A Herança escrita por Helgawood


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Peço desculpa se demorei para postar o capítulo.

Enjoy :3



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Os dias se passavam e os moradores do castelo se acostumavam com a presença de Susie, e ela com a deles. Miraz e Prunaprismia ainda desconfiava da garota, e provavelmente as reuniões diárias que aconteciam com os conselheiros do rei era sobre ela.

Pensava em fugir na mesma trilha de Caspian e, se tivesse sorte, o encontraria. O anel não lhe parecia mais importante agora que saberá que sua avó esteve ali a séculos, na criação de Nárnia, no ano 1. Tinha a meta de encontrar o anel amarelo que a levaria de volta para casa, mas aonde? O livro apenas dizia que os anéis era de um mago, avô de Digory Kirke, e que desaparecera quando os três voltaram para Londres.

Nas curtas horas vagas que tinha aprendeu a montar, um pouco de esgrima e as canções folclóricas que a ama do príncipe Mael lhe ensinou. Com as idas frequentes ao jardim passou a criar amizades com boa parte das criadas do castelo, a ir a cidade com Zerdali e participa das colheitas.

Era Wander que ensinava o básico de esgrima atrás da estrebaria, quando os dois estavam desocupados, mas era escondido de todos. O treinamento era, por enquanto, fácil para Susie que tinha que treina seus movimentos com um boneco de pano usando armadura. Seus movimentos com a espada eram lentos e quando tentava segurá-la com uma só mão a deixava cair no chão, reclamando da dor que sentia no pulso.

Depois voltou para o castelo antes do anoitecer, tomou banho e seguiu para a sala de Prunaprismia. Bateu à porta e entrou cautelosa. Ela estava sentada numa das poltronas douradas com o filho no colo e ama de leite do garoto encostada num canto da sala. A rainha fez um gesto com a cabeça convidando Susie a sentar.

— Maysa estava me contando sobre sua participação nas colheitas. Parece está se divertindo muito com isso. — disse ela puxando assunto.

— Estou sim, senhora. — disse. — Os tuneis da cozinha estão tão cheios de frutas, peixes e grãos.

— Isso é bom. — disse. Quando Mael dormiu o estendeu para a ama. — Maysa, leve-o para o quarto.

A ama o pegou no colo com cuidado e saiu cantarolando para ele. Susie ficou observando os detalhes daquele salão, o admirando como sempre fazia toda as noites que entrava naquela sala. Prunaprismia segurava uma taça em forma de sino e bebericava o conteúdo que havia nele.

— Basílio me contou sobre sua amizade com o cavalariço. — dizia Prunaprismia. — E sobre sua visitinha ao calabouço.

Susie engoliu em seco. Tinha a plena certeza que aquele guarda não contara a ninguém já que a sra. Zerdali continuava calma com Wander.

— Quem é Basílio?

Houve um pigarreou antes da rainha responder. Encostado na parede estava um homem baixo com o peito estofado e com pouquíssimo cabelo. Susie nunca o tinha visto ele no castelo, ou apenas não o tinha percebido. Voltou a atenção a Prunaprismia.

— Wander é meu amigo, eu acho. — dizia hesitante. —E… Nunca cheguei perto do calabouço, nem sei aonde fica.

Prunaprismia ergueu a sobrancelha com pouco interesse. Fez um sinal com a mão para que Basílio se aproxima-se. Ele tinha os passos tortos e fazia uma careta grotesca quando pisava o pé esquerdo no chão.

— O que você sabe sobre Susie ir ao calabouço? Ela está mentindo ou é você que está mentindo?

— Esses jovens mentes, minha senhora, mentem muito. — sua voz suava estranha e a cada palavra dizia suas mãos tremia. — Haroldo estava lá e me contou todinho, minha senhora. Ele disse que correu atrás dos dois lá embaixo, e…

Prunaprismia ergueu a mão para que Basílio parasse imediatamente de falar.

— Então, Susie, o que me diz? Também devo chamar o cavalariço? — Virou-se para Basílio com o cenho franzido. — Por acaso ele tem nome?

— Wander — interveio Susie fitando Prunaprismia. — O nome dele é Wander.

Basílio assentiu com a cabeça freneticamente. A rainha colocou a taça em forma de sino sobre um criado-mudo ao lado da poltrona.

— Estou decepcionada com você, Susie. — disse ela com o semblante triste, mas Susie duvidava que fosse de verdade. —Realmente confiava em você, até tinha esquecido que tinha vindo de um outro lugar. — ela suspirou lamentoso. — O que você foi fazer no calabouço?

Susie olhou para Basílio furiosa e voltou-se para Prunaprismia.

— Foi ver como era que lá embaixo. — tentava não demostra que estava mentido. — No meu mundo é totalmente diferente.

—Mentira! Mentira! Mentira! — o rosto de Basílio ficou vermelho quando gritou. — Ela está mentindo, minha senhora!

— Saia daqui, Basílio. — disse Prunaprismia impaciente. Os olhos miúdos de Basílio lagrimejavam. — Você está me atrapalhando.

Ele se jogou no chão aos pés de Prunaprismia e segurou suas mãos com força.

— É perigoso fica aqui com ela, minha senhora. — ele olhou para Susie assustado e sussurrou no ouvido de sua rainha. — Ela é um monstro.

Susie levantou-se num sobressalto apontando para Basílio.

— Você que é, seu inútil, filho-da-mãe! — disse entre dentes. — Cuide da sua vida, animal.

Ele ficou boquiaberto, abismado e furioso com aquilo.

— Você ouviu, minha senhora? Você ouviu. Chame os guardas para dar um fim nela, minha senhora, vosso reinado corre perigo com ela aqui.

Prunaprismia soltou-se das mãos dele. Diferente da reação Basílio, Prunaprismia não ficara surpresa com o palavreado de Susie, parecia que esperava por isso. Susie enrubesceu e sentou em seu lugar.

— Agora saia, Basílio. — ele abriu a boca para falar, mas Prunaprismia interrompeu. — Eu sei me virar.

Ele levantou e fez uma demorada reverência.

— Avisarei ao rei Miraz que está aqui. — e saiu da sala apressado.

Susie sentiu uma raiva crescente por Basílio e este está no topo da sua lista de inimigos que tem naquele mundo, e são muitos.

— Podemos volta para nossa conversa? — perguntou Prunaprismia. — Creio que nada ira nos interrompe. Você disse que não foi ao calabouço e que nem sabia aonde ficava, e agora me diz que foi.

Engoliu em seco e fitou-a corajosamente.

— Prefiro amanhã, estou cansada. — disse ajeitando o vestido. Estava sendo estúpida.

Prunaprismia inclinou a cabeça e sorriu.

— Ainda é cedo para dormir, Susie, e você acabou de chegar também. — disse deixando Susie irritada. — Mesmo assim, não permitirei que saia antes de conversamos. Eu sou a rainha, lembra?

Uma usurpadora, isso sim, pensou Susie. Queria ir tanto para o quarto pensa no meio de fugir daquele lugar terrível.

— Bem o que vou falar será rápido, Susie, não se preocupe. É uma recomendação na verdade. Não sei se sabe, mas os dias têm ficado perigoso tanto para os plebeus quanto para nós, da realeza. Parece que algumas pessoas não estão gostando da Ponte do Beruna.

— Ponte do Beruna? — indagou Susie.

Ela deu de ombros.

— Mas antes que eu vá direto por assunto.— dizia. — Basílio me contou que tem aulas particulares de esgrima com seu amiguinho. — inclinou a cabeça. — Vai mentir de novo e falar que não?

Susie achou que atrás da estrebaria ninguém ia os encontrar, e somente o pai de Wander era o único que sabia, mas ele jurou que não contaria. Susie se perguntava como nunca tinha o visto espiando, pois o andar estranho dele o denunciaria a distâncias. Basílio era como uma mosca asquerosa.

Prunaprismia suspirou impaciente e abanou a mão mudando de assunto.

—Bem, vamos logo ao assunto, certo? Sei que está com sono e entediada. — segurou as mãos de Susie, apertando-as como sua mãe fazia. — Recomendo que tome cuidado de agora e diante, Susie, existem muitos perigos a rodeando do que antes. Eu gosto muito de você e realmente não quero que nada lhe aconteça.

Como ela consegue se tão falsa, pensava Susie indignada.

— Eu sei disso. — levantou-se da poltrona. — Posso ir agora?

Prunaprismia levantou-se também.

— Sim, pode ir. E mais uma coisa, — disse. — não confie em mim, não confie em ninguém.

— Eu não confio. — disse bruscamente. — Boa noite.

Prunaprismia a acompanhou até a porta do salão, e antes que deixasse Susie sair e segurou pelo braço.

— Nem no seu amiguinho, o cavalariço. — disse. — Tenha uma boa noite, Susie, se conseguir

Quando subiu para o quarto encontro Wander lá, sentado em sua cama desocupado. Pigarreou quando entrou no quarto chamando a atenção dele.

— O que faz aqui? — perguntou desconfiada. Estava sendo levada pelas palavras de Prunaprismia sobre confiança.

Não seja estúpida, Susie, pensou batendo em sua testa.

Wander sorriu para ela.

— Minha mãe mandou trazer o jantar. — inclinou a cabeça em direção a mesa para uma redoma. — Ela não pôde vir.

— Obrigado, mas estou sem fome. — sentou-se da cama e bufou. — Sua mãe por acaso ficou sabendo que fomos ao calabouço?

— Não. Se ela soubesse eu estaria cheio de hematomas. Mas porquê a pergunta?

— Prunaprismia sabe. — disse sem rodeios.

Os olhos de Wander arregalaram de surpresa, mas depois riu.

— E qual é o problema? Se minha mãe não sabe, então está tranquilo.

Susie balançou a cabeça. Wander só pensava nele mesmo.

— Para você Wander, não para mim. Eles já desconfiam de mim desde o momento que pisei aqui.

— Quem contou para ela? — perguntou sério. — Juro que quebro a cara desse infeliz.

— Aquele guarda contou para um homem chamado Basílio. Ele estava hoje na sala da Prunaprismia.

Wander cerrou os punhos com força, machucado suas próprias mãos.

— Aquele Basílio é estúpido e desgraçado! Ele era um ladrão antes, mas quase foi morto pela população.

— E por que não foi? — interveio Susie.

— General Glozelle estava lá e o levou até a corte para se julgado e, posteriormente, morto pelos seus crimes que eram muitos.

— Mas não foi. — interrompeu novamente.

— É, é, é. — disse impaciente. — Não me interrompa novamente, por favor. — ele pigarreou e voltou a narrativa. — Bem, enquanto ele era julgado por Caspian IX, que ainda estava vivo naquele tempo, Basílio prometeu que não mais roubaria se o rei lhe desse um lugar aqui no castelo. Ele achou isso uma grande ousadia, mas Miraz achou isso interessante e falou, desobedecendo o irmão, que Basílio teria um lugar ali.

“Caspian IX que era um homem justo aceitou, mesmo que contrariado, mas ele teria que pagar pelos seus crimes escolhendo entre perde os dedos, as mãos ou os pés. Justiça a cima de tudo! — disse cerrado os punho e balançando os braços. — Mas como Basílio tem a cara de cão sem dono, Caspian IX só quebrou a perna dele, deixando-o coxo.”

— Ele parece amar Prunaprismia. — disse Susie pensativa. Ergueu a cabeça para Wander. — Obrigado pela história.

— De nada. Basílio conta a história dele como se fosse um bom homem e adorado por todos. — levantou-se da cama se espreguiçando. — São raras as pessoas que gostam dele.

— Raras. — Susie arqueou as sobrancelhas e ria. — Eu diria que ninguém gosta dele.

Ele riu concordando com Susie.

— Bem, eu já vou.

— Espere um pouco. — disse Susie o parando. — Prunaprismia disse que corro perigo agora, que não devo confiar em ninguém.

— Não se preocupe, estou aqui para protegê-la. — Wander pegou a mão de Susie e beijou. — Tenha uma boa noite.

Mesmo que Wander prometesse que a protegeria isso não serviria para nada, Wander morava numa casa simples entre o castelo e a cidade, e até Wander chegar para salva já seria tarde. Mesmo assim preferiu imaginar que ele a salvaria quando corresse perigo e viria como um SuperMan.

— Você se parece com os cavaleiros da Távola Redonda. — Susie riu fechando a porta do quarto e deixando Wander intrigado.

Susie colocou sua camisola e ficou debruçada na janela ouvindo canções dos bêbedos as risadas ao longe. A lua estava grande e belamente prateada e lhe fez lembrar de casa, das manias estranhas da mãe, do pai com suas conversas empolgantes sobre a atualidade, dos amigos da escola e, especialmente, de sua avó. Estava ali a dias e não achara nenhum meio de volta para casa, apenas imaginou o modo como fugiria daquele castelo.

Antes que deitasse em sua cama empurrou uma cadeira sobre a porta e, assim, bloqueando-a para quem tentasse entrar. Deslizou para debaixo da coberta e, fazendo o possível para não chorar, dormiu.


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Notas finais do capítulo

Agradeço pelas 13 pessoas que estão acompanhando a fic e pelos comentários também.

Até a próxima.



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