A Herança escrita por Helgawood


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Este capitulo ficou meio grandinho, mas não se preocupe, os próximo serão menores.

Obrigado pelos comentarios Clary, A Gentil e Mariana147



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Susie corria de armadura e espada na mão por um campo de batalha sangrenta entre Narnianos e Telmarianos. Parecia não haver esperança para nenhum dos lados. Quanto menos esperava tropeçava em um corpo que só reconhecera ser narniano pela metade animalesca. As perdas eram grandes. Mas não podia parar corre, tinha que chega ao Monte Aslam.

Os sons agoniantes lhe arrepiava e fazia temer que, no final, não restasse uma alma viva. Quando chegou na entrada da caverna freou e, pela última vez, olhou para trás aflita. Correu pelo corredor escuro até chegar a Mesa de Pedra e aliviou a tensão em seus ombros quando viu o Leão..

– Aslam... – murmurou.

O Grande Leão estava em pé sobre a Mesa, imponente. Susie sorriu de orelha a orelha, cansada e exausta. Aslam daria um fim naquela guerra, era o que pensara, mas o mesmo não sorria para ela.

– Acabe com essa guerra, Aslam. Narnianos estão morrendo!

Ele negaceou com a cabeça e a olhou com pena para garota. Susie não compreendia. Os antigos reis e rainhas de Narnia estavam lá fora, lutando desesperadamente por fim.

– As...

As palavras sufocaram em sua garganta quando sentiu uma dor terrível no peito. Olhou para baixo e viu que era mais uma vítima da guerra. Uma ponta de flecha saia de seu peito tingindo o chão de vermelho. Susie queria fala com Aslam, pedi desculpa, mas não era capaz. Tocou a juba do leão e caiu, desistindo de sua vida.

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– Susie. – voz irritante da sra.Zerdali lhe chamava e a sacudia. – Acorda, por favor.

Quando abriu olhos e a encarou confusa.

– Senhora Zerdali?

Ela suspirou aliviada.

– Você estava tendo um pesadelo, garota.

– Estou um pouco confusa. Ainda estou em Telmar?

– A onde mais estaria, querida. – disse empurrando o coberto para que Susie se levanta-se.

Susie levantou da cama, espreguiçou e esfregou os olhos afastado o sono.

– Vou prepara seu banho.

Susie assentiu.

Não demorou muito para que a Sra. Zerdali voltasse com duas garotas carregando baldes de água gelada para o banho. Zerdali não se incomodou em vesti Susie novamente e enfeita-la para o café da manhã. O vestido era amarelo e lhe serviu perfeitamente.

– Agora está apresentável para ele.

– Ele? O rei Miraz?

Sabia que, cedo ou mais tarde, teria estar cara a cara com Miraz, respondendo suas perguntas intimidadoras.

– E a senhora Prunaprismia também. – disse Zerdali abrindo as cortinas do quarto. - A rainha está curiosa para conhece-la

– Ela deve pensa que sou um mutante. – murmurou.

– Disse alguma coisa? – perguntou curiosa.

– Eu vou fica sozinha com eles?

– Talvez. – disse, passando a arruma a cama.

– Eu arrumo minha cama! – gritou Susie ao ver Zerdali mexendo nos travesseiros. – Eu me sentiria mal se fizesse isso.

Soltou o lençol surpresa, depois assentiu e sorriu.

– Você é tão gentil, Susie. – disse a mulher. – Mas vamos logo. O rei não gosta de espera.

Zerdali a acompanhou pelos corredores e salas vazias até chegar ao rei. Miraz e Prunaprismia estavam sentados na cabeceira de uma longa mesa. Mas não era só eles, o herdeiro também estava, no colo da ama. A mesa estava de repleta de comidas e bebidas para só três pessoas.

– Ande de cabeça erguida. – Zerdali sussurrava em seu ouvido. – E curve-se quando chega perto.

– Sou obrigada a fazer isso?

– É para seu próprio bem. – e saiu, deixando-a sozinha na entrada da sala.

Caminhou calmamente de cabeça erguida, preferindo não manter contato visual nos dois. Curvou-se, puxando levemente a barra do vestido num sinal de reverencia.

Miraz fez um sinal para que Susie senta-se ao lado de sua mulher.

– Bom dia, majestades. – disse Susie.

Miraz a cumprimentou com um aceno da cabeça.

– Então você é Susie? – perguntou Prunaprismia, num fingido interesse.

– Sim, rainha. – respondeu.

Prunaprismia ergueu o nariz e voltou a atenção para o marido. Miraz ergueu a mão no gesto para que ama se aproxime com o bebê.

– Esse é meu filho e herdeiro de Narnia, Mael. – pegou o no colo ligeiro e passou para Prunaprismia.

Olhou para o garoto que mexia seus braços gordinhos no colo da mãe, e rindo quando recebia beijos de Prunaprismia. Susie se viu pensando o quanto seria engraçado se Mael não fosse filho legitimo de Miraz. Reprimiu um sorriso.

– Já o imagino em meu lugar, no trono.

Susie não disse nada e voltou a atenção por prato vazio. Miraz deu um breve sorriso.

– Por que não come, Susie? – perguntou Prunaprismia. – Pode ficar a vontade, é nossa convidada.

convidada, pensou Susie, nem me conhecem direito, e me consideram sua convidada. Olhou de um para o outro pensativa.

– Algo problema, Susie? – perguntou Prunaprismia.

Susie virou para Prunaprismia e negaceou com a cabeça. Preencheu seu prato com que achou de melhor e comeu.

– Você era amiga do principe Caspian?

– Não. – respondeu cética, mas lembro do que doutor Cornelius disse. – Ele fugiu, certo?

Prunaprismia e Mirazz trocaram olhares, porém Miraz parecia frio e Prunaprismia triste. Ela gostava dele, pensou Susie surpresa.

– Espero que ele seja encontrado. – disse a rainha.

Aquele café da manhã prosseguiu em silêncio, só algumas vezes que Miraz e Prunaprismia diziam alguma coisa. A comida estava fantástica e, mesmo não sendo adequado, repetiu.

– Vejo que gostou da comida, Susie. – comentou Prunaprismia. – Mas me diga, qual é seu sobrenome?

– Meu sobrenome? – perguntou com a boca cheia, recebendo vista grossa do rei e da rainha.

– Meu sobrenome é Plu...

– Majestade!

A porta do salão se abriu abruptamente com a entrada súbita de um soldado. Ele estava cansado e suado. Prunaprismia gritou quando o soldado entrou, e abraçou o filho que começara a chora; Miraz se pós de pé com a mão ombro da mulher, acalmando-a. Susie tremeu, demorando seu suco na mesa.

– O que isso! – trovejou Miraz.

O saldado se curvou.

– Desculpe-me, meu rei. Mas... – engoliu em seco. - ... Achamos uma coisa que o interessara.

Miraz caminhou até o soldado retirando a espada da bainha, o que surpreendera Susie. O que levara alguém carrega uma espada para o café da manhã.

– Achou ouro, por acaso? Castelo ou... – olhou para mulher com uma falsa tristeza e voltou para o soldado. - ... O corpo de Caspian.

Susie percebia que Miraz era um falso até mesmo com a mulher que acreditava na morte do sobrinho.

– Glozelle está o esperando na sala do trono, meu rei. O que ele achou é intrigante.

Miraz assentiu e com um gesto pediu para o soldado sair. Voltou-se para a mulher e Susie.

– Receio que terei deixa-las sozinhas por um tempo. – beijou a fronte da mulher. – Volto logo.

Quando Miraz saiu, Susie limpou a mesa com um guardanapo.

– Espero que não seja nada de preocupante. – disse Prunaprismia chamando atenção de Susie. – Como você se sentiria se fosse um amigo seu?

– Amigo? Do que está dizendo.

Entregou o bebê para a ama e a mandou retira do salão. Prunaprismia aproximou-se de Susie, pousando a mão sobre o ombro dela.

– Não se faça de tonta, querida. – dizia. – Sabemos bem quem você é.

– Uma narniana, suponho. Mas quando vão abri a mente e ver que sou uma garota normal? São retardados por acaso?

Ela piscou, ofendida. Sua expressão não se alterou, porém seus olhos denunciavam sua fúria.

– Então quem é você, Susie? – perguntou contendo sua raiva.

– Eu já te disse, senhora. – voltou a atenção pra comida. – Tem alguma tropa da floresta procurando o anel?

– Uma tropa. – Arqueou a sobrancelha. – Essa história sobre o anel é muito fantasiosa.

– Pode até se, Prunaprismia. – a rainha quis interrompe, mas Susie continuou a falar. – Eu poderia ter falando que vi montada em um unicórnio, não acha? Mas não. Eu não vi de avião, de camelo nem em um cavalo.

– Avião? – indagou Prunaprismia.

Susie deu de ombros.

– Com o anel posso volta para o meu mundo, e nunca mais volta para esse.

– Provavelmente esse anel deve poderoso, não? – Prunaprismia levantou e parou atrás de Susie, segurando seus ombros. – Terei o prazer de ajudar na procura desse anel, Susie. Mas, creio eu, que ele desapareceu para sempre.

– Por que me mantêm aqui no castelo se me considera inimiga.

Ela a soltou e passou a andar pelo salão, arrastando seu longo vestido.

– Poque talvez você saiba onde está o príncipe Caspian.

Susie suspirou entediada.

A rainha Prunaprismia não disse mais nada e saiu do salão, decidida em seus objetivos. Susie terminou a comida que sobrou em seu prato e subiu em direção a biblioteca, falaria com Dr.Cornelius sobre o anel, e se a nos livros relatos de objetos como eles, mas era obvio que resposta seria não. O anel tinha alguma magia, isso era muito obvio, mas aparentemente ele não surgiu despropósito para Susie. Só que havia um problema: Susie não queria acredita que um leão criara tudo aquilo, que a escolhera para ajuda os narnianos.

Quando entrou na biblioteca estranhou que o doutor Cornelius não estivesse lá, cuidado de suas preciosidades. Então estranhou que o pergaminho de mil e trezentos anos estava perfurado com uma flecha. Era a mesma flecha de seu sonho com a haste longa e fina e o rêmige de pena vermelha.

Retirou a flecha com cuidado e a olhou curiosa e admirada. Talvez seja do doutor Cornelius, pensou Susie, mas não entendo o porquê de estraga um pergaminho tão velho. Ou porquê eu sonhara com ela.

Esperou um pouco, mas nada do Dr. Cornelius aparecer. Talvez ele tenha se perdido, o que não era provável; ele era velho, sábio e conhecia quase todos os livros daquele mundo, e se perde por corredores e salas parecia impossível para ele.

Então saiu, andou pela extensão de corredores e salas vazias até chega ao pátio. Era um dia ensolarado para se aproveita com suco de limão e jazz, pensava Susie, assim como se fazia em sua casa. Mas aquelas pobres pessoas pareciam não conhecer a diversão, muito menos a palavra folga.

Todos trabalhavam duramente.

– Susie o que faz aqui. – ouviu uma voz familiar.

A Sra. Zerdali estava em uma roda conversando com algumas garotas que Susie vira na cozinha, no dia em que chegara. Ela despediu-se nas meninas e correu até Susie. Ela carregava uma cesta de palha e cobria sua cabeça com um xale.

– O que está fazendo aqui fora? – perguntou ela.

– Estava procurando o Doutor Cornelius mais não o achei. Sabe onde ele está?

Zerdali deu de ombros e afagou o cabelo da garota.

– Não. Eu estou indo em um pequeno campo aqui perto, me acompanharia?

Susie assentiu, contente. Era a primeira vez, de muitas, que iria sair do castelo. O campo era uma planície verde de densa grama e ervas que a Sra. Zerdali aproveitava para pegar. Ao norte, não muito longe, ficava o castelo e em pequenos pontos pretos estava as pessoas trabalhando. Ao Sul, morro acima onde se encontravam, ficava a estrebaria onde o marido de Sra. Zerdali trabalhava.

Susie estava agachada puxando grama, a procura de qualquer erva mas não encontrava nada.

– Não, Susie. – repetira Sra. Zerdali pela decima sexta vez. Dava para perceber a voz de cansaço dela.

– Sou péssima nessas coisas!

– E como acha que vai se casar sem ao menos sabe sobre as plantas medicinais? – colocou a mãos na cintura indignada.

– Eu não vou me casar. – Susie respondeu cética. – Não aqui, quero dizer. Em meu mundo a medicina é muito avançada.

– Avançada como? – perguntou voltando a procura de plantas medicinais.

– Temos curar, sem precisa de plantas, para quase tudo.

– Achei! – gritou Zerdali animada.

Ela segurava entre a mão ervas roxas, precisamente alfazemas. Lembrou-se que sua mãe as usava para deixa cheiro agradável nas roupas, e que seu pai sempre reclamava de encontra-los na gaveta das roupas intimas. Ela sorriu com isso.

– Alfazemas são ótimas desinfetar ferimentos. – disse Zerdali. – Meu marido está com um ferimento terrível nas costas.

– Minha mãe usava elas para deixarem cheiro na roupa.

– tsc. Tsc. Tsc. Desperdiço total. – colocou as alfazemas na cesta e levantou-se com dificuldades, reclamando das articulações. - Vamos procura mais.

Susie assentiu. Quando Susie tentava ajuda mas atrapalhava. Na procura de plantas medicinais tocara em uma que lhe causara irritação instantaneamente. Sra. Zerdali riu dizendo que a planta de nome Coração-roxo não causava problemas graves.

Sentou-se em um pedaço de tronco cortado, coçado desesperadamente seu braço.

– Você vai sobreviver, Susie. – disse rindo. – Você só precisa lavar bem e parar de coçar.

– Onde tem água? – perguntou olhando para os lados. – Na estrebaria tem!

– Tem, mas nem é um pouquinho boa. – disse, e então ouviram cacos de cavalos. – Espera tem alguém vindo.

E realmente vinha a alguém. Um jovem de roupa esfarrapada vinha montado em um cavalo marrom que mal conseguia ergue a cabeça. Ele parou em frente as duas.

– Onde está seu pai, Wander? – perguntou Sra. Zerdali beijando a fronte do jovem.

– Está lá em cima reclamando de dor. – respondeu ele. Olhou para Susie e deu uma piscadela. – Quem é essa?

– Susie. – disse inclinando a cabeça em direção a garota. – E Wander, meu filho. – olhou para o jovem que desmontava.

Ele fez uma ligeira mesura.

– Sou o cavalariço do reino, senhorita Susie.

Susie enrubesceu e levantou levemente a barra de seu vestido.

– Muito prazer, Wander. Sou convidada e prisioneira do reino.

– Você é a feiticeira! – abriu a boca em "O", surpreso. Zerdali bateu em sua cabeça com força fazendo-o resmungar palavrões.

– Mas respeito com ela, seu garoto estupido! Até parece que nunca lhe ensinei nada. – virou-se para Susie. – Desculpe querida.

– Tudo bem. – disse Susie. – Tenho que me acostumar com isso.

– Peça desculpa para ela, garoto! – puxou a orelha dele empurrando-o.

– Desculpe-me, senhorita Susie, não era minha intenção ofende-la.

– Mas ofendeu. – disse. Wander abriu a boca para dizer alguma coisa, mas Susie interrompeu abanando a mão, mudando de assunto. – Acho que eu já vou volta pro castelo, Sra. Zerdali.

O braço e Susie já estava vermelho de tanto coçar e pequenas bolhas começavam a surgir.

– Não irei agora, mas quando eu chegar cuidarei desse braço. – dizia Zerdali. – Seja cavalheiro e leve ela, Wander.

– Mas o cavalo é velho demais. – comentou Susie, preocupada com o pobre animal.

Wander riu sarcástico, batendo de leve no dorso do animal.

– Ele aguenta de tudo! Venha, eu te ajudo a montar.

Wander que era apenas alguns centímetros mais alto que Susie, e a ergueu facilmente para sela. Wander agarrou as rédeas e andou ao lado do cavalo, enquanto Susie o montava.

– Quando chega vá diretamente pro quarto. – recomendou Zerdali. Virou-se para o filho. – Leve Susie com cuidado e a proteja, entendeu?

Ele revirou os olhos.

– Mãe, o castelo nem está tão longe .

– Mas mesmo assim. – disse. – Agora vão!

Wander fez um barulho estranho com a boca, como um estalo só que diferente. O cavalo pareceu entender e começou a trotar devagar, cansado da velhice.

– Esse cavalo é mais lento que uma mula. – observou Susie.

– Esse cavalo pode ser velho, mas tem mais honra que o próprio rei Miraz.

Susir olhou surpresa para o cavalariço que sorria.

– Você está falando mal de seu próprio rei?

Ele fez um barulho com a boca desaprovando a pergunta de Susie.

– Ele é um usurpado! Não duvido que ele tenha matado o próprio irmão e o sobrinho.

– Também não gostou do Miraz nem da rainha Prunaprismia. Estou presa nesse castelo como prisioneira por culpa neles. – dizia Susie irritada. – Eu não sou uma narniana!

Wander puxou as rédeas fazendo o velho cavalo para bruscamente.

– Ficou maluca em dizer isso tão alto?

– Não, porque é verdade.

Resmungando baixinho puxou as rédeas do cavalo para a trilha marcada por rodas de carroças. Susie aproveitou a lenta viajem para apreciar o cenário de verde total e a cidade ao longe, onde queria estar de verdade.

Finalmente chegaram ao castelo, Susie foi recebida com olhares nada gentis. Wander ajudou Susie a desmontar e pediu que o esperasse enquanto levava o cavalo para o estábulo. Quando voltou trazia um cantil com água.

– Quer? – ofereceu a Susie que negaceou com a cabeça.

– Sabe se o doutor Cornelius já chegou? De manhã eu não vi na biblioteca.

– O professor Cornelius? – ele disse pensativo. – Ah! É mesmo. Você não souber? Ele foi pro calabouço.

Seus olhos se arregalaram. Aquilo não podia ser verdade! Então veio em sua mente que fora por culpa dela que o pobre homem foi para o calabouço.

Não. Não. Não. Não. Por favor, não. Tudo minha culpa.

As lagrimas afloraram em seus olhos.

– Ah, não! Por favor, não chore. – suplicou Wander, sacudindo-a pelos os ombros.

Enxugado as lagrimas com as costas da mão, perguntou:

– O que ele fez de errado?

– Ninguém sabe. – respondeu Wander com um sorriso amargo. – Foi hoje de manhã que levaram ele.

Lagrimas encheram seus olhos chamando atenção de curiosos.

– Olha, se você para de chorar, talvez ele saia. – tentava acalma-la. – Bem, isso que eu disse é inútil.

– É mesmo. – Susie disse reprimindo um sorriso.

Wander pegou o braço de Susie vendo as bolhas vermelhas.

– É melhor volta para o quarto e passa água, como minha mãe recomendou.

As bolhas estavam vermelhas e pequenas ainda, mas coçavam bastante para ser perturbadoras.

– Você sabe onde fica o calabouço. – ele assentiu. – Então me leve até lá.

– Não! – gritou ele, recuando alguns passos. – Lá é cheio de guardas.

– Mas eu preciso falar com o doutor! – disse com os olhos lacrimejantes. – Você é o único que pode me ajudar.

– Mulheres são desonesta quando começam a chorar. – disse ele.

– Por favor.

Ele suspirou e assentiu:

– Olha eu te ajudo, mas temos que se rápidos.

– Seremos.

– E, por favor, nada de ficar conversando por horas. – Susie assentiu animada, enxugando as lagrimas. – Venha. Rápido!

Wander agarrou sua mão e correu para dentro do salão, empurrando as pessoas e sendo xingados por elas. Passaram por corredores e escadas íngremes de cheiros desagradáveis. O calabouço ficava num anda muito baixo, e Susie se recordava muito bem como o local era terrível.

Quando finalmente chegaram no calabouço encontraram um soldado guardado a corredor que os levaria as celas.

– Fique aqui. – disse Wander atrás de barril vazio, espiando o soldado. – As celas ficam logo depois do corredor. Eu vou lá, falo com aquele cara e te chamo.

– Não demore. – sussurrou.

Susie não conseguiu ouvir o que Wander falava com o soldado, mas Wander estava encenando muito bem. Depois de dois minutos de conversa o soldado saiu correndo, agradecendo por alguma coisa. Wander foi até Susie, ajudou-a a levantar e correram novamente.

– Estamos chegando? – perguntou Susie.

– Falta pouco! Mas o problema é que são muitos.

– Vamos grita então. – sugeriu Susie. – Ele irá nos responder.

Wander balançou negativamente a cabeça.

– Péssima ideia, senhorita Susie, assim vamos chamar atenção de todos os prisioneiros. E Aquele soldado vai volta irritado, querendo me matar.

Susie já sentia as pernas cansarem, não era acostumada a corre.

– O que você disse para ele?

Wander riu.

– Acho que hoje vou apanha da minha mãe.

Susie abriu a boca para perguntava novamente, mas fora interrompida.

– Chegamos. – disse num sussurro. – Não olhe para os prisioneiros.

Susie assentiu. Wander olhou para todas as celas procurando doutor Cornelius, mas o problema era que havias muitas. A maioria dos prisioneiros eram simples camponeses com o rosto abatidos que seu crime foram reclamar sobre as regras impostas por Miraz e seus amigos.

– Não vamos acha ele assim. – lamentou Susie.

– Tenho certeza que vamos. – disse ele, apoiando a mão sobre o ombro de Susie. – Não chore, por favor.

– Não consigo. – seus olhos começaram a lacrimeja.

– Senhorita Susie, é você? – Aquela voz rouca e estranhamente triste era do doutor Cornelius.

– Professor! – gritou Wander. – Onde você está!

– Aqui. – ouviu-se novamente a voz, e uma mão apareceu entre as aberturas da forte porta de madeira.

Susie e Wander correm até ele emocionados, mas era Susie que chorava mais. Jogou-se no chão segurando a mão do doutor.

– Doutor Cornelius por que colocaram você aqui?– perguntou Susie aos soluços.

– Eles descobriram que Caspian vive entre os narnianos.

– Caspian está vivo! – exclamou Wander.

– Cala a boca. – disse Susie entredentes.

DOUTOR Cornelius o olhou e disse:

– Jovem Wander isso tem que fica entre nós.

Wander olhou para Susie apreensivo e voltou-se para Cornelius.

– Eu não vou morrer, certo? Muito menos vou para no calabouço.

– Não se preocupe, jovem Wander, isso que aconteceu comigo será apenas comigo.

– Certo. – olhou para Susie. – E você? É uma narniana ou não?

–- Não! – disseram Susie e Cornelius em uníssono.

– Desculpe. – levantou o braço em rendição. – Desculpe.

Doutor Cornelius olhou nos olhos chorosos de Susie, e sorriu acalmando-a.

– Senhor Cornelius tenho perguntas. – disse Susie.

– Então faça Susie.

Ela olhou para Wander sem saber se fizera o certo de confiar nele.

– Vai Susie, pergunta logo. – disse Wander, impaciente. – Aquele soldado vai chega logo.

Voltou-se para Cornelius.

– Já houve alguém que uso o mesmo meio que eu para vir para cá? Usando um anel?

– Você não leu o livro, né.

– Não, senhor. – disse. – Não tive tempo ainda.

Ele fez uma careta pensativa, buscando em sua mente um anel como o de Susie e achou.

– Sim, já houve. – disse animado, mas logo entristeceu. – Mas foi a muito tempo. Nos primeiros dias de Narnia.

– E quem era? – perguntou ansiosa. – E como voltou?

Ele balançou a cabeça

– Eu não consigo me lembrar. – lamentou. – Mas está tudo no livro.

– Mas...

– Não dá tempo, Susie. – disse Wander, erguendo-a. – Aquele soldado está vindo. Ouça.

Passos apressados e palavras de baixo calão ecoavam pelo corredor. Doutor Cornelius segurou a mão de Susie.

– Adeus, Susie. – disse ele tristonho. – Espero que consiga devolver Narnia aos legítimos donos.

– Eu farei isso, senhor.

– Vamos! – puxou o braço dela impaciente.

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Wander acompanhado Susie até o quarto depois de uma longa corrida para despista o soldado irritado. Quando entrou no quarto bebeu um pouco de água da jarra que todos os dias era trocada por Zerdali.

– Aceita um copo de água. – ofereceu ela.

– Não. – sentou na beirada da cama, ofegante. – Onde está o livro que o professor mencionou?

Susie colocou a cabeça para fora vendo se não havia ninguém por perto e entrou, fechando a porta.

– Devo confiar em você?

Ele arqueou as sobrancelhas contando no dedo tudo que passaram naquela tarde.

– Eu te ajudei a entra no calabouço, ouvir sua conversa com o professor, te salvei do soldado e você não confia em mim?

– Você me chamou de feiticeira!

Ele levantou-se andou de um lado ao outro.

– Mas agora vejo que não é.

Susie o olhou pelo canto do olho, desconfiada. Ele riu.

– Sério! Pode acredita em mim.

Susie não sabia se acreditava ou não, mas levou em consideração por ele ser filho da Sra. Zerdali e por ajudá-la a entra no calabouço. Antes de pega o livro debaixo do travesseiro, foi ao banheiro lava o braço que já criara bastante bolhas. Quando voltou por quarto encontrou Wander debruçado cuspindo nas pessoas lá embaixo.

– Você é nojento! – disse fazendo careta.

Ele virou-se para Susie com um sorriso brincalhão.

– Sei que adoraria que meu cuspe caísse bem na cabeça do Miraz.

– Eu e grande parte dos narnianos restantes.

O sorriso no rosto dele subiu, então Susie soube que mesmo ele tendo dito que confiar nele, ele mesmo não confiava ou acreditava que houvesse narnianos vivos. Isso era normal depois de séculos acreditados nas regras impostas pelos Telmarinos.

– Vamos ler logo aquele livro antes que minha mãe chegue. – disse ele sentando na beirada da cama.

– Mas... er... Você quer mesmo me ajudar? – perguntou Susie receosa. – Você ouviu a conversa, sabe que eu, de algum modo, estou aqui para salvar Narnia. – Sentou-se ao lado dele. – Tive um sonho estranho hoje em que Aslam, o leão, estava meio que infeliz com a escolha de ter me trazido para cá.

– Infeliz? – perguntou surpreso. – Achei que ele não errava.

– E não erra, eu acho. – estava pensativa.

E se ele errasse? Todos erram na vida, e um animal também pode errar, pensou. E se seu sonho fosse uma previa do que aconteceria se errasse, e, como consequência de seu erro, iria morrer. Achou melhor não pensa nisso.

– Mas você não estaria aqui se ele estivesse errado. – ouviu Wander dizer.

Assentiu cabisbaixa. Levantou o travesseiro e pegou o livro, colocando-o na mão de Wander que o estranhou por não ter título.

– Você esconde suas coisas debaixo do travesseiro? Minha mãe descobrira esse esconderijo logo,logo.

– Cala a boca e leia. – disse ríspida. – A Sra. Zerdali logo vai chegar.

Ele resmungou. Abriu o livro numa pagina qualquer, ignorando as regras de começa pela primeira página, e admitiu que lia muito pouco e que algumas palavras eram desconhecidas para ele. Surpresa com a notícia prometeu que o ajudaria a ler, mas só se guardasse seu segredo.


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Notas finais do capítulo





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