O amor de Atena escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 13
Capítulo 13 - Segredo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/558001/chapter/13

Capítulo 13 – Segredo

– Seiya... – Shun o chamou de novo, dessa vez com a voz mais baixa e os olhos marejados.

Os demais se aproximaram. Shaina carregava Aimi, ainda chorando e Marin tinha Celeste no colo, que chorava abraçada a ela, sendo retribuída pela guerreira, que tentava consolar a menina. Ninguém entendia o que havia acontecido. Saori podia ser uma deusa, mas seu corpo era humano. Como ela podia simplesmente desaparecer ao invés de morrer ali mesmo nos braços de Seiya? Não conseguiam compreender, mas pela reação de Astrapih, com toda a certeza sua irmã estava morta, então Saori também estava. Shaina se abaixou ao lado de Seiya, lhe entregando Aimi. A bebê se abraçou a ele chorando e chamando por Saori. Não tinha noção do que acontecera a sua mãe, mas estava muito nervosa e a queria ali consigo.

– Aimi... – ele disse entre as próprias lágrimas, abraçando a filha – Finalmente posso segurar você de novo minha pequena... O que vamos fazer sem ela? – Perguntou com a voz alterada pelo choro.

– Seiya... – Marin ajoelhou-se ao seu lado, ainda segurando Celeste, que já não chorava, mas respirava ofegantemente – Nenhum de nós entendeu o que acabou de acontecer. Pode haver uma esperança.

– CELESTE!! – Tháyma apareceu de repente, com uma expressão desesperada e um olhar cheio de medo – Celeste! Como faz isso?! Eu me descuido um segundo e você some! Depois escuto uma explosão e não a encontro em lugar nenhum! – A essa altura a ninfa já chorava de nervosismo.

Celeste desceu do colo de Marin e a olhou. Não parecia se sentir tão culpada, a amazona só podia ver tristeza em seus olhos.

– Obrigada – ela murmurou e se afastou na direção da mãe.

Tháyma ergueu a menina do chão quando a abraçou, e ela voltou a chorar.

– O que aconteceu?

– Saori... – ela disse com dificuldade – Ignis também.

A mulher arregalou os olhos. Sua filha estava lhe dizendo que Atena estava morta? Deu alguns passos na direção de Seiya, que chorava silenciosamente com o bebê no colo. Pela primeira vez os via juntos e pode observar as várias semelhanças que Aimi tinha com ele, mesmo sendo tão parecida com Atena.

– É mesmo filha de Pegasu – sussurrou para si mesma.

– Pegasu... – uma voz forte disse com extrema dor.

Todos se espantaram ao olharem para cima e verem Astrapih parado diante deles, tremendo. Vários pedaços de sua armadura estavam danificados, o elmo também deixara de existir. Lágrimas escorriam por seu rosto e ele parecia devastado. Seu olhar estava confuso como nunca antes, parecia completamente perdido. Todos a princípio assumiram posição defensiva, Seiya abraçou Aimi mais apertado e Tháyma se afastou alguns passos com Celeste, mas o deus gêmeo não fez nada.

– Atena não está morta ainda.

Todos arregalaram os olhos. Lágrimas ainda manchavam seus rostos, mas um olhar esperançoso surgiu, especialmente de Seiya.

– O que você sabe?! – Ele perguntou.

– Eu não sei porque estou fazendo isso! Eu não sei o que é amor, nem pra que ele serve, mas minha irmã disse tê-lo encontrado e foi a única vez em nossas vidas em que eu a vi realmente feliz, mesmo que no momento de sua morte. Atena deve estar viva, entregando sua vida pela Terra e por vocês.

– Você está nos entregando os planos de Zeus? – Shaina perguntou desconfiada.

– Nunca pensei que houvesse outra razão para viver além de servir a nosso pai, mas agora que minha irmã está morta... O que eu tenho a perder ou a ganhar?

Um silêncio incômodo se seguiu por vários minutos. Astrapih parecia paralisado, não sabia mais no que acreditar.

– Tháyma... – ele chamou a ninfa – Cuide das outras ninfas – olhou para Seiya em seguida – Você conhece o caminho, Pegasu – ele deu alguns passos e desapareceu.

– Vê, Seiya? – Shiryu pôs a mão no ombro do amigo – Ainda podemos salvar Saori!

– Isso mesmo! Vamos procurá-la, Seiya! – Hyoga o chamou.

– Vamos, pare de chorar e vamos logo! – Ikki lhe disse.

Ele ficou um tempo em silêncio e dirigiu-se a Aimi. A bebê estava deitada em seus braços o encarando, cansada e em silêncio. Seiya acariciou seu rosto, enxugando as lágrimas que ainda escorriam.

– Viu só, querida? – Ele disse ainda triste, mas com uma pequena alegria na voz – Mamãe está em algum lugar. Eu vou trazê-la de volta pra você, pra nós dois. Pra todos nós! Eu prometo!

Seu olhar se deteve nas manchas de sangue no chão. Apesar de ser noite, a lua brilhava suficiente para iluminar bem o local. Seus dedos tocaram as flores e a grama pintadas de vermelho. Mesmo após vários minutos, continuava quente, como o grande coração dela. ‘Eu vou te trazer de volta!’, Seiya jurou para si mesmo. Beijou a testa de Aimi demoradamente e a abraçou uma última vez.

– Papai ama você, querida. Muito. Tanto quanto a mamãe.

Levantou-se e se dirigiu a Marin e Shaina.

– Sei que também querem lutar, mas por favor, cuidem de Aimi.

Marin tirou a menina dos braços de Seiya e a acolheu. Aimi deitou a cabeça em seu ombro e fechou os olhos.

– Não se preocupe, mas o que pretendem fazer?

– Há muitos anos quando Artemis trouxe Saori pra cá, Thoma me mostrou o caminho, de uma forma nada amigável na época, mas sou muito grato a ele desde aquele momento. Vou seguir pelo mesmo lugar.

– Mas Seiya... – Shaina começou – Só se pode encontrar com a ajuda daquele gêmeo.

– Eu sei, mas se ele nos disse aquilo não deve estar difícil de encontrar.

Já se preparavam para partir quando Shun se aproximou de Tháyma e pousou a mão no topo da cabeça de Celeste, olhando-a gentilmente.

– Não se preocupe. Nós prometemos a você que vamos trazer Saori de volta.

Ela ergueu o rosto, que até então escondia no pescoço de sua mãe, seus olhos ainda estavam molhados e avermelhados. Ela apenas piscou em assentimento e agradecimento.

– Elas e Aimi poderão ficar conosco onde estamos cuidando das outras ninfas, também parecem precisar de cuidados.

– Obrigado, Tháyma – Seiya lhe respondeu – Marin...

Já caminhavam para longe, mas fizeram uma pausa e se viraram quando Marin encarou seu discípulo.

– Pode não ser a hora de dizer algo assim, mas ficamos felizes em poder conhecer o seu rosto também, é tão bonita quanto Shaina. Ainda mais fazendo um tempo que Saori tornou essa regra de usar máscara facultativa no santuário.

– Obrigada, Seiya – ela respondeu com um sorriso.

Ao seu lado, Shaina também sorriu com o elogio. Já não sentia mais nada por Seiya como anos atrás e torcia por sua felicidade com Saori e Aimi, mas haviam se tornado grandes amigos. O grupo se voltou novamente para a direção oposta e caminharam até sumirem em algum lugar.

– E então Seiya? – Hyoga perguntou – Onde fica o caminho?

– Vamos agora mesmo! Por Atena! Por Saori!

******

– Atena... Ofereci tantas e tantas chances e você me decepcionou de novo! Até mesmo Ignis me deixou para seguir esse amor patético do qual você fala!!

Saori estava desperta, apesar de sentir seu corpo pesado e não conseguir abrir os olhos, também sentia dor. Estava deitada no chão frio da sala dourada de Zeus, que pouco se importava com o sangue da filha manchando o chão.

– E você Astrapih?!!! Pare de derramar essas lágrimas patéticas! Deuses não choram!!

O gêmeo estava de joelhos ao lado de Saori, chorando silenciosamente. Parecia hipnotizado pelo chão dourado que seus olhos azuis fitavam sem realmente enxergar. Seu coração estava disparado e sentia-se tremer.

– Tudo isso que me disse sobre Ignis... Até custo a acreditar que ela disse tal coisa. Que decepção!

Astrapih encarou o raio brilhante materializado na mão direita de Zeus, bem menor do que era originalmente, era a parte do raio da qual sua irmã nascera.

– Eu usei meu grande poder pra lhes dar vida, lhes fiz armaduras formadas da minha própria kamui, e você me volta aqui com Ignis morta, armadura em pedaços, sem minha neta, sem cavaleiros expulsos e Atena não veio para o nosso lado! E se Ignis lhe faz tanta falta assim posso facilmente lhe conseguir outra irmã quando tudo isso acabar, e muito menos ingênua do que ela.

– In...gênua? – Conseguiu falar finalmente – Será mesmo que ela era assim?

– Aonde quer chegar?

– Sempre foi uma grande honra para mim servi-lo e seguir todas as suas ordens, sem amolecer nenhum segundo sequer... Eu nunca parei pra procurar um sentido em tudo isso, só segui ordens a cada segundo. E apesar de não ter percebido até agora... Minha única alegria em fazer tudo isso é porque minha irmã estava ao meu lado. Atena me fez ver que ninguém é substituível como nós pensamos, meu pai.

– Você está me dizendo que também seguiu para o lado de Atena?!

– Os únicos momentos da minha vida em que vi Ignis completamente livre e feliz de verdade foi quando estava chorando e morrendo em meus braços. Ela estava sorrindo. Disse que pela primeira vez tinha feito o que realmente desejava – lembrou, sentindo seus olhos inundarem novamente – Nada do que Atena e seus cavaleiros diziam nos fazia sentido, mas... Minha irmã está morta e ela nunca mentiu pra mim. Quando me disse tudo aquilo toda a concepção que eu tinha das coisas desabou. Eu não sei mais em quem acreditar!! Pegasu ficou muito forte! E ele só quer de volta o que nós tiramos dele. Ignis poderia estar viva! Vale mesmo a pena lutar contra ele?

– Você está falando demais! Se quer se pôr contra mim, irá se juntar a ela! Lhe dei a honra de me servir e sempre os tratei muito bem! E agora você vem me dizer tais coisas sem lógica! Eu mesmo vou dar um jeito em tudo isso e recuperar Aimi! Mas antes vou me livrar da fonte dos nossos problemas. Minha neta será educada junto aos deuses e já é bem crescida para se alimentar normalmente.

Astrapih ficou atento quando Zeus ergueu o raio acima de sua cabeça e olhou com fúria para Saori. Ficou parado um bom tempo, parecia em dúvida do que fazer.

“Astrapih!”

Espantou-se ao ouvir a voz em sua mente, era de Atena!

“A morte de sua irmã não foi em vão e a culpa não foi sua. Todos nós teríamos morrido. Nosso pai está enlouquecido pelo poder e não sabe o que está fazendo. Eu aceito entregar minha vida para dar um fim a essa batalha sem sentido. Não se aflija com isso e não tenha medo de buscar a mesma liberdade e o mesmo amor em que sua irmã acreditou no último segundo. Ambos eram verdadeiros. Não tive a oportunidade de agradecer a Ignis por tudo, por isso agradeço a você, por vocês dois. Muito obrigada.”

Zeus finalmente pareceu decidir-se e seu rosto se contorceu em raiva quando lançou o raio com toda a força na direção do coração de Saori, mas o golpe nunca chegou a seu destino.

– Astrapih!! Ficou louco?!! Depois de tudo ainda quer tirar a própria vida?! Nunca imaginei que você fosse capaz de entrar em crise existencial por perder sua irmã.

Astrapih sentiu uma dor fortíssima percorrer seu corpo e trilhas de sangue escorreram, se alastrando a partir de onde o raio o atingira, pouco abaixo do peito. Apoiou-se com as mãos no chão para impedir-se de cair e se dirigiu a Zeus com o que lhe restava de forças.

– Não sei mais no que acreditar... Não tenho mais nada a perder ou a ganhar sem minha irmã. Seu último desejo foi que eu protegesse Atena e sua filha. Decidi pagar pra ver... Como ela fez. Atena... Não se entregue – abriu um leve sorriso antes de cair desacordado aos pés de Zeus.

Podia sentir um calor emanando do ferimento. Sua irmã tinha um coração gentil, embora nem ela mesma soubesse. Podia ouvir a voz de Atena chamando por ele, imersa em tristeza devido a seu ato impensado. Mas cumprira o último desejo de Ignis, apostara em outra direção com sua vida, e não tinha mais arrependimentos. Sentiu sua consciência sumir aos poucos quando a mesma luz dourada que surgira de Ignis no momento de sua morte o envolveu e um novo raio surgiu nas mãos de Zeus, dessa vez maior, com todo o seu poder.

– Não tinha ideia de que meus filhos eram tão influenciáveis – o deus disse sem demostrar remorso algum – Devia ter feiro Astrapih um pouco mais flexível. Quem sabe assim não acumularia tudo que lhe acontecesse pra explodir de uma só vez? E eu achava que só Ignis tinha ideias estranhas de vez em quando... Vou lhe deixar viver mais um pouco Atena, minha filha. Entregue sua vida pela Terra como nós acertamos e talvez assim eu até deixe aqueles cavaleiros vivos.

Fitou a deusa deitada no chão e se abaixou a sua frente, tocando sua testa. Estava com febre e já perdera boa quantidade de sangue, tremia um pouco, mas ainda estava longe de morrer.

– Eu não queria que as coisas tivessem tomado esse rumo, mas você as dificultou sendo tão irredutível. Conseguiu um meio próprio para se sacrificar antes mesmo de eu lhe impor uma sentença – falou se pondo de pé novamente.

Os pensamentos de Saori estavam fora dali, temia por Aimi, as ninfas e seus cavaleiros. O frio e a dor a torturavam, mas resistiria! Até ter certeza de que estariam bem.

******

O pequeno grupo se aproximava do local onde as ninfas seriam tratadas. Ficava entre algumas das grandes paredes de pedra do santuário, que continuavam douradas pelo poder de Zeus. Tháyma havia arrumado várias camas improvisadas no chão com cobertores e havia várias ervas medicinais ali. Kýma e Káfsi haviam chegado trazendo uma Aeris ainda inconsciente. As duas também não estavam em boas condições. Assim que deitaram a amiga ao lado de Arashi, também se estenderam no chão. A poucos metros do local, notaram uma movimentação estranha e fizeram uma pausa. Marin entregou Aimi a Celeste, que agora caminhava ao lado de Tháyma, e lhe mandou correr para o esconderijo, mas a menina não conseguiu dar mais que alguns passos, pois seu caminho foi interrompido pelo grande grupo de soldados que lhes rodearam.

– Tivemos boas baixas – um deles comentou.

– E boa parte por causa de traidores covardes como vocês! – Outro deles gritou para as duas ninfas.

– Nós acabaremos com vocês facilmente, saiam logo daqui! – Shaina irritou-se.

– Não há nada que vocês possam fazer pra mudar a situação agora – Marin lhes disse.

– Eu não quero saber! Nós viemos para levar esse bebê e vamos fazer isso!

Um deles avançou até Celeste, estendendo as mãos para lhe tirar Aimi. A bebê e a pequena ninfa gritaram assustadas e uma luz dourada as envolveu, ficando mais forte a cada segundo. Marin e Shaina já haviam golpeado alguns inimigos e os que ainda estavam de pé se afastaram com medo. A luz se expandiu e atirou todos eles para longe, machucados o suficiente para nem se levantarem. Quando finalmente recobraram a consciência, olharam com pavor para as duas crianças e bateram em disparada. A luz se extinguiu aos poucos e Celeste olhava incrédula para Aimi e si mesma.

– O que foi isso?!

– Marin, acha que Aimi fez isso?

– Pode ser, mas não sozinha. Ainda é muito pequena pra fazer algo assim sozinha na primeira vez – respondeu para a outra amazona.

Todas olharam para Tháyma, que não dizia nada e tinha um olhar desconfiado e ao mesmo tempo triste no rosto.

– O que isso significa? – Marin perguntou – Você sabe, não é?

– Celeste, minha filha... – ela começou, se abaixando na frente da criança – Há algo que você precisa saber.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O amor de Atena" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.