O amor de Atena escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 6
Capítulo 6 - Conexão




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Capítulo 6 - Conexão

– Seiya...? – Shun o chamou.

Depois da saída de Celeste no dia anterior, o cavaleiro ficava constantemente mergulhado em seus próprios pensamentos enquanto percorriam mais uma boa parte do santuário. Seus olhos castanhos que fitavam as paredes de pedra do caminho a sua frente não as estavam realmente vendo. A voz de Shun chegou a sua mente como um eco e então voltou a si.

– Você está bem?

Ele apenas suspirou. Haviam descansado, enfrentado mais alguns soldados e estavam procurando novos caminhos pelo santuário. Agora tinham uma aliada, que aparecera muito estranhamente e o fato dela ser só uma criança era mais estranho ainda, mas a mensagem de Saori para ele, aquelas palavras... Não tinham dúvida de que realmente vinham dela. Decidira confiar na pequena ninfa e agora sabia que ao menos por hora Saori e Aimi estavam bem, mas até quando poderiam se manter assim. Seiya tivera quase certeza de que ao chegar ali Saori se entregaria em sacrifício e encontraria uma forma de proteger Aimi. Era assim que sempre acontecia quando lutavam contra os deuses, por que dessa vez estava diferente? Zeus estava brincando com eles antes de se erguer em fúria?

– Por que, Shun...? – Ele perguntou chamando a atenção dos outros – Por que ela continua querendo se sacrificar? Por que eu devo levar só Aimi? Eu vim aqui buscar as duas. Saori sabe que nós viemos lutar por ela e que nós podemos dar um jeito nas coisas...

– Eu acho que ela sabe disso, Seiya. Talvez no fundo de seu coração ela até deseje que nós a tiremos daqui, mas ela guarda um amor muito forte pelos seres vivos, os humanos e a Terra.

– Shun tem razão – Ikki disse – Por mais que Atena confie em nós e saiba que lutaremos por ela até o fim com todas as nossas forças, ela jamais ficaria de braços cruzados enquanto seus cavaleiros estão lutando.

– É verdade – Shiryu falou – Assim é Atena, a deusa do amor e da justiça. Ela nunca se entregaria nem deixaria os outros lutarem e sofrerem sozinhos em seu lugar.

– Isso, Seiya. Tem que continuar em frente. Nós não temos ideia do que Saori vai fazer, mas das outras vezes, em todas elas nós não tínhamos e continuamos lutando – Hyoga lhe disse.

– E no final sempre conseguiram dar um jeito nas coisas, não importando o quanto parecessem estar perto da morte – Shaina lembrou.

– Seiya... – Marin o chamou – Saori sabe o quanto você a ama e o quanto você também ama Aimi. Ela nunca duvidou de você e tenho certeza que continua fazendo isso agora. Sabemos que está muito mais preocupado e confuso dessa vez, mas não deixe isso dominar você.

– Vocês estão certos... – ele falou após um tempo – O problema é que eu não aguento vê-la se machucando ou chorando. Mas ela nunca vai mudar, sempre vai querer nos proteger e defender a Terra, mesmo que arrisque sua vida. Não importa o que esteja acontecendo, eu vou encontra-la, vamos acabar com isso e levar ela e Aimi pra casa! Se pudermos encontrar aquele caminho cheio de água que vimos quando lutamos com Artemis... Talvez possamos alcançar Atena.

– Mas Seiya... – Shiryu chamou – Você ouviu Celeste dizer que você só pode encontrar aquele lugar com ajuda dos deuses.

– E é exatamente isso que pretendo fazer. Vamos procurar aqueles gêmeos dourados e dar um jeito de nos mandarem pra lá, nem que tenhamos que lutar contra o próprio Zeus.

******

– Quero ver papai – Aimi falou chateada enquanto brincava no chão.

– Eu sei, querida. Eu também quero, mas ele não está aqui agora.

– Não?

– Não.

– Por que, mamãe?

– Aimi... Ele está um pouco longe de nós. Ele está caminhando, por isso vai demorar um pouco, mas quando ele chegar poderá ir pra casa.

– E você, mamãe? Não vai?

Saori ficou em silêncio encarando os olhos azuis da menina. Sabia que apesar de sua grande esperteza e de já ter uma boa habilidade para falar, Aimi tinha pouca noção do que estava acontecendo, porém ainda assim não conseguia mentir pra ela, mas também não queria ferir seu jovem coração.

– Mamãe?

A olhou de novo, voltando à realidade, e levantou-se de sua cama, indo se sentar no chão com a filha, lhe dando um sorriso.

– Não vamos pensar nisso agora, logo papai chegará e poderemos vê-lo. Por enquanto vamos brincar.

Ela aceitou, retribuindo o sorriso da mãe, quando Saori a colocou em seu colo e lhe fez cócegas, arrancando gargalhadas da garota. A deusa não conseguia, por mais que quisesse, afastar a dor e preocupação de seu coração, o futuro que estava vendo a estava matando por dentro, mas não faria Aimi pagar por isso e não deixou o sorriso em seu rosto se abalar. Apesar de sua dor, seu sorriso era verdadeiro. Brincou com a filha por longos minutos. Aimi corria em alegria pelo quarto. Ela estava correndo com muito mais firmeza. O tempo não passava diferente ali dentro, mas na falta de outras coisas para fazer, a menina ficava andando e correndo por todos os lados boa parte do dia, o que a estava dando um bom treinamento. Saori se derretia ao ver seu rápido progresso e lhe doía saber que provavelmente não veria a filha crescer em seus próximos anos.

– Aimi... – chamou-a, vendo a atenção da pequena ser atraída pelo piso dourado do quarto.

– Tem um espelho.

– No chão?

– Sim.

Saori riu e sentou-se ao lado dela, vendo-se refletida no piso brilhante junto com Aimi e percebendo novamente o quanto eram parecidas, apesar dos cabelos serem escuros como os de Seiya e Aimi ter um olhar muito parecido com o dele. Quando ficava chateada com alguma coisa ela fazia exatamente a mesma cara de chateado de Seiya, mas quando sorria se parecia muito com Saori.

– Você já brincou muito por hoje, o que acha de tomar banho agora querida? – Perguntou, abaixando-se para beijar o rostinho dela e abraça-la.

Aimi emitiu um gritinho de felicidade. Ela não gostava exatamente do banho, mas adorava brincar com água. Saori morreu de rir e a levou para a cama enquanto escolhia uma das roupinhas do báu. Encheu a banheira e promoveu uma guerra de jogar água junto com Aimi enquanto lhe dava banho. Era incrível como a garota conseguia deixa-la feliz, apesar de tudo que estava acontecendo. Após tomar banho também, enquanto secava seu longo cabelo, Aimi, que estava no berço, fez menção de chorar e ela sabia que era fome. Fazia parte do cronograma diário da pequena pedir para ser alimentada após tomar banho no meio do dia.

– Não chore, venha.

Saori a tirou do berço e sentou-se com ela na cama. Segundos depois escutou a porta atrás de si se abrir e ouviu a voz de Ignis vindo lá de fora.

– Você foi a única que encontrei por perto, sua mãe e as outras estão cumprindo ordens do senhor Zeus. Ele confiou essa tarefa a você, não demore.

Uma criança de vestido azul claro entrou pela porta, carregando comida, leite e água. A porta se fechou atrás dela e com algum esforço caminhou até a mesa e deixou o que carregava lá. Após cumprir sua tarefa, olhou apreensiva para a porta e depois na direção de Saori, sem saber o que falar.

– Celeste?

– Saori...

– Venha até aqui...

– Aimi... Está...?

– Não precisa se sentir embaraçada, venha – a deusa lhe disse com um doce sorriso.

A menina se aproximou, atenta à hipnotizante cor azul dos olhos de Saori. Quando finalmente chegou ao seu lado, olhou para Aimi, vendo a bebê mamar calmamente. Os olhinhos curiosos se voltaram para a visitante e novamente para sua mãe. Ela tinha lindos olhos azuis, iguais aos de Saori, como Seiya dissera.

– Ela gostou de você.

– Como sabe?

– Ela teria feito uma careta se não tivesse gostado, mesmo que esteja com a boca ocupada. A cara de zangada dela é igualzinha a de Seiya – riu ao se lembrar mais uma vez – Você também é muito bonita.

– Obrigada – ela respondeu timidamente – Aimi fala? E anda?

– Sim, ela já pode falar. Não perfeitamente, mas já fala bastante. Ela também já pode andar. Antes de você chegar ela estava correndo por todo lado. Creio que você poderá ver isso se vier me ver novamente. Ela sempre sente fome depois de tomar banho.

– Ouvi aquele Astrapih dizer algo horrível hoje de manhã.

– E o que foi?

– Ele disse que Aimi é um pecado e que mancha a honra dos deuses. Que Zeus é muito bondoso por aceita-la como neta.

Saori suspirou. Apesar de tudo não conseguia odiá-lo por isso. Astrapih era um guerreiro muito forte e ela não acreditava que fosse inteiramente mau, só estava perdido, afogado no grande poder que recebera de Zeus.

– Ele não sabe o que diz, não dê ouvidos a isso.

– Mas por que ele acha isso?

– Há muitas coisas que ainda estão além do seu entendimento. Com o tempo você entenderá o que ele quis dizer. Mas em outras palavras, ele me condenou porque os deuses não queriam que eu tivesse filhos.

– Por que não? Aimi é adorável!

– É algo que você saberá um dia. E sim, ela é... Mas nem todos os seres que existem, Celeste, divinos ou não, se deixam comover por uma criança. Há corações que tomam os caminhos errados e se perdem, então perdem a noção do que realmente é importante. Mas não devemos nos deixar abater por isso. Apesar de todas as coisas ruins a nossa volta, ainda podemos ser felizes, e é por isso que nunca devemos nos entregar. Você deve lutar pelo que acredita, mas sem passar por cima de ninguém, e deve sempre lutar pelo amor e a justiça. Por mais que tentem nos oprimir, nós sempre podemos nos levantar e deixar algo de bom para o mundo. É o que meus cavaleiros sempre fizeram.

– Seiya também sente sua falta.

– Você viu o Seiya?!

– Sim, eu contei tudo a ele. Ele não disse quase nada porque estava muito nervoso, mas os olhos dele brilharam quando eu contei o que você me pediu. Ele pareceu se encher de esperança quando eu disse que vocês estavam bem, mas ficou arrasado quando falei sobre Aimi. Ele quer levar vocês duas.

– Eu sei... Ele sempre quer e sempre consegue. Mas nunca sabemos o que pode acontecer.

– Vi nos olhos dele que também te ama muito, por que não quer ir com ele? Você também gosta muito dele.

– Eu quero... Mas eu não posso. Pra dar um passo à frente você precisa deixar algo para trás. Alguma coisa tem que ser sacrificada para acabar com essa guerra.

– Você não está pensando em...

– Não se aflija com isso. Confie em Seiya e nos outros cavaleiros. Eles sempre conseguem dar um jeito nas coisas, não importa o quão derrotados eles pareçam. Tenho certeza que em algum momento o santuário voltará a ficar em paz e você as outras ninfas poderão viver tranquilamente.

– Saori...

Ela não pode continuar, pois a o som da porta se abrindo a fez levantar-se e se afastar da cama imediatamente. Ignis entrou e olhou para Celeste.

– Por que demorou? Algum problema, Atena? Celeste a incomodou enquanto alimenta o bebê?

– Não – a deusa lhe respondeu com um sorriso – De forma alguma ela me incomodou. Só queria ver Aimi mais de perto e eu não vi nenhum problema nisso. E muito obrigada pelo que me trouxeram.

– Vamos logo – chamou a criança.

Celeste trocou um último olhar com Saori e seguiu Ignis para fora do quarto.

– Não se aproxime demais de Atena, entendeu? Ela não é uma hóspede. Até que aceite as condições do senhor Zeus ela é uma prisioneira.

A garota assentiu fingidamente com a cabeça e acompanhou Ignis quando ela a levava para fora.

– Ignis!

Ela correu ao encontro de Zeus, ajoelhando-se quando chegou.

– Onde está Astrapih?

– Está observando os arredores.

– Algum problema com Celeste?

– Não exatamente, meu pai. Ela apenas demonstra uma afeição pelo bebê e Atena. Não acha isso estranho? E por que confia tão cegamente numa ninfa criança? Há algo sobre ela que não sabemos?

– Celeste tem se apresentado como uma boa ninfa e devem ser ensinadas desde pequenas. Bom... Você pode estar certa... Mas ambas são crianças e a pequena ninfa não tem muito com quem brincar. Com tudo que vem acontecendo estamos vivendo dias perturbadores. E minha neta é linda, apesar de ter nascido do pecado de Atena e de ser filha daquele cavaleiro. É natural que qualquer um se encante com sua beleza, ainda mais outra criança. Não se importe com isso, mas preste atenção caso algo mais aconteça.

– Sim, senhor.


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Notas finais do capítulo

Um antigo conselho de pediatra. Se vocês tem filhos pequenos (bebês ou crianças) deem banho neles até o meio dia e com água morna, quase fria. Isso evita que adoeçam com tanta facilidade. A menos que muito necessário, após o meio dia é recomendável, como dizem os antigos, o banho de gato.

Esse é um velho conselho de muitos anos atrás. Pode parecer loucura, mas deu certo.



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