Apolo poderia ter perdido o controle da situação, estava lá, o clone em forma feminina de seu pai, Atena, a deusa da sabedoria e da guerra defensiva olhava e sorria para Percy. O deus sol respirou fundo, tinha que inventar uma desculpa rápido e tirar a criança dali mais rápido ainda, ele não tinha culpa de nascer e Atena não poderia decidir por si só mata-lo.

– Olá, jovem semideus... – Respondeu Atena em tom formal

Apolo se aproximou de Percy e assumiu uma postura defensiva, Atena percebeu e sorriu.

– Não se preocupe Apolo, estou aqui para conhecer a criança de Héstia! –

Apolo relaxou, assim como Ártemis que observava a distância. As coisas eram melhores do que pareciam.

– Você é Atena, a deusa grega da guerra? – Perguntou Percy sorrindo

Atena se agaixou e ficou da mesma altura que Percy, ela olhou no fundo dos olhos dele e sorriu.

– Sou sim, sua tia Atena... – Ela passou a mãos nos cabelos de Percy – Espero que possamos ser amigos! –

Percy abriu um sorriso de orelha a orelha e abraçou a deusa da sabedoria, o que diga-se de passagem, não era muito sábio. Atena não ficou com raiva, apenas surpresa, ela também o abraçou e continuou bagunçando os cabelos castanhos da criança.

Apolo quase teve um ataque do coração quando Percy abraçou sua meia-irmã! Atena não gostava de abraços quentinhos...

E os abraços de Percy... Bem, ele era filho da deusa do lar, ou seja, deveria ser a mesma sensação de chegar em casa depois de um longo dia de trabalho. Atena sorria, para ela deveria ser bom, não é todo semideus ou deus que têm a coragem necessária para trocar algumas palavras com a deusa.

– Então Atena, faz o que aqui? – Perguntou Apolo

A deusa conseguiu se livrar do abraço da criança e olhou para seu irmão.

– Vim ver se os boatos eram verdadeiros! – Ela riu – Um filho de uma deusa virgem... É impressionante... –

– Curiosidade de sempre... – Apolo riu

Atena balançou positivamente a cabeça e viu Percy encarando os dois.

– Então ele vai ser criado por Ártemis? – Perguntou Atena

Apolo fez cara feia e olhou para a pequena criança. Ele achava que ninguém no mundo tinha que ter o castigo de ser criado por sua irmã.

– Acho que eu vou aparecer de vez em quando... Não posso deixar ele ser criado como um escravo das caçadoras! – Apolo riu

Atena se aproximou de Percy.

– Também acho isso... Ártemis é ótima de seu jeito, mas todos precisamos ajudar Héstia... – Ela se ajoelhou ao nível de Percy – Criança, seu futuro ainda é incerto, mas com toda certeza é um dos jovens com maior potencial... Dou-lhe o dom da sabedoria! Precisará ser sábio para os desafios que têm pela frente! –

Ele não se sentiu diferente, Percy não entendia muito bem sobre os dons que os deuses poderiam dar aos mortais.

Apolo sorriu, sua irmã parecia até um pouco mais humana. Foi aí que ele percebeu a mudança nos olhos de Percy, antes uma mistura de verde-água com um pequeno círculo vermelho ao redor, agora estavam um pouco mais platinados, mais puxados para o azul. Aquela criança poderia ter um dom estranho.

– Agora me despeço meu sobrinho, viva e treine para se tornar um grande herói! –

Percy sorriu e se despediu de Atena, quando ela virou uma grande bola de luz cinzenta e desapareceu.

Quando a deusa da sabedoria foi embora, Ártemis se aproximou dos dois garotos que mexiam com ela.

– Arty? – Percy perguntou assustado

A deusa forçou um sorriso e foi até seu irmão com a cara mais fechada do que tempestade.

– Como ousa tirá-lo de mim e não me avisar antes? Ou pedir permissão? – Ela gritou – Não sabe quanto tempo eu levei tentando localizar vocês dois? – Ela ficou vermelha – E se Atena não fosse tão legal? –

Ártemis estava furiosa com o irmão, e Apolo sorria feito um bobo. Percy segurou o riso também, mas Ártemis até parecia a mãe do garoto.

– Arty... Você se importando com um garoto? – Perguntou Apolo

Foi aí que Ártemis caiu na real, ela estava como a mãe dela, Leto, a deusa da maternidade, preocupada com os filhos, com raiva de quem lhes fizesse mal.

– Não... – Ela se acalmou – Héstia me mataria se algo acontecesse com a criança... –

Apolo sorriu.

– Claro... Mamãe. – Ele começou a gargalhar

Ártemis resolveu não responder, ela foi até Percy e certificou que ele estava bem.

– Então... Percy, vamos voltar para o acampamento? – Ela perguntou

Percy sorriu e foi até Apol, abraçou o deus e se despediu. Apolo lhe entregou o arco e pediu pra que ele praticasse, após isso, ele foi até Ártemis e os dois desapareceram em um clarão prateado.

Quando chegou ao acampamento, as caçadoras procuravam Ártemis incessantemente. Phoebe foi a primeira a perceber que os dois estavam juntos, e foi correndo ver se a deusa e o garoto estavam bem.

Ártemis sorriu ao ver as caçadoras, e se reuniu a elas. Phoebe ficou com Percy, conversando sobre o que tinha acontecido. Foi quando Zöe percebeu que Percy agora carregava um arco, foi até ele.

– De quem roubou este arco? – Ela perguntou

Percy a olhou e não respondeu.

– Responda! – Disse a caçadora em tom ameaçador

Percy deu alguns passos para trás e viu Phoebe e Alpha se colocarem entre ele e Zöe.

– Zöe, ele ganhou este arco de Apolo! – Argumentou Phoebe

Alpha abriu a boca e mostrava os dentes para a caçadora.

– Porque Apolo daria um arco a um garoto que não têm a capacidade de atirar? – Ela riu

Algumas caçadoras riram junto, e Percy ficou tenso. Ele podia ser a pessoa mais calma do mundo, mas realmente não gostava quando riam dele.

– Zöe, o que faz de você tão especial? O que faz das caçadoras especiais? – Percy perguntou falando incrivelmente bem.

Zöe se surpreendeu com a pergunta.

– Somos imortais, e somos melhores do que os homens! –

Ártemis foi para perto ouvir a resposta da criança.

– Podem ser imortais! Mas não são os deuses! E qual seu argumento para ser melhor do que os homens? Sabe que quem governa o Olimpo é um homem? Quem governa os mares é um homem? – Ele perguntou – Há a igualdade entre os gêneros, há habilidades em que as mulheres são melhores, e há outras em que os homens são melhores... –

Phoebe ficou com a boca aberta com a resposta da criança.

Zöe foi mais rápical e puxou seu arco, Percy a encarou mas não se mexeu.

Ártemis, mesmo estando com raiva da criança por causa de sua resposta, compreendia que fora a sua caçadora que o provocou.

– Como ousa falar assim? Você está com as caçadoras! – Ela gritou – Eu deveria lhe meter uma flecha no pescoço e acabar com essa brincadeira! –

Percy riu.

– E matar uma criança? Zöe, vocês não deusas, Ártemis que é... Não quero lhe desrespeitar, mas só vou sair daqui quando Ártemis mandar, estou aos cuidados e as ordens dela! -

Ártemis foi até os dois.

– Zöe pare, Percy também! Semideus, peço que não diga mentiras sobre igualdade de gênero perto de minhas caçadoras, irei tolerar esse erro seu! Mas no próximo, espero que goste da vida como um esquilo! –

Zöe sorriu vitoriosa e Percy fechou a cara, ele não podia falar o que pensava.

E assim, o tempo passou, em pouco tempo, as caçadoras se acostumaram com a presença do jovem semideus entre elas. Algumas até gostavam, e entre muitas brincadeiras, bronca da tenente de Ártemis, e sessões de treinamentos com a deusa, Percy cresceu.

Até que ele chegou aos sete anos de idade! Tempo em que os primeiros testes da vida do filho de Héstia começariam.

Ele tinha que estar pronto.