O amor de Atena escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 17
Capítulo 17 – A resignação do deus dos deuses


Notas iniciais do capítulo

Agradecimentos ao meu sócio de ideias, Claudio Gama, pelos toques na batalha contra Zeus.



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Capítulo 17 – A resignação do deus dos deuses

“Não vou esperar que o mundo irá mudar.

Tão depressa assim a luz dominar e as trevas acabar.

Eu vou lutar, acreditar, até o fim!

Vou caminhar e te buscar até te encontrar.

E sempre devagar, eu vou me aproximar do pouco que sonhei e de todos que eu amar.

O tempo vai passar, mas não desistirei.

Eu vou te entregar o amor que eu sonhei.

A dor que vem nos cercar, que nos força a desistir, teremos que enfrentar.

Sei que vamos conseguir.

(...)

Pra sempre guarde tudo que falei e escute, desse amor não desistirei.

É o meu sonho.”*

Zeus ergueu o grande e brilhante raio em sua mão direita, o arremessando com tudo contra Saori. Os cinco cavaleiros correram em sua defesa, formando um escudo humano exatamente como haviam feito com Seiya anteriormente. Sofreram alguns arranhões, mas as armaduras divinas lhes davam muito mais proteção.

– Então vai ser assim, Atena? Vai se esconder atrás dos seus amados cavaleiros?!

– Como ousa insultar a Saori desse jeito?! – Seiya se enfureceu – Você é um covarde por atacar uma mulher, por mais poderosa que ela seja, ainda mais sendo sua filha!!

– Uma filha que só trouxe vergonha ao mundo dos deuses!!

– Chega!! Vamos acabar logo com isso! METEORO DE PÉGASUUU!!!!!

Apesar dos meteoros terem atingido Zeus, não lhe causaram sequer um arranhão, o que não abalou os demais.

– Podem me atacar todos juntos. Nunca vão conseguir!

– Lutaremos, lutaremos e lutaremos por aquilo que acreditamos! – Seiya lhe disse.

– Tem razão, Seiya! EXECUÇÃO AURORA!!!!

– CÓLERA DO DRAGÃO!!!!

– CORRENTE NEBULOSA!!!!

– AVE FÊNIX!!!!

– TURBILHÃO DE PÉGASU!!!!

Todas as energias se uniram como uma e avançaram na direção de Zeus, mas as expectativas dos cavaleiros foram novamente frustradas quando os golpes pararam diante da mão do deus.

– Não consigo entender... Como golpes tão fracos puderam derrotar outros deuses? Ah! Deve ser porque eu sou Zeus, o deus dos deuses!!! – Ele gritou, arremessando toda a energia de volta – Não sairão daqui tão facilmente!

Os cavaleiros se adiantaram para proteger Saori, mas ela foi mais ágil e na intenção de poupar seus leais protetores, recebeu todo o golpe sozinha, vendo alguns arranhões surgirem em sua armadura e em seu rosto, devido à força com a qual Zeus lançara o poderoso golpe. A deusa gemeu de dor e caiu de joelhos no chão, tentando recuperar-se o mais rápido possível.

– SAORI!!! – Todos exclamaram juntos.

– Saori!! – Seiya se abaixou ao seu lado – Perdeu o juízo?! Nós estamos aqui por você! Pra você não precisar fazer isso!

– Eu sei... Vocês nem imaginam o quanto eu sou grata, mas jamais deixarei meus cavaleiros lutarem, sofrerem e se ferirem sozinhos! Que tipo de deusa eu seria se não tivesse gratidão e compaixão por aqueles que me protegem e estão sempre ao meu lado?! E por aquele que me deu um dos seres mais importantes da minha vida? – Falou olhando diretamente nos olhos de Seiya.

Zeus os interrompeu com uma risada e tomou a palavra novamente.

– Gratidão...? Compaixão?! Sentimentos humanos inúteis que a tornam cada vez mais fraca, Atena!!

– Os humanos não são fracos!! – Ela levantou-se, encarando o pai – Viver e amar na dor, na angústia e na tristeza... Não é algo se possa fazer tão facilmente. Os humanos sofrem quando veem aqueles que eles amam sofrerem e quando se determinam a lutar por algo juntos, seus corações batem como um e eles se tornam capazes de realizar milagres, de alcançar patamares que superam até mesmo a força dos deuses. Não é nada fácil continuar seguindo em frente com o coração em pedaços nem com lágrimas invisíveis e gritos silenciosos fluindo do seu rosto e da sua alma, sabendo que poderemos perder nossas vidas, mas nós estamos aqui, papai. Os humanos podem ser inconsequentes, cometer muitos erros por atos impensados e alguns são até maus, mas há muito mais deles que desejam um mundo cheio de luz e carregam em si o coração mais forte que pode existir. Eu acredito na grandeza da humanidade!

– Sabe o que essa humanidade lhe trará no fim das contas, Atena?! – Zeus perguntava, dando passos lentos na direção deles – Nada!! Mesmo que você esses cavaleiros saiam vivos daqui, os humanos continuarão sendo ingratos e tolos!!!

– Não me importa!! – Ela gritou de volta – O amor humano é o mais forte que existe! E eu nunca desistirei dele!!

Zeus rosnou de raiva, atirando uma sucessão de raios contra eles.

– Você pode ser o deus dos deuses – Shun gritou entre os ruídos da batalha – Mas está perdido dentro de todo esse poder!

– Shun tem razão!! – Shiryu gritou – Você ainda pode se redimir, Zeus!!

– Me redimir?!! Me redimir pela rebeldia de vocês?!!

– Nós somos rebeldes?! – Hyoga questionou – Quem nos atacou do nada quando estávamos em paz vivendo as nossas vidas?!

– Vidas que já deviam ter se apagado!!

– Você fala demais, por isso que seus ouvidos não funcionam bem!! – Ikki reclamou.

– Você não pode ser invencível! – Seiya falou – Se há algo que nós aprendemos indo do céu ao inferno todos esses anos é que até mesmo os deuses tem um limite!! METEORO DE PÉGASUUUUU!!!!

Novamente nenhum dano pareceu ocorrer, apesar de dos meteoros terem atingido a kamui de Zeus. Mas Seiya notou algo a que o próprio deus dos deuses não estivera atento. A fresta vazia dos pedaços ausentes da armadura estava ficando maior, muito pouco, mas era notável. Talvez houvesse uma esperança.

– Vejam... Aquele dano – sussurrou para os amigos – Está maior. Vamos tentar aumentar aquilo.

– Vou usar todo o meu poder – Shiryu falou, preparando-se para ataca-lo novamente.

Os cinco cavaleiros elevaram seus cosmos e atacaram o deus simultaneamente, procurando atingir o ponto em questão, mas novamente seus ataques foram todos repelidos e lançados de volta. O grupo teria ficado em pedaços se não estivessem trajando suas kamuis.

– Não é possível! – Seiya tremia de raiva – Será mesmo impossível atingi-lo?! Nem um arranhão! Nada!!

– Seiya, não vamos entrar em pânico ainda – Shun lhe pediu.

– E se nós usássemos a Exclamação de Atena? Todos nós juntos.

Os demais arregalaram os olhos e imediatamente Saori se pôs ao seu lado, repreendendo a ideia.

– Não! De jeito nenhum, Seiya! Eu lhe proíbo! Proíbo permanentemente todos vocês de usarem essa técnica!! Eu tenho certeza que podemos encontrar outro caminho.

– Mas, Saori... – silenciou por alguns instantes – Ele parece invencível. Nós já o atacamos tanto...

– Parece. Não quer dizer que seja de fato. Nem parece você... Está desistindo? Aqui? Aimi está lá atrás esperando a nossa volta. Eu confio em você, Seiya. Sei que encontraremos um meio.

– Nós precisamos quebrar aquela kamui – Shiryu tornou a lembrar.

– Naquele ponto exato – Hyoga pensava.

– Uma kamui tem o máximo da resistência que uma armadura pode oferecer – Shun falou – Só uma pancada muito forte poderia rompê-la.

– Se nossos golpes todos juntos pudessem atingi-lo... – Ikki tentava raciocinar – Mas ele sempre os manda de volta antes mesmo que o toquem.

– Quando Saori estava prestes a se afogar naquele pilar... Eu pude destruí-lo usando meu próprio corpo. Eu quase fiz o mesmo com o muro das lamentações...

– Seiya... Você não está...

– Shiryu – interrompeu o amigo – Lembra-se de quando lutamos depois de voltarmos ao Japão e ouvimos sobre o que aconteceria se o escudo mais forte do mundo e a lança mais forte do mundo se enfrentassem?

– Sim! Os dois se quebrariam. Mas o que isso tem a ver agora?

– Ignis morreu por receber junto com meu poder e o de Astrapih, o impacto de uma outra kamui na sua própria. Mesmo sendo um deus, mesmo sendo o deus dos deuses, já há um dano ali. Talvez eu possa repetir o efeito com ele.

– Não, Seiya!! – Shiryu negou de imediato ao entender o que ele queria fazer.

– Está ficando louco?! E burro em querer morrer sozinho?! – Ikki brigou.

– É verdade, Seiya! – Hyoga repreendeu – De que adianta esse sacrifício se a nossa luta é pra ver Saori e Aimi sorrirem novamente? Se você morrer, mesmo que derrote Zeus, não teremos completado nosso objetivo.

– Seiya – Shun chamou – Se você fizer isso, só trará lágrimas para as duas.

A expressão do cavaleiro se contorceu em desespero e ele abaixou a cabeça, deslizando as mãos pelos cabelos nervosamente.

– Então o que podemos fazer?!!

– Vamos tentar confundi-lo... - Hyoga sugeriu – Vamos ataca-lo separadamente. Se houver uma boa brecha, você pode tentar atingir a fresta na armadura, Seiya.

Se voltaram novamente para Zeus, que os encarava com fúria.

– EXECUÇÃO AURORA!!!!

– ONDA RELÂMPAGO!!!

– CÓLERA DO DRAGÃO!!!

– AVE FÊNIX!!!

– TURBILHÃO DE PÉGASU!!!

Hyoga tentara congelar os braços de Zeus, mas a temperatura elevada devido a todos aqueles relâmpagos sequer permitia que o gelo durasse mais que alguns segundos. Shun tentou imobiliza-lo de alguma forma, mas sua corrente perdeu a força ao se aproximar de Zeus. Ikki e Shiryu disparavam em direções diferentes, tentando confundi-lo. Seiya tentava novamente atingir o ponto danificado da kamui. Zeus atirou raios nos cavaleiros novamente e com a colisão dos ataques, um grande clarão se formou. Quando a luz diminuiu e olharam em volta, outra vez tudo pareceu em vão, e já se sentiam angustiados quando notaram sangue pingando para o chão e viram não só um grande espaço vazio na kamui como um corte no rosto de Zeus. O deus dos deuses levou os dedos ao rosto e rugiu de ódio.

– ISSO É O CÚMULO DO ATREVIMENTO!!! DERRAMAR O SANGUE DE UM DEUS!!!

Impulsivamente ele lançou um enorme raio contra o grupo. Saori se pôs à frente de seus cavaleiros, erguendo seu báculo contra Zeus e bloqueando a investida.

– Você derramou o meu sangue horas e minutos atrás, papai. Qual é a grande diferença?

– Atena!!! Se disser mais uma palavra, a matarei agora mesmo!! Diante de seus cavaleiros e desse insolente que escolheu como esposo!!

– O senhor está cego!!! Afogado em poder!!! Mas tenho certeza que há algo aí dentro que ainda podemos salvar! Por que não para com tudo isso?!

– NÃO!!! Se quer parar, mande todos eles embora e venha para o nosso lado!

– Chega!!! – Seiya exclamou, se pondo em frente aos demais.

– Estou cansado de você, Pegasu!!

Zeus ergueu o grande raio em sua mão direita, fazendo-o brilhar cada vez mais.

– Eu não vou deixar mais ninguém se ferir nem chorar! Já chega!!!

Seiya se preparou para lançar seu mais poderoso golpe, concentrando toda a sua força. Viu seus amigos se posicionarem ao seu lado, também em preparação para um contra ataque, e sentiu mãos suaves e amorosas tocando seu ombro e envolvendo seu braço. O cosmo dourado e quente de Atena irradiou para todos eles e sentiram uma força extrema correr por dentro de seus corpos e elevar seus cosmos ao máximo, como se todos os seis fossem um único ser, aumentando muito a magnitude dos golpes que estavam prestes a desferir contar Zeus.

– MORRAM, TODOS VOCÊS!!!

– AVÊ FÊNIX!!!

– ZERO ABSOLUTO!!!

– CÓLERA DOS CEM DRAGÕES!!!

– TEMPESTADE NEBULOSA!!!

– COMETA... DE PEGASUUUU!!!

Uma luz fortíssima e de infinitas corres se formou entre ambos os lados da batalha, obrigando todos a fecharem os olhos, mas continuaram com as mãos erguidas na direção de Zeus, sustentando os golpes, que assim como seus cosmos, haviam se unido em um só. Saori apertou mais o braço de Seiya e escondeu o rosto contra ele. A energia formada no ponto de encontro dos golpes ameaçava manda-los pelos ares, e resistiam da melhor maneira que podiam. Após o que pareceu minutos e minutos naquilo, quando já não suportavam mais segurar tal força, a luz os cegou e uma explosão ocorreu. Não fosse pelo cosmo de Saori e sua agilidade em protege-los com a ajuda do báculo, todos teriam voado para longe. Quando puderam abrir os olhos novamente, estavam todos jogados no chão, armaduras rachadas, manchadas de sangue, apesar de não haver nenhum ferimento mortal. Apenas a armadura de Saori parecia intacta, mas ainda assim a deusa tinham vários arranhões.

– Saori... – Seiya murmurou, erguendo o rosto e a vendo ajoelhada a sua frente com o báculo inclinado sobre o colo.

Sentia-se tonto e levou um tempo para focar bem sua visão em Saori. As asas impediam que Seiya visse seu rosto e parte do que havia em volta, mas ao encontrar Zeus ao longe, percebeu que Atena era a única quase que de pé naquela grande sala dourada. Seus amigos também estavam jogados ali ao seu lado, todos acordados observando a mesma cena que ele. Zeus estava estendido no chão, tentando levantar-se. Com o pouco que pode se erguer, conseguiram ver a armadura completamente rachada abaixo do peito, onde havia um grande corte. O sangue do deus corria para o chão. Ele não parecia ferido mortalmente, mas com certeza não poderia se levantar com tanta facilidade. O grande escudo redondo estava partido em dois ao seu lado.

– Meu pai... – Saori começou, mas foi interrompida pela zangada, mas agora muito baixa voz de Zeus.

– Saia daqui, Atena! E leve todos com você.

Saori sorriu. Conhecia bem aquele tom de voz vindo de um deus, era uma mistura de ódio e de desistência. Embora apenas ela se lembrasse, fora daquela mesma forma que terminara a batalha contra seu irmão Apolo. Saori sabia que ela e os cavaleiros haviam lhe deixado cicatrizes físicas e emocionais que ele carregaria para sempre, mesmo que nunca fosse admitir sequer para si mesmo.

Atrás dela, os cavaleiros sentaram-se. Com os minutos sentiam-se um pouco melhor. A deusa se pôs de pé e virou-se para eles, esperando que cada um fosse capaz de fazer o mesmo. Felizmente, todos conseguiram se erguer e olharam uma última vez para Zeus, que já lhes lançava um olhar raivoso pela demora do grupo em deixar o lugar. Pai e filha seguraram um contato visual profundo, cheio de dizeres ocultos. Raiva, calma, entendimento, agradecimento, dúvida... Por fim, ela se voltou na direção dos demais e os guiou para a porta solitária atrás do grande trono dourado, fechando-a atrás de si quando todos passaram, e deixando Zeus sozinho com pensamentos que guerreavam dentro de si e o silêncio profundo da grande sala, que contrastava totalmente com seu interior.

“Experiências dolorosas sempre terminam, enterradas embaixo das areias do tempo.”**


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Notas finais do capítulo

* Pelo Mundo (Chikyuugi) - Larissa Tassi - Hades (Santuário)

** Atena no komoriuta (Canção de ninar de Atena) - Mitsuko Horie (episódio 30 - Fase dos Cavaleiros de Prata)



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