O amor de Atena escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 4
Capítulo 4 - Uma aliada dos céus




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Capítulo 4 – Uma aliada dos céus

Ignis abriu a porta do quarto silenciosamente cedo pela manhã e deu alguns passos para dentro. Encontrou Saori adormecida na cama, abraçada cuidadosamente com Aimi, também dormindo.

– Por que não usou o berço...? – Perguntou baixinho para si mesma, se aproximando e olhando lá dentro.

Os lençóis do berço estavam bagunçados. A menina devia ter se agitado ou chorado e Saori a levara para a cama, onde acabaram adormecendo.

– Tragam logo e vamos embora.

Algumas ninfas descalças e usando vestidos de diversas cores em tom pastel adentraram o quarto, onde fizeram surgir uma mesa, na qual deixaram alimento, leite e água. Um delas, de cabelos castanho claros, que ondulavam até os ombros, e olhos castanho claros, que não parecia ter mais que sete anos, entrou atrás da mãe e aproveitou enquanto até mesmo Ignis estava distraída para se aproximar e olhar Saori e o bebê de perto.

Os bebês humanos são iguaizinhos a nós, mas... – Ela pensava – Se essa é mesmo Atena, então essa bebê também é uma deusa? Uma semideusa? Será mesmo verdade que é filha de Pegasu? Se for, entendo porque o senhor Zeus está tão preocupado em mantê-la sob controle. Se parece muito com Atena, mas esse cabelo de cor tão diferente... Deve ser de Pegasu. Ela é tão bonitinha... – A pequena ninfa sorriu e teve sua atenção atraída pelos longos cabelos lilás de Saori – E Atena é tão linda... Sinto um calor perto dela, um amor tão grande... Como podem estar com medo dela? Ela parece tão triste... Será que sente falta de Pegasu?

– Celeste! – Sua mãe tentou chamar o mais baixo que pode, conseguindo atrair a atenção da menina – Deixe-as, não vá acordá-las, principalmente o bebê. Seria uma grosseria com Atena.

Ela assentiu positivamente para a mãe, que tinha olhos e cabelos castanho escuros e vestia o mesmo tecido azul claro que a filha.

– Qual é o nome desse bebê?

– Atena a chama de Aimi – Ignis respondeu.

Celeste voltou sua atenção para as duas uma última vez e deixou ali uma das flores brancas que cresciam pelo santuário. Ouviu sua mãe a chamar mais uma vez e viu Ignis lhe dirigir um olhar irritado. Correu atrás da mãe imediatamente para deixar o lugar.

– É melhor eu ficar de olho nessa criança... – Ignis falou baixinho para si mesma quando fechou a porta.

Saori acordou alguns minutos depois, sentindo um perfume agradável. Piscou algumas vezes até sua visão tomar foco e olhou para baixo, vendo Aimi dormir. Ergueu-se se apoiando com o braço no colchão e estendeu a mão para pegar a flor branca na roupa de Aimi. A fitou por um tempo e olhou para a frente, vendo o alimento que haviam deixado.

– Quem deixou isso aqui? E por quê? Sinto uma doçura e pureza imensas emanando dessa flor. Quem mais entraria aqui além de Astrapih ou Ignis...

Improvisou um copo com água para manter a flor viva por mais tempo e a deixou na mesa. Voltou até Aimi e a viu sorrir em seu sono. Sorriu também. Da última vez que Saori a vira rindo enquanto dormia ela dera sinais de ter visto Seiya em seus sonhos, pois acordou chamando por ele.

– Você está sonhando com o papai...? Ah, querida... Esses podem ser nossos últimos dias juntas. Se estivéssemos em outro lugar, outras circunstâncias, e ele estivesse aqui com a gente... Tudo seria perfeito.

Seus olhos marejaram ao pensar em Seiya, o quanto queria estar com ele, beijá-lo, abraça-lo e dizer mil vezes o quanto era feliz por viver ao seu lado. Tinha certeza que ele tentaria segui-la, era louco por ela e pela filha. No fundo do seu coração desejava que ele o fizesse, que invadisse o santuário e derrotasse quem fosse para alcançá-las, mas não queria aquilo. Ele já sofrera tanto... Encontraria um jeito de lhe devolver Aimi e seguiria seu destino.

– Nem sinto vontade de me alimentar – dizia enquanto afagava a cabeça da filha – Mas você ainda precisa de leite. Logo estará se alimentando normalmente, eu queria ajudar você nisso, minha filha, mas vou deixar essa tarefa pra o seu pai... Mamãe ama você, mais do que qualquer coisa – beijou o rosto da menina e levantou-se – Não vá cair daí.

Tentando garantir que Aimi dormiria segura, pegou alguns lençóis e os enrolou, empilhando-os atrás das costas da garota para evitar que rolasse para o lado oposto. Quando teve certeza de que ela estava segura, caminhou até a mesa para se alimentar.

*****

– Aqui está... Vocês veem o que falamos? – Shaina perguntou quando chegaram aos arredores do santuário.

Era possível distinguir as formas, mas tudo estava envolto em névoa, como haviam sido alertados.

– Inimigos podem aparecer a qualquer momento. Há muitas ninfas de todos os tipos andando por aqui. Não se iludam com a aparência doce e inofensiva delas – Marin os avisou - Não usam armaduras, mas podem ser verdadeiros monstros. Os outros cavaleiros conseguiram derrotar umas poucas delas, mas se feriram bastante e se retiraram por enquanto.

Se entreolharam e adentraram o lugar com cautela, tentando enxergar alguma coisa com nitidez. Dentro de toda aquela barreira de névoa era possível ver um pouco melhor. Andaram alguns metros sem encontrarem ninguém.

– Pessoal, ao menos por hora fiquem perto. Não acho que convém nos separarmos sem uma boa exploração do território – Seiya lhes disse.

– Tem razão – Hyoga o respondeu – Se o santuário se fundiu mesmo ao Olimpo podemos estar lidando com uma ameaça muito pior.

– Estão ouvindo isso? – Shiryu alertou – Parecem passos.

– Tem alguém correndo descalço – Shun deduziu.

– Um som tão baixo? – Ikki tentou raciocinar – Parece uma criança.

– As ninfas andam descalças – Shaina os avisou.

Calaram-se novamente, tentando rastrear a origem do som e um possível inimigo. De repente, Seiya pensou ver uma alucinação, porque foi apenas um milésimo de segundo até desaparecer por entre a névoa novamente.

– Ikii...

– O que?

– Talvez você esteja certo. Havia uma criança ali – ele apontou numa direção onde era possível ver melhor.

– Mas não há ninguém.

– Mas eu vi! Uma menina de vestido azul claro. Por que ela me olhou tão atentamente e desapareceu?

– Não se deixe enganar, Seiya – Marin lhe falou.

– Essas ninfas podem causar alucinações?

– Seiya, você deve se focar. Acho que está tão preocupado com Saori e Aimi e tão confuso com essa névoa que está vendo coisas – Shiryu lhe disse.

– Mas a menina nem se parecia com uma delas – ele protestou – Acho que tinha uns seis, sete ou oito anos.

– Algumas delas podem causar alucinações, mas não é impossível haver uma criança entre elas. Ninfas também tem seus próprios filhos. Escutem, ninfas crianças são puras e praticamente impossíveis de se deixar corromper pelos deuses. Se entrarmos em combate e houver mesmo uma criança, poupem-na, mas saibam que as outras podem usá-la como escudo. Tenham cuidado.

******

“Estrelas! Oh, estrelas! Não percam esse brilho. Por favor, nunca o percam.”

– De onde vem esse som? Quem está cantando isso?

– Algum problema, Celeste?!

– Não, mamãe!

A pequena ninfa estava sentada num dos lugares altos do santuário. Sua mãe estava distante suficiente para não ouvi-la bem e não dera sinal algum de notar a canção que se espalhava no ar, parecendo vir de muito longe. Dali de cima podia ver tudo claramente, mesmo com toda aquela névoa jogada por Zeus.

– Quem está cantando? Será Atena? É a mesma canção e a mesma voz que ouvi da outra vez - ouviu a canção até o fim, era uma das mais lindas que já escutara.

– É tão bonita... Mas por que essa voz está tão triste? Aquele que vi hoje será mesmo Pegasu?

“Pegasu? Você disse, Pegasu?”

Ela pulou assustada e olhou em volta. Não havia ninguém. Olhou para sua mãe ao longe, ela continuava entretida observando os arredores, sem sinais de ter ouvido qualquer coisa.

– De onde vem essa voz? – Ela perguntou assustada.

“Quem é você, doce criança? Como pode me ouvir?”

– Essa voz... Você é Atena?!

“Fale comigo em seus pensamentos. Me diga quem você é. Por acaso foi você que nos trouxe uma flor?”

“Sim. Sou Celeste, uma ninfa do céu. Tenho só sete anos. Essa tensão no santuário e no Olimpo me deixa chateada.”

“A mim também. Me chame de Saori.”

“Você tem um nome? Achei que fosse simplesmente Atena.”

“Posso ser, mas apesar de ser a reencarnação de Atena, nasci como humana, como Saori.”

“Já ouvi tantas histórias sobre você e seus cavaleiros... Hoje cedo eu fui com minha mãe, outras ninfas e Ignis levar comida pra você. Você é tão linda e a sua bebê é tão bonita.”

“Obrigada – respondeu feliz – Aimi só tem dois anos, mas ficaria feliz em brincar com você. Escute, Celeste. Você falou sobre Pegasu. Você o viu no santuário?”

“Eu estava correndo atrás da minha mãe. Eu vi um grupo de pessoas com armaduras no meio da névoa, mas só um deles me viu e bem rápido. Tinha uma armadura clara e roupa vermelha, cabelo e olhos castanhos. Achei muito parecido com Aimi. Acho... Que os outros o chamaram de Seiya. Ele se virou pra eles quando ouvi esse nome. Ele é bem parecido com as descrições que já ouvi de Pegasu. É o pai de Aimi?”

“Sim... Seiya é o pai dela – Saori falou com tamanho carinho na voz que não passou despercebido à Celeste.”

“Sente falta dele?”

“Bastante. Mas não acho que voltaremos a nos ver. Eu só preciso encontrar um jeito de entregar Aimi a ele e tirá-los com segurança daqui.”

“Por que? Pelo que ouvi eles conversando ele te ama muito e você também. Ele veio buscar vocês, por que deixa-lo ir só com Aimi?”

“Ah, querida... Há muito que você não sabe. Eu levaria a eternidade contando a você tudo que já passamos e como realmente funciona a cabeça dos deuses. Talvez devamos mesmo nos separar. Talvez assim a Terra pare definitivamente de receber ameaças e Aimi e meus cavaleiros possam levar uma vida tranquila.”

“Eu não gosto dos deuses. Não entendo bem o mundo deles, mas parecem ser tão frios e idiotas. Todas as ninfas, até minha mãe, parecem ter medo de Zeus e obedecem tudo que ele manda. Você é a única deusa gentil que eu encontrei até hoje. Você é muito melhor do que aqueles gêmeos arrogantes que dizem que são irmãos mais velhos de Atena.”

“Obrigada - respondeu gentilmente e continuou - Está falando de Artemis e Apolo?”

“Sim. Eu já os vi no Olimpo uma vez, são muito chatos.”

“Eu tenho que concordar com você, apesar de serem meus irmãos.”

“Por que só eu posso te ouvir? Também ouvi quando você cantou da outra vez.”

“Como Atena, eu posso enviar mensagens telepáticas a meus aliados. Eu estava tentando acalmar a mim mesma e Aimi com a Canção de Atena, mas não espera que alguém a ouvisse. Se você me ouviu, isso significa que seu coração é puro e você não deseja esse caos no santuário. Você é alguém em quem eu posso confiar.”

“ Quer que eu diga alguma coisa a Pegasu?”

Um momento um tanto longo de silêncio se seguiu e Celeste achou ter sido deixada de lado.

“Saori?”

“Desculpe... Diga a Seiya... Que eu e Aimi o amamos muito, que nós estamos bem e Aimi está esperando por ele e que não devem se arriscar nisso tudo mais uma vez.”

“Ele vai ficar triste...”

“Eu sei... Mas eu vou ficar muito mais se eles se machucarem. Eu não desejo ver Seiya tão debilitado outra vez.”

“Ele já perdeu alguma batalha?”

“Não. Ele nunca perdeu. Nunca me decepcionou. Sempre me salvou arriscando a própria vida. Da última vez, há muitos anos, eu quase o perdi... Celeste, obrigada pela bela flor que nos trouxe e por falar comigo. Peço a você que mantenha nossa conversa em segredo e diga a Seiya e aos outros sobre nossa conversa e o que lhe pedi. Se tiver receio de se aproximar deles, fale com o cavaleiro de armadura rosa e cabelos verdes. Ele é muito gentil e calmo. Se chama Shun. Shun de Andrômeda.”

“Não se preocupe, eu farei do que jeito que você me pediu.”

“Muito obrigada.”

“Voltaremos a nos falar?”

“Sim.”

A garota não ouviu mais nada e fitou o céu, ainda era cedo. Olhou para onde estava sua mãe, ela havia saído. Aproveitaria a chance. O grupo não devia ter ido muito longe ainda.

– Não posso ser vista. Tenho que acha-los e ir pelos lugares mais enevoados de todos.


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