O amor de Atena escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 16
Capítulo 16 – O amor de Atena




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Capítulo 16 – O amor de Atena

– Viu o que seus queridos humanos me forçaram a fazer?! Faz milênios desde a última vez que vesti minha Kamui – Zeus reclamava enquanto empunhava o escudo que sempre estava apoiado em seu trono e um grande raio dourado na outra mão – E para que?!! Para eliminar meros humanos!!! É como se um leão afiasse suas garras para matar simples formigas!!!

– Papai... – era a primeira vez que o chamava daquele jeito, mas no fundo de seu coração queria trazê-lo de volta à sanidade – Se o senhor gastasse o tempo que passa os odiando tentando entender os sentimentos humanos, tenho certeza de que os veria de uma forma completamente diferente.

– Realmente não entendo com uma deusa... Minha filha Atena, pode me trair. Trair os deuses! Por essa espécie inferior que perde seu tempo com coisas tão fúteis, a ponto de se esquecerem da nossa importância!

– A humanidade pode ter mudado desde os tempos mitológicos, mas veja... Eles também aproveitam seu tempo amando uns aos outros, amando seus amigos, esposas, maridos, irmãos e irmãs, e também seus filhos. E isso, meu pai, é muito mais válido e precioso do que o ato de nos venerar. O universo é formado por aqueles que vivem nele e é esse amor dos seres vivos uns pelos outros que o mantêm vivo!

Aimi agarrou-se à perna da mãe, tentando esconder-se da visão do avô, se protegendo sob as grandes asas da armadura de Atena. Estava em silêncio, mas Saori podia senti-la soluçar e tremer, e resquícios de lágrimas ainda escorriam de seus olhos. Lutou para não colocar a filha no colo naquele momento, não podia se desconcentrar, tinha que acabar logo com aquilo, mas elevou um pouco seu cosmo, tentando acalmar a menina com aquilo. Sabia que Aimi se sentia confortável com o calor de seu cosmo. A garotinha fechou os olhos como se não quisesse ver o que se passava em volta e abraçou com mais força a perna esquerda de Saori.

– Como não consegue se comover sequer um pouco vendo isso?! – Seiya, agora de pé, perguntava em revolta ao deus dos deuses – É sua neta! Você vive falando do quanto ela é importante pra você, apesar dos nossos erros, que nem sequer podem ser considerados erros! Como amar alguém verdadeiramente pode ser um erro?! Se você gosta tanto da nossa filha, como pode ter coragem de dizer que ela nasceu de um pecado?! Ela está chorando com medo das barbaridades que você está fazendo! Você quase matou a mãe dela diante de seus olhos! Como quer ganhar o amor dela assim?!

– Humano insolente!!! Como ousa?!!!

Zeus ergueu a mão na direção de Seiya e o atirou para longe numa velocidade que sequer puderam assimilar. O cavaleiro bateu contra a parede, que ganhou um bom dano e perdeu vários pedaços. Seiya caiu sentado no chão, só não se machucando graças à armadura divina.

– Seiya!! – Todos gritaram em preocupação, e Aimi correu murmurando nervosamente até o pai.

– Amor... É isso que torna vocês fracos!! Que os amarra, que os deixa com medo e corta suas próprias asas!!! Minha neta não precisa de tal coisa!! Se há algo que ela tem que aprender é como respeitar aos deuses!!! E assim ela nunca terá problemas!!

– Mas é claro que nunca terá! – Ikki lhe falou irritado – Passando por cima dos outros. Sem nenhuma compaixão ou piedade. Sem uma gota de compreensão ou gentileza. É isso que quer ensinar a Aimi?! Viver olhando tão alto que ela ficará cega aqueles que estão abaixo dela?! Não me faça rir. Você quer que ela o respeite...? Ficará tão arrogante que um dia não conhecerá mais limites e acabará com você, exatamente como temeu que Atena fizesse.

– Está insinuando que essa coisa inútil e ridícula chamada de Amor é o que mantêm em meu posto até hoje?!! Você que está querendo me fazer rir, Fênix!! Meus filhos não precisam de tal coisa!!

– Vocês deuses vivem de dizer o quanto o amor dos humanos é inútil – Shiryu começou – Mas vocês próprios sempre o tiveram e não sabem disso até hoje. Vocês não sabem, mas esse profundo respeito e adoração que nutrem uns pelos outros também é um tipo de amor.

– Ele tem razão! – Hyoga disse encarando Zeus – Por acaso pensa que todos os seus filhos e outros deuses nunca o afrontaram só porque eles temem seu grande poder? Se quisessem, certamente todos juntos poderiam acabar com você facilmente!

– Quando se respeita alguém profundamente, significa que essa pessoa conquistou seu coração de alguma forma – Shun lhe falou – Mesmo que seja apenas uma pequena admiração, isso não deixa de ser um tipo de amor pelos seres humanos.

– Chega!!! Parem!!! Não preciso ser obrigado a ouvir essas tolices!!!

Durante o momento de fúria de seu pai, Saori afastou-se para perto do marido e da filha, abaixando-se ao lado de Seiya e pousando uma mão em seu rosto.

– Seiya? Seiya!!

Ele abriu os olhos devagar e os piscou algumas vezes, finalmente lembrando-se do que se passava e despertando completamente. Olhou para os lados assustado, tomando conhecimento da cena e sentindo-se aliviado ao ver Aimi e Saori bem.

– Seiya, você está bem?

– Sim – ele respondeu acolhendo Aimi nos braços – Mas precisamos dar um jeito de mantê-la longe e em segurança.

Saori pensou por alguns instantes e se levantou com Aimi nos braços, olhando na direção de Zeus.

– Se você realmente gosta tanto dela, vai concordar que ela não precisa ver mais nada. Ela já viu demais pra um bebê de apenas dois anos.

– Tire-a depressa daqui. Não quero arriscá-la enquanto acabo com todos vocês!

Saori olhou para Seiya, sugerindo que ele a seguisse e se surpreendeu quando Zeus não fez objeções. Ainda assim, os cavaleiros restantes se posicionaram à frente deles, formando uma barreira, por mais que fosse óbvio que aquilo não impediria Zeus tão facilmente. A deusa atravessou a porta atrás do trono de Zeus e Seiya a fechou a depois de passar. Os dois seguiram pelo longo corredor em silêncio. Aimi parecia pressentir o que aconteceria e os olhava apreensiva. O casal caminhou até adentrar o quarto que Saori habitara com Aimi por tantas horas em seu cárcere. Ela olhou em volta e colocou Aimi no berço. A garota ficou de pé, se segurando nas barras, olhando para os dois interrogativamente.

– Querida... Mamãe e papai precisam dar um jeito nisso. Ou então não poderemos voltar pra casa – a mãe falou, abaixando-se à altura dela.

– Nós amamos você – Seiya afagava seus cabelos, também abaixando-se para mais perto – Vamos acertar as contas com o seu vovô doidão e depois você vai poder ir pra casa.

Seiya não tinha jeito. Em outras condições, Saori teria morrido de rir da forma como ele se referira a Zeus.

Os dois se levantaram, observando a filha por um tempo, até que Seiya quebrou o silêncio.

– Eu juro pela minha vida que mesmo que eu não volte, você e Aimi vão voltar em segurança pra casa!

– Não há nenhum sentido em voltarmos sem você. Desde que Aimi saia daqui e possa viver normalmente, nossa missão estará cumprida.

A deusa foi pega de surpresa quando Seiya repentinamente a virou para ele e a abraçou, mesmo que as armaduras dificultassem um pouco a tarefa. A apertou o quanto pode sem machuca-la.

– Você não vê... Que se alguma coisa te acontecer, tanto a você quanto à Aimi, a dor em mim é bem maior? Você esqueceu? A minha vida pertence a vocês. Não me importo de morrer desde que seja em suas mãos, Saori, e por vocês duas.

Ela queria sorrir ao ouvir aquela bela declaração mais uma de tantas vezes, mas chorou de dor por saber que poderia perder aquilo para sempre.

– Não chora, mamãe.

– Não se preocupe, amorzinho – dizia com a voz menos alterada possível – Mamãe está bem.

– Não chore, minha deusa... – Seiya disse pondo um dedo abaixo de seu queixo e erguendo o rosto da esposa, vendo os olhos azuis inundados de lágrimas – Eu te amo e corta meu coração te ver derramando uma única lágrima, Saori.

Ela não o deixou continuar, respondeu entrelaçando os próprios dedos atrás de sua nuca e o puxando para um beijo. Os dois pares de olhos se fecharam e ambos sentiram suas almas tornarem-se uma só. O ato se iniciou calmamente, tornando-se mais profundo e urgente com os segundos, até que pararam por falta de ar. Saori deitou a cabeça no ombro do cavaleiro, que a abraçou, e ambos encaravam Aimi novamente.

– Não deveríamos fazer isso na frente da nossa filha – ele falou com um risinho, ouvindo-a fazer o mesmo.

– Eu precisava disso... E talvez ela também. Ela se sentirá mais segura sabendo o quanto seus pais se amam. Você nem imagina o quanto foi difícil ficarmos dias seguidos aqui sozinhas. Mesmo que Celeste e Ignis viessem nos ver constantemente...

O cavaleiro respondeu com um afago em seus longos cabelos como que querendo lhe dizer que agora ele estava ali e ficaria tudo bem, embora soubessem o quanto o momento seria breve.

– Nós já deveríamos ter voltado. Fiquei surpreso por ele ter me deixado vir também – falou afastando-se suave e relutantemente da esposa.

– Tem razão – respondeu, também entristecida por aquele momento não poder se prolongar mais.

– Aimi. Você ficará bem – Saori retirou o elmo da armadura de sua cabeça e o colocou dentro do berço – Mesmo que o combate chegue até aqui, nada te acontecerá, meu amor.

– Fique quietinha e não se preocupe. Logo tudo vai ficar bem e você vai pra casa. Seja forte, querida. Nós sabemos que você pode!

Ambos abraçaram a bebê, cada um beijando uma de suas bochechas. Olharam para ela uma última vez com profunda tristeza nos olhos e sentiram seus corações se partirem em mil pedaços quando deixaram o quarto e Aimi começou a chorar quando já iam a meio caminho do corredor, implorando que não fossem. Mas aquela dor os três teriam que enfrentar e Aimi teria que aprender como vencê-la. Ela ainda encontraria muitas situações complicadas e tristes em sua vida e aquele era o primeiro desafio, que queriam a todo custo poder evitar, mas era uma questão de sobrevivência e confiavam na capacidade da filha de superar aquele momento forçado de solidão.

Os dois caminharam de mãos dadas até o fim do corredor e se olharam uma última vez antes de atravessarem para o outro lado novamente. Mil sentimentos se cruzaram naqueles olhares. Amor, saudade, dor, tristeza, força, coragem, determinação... Tudo pelo pequeno ser que haviam deixado para trás, pelos humanos, pela Terra, pela justiça, pelo grande amor de Atena por tudo e por todos. Finalmente atravessaram, encontrando um Zeus irritadíssimo ameaçando mandar os cavaleiros pelos ares com ou sem Atena e Pegasu.

– Até que enfim!! Achei que tinham dormido!!! Lhes dei apenas uma chance de tirarem minha neta da área de combate e não de quase tirarem férias em família! E considerem generosidade excessiva da minha parte ter deixado você ir junto, Pegasu! Espero que tenham aproveitado seu momento um com o outro, porque foi o último! Atena! Estou disposto a abrir a maior exceção da minha vida e lhe dar a última chance! Ou você deixa de lado esses cavaleiros, os humanos e esse amor patético que protege ou acertaremos nossas contas agora mesmo!

– Minha resposta é a de sempre, meu pai. Meu coração está com os humanos e nada mudará isso, mesmo que eu perca minha vida para proteger esse amor!!

– Então é assim?! Você desperdiçou todas as suas chances!! Todas!! Você e esses cavaleiros... Deixarão este universo para sempre! E este dia será hoje!!!


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