Armando’s P.O.V

— Pera aí, Armando! Deixa-me ver se entendi, você acabou se apaixonando por ela e ela por você? – parecia que Isa não acreditava no que eu tinha acabado de dizer.

— Sim! E isso mesmo que você entendeu, Isa – confirmei. – Nós nos apaixonamos e começamos a namorar até que o Miguel descobriu e fez da vida de Lara um inferno sequestrando-a e torturando-a. – Meus olhos lacrimejaram ao recordar a triste circunstância em que encontrei minha amada Lara presa naquele castelo com aquele demônio. – E depois disso, ela se matou, pois achava que fazendo isso eu e Miguel íamos parar de brigar por seu amor e voltar a ser amigos.

— Aí Armando, eu sinto muito por você, eu não sei nem o que te dizer agora. – lamentou Isa.

— Não precisa dizer nada, Isa.

— Mas agora me explica o que a Stephanie tem haver com essa história toda, porque você só fica enrolando a história e não termina. – a impaciência já tomava conta de Isa.

— Depois disso tudo, teve uma nova reunião do conselho em que eles iam escolher uma nova esposa e para fazer isso eles usaram uma bruxa, que supostamente previu que a mulher que disseram ser perfeita para Miguel nasceria dali a 507 anos, ou seja, essa mulher iria nascer no ano de 1989. – expliquei a ela.

— Armando, me diz que essa mulher não é quem eu estou pensando que é – pediu.

— É ela mesma. A Stephanie – confirmei.

Isa estava estupefata com essa revelação. Mas tenho que confessar que até eu ficaria surpreso com isso. Ela deveria estar pensando em como sua querida prima reagiria se talvez, algum dia, descobrisse que ela, sua maior confidente, estava junto com seus pais e eu escondendo o maior segredo de sua vida, que nem mesmo ela sabia que existia.

Stephanie não era o tipo de pessoa que tem o costume de contar mentiras e guardar seus segredos para si mesma.

— Meu Deus, Armando! – A Stephanie está envolvida nisso tudo? – perguntou.

— Sim, e durante todos esses anos, ele esteve atrás dela e eu fiquei encarregado pelo conselho de protegê-la dele – expliquei a Isa – E agora ele está volta e não tem mais como esconder a Stephanie.

Virei-me e avistei a grande caixa branca com as dobradiças e a fechadura na cor dourada que estava enrolada em um lençol branco, logo levantei para pegá-la e começar a mostrar para Isa, as cartas e os presentes que Miguel enviou à Stephanie.

— Armando, esse cara é um psicopata! – deu pra ver como Isa se chocou com o conteúdo da caixa.

— Agora você sabe os meus motivos para manter isso em segredo – disse a ela – E aquele vulto que a Stephanie viu na janela, provavelmente é coisa dele – expliquei.

— Me esclarece uma coisa, Armando, o que foi que ele fez pra fazer o conselho te pedir para proteger a Stephanie? – perguntou.

— Ele matou o próprio pai, também matou metade do conselho, incluindo a mãe de Lara, e algumas pessoas inocentes – respondi – E agora que você sabe tudo, eu espero que você guarde esse segredo, por enquanto! – pedi.

— Ok, Armando! Mas você sabe que a Stephanie vai descobrir sobre isso cedo ou tarde – advertiu.

— Eu sei, mas tenho que correr esse risco.

                             Stephanie’s P.O.V

Depois de conversar com Isa fui para o meu quarto, mas chegando perto da escada – nossa única fonte de acesso para o segundo andar – recordei-me do outro buquê de flores que recebi, além da carta e do balão que estavam juntos as pétalas e assim recorri o caminho todo até a porta para pegá-los; contra a vontade de minha consciência mandona que dizia-me para não pegá-los para meu próprio bem, porém mesmo assim fui.

Logo depois, quando já estava com a carta em mãos, a virei para ver o remetente. Porém a única informação sobre seu dono era a presença de um grande “M” escrito. Com cuidado, abri o belo envelope em que a carta estava embrulhada e puxei-a para começar a ler:

“Querida Stephanie,

Estou ansioso para revê-la e saber o quanto você mudou desde a última vez em nos vimos. Chegarei em breve.

M”.

Quem será esse tal de “M”? A Tia Maria não deve ser, pois ela não possui o costume de escrever cartas, além de ter sido um homem que a escreveu. Mas o que me chamou mais a atenção foi a letra de quem a escreveu, parece aquelas letras que se vê em documentos do século dezenove, logicamente, é uma pessoa muito antiquada, ou como diria Isa, vintage. O estranho é que essa pessoa parece me conhecer, mas não consigo me recordar de conhecer alguém cujo nome começa com a letra “M”, talvez, possa ser um antigo conhecido dos meus pais.

— Amor! Você está aí? – Enrique estava à minha procura.

— Eu estou perto da escada, Enrique! – respondi.

Enrique me pegou desprevenida enquanto eu estava guardando a carta dentro do envelope e depositou um beijo em meus lábios. Como sempre, Enrique tinha o poder de fazer as minhas bochechas corarem e meus pelos se eriçarem com o leve toque de seus dedos em minha nuca despida.

— Sabia que você é a mulher mais linda que eu conheço? – dizia Enrique enquanto suas mãos, que estavam em minha nuca, subiam até as maçãs do rosto acariciando-as levemente.

— Sabia que você é o melhor namorado desse mundo? – o respondi com outra pergunta.

— Mas é claro que eu sabia, Amor – disse todo convencido – Que envelope é esse na sua mão? – perguntou.

— Foi uma carta que eu recebi hoje de manhã junto das flores e do balão – expliquei.

— Ah! O tal do admirador secreto, né? – do jeito que Enrique pronunciava essas últimas palavras parecia que estava morrendo de ciúmes.

— Não foi nenhum admirador secreto – Enrique aparentava ter tirado um peso das costas na hora em que falei isso.

— Graças a Deus! – ele levantava as mãos aos céus em agradecimento – Peraí, se não é do tal admirador, de quem é? – perguntou.

— Na carta, está escrito “M” – respondi – E não é “M” de Maria – logo completei referindo-me a Tia Maria, sabendo que era isso que ele ia falar.

— Quem será que poderia ser?

— Não sei. A única coisa que sei dizer é que essa pessoa com certeza me conhece – respondi.

— Então, já que nem eu e nem você sabemos quem mandou essa carta, nós podíamos deixar isso para mais tarde e subir pro seu quarto, pois temos várias “coisas” para fazer – pela piscadela e pelo enfatizar da palavra “coisas”, Enrique estava pensando em algo mais.

— Concordo com você, Amor, temos várias coisas para fazer – dei um sorrisinho malicioso para Enrique.

Enrique pegou-me no colo, subiu as escadas e fomos em direção a meu quarto.

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— Stephanie? Enrique? Vocês estão aí em cima? – Sol gritou ao pé da escada.

— Estamos! – confirmei – Por quê?

— Tem uma surpresa aqui pra vocês – ela estava ansiosa para revelar a surpresa.

— Surpresa? – questionou Enrique.

— É Enrique, uma surpresa – exaltou Sol.

— Vamos descer, Amor? – perguntei - Eu estou curiosa pra saber o que é.

— Ok! – respondeu.

Saímos do quarto e fomos na direção da escada e logo começamos a descê-la, até que antes que pudéssemos terminar de descer os degraus, meu olhar encontrou-se com o olhar de uma mulher loira, de olhos castanhos, muito bonita, que aparentava pelo menos uns 40 e poucos anos e que ao seu redor possuía três bagagens: duas grandes e uma pequena.

— Tia Maria?!

Eu não conseguia acreditar que ela, minha tia querida, estava na minha frente, pois a última vez que a vi foi há pelo menos 5 meses atrás antes dela começar sua volta ao mundo junto do novo namorado. Pulei alguns degraus da escada para chegar rapidamente aonde ela estava e lhe dar um abraço apertado.

— Teph! Enrique! Como vocês estão, meus queridos? – perguntou Tia Maria depois de nos ver chegando ao hall de entrada da casa.

— Estamos bem, Tia – respondi pelos dois – E a senhora e o Lorenzo? – perguntei referindo-me a seu namorado.

— Eu estou muito bem, obrigada por perguntar – respondeu com um sorriso no rosto – Ele, eu já não sei, pois terminamos há 3 meses – disse com um ar de desdém.

— Ah, eu sinto muito, Tia! – disse com um som de lamentação em minha voz.

— Não sinta, Teph! Ele era um cafajeste, ainda bem que eu me livrei dele – expressou Tia Maria com seu característico bom humor de sempre.

Continuamos a conversar até que minha mãe nos chamou para a sala de jantar aonde conversamos mais um pouco sobre os países da Europa que Tia Maria visitou, rimos e nos fascinamos com suas histórias mirabolantes. Passamos um bom tempo fazendo isso, até que todos foram dormir, incluindo Tia Maria, Enrique e eu.

O dia seguinte passou como um flash e foi muito corrido, eu só via Armando e minha mãe de um lado para o outro como se tivessem planejando algo. Eu, meus irmãos, Isa, Alex e Enrique passamos o dia fora indo a várias lojas de fantasias para escolhermos uma para a comemoração do meu aniversário na Safe Club.

Chegamos em casa à noite mortos de cansaço, cada um foi para seu quarto dormir, pois o dia seguinte iria ser longo, cansativo e ao mesmo tempo divertido, mas como eu sou um tipo de pessoa ansiosa com datas importantes fiquei acordada mais um pouco, porque se eu me conheço bem sei que só iria me acalmar escrevendo em meu diário e foi o que fiz até que os relógios começassem a dar as 12 badaladas sinalizando as 00:00h do dia 29 de Outubro de 2014: o dia do meu aniversário.