho, tudo mesmo." Disse ele, fixando seus olhos nos meus, que agora se perdiam na imensidade razão que a expressão do ruivo trazia pra mim.

"E quem é? A Rose?" Perguntei, ela óbvio, ela era a irmã dele. A irmã.

"Você, Lily. Só você."


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Notas finais do capítulo

Hugo + Lily?