O amor de Atena escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 1
Capítulo 1 - Revivendo o passado




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Capítulo 1 – Revivendo o passado

Podia sentir o que estava prestes a se passar. Shaka havia morrido, não poderiam perde-la também! Estavam arrastando uns aos outros, mas caminhando com todas as suas forças, aquele sonho com ela não aprecia um bom sinal. O cavaleiro de Pegasu sentiu seu coração acelerado quase parar quando aconteceu e seus olhos se inundaram de lágrimas. Era tarde demais!

– NÃAAAAAAAAAAAAAO!!! – Gritou para o nada.

Foi difícil para os outros três manterem Seiya em seu perfeito estado de controle, ele se sentia destruído. Nunca tivera nada em sua vida realmente. As coisas que tinha de mais importantes eram seus amigos, sua irmã, que ainda não encontrara, e a pessoa que mais amava agora estava morta. Os quatro cavaleiros correram tão velozes o quanto podiam até chegarem ao lugar, já abandonado. Encontraram apenas muito sangue no chão e um punhal dourado ensanguentado. Nem o corpo dela estava ali. Seiya se ajoelhou diante do punhal e chorou. Sua mais forte razão para viver parecia ter se dissolvido.

– Pra que estamos aqui? – Ele falava entre soluços – Somos os cavaleiros que protegem a Atena. Eu... Eu não pude... – murmurou de cabeça baixa, apoiando as mãos no chão – Eu não pude fazer nada para proteger a Saori!

Fitava o punhal e o sangue no chão, sua mente tentava enganá-lo. Parecia que a qualquer segundo ela ia aparecer ali dizendo que estava tudo bem, mas não estava. O cavaleiro sentiu dor, as lágrimas vieram em maior quantidade aos seus olhos e pode vê-las pingar no chão. Não queria acreditar que aquele sangue era dela, se perguntava se ela havia sofrido. Shun, Hyoga e Shiryu também estavam mudos pela mesma dor de Seiya e apenas o observavam, embora soubessem que nenhum estava sofrendo mais que ele. Era evidente para qualquer um o quanto Seiya amava Saori desde que quase haviam morrido naquele abismo.

– Nada... – Seiya repetiu com a voz trêmula e segurou o punhal dourado.

– Seiya... – Shun abaixou-se ao lado do amigo quando seu choro se tornou compulsivo, tentando pensar em algo para dizer, mas as palavras não vinham em sua mente.

– Se... Nós... Tivéssemos mais tempo e mais força, talvez nós... – Shiryu tentava raciocinar.

– Já chega – Hyoga o cortou – Falar disso não vai nos ajudar em nada.

– Não pode ser... – Seiya conseguiu falar – Eu não consigo acreditar em como nós somos inúteis! Somos cavaleiros apenas de nome. Este... Este... – tentava falar olhando para o punhal ensanguentado, quase sem conseguir enxerga-lo por causa da água em seus olhos – Este punhal! – Levantou-se – Este punhal!! – Gritou, atirando o objeto longe.

Mas ao invés de desaparecer, o punhal colidiu com algo ou alguém.

– Por que estão chorando? – Disse uma voz sem muita emoção – Atena está morta, mas a verdadeira batalha ainda está para começar.

******

Seiya acordou assustado, erguendo-se de uma só vez. Estava suando, seu coração disparado e percebeu que estava de fato chorando. Tentava respirar entre os soluços e se recuperar. Fora apenas um sonho, mas o pior de toda a sua vida. Com a agitação acabou acordando Saori que dormia ao seu lado. Ela ergueu-se e arregalou os olhos ao ver o estado do marido, mas antes de descobrir o que houve, estendeu a mão para ligar o abajur, levantou-se da cama e se dirigiu ao berço ao lado dela. A menina de dois anos continuava dormindo tranquilamente. Saori olhou em volta, tudo estava em ordem. O relógio indicava que ainda eram três da manhã. Voltou até Seiya e o puxou para um abraço, acariciando seus cabelos.

– Calma... Está tudo bem.

Ele a abraçou de volta. A deusa não tinha ideia do que se passara enquanto dormia, mas lhe parecia que Seiya sonhara algo muito ruim e com ela.

– Aimi...

– Ela está bem, continua dormindo. Seiya, tente se acalmar, o que aconteceu? O que você viu?

– Saori... Eu não preciso viver aquilo de novo até nos meus sonhos... Aquele foi o pior dia da minha vida.

– Está falando “daquele” dia?

Ele assentiu silenciosamente e ela entendeu de imediato. Não era um bom sinal. Desligou o abajur, fez o cavaleiro de Pegasu deitar-se novamente e deitou ao lado dele, enxugando as lágrimas que ainda corriam por seu rosto.

– Eu sabia... Que mesmo depois de lutarmos com Apolo eles não nos deixariam em paz – ele disse, agora mais calmo – Já faz tantos anos... O que podem querer agora?

– Eu não sei ainda, mas tenho certeza que se algo estivesse acontecendo eu já saberia. Seu sonho pode ser um aviso, ou pode ser uma lembrança ruim. Você me diz que vez ou outra sonha com essas coisas passadas.

– Eu sei, mas... Esse sonho foi longe demais. É algo que eu não quero lembrar, muito menos sonhar.

Ela refletiu por um tempo. Não era a primeira vez que estavam naquela situação, pouco depois que Apolo os enviara de volta e os dois decidiram continuar vivendo juntos na casa onde ela cuidara de Seiya por tantos anos, não eram tão raras as vezes em que ela ainda acordava assustada sonhando com o momento em que ele havia se atirado na frente da espada de Hades ou com alguma coisa que acontecera quando estava lutando para salvá-lo em três dias indo ao Next Dimension.

Os anos correram sem nada mais acontecer, os dois casaram-se e tinham agora uma filha que completara dois anos poucos dias atrás. Ela era linda! Tinha a pele clara e os olhos azuis de Saori, mas seu cabelo era castanho como o de Seiya. Aimi era uma criança gentil e amorosa como a mãe, mas também teimosa e impulsiva como o pai de vez em quando. Era o maior tesouro dos dois, e se houvesse uma nova ameaça tudo agora seria muito mais difícil.

– Seiya, tenha certeza de que se houvessem inimigos por perto nós já estaríamos lutando. Estamos perto do Santuário, e eu saberia sem ver nada lá fora se houvesse algo errado. Por hora está tudo bem. Você precisa descansar, aqueles sonhos não virão de novo.

Ele a abraçou forte, tentando encontrar segurança também para si mesmo, e fechou os olhos, mesmo sabendo que não dormiria tão facilmente de novo. Saori tinha as mãos pousadas em seu peito e as movia suavemente, tentando confortá-lo. Sentiu o calor do cosmo dela envolvê-lo, ela sempre conseguia tranquiliza-lo daquele jeito. Seiya acabou adormecendo cansado. Saori o velou por um tempo enquanto fazia suas orações, e logo adormeceu também, rezando para que aquilo não passasse de uma lembrança.

******

– Mamãe...

A vozinha distante chegou aos ouvidos de Saori. Ela abriu os olhos e se deparou com o rosto adormecido de Seiya. Lhe deu um selinho e deslizou a mão por seu cabelo.

– Bom dia, Seiya – disse, ouvindo murmúrios da voz infantil insistente – Mamãe já vai...

Ela libertou-se com cuidado do abraço do marido para não acordá-lo e arrumou os lençóis sobre ele, levantando-se e indo na direção do berço de Aimi. Ela estava em pé apoiada nas grades do berço. Mesmo sendo ainda tão pequena já podia andar, ainda que um pouco atrapalhada.

– Bom dia, meu amor – falou sorrindo para a filha, que riu para ela.

Tirou a garota do berço e sentou-se com ela na cama, olhando para o relógio no criado-mudo, eram 7:30 da manhã de sábado.

– Ainda bem que ele não tem que trabalhar hoje. Ficaria péssimo depois de ontem – disse para si mesma.

Seiya não precisava trabalhar realmente. Saori continuava trabalhando na fundação Kido e poderia muito bem manter a família sozinha, mas Seiya preferia trabalhar no que fosse. Queria se sentir útil e sempre fora muito honesto, pouco se importava com a condição financeira de Saori, e assim como ela, não fazia questão alguma de levar uma vida luxuosa. A casa em que moravam podia ser grande, mas era simples e aconchegante, suficiente para os três. Seiya amava Saori e Aimi, simplesmente.

Com os anos que correram após todas aquelas terríveis batalhas, a deusa e os cavaleiros conseguiram colocar seus estudos em dia e começar uma vida. Shiryu e Shunrey também haviam se casado e criavam dois filhos. Shoryu fora adotado pouco antes de irem ao Next Dimension, Shunrey o encontrara abandonado perto dos Cinco Picos Antigos. Ryuho era o filho legítimo e mais novo do casal, mas ambos eram criados como irmãos verdadeiros e com o mesmo amor. Eram dois meninos adoráveis e se divertiam horrores brincando com Aimi quando a família os visitava. A menina também gostava bastante deles.

– Saori... – Seiya murmurou baixinho, começando a acordar.

– Estamos aqui.

Ele abriu os olhos e ficou um tempo em silêncio enquanto voltava à realidade. Sentou-se, deslizando a mão pelos cabelos e olhando na direção da esposa, que estava amamentando Aimi. Era algo que vinha acontecendo menos. Quando Aimi crescesse um pouco mais se alimentaria apenas como qualquer outra pessoa.

– Você está bem, Seiya?

– Estou sim. Bom dia – disse a beijando rapidamente e afagando o rostinho de Aimi, que direcionou o olhar para o pai – Bom dia, princesa. Saori, que horas são?

– Sete e trinta e cinco. Tem algo pra fazer?

– Não. Só queria saber se... Realmente está tudo bem. Vou tentar falar com os outros.

– Não aconteceu nada até agora. Você teve sonhos de novo?

– Não. Só... Temo por vocês duas.

O olhar dele foi para a porta do grande armário embutido na parede. As armaduras de Pegasu e Atena estavam ali. Nem de longe parecia um lugar seguro, mas Saori cuidara disso e qualquer um que não fossem eles ou os cavaleiros leais a Atena abriria o armário e não veria nada além de um espaço vazio. Após o sonho da noite passada Seiya agradecia mentalmente a si mesmo por não ter parado de treinar nos últimos anos. Não podia arriscar ficar enferrujado diante de uma ameaça.

– Seiya... Confio em você – ela respondeu com o mesmo sorriso que o fez se apaixonar por ela naquele abismo – Mesmo que acontecesse algo agora, sei que você nos protegeria e seria capaz de derrotar qualquer inimigo que fosse. Não deixe um sonho abalar você. Você é o cavaleiro de Pegasu, meu mais forte, leal e determinado cavaleiro, que superou os cavaleiros de ouro e até mesmo os deuses. Eu não tenho dúvida alguma de que você poderia repetir isso quantas vezes fossem necessárias – ela estendeu a mão livre e afagou seu rosto, vendo Seiya fechar os olhos e segurar a mão dela.

– Tem razão – disse a olhando novamente com um sorriso.

Aimi terminou de mamar e agitou-se no colo de Saori. Ela ajeitou a roupa e ajudou a filha a ficar de pé. Seus pezinhos ainda não tinham firmeza para a manter no colchão fofo. A garotinha se apoiou com uma mão no ombro da mãe e estendeu a outra na direção de Seiya.

– Papai!

– Olá, querida - ele falou rindo e pegou a garota no colo – Eu sou tão feliz com vocês duas! Minha deusa e minha princesa.

Aimi colocou os braços em volta de seu pescoço e Seiya a abraçou de volta, levantando-se com ela e a balançando, fazendo a garota dar altas gargalhadas, o que fez Saori rir também.

– Meu cavaleiro... – ela completou.

O telefone tocou e Saori o atendeu. Ficou em silêncio ouvindo enquanto Seiya brincava com Aimi e quando o desligou o cavaleiro deitou-se na cama erguendo Aimi acima de sua cabeça. Seiya a abaixou e a deitou em seu peito, afagando os cabelos lisos da menina, que não parava de gargalhar.

– Quem era?

– Shiryu. Ele vem nos visitar.

– Sozinho? Ele sempre trás Shunrey e os garotos junto...

– É isso que me preocupa. Quando perguntei porque viria sozinho ele disse que há algo o preocupando e que quer falar com a gente a respeito.

Seiya a encarou preocupado. Shiryu também teria recebido algum sinal? Algum sonho preocupante?

– Eles estão todos bem?

– Sim. Ele deve chegar em dois dias.

Aimi ergueu-se e engatinhou até o colo de Saori, deixando um Seiya preocupado fitando o teto do quarto.


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