O amor de Atena escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 2
Capítulo 2 - A nova ameaça




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Capítulo 2 – A nova ameaça

– Shiryu! Quanto tempo! Me dá um abração de urso!

Shiryu abraçou o velho amigo quando entrou na casa e o olhou de forma engraçada.

– Seiya, faz pouquíssimos dias que nos vimos no aniversário de Aimi – ele riu – Bom dia, Saori – disse ao vê-la aparecer na sala.

– Bom dia, Shiryu. Espero que tenha ido bem de viagem.

– Sim, até que não foi tão cansativo – ele respondeu quanto tirou a caixa da armadura de dragão das costas e a deixou em um canto da sala - Olá! – Disse a Aimi que apareceu correndo na sala de entrada e agarrou-se na calça do cavaleiro de dragão para não cair.

– Shiryu.

O cavaleiro riu e pegou a garota no colo, recebendo um abraço caloroso dela, que envolveu os bracinhos em seu pescoço.

– Boa menina... É tão carinhosa quanto a mãe.

Saori soltou um risinho com o elogio e o convidou para se sentarem no sofá. Ele sentou-se de frente para o casal, ainda com Aimi no colo. Agora a menina brincava com seu longo cabelo. Ela gostava de fazer aquilo e o cavaleiro sempre se considerava sortudo por Aimi não ter o dom de emaranhar os fios.

– Aconteceu algo estranho por aqui?

– Seiya teve sonhos ruins. Ele sonhou com aquela noite...

– Ah... Entendo...

Um silêncio triste se abateu sobre o lugar por alguns segundos. Shiryu sabia o que ela queria dizer, e tanto para ele quanto para qualquer outro cavaleiro, e principalmente Seiya, apesar de a verem ali viva bem diante deles, lembrar daquela noite era como lhes cortar o coração. Percebendo o que se passava na cabeça dos dois, Saori interviu.

– Esqueçam isso. Afinal, pode ter sido apenas um pesadelo, não é incomum acontecer.

– Mas dessa vez foi muito pesado, Saori. Se eu sonhei isso e Shiryu está aqui, então deve ter algum significado. Se há uma nova ameaça precisamos saber logo.

– Seiya tem razão, por isso eu vim. Também tive sonhos estranhos... Em meus sonhos o santuário está coberto de escuridão, a Terra está um caos.

– E agora sem os cavaleiros de ouro o santuário estará muito mais desprotegido! – Seiya preocupou-se.

– Sim, eu me pergunto o que isso significa. Alertei Shunrey e os garotos a terem muito cuidado e não se afastarem demais nem chamarem atenção enquanto eu estou fora, mas se esses sonhos forem o futuro, se forem obra dos deuses...

– Mas nós já enfrentamos até Apolo – Seiya lembrou – Não lembramos do que aconteceu depois, mas enfrentamos. Já enfrentamos Ares, Poseidon, Hades, Artemis, Apolo... Quem mais iria querer nos ameaçar? Quem ainda ia querer tentar matar Saori depois de tudo que fizemos, depois de tantos anos?

– Os deuses não conhecem limites quando querem subjugar os outros, Seiya – ela lhe disse – O grande poder dos deuses deveria ser para a humanidade, para protegê-la e amá-la para sempre, apesar de seus muitos erros, mas todos nós sabemos que não é assim. Se vier outra ameaça, nós a enfrentaremos prontamente e protegeremos a Terra de novo. Minha única preocupação é que descubram sobre Aimi, porque certamente tentarão usar isso contra nós.

– Se uma ameaça se provar real eu acho conveniente nós deixarmos Aimi sobre os cuidados de Tatsumi bem longe daqui, na sua antiga casa, e partirmos ao santuário – Seiya falou, pensativo.

Batidas na porta interromperam a conversa.

– Deve ser um dos outros dois.

– Dois? – Shiryu perguntou – Faz um tempo que não falo com o Shun. Ikki sumiu de novo?

– Sim, está por aí – Saori lhe respondeu quando levantou-se para atender a porta.

Seiya fez menção de realizar a tarefa por ela, mas correu para segurar a mão de Aimi que pulou do colo de Shiryu e correu desenfreadamente atrás da mãe, curiosa com a movimentação. Shun e Hyoga entraram na casa, dando suas saudações e deixando suas armaduras junto da de dragão. Hyoga brincou um tempo com Aimi e em seguida ela correu para os braços de Shun. A ternura do cavaleiro lhe dava um grande jeito para encantar as crianças, e com Aimi não era diferente, ela se dava muito bem com todos os cavaleiros, conseguia divertir até mesmo Ikki, mas amava brincar com Shun.

– Onde foi Ikki?

– O Ikki está viajando. Logo ele virá visitar você – Shun disse à garota, sentando-se no sofá com ela no colo.

– Como estão as coisas por aqui? – Hyoga perguntou ao casal.

– Estão bem, Hyoga – Saori lhe disse, mas logo voltou ao foco – Você e Shun também sonharam coisas estranhas?

– Sim – os dois responderam juntos.

– O santuário estava coberto por escuridão e eu vi toda a Terra desaparecer debaixo da neve – Hyoga contou.

– Você também? Eu vi a água inundar todo o planeta e causar todo tipo de caos – Shun falou.

– Eu também vi o santuário neste estado e a Terra também estava sob ameaça – Shiryu lhes disse – Só o Seiya sonhou algo diferente.

– E o que foi, Seiya? – Hyoga lhes questionou.

– Aquela noite.

Os dois recém-chegados arregalaram os olhos, com certeza aquilo era um péssimo sinal.

– Shun, tem certeza que não sabe onde está o Ikki? – Seiya lhe perguntou – Ele tendo sonhado algo ou não, ele sempre está um passo a nossa frente, ele pode saber alguma coisa.

– Eu não sei, Seiya. Mas eu tenho certeza que Ikki vai chegar em algum momento, ele não nos deixaria numa situação dessas.

– Discutirmos isso agora não vai adiantar muita coisa. Ainda nem sabemos contra o que estamos lutando – Saori interviu – Vocês devem estar cansados da viagem e ainda é muito cedo. Não são nem sete e meia da manhã.

– É verdade – Seiya olhou o relógio – Vamos comer algo, o café já está esperando por nós há tempos.

– Tem certeza de que não foi um incômodo aparecermos tão cedo? – Hyoga perguntou.

– Não se preocupem com isso. Precisávamos nos encontrar o quanto antes, e estávamos todos com saudades um dos outros, mesmo que tenhamos nos visto há poucos dias no aniversário de Aimi – Saori falou – E se um dia vocês dois também forem pais verão que nos primeiros anos de vida de seus filhos dormir será um bônus – ela riu junto com Seiya e Shiryu.

– Ela tem razão – Shiryu confirmou.

– Mas nada vale mais a pena na vida, eu garanto – Seiya falou aproximando-se de Shun e afagando os cabelos curtos de Aimi.

Horas mais tarde Saori estava alimentando Aimi em seu quarto, enquanto os três visitantes conversavam na varanda.

– Então Tatsumi vai vir... Faz tanto tempo que não o vemos – Shun comentou.

– Sim, precisamos visitar o santuário e tentar prever alguma coisa. Saori disse que ele levará Aimi em segurança e cuidará dela até voltarmos.

– Tatsumi cuidando de um bebê – Shiryu emitiu uma risada – Ele deve ter ajudado o velho Mitsumasa a cuidar de Saori, deve saber o que fazer, mas seria engraçado vê-lo correndo atrás de Aimi.

– Sim – Shun também riu – Aimi é muito travessa quando quer.

– Igualzinha ao Seiya – o cavaleiro de cisne concluiu – Por falar nele... Aonde ele foi mesmo?

– Ele foi ao trabalho – Shun lhe disse – Disse que tentaria conseguir uma licença.

– Seiya sempre consegue o quer, logo ele volta com aquela cara de convencido dizendo que conseguiu – Shiryu falava quando silenciou de repente – Vocês ouviram isso?

– Isso o que? – Shun lhe perguntou.

– Alguma coisa... Lá de cima – ele olhou na direção do céu, que parecia tranquilo e completamente normal.

– Agora que você falou...

– De repente estou me sentindo observado – Hyoga disse.

Os três se viraram em direções diferentes, tentando captar algo, mas não viam nada. A certa distância puderam sentir o cosmo de Saori se elevar. Ela percebera alguma coisa? Dois raios dourados vieram dos céus e colidiram com o solo em algum lugar por perto.

– Droga! Eles já estão aqui! – Hyoga exclamou, atraindo a armadura de cisne, que rapidamente se prendeu a ele.

Os outros dois fizeram o mesmo e correram para dentro da casa na direção do quarto de Saori e Seiya. Ouviram um barulho, parecia algo ou alguém caindo. Não precisaram bater ou invadir o lugar, a porta se abriu violentamente e Saori passou correndo por ela, segurando firmemente Aimi em seus braços. A menina chorava assustada. Os três cavaleiros tomaram à sua frente e o que puderam ver de imediato foi a janela do quarto destruída e duas figuras de armaduras douradas os encarando. Era um casal, e pareciam gêmeos. Ambos tinham pele clara, chamativos olhos azuis e longos cabelo dourado. Suas armaduras reluziam como as dos cavaleiros de ouro, mas os desenhos e formatos eram bem diferentes, pareciam vir do céu.

– Como não os vimos chegar?! – Shiryu reclamou para si mesmo.

– Entreguem a deusa e a menina de bom grado e ninguém se machuca – a mulher falou.

– Quem são vocês?! – Hyoga questionou.

– É verdade, que falta de educação a nossa! – O homem falou – Eu sou Astrapih, o filho mais velho dos raios de Zeus.

– Eu sou Ignis, a filha mais nova dos raios de Zeus. Nós vamos levar a menina e a deusa e não só vocês como também a Terra serão poupados em nome do deus dos deuses.

– Está dizendo que o próprio Zeus tem interesse em Aimi?! – Shun ficou estarrecido.

– Eu me entregarei pela Terra de bom grado, mas não a minha filha! – Saori gritou de trás dos cavaleiros.

– Esta menina tem um poder grande demais para ficar solta por aí. Não finja que não percebeu, Atena! – Ignis lhe disse.

– O senhor Zeus a deseja sob sua vigilância, ele já foi muito benevolente esperando dois anos. E você também, virá conosco se quiser a Terra a salvo. Já irritou demais nosso pai desafiando e afrontando aos deuses com esses seus cavaleiros!

Por instinto Saori correu para a direção oposta, sumindo do campo de visão.

– Droga! Não deixa ela escapar com a criança! – Astrapih gritou.

Os cavaleiros a seguiram bem a tempo de evitar que ela fosse alcançada pelos invasores, mas foram golpeados e atirados longe. Saori olhava nervosa deles para a filha, que ela tentava acalmar. Agora estavam do lado de fora da casa.

– Não vamos deixar vocês levarem as duas! – Shiryu levantou-se.

– Somos cavaleiros de Atena – Hyoga falou ao se erguer.

– E vamos protegê-la!

– Nada, garoto! Nada, nos impedirá de levar essas duas hoje!

– Você fala demais!

Todos olharam para cima, vendo uma silhueta no topo das árvores.

– AVE FÊNIX!!

O fogo cortou o ar, atingindo em cheio os dois irmãos, que foram jogados no chão, e o cavaleiro de Fênix pisou em terra firme, encarando Shun.

– Ikki! Eu sabia que você ia chegar!

– Eu não deixaria de vir. O que realmente está acontecendo? O que são aqueles sonhos estranhos? Quem são vocês e quem é seu mestre?

– O deus dos deuses – Ignis falou com confiança.

– O que?! O próprio Zeus?! O que ele deseja de Atena?

Astrapih riu com desdém e levantou-se, encarando o cavaleiro de fênix.

– Vocês afrontaram muitos deuses e causaram muitas baixas do nosso lado, isso deixou o senhor Zeus muito irritado e ele acha que finalmente chegou a hora de pôr um freio em sua filha e evitar que esse bebê venha a cometer os mesmos erros no futuro distante.

– Os únicos que sairão daqui hoje são vocês.

– Não tenha tanta certeza – ele riu e desapareceu por um milésimo de segundo.

Ouviram um grito de Saori e Astrapih reapareceu segurando-a firme junto com Aimi.

– Faça essa criança parar de chorar, está ficando irritante! – Ignis reclamou.

– É tudo culpa sua! Ela está chorando com medo das caras feias de vocês! – A deusa respondeu.

– Quanto atrevimento! – Ele disse atirando as duas para o lado.

– SAORI!! – Shun disparou e conseguiu segurar as duas a tempo.

– Aproveite seus últimos momentos com ela enquanto acabamos com seus amigos, então chegará a sua vez, Andrômeda... Mas que barulho é esse?!

– METEORO DE PÉGASU!!!

O deus dourado bloqueou imediatamente o ataque e olhou a sua frente para conhecer seu agressor.

– Você é...!

– Seiya, o cavaleiro de pegasu – completou Ignis – O pai da criança. Se atrasou para a festinha, Pegasu. Achamos que nunca fosse chegar a tempo de ver sua mulher e sua filha pela última vez.

– Nem acreditamos que fosse mesmo verdade até chegarmos aqui e vermos com nossos próprios olhos... - Astrapih falou – Atena, a deusa que deveria ser eternamente virgem e pura, casada. E com um de seus cavaleiros, um mortal. E com uma filha! O senhor Zeus destruiria a Terra por isso, mas está disposto a perdoá-la, Atena, se você deixar a Terra e voltar para o lado dos deuses, onde esta menina será educada como um de nós para que não cometa os mesmos erros que você.

– Você fala demais... – Seiya disse sentindo seu sangue ferver de raiva – Você não vai tocar nenhum de seus dedos nelas!

Um combate pesado se iniciou, mas mesmo todo o poder dos cinco cavaleiros não parecia ser suficiente contra os deuses gêmeos.

– Você pode aproveitar sua família por dois bons anos, Pegasu – dizia baixinho o louro que media forças com ele – Você afrontou e derrotou os deuses, você se atreveu a superar os deuses! Zeus certamente perdoará seus pecados se tiver Atena de volta, e esse bebê.

Seiya viu um clarão e no segundo seguinte foi atirado para longe, batendo forte a cabeça, e vendo todos os seus amigos, até mesmo Ikki no chão. Sentiu algo frio por entre seus fios de cabelo e sabia que era sangue.

– Não! – Repetia para si mesmo – Saori... Aimi...

– CHEGA!!! PAREM COM ISSO!!! – Saori atravessou-se entre os gêmeos e seus cavaleiros.

– Ignis! Ele as quer vivas!

Diante do alerta do irmão, a deusa abaixou a mão com a qual ameaçava atacar.

– Se querem a mim não há porque causar tudo isso!! Eu irei! Eu irei com vocês, mas parem de atormentá-los!!

– Não... – Seiya estendeu a mão na direção da esposa – Saori...

– Muito bem. Um comportamento digno – Astrapih falou.

– Não! Não! – Seiya sussurrava par si mesmo, tentando se mexer sem sucesso.

– Mas não Aimi... – Saori falou, sem ter uma única resposta.

Seiya olhou em volta e viu os demais tentarem fazer o mesmo, mas pareciam presos ao chão. Saori virou-se para seus cavaleiros e colocou Aimi no chão. A menina continuava chorando e estendeu os braços para a mãe, aquilo cortou o coração de Saori em mil pedaços, mas lutou com todas as suas forças para não pegar a filha no colo de novo e abaixou-se a frente dela.

– Escute, querida – disse baixinho – Mamãe tem que fazer algo muito importante. Você ficará bem com o papai. Seja forte e nunca esqueça o quanto eu amo vocês dois.

Tomou o rostinho dela entre suas mãos e beijou sua testa, sentindo a garotinha agarrar sua cabeça. Aquilo fez Saori desabar e seus olhos se inundaram de lágrimas. Provavelmente não voltaria a ver Aimi. Se bem conhecia os deuses não veria mais ninguém, em pouco tempo perderia sua vida. Com relutância, fez a filha lhe soltar e levantou-se, ouvindo-a chorar mais alto. Suas próprias lágrimas correram por seu rosto e foram encontrar o chão quando ela virou-se na direção dos deuses gêmeos.

– Vamos agora, Atena, para nosso pai, Zeus – Astrapih disse ao aproximar-se de Saori.

Seiya viu uma luz dourada tomar conta do ambiente e Saori desapareceu junto com Astrapih depois de olhar para Aimi uma última vez.

Não chore, querida... – Seiya dizia em seus pensamentos – Eu vou trazê-la de volta, eu vou proteger vocês duas... EI!! PARE!!! – Gritava mentalmente ao ver Ignis, que ficara para trás, ajoelhar-se em frente a Aimi – DEIXE-A!!! – O cavaleiro tentava desesperadamente reagir, mas não conseguia mover um músculo.

– Como Atena tornou-se ingênua... E fraca. Ela sacrificou sua virgindade e teve um bebê, amou um mortal... Ela chora... Ela sofre... Me pergunto se ainda pode ser chamada de deusa. À vezes não entendo nosso pai. Foi muita tolice dela pensar que íamos deixar você para trás. São ordens diretas do Olimpo e vou levar você também – disse olhando para a criança e permanecendo um tempo em silêncio – Você é tão parecida com seu pai mortal, mas esses olhos... Iguaizinhos aos nossos... Até que você é bonitinha. Vamos logo, não temos mais tempo a perder – ela pegou a menina no colo e se levantou, olhando para cada um dos cavaleiros e parando em Seiya – Nunca mais verá sua família, Pegasu! Espero que tenha aproveitado esses dois anos. É uma pena que você esteja morrendo e nem possa mais ver sua filha pela última vez.

Seiya notou a luz dourada novamente e o choro de Aimi tornou-se cada vez mais distante, quando Ignis a levou embora. A visão do cavaleiro escureceu, até mergulhar na escuridão e silêncio totais.


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Notas finais do capítulo

Agradecimentos especiais a Jona, que me sugeriu criar dois novos ajudantes para Zeus, e a Claudio, que ajudou a organizar e concretizar a ideia e encontrou nomes para eles.



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