A Herança escrita por Helgawood


Capítulo 11
Capitulo 11


Notas iniciais do capítulo

Sei que estou sumida e peço desculpas... Só quero dizer que mesmo que demore para postar os próximos capítulos, eu não vou abandonar "A Herança" e planejo conclui-la o mais breve possível.



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Susie suava e sentia dores musculares por toda a perna e braços, mas não pretendia desistir. Recuava dois passos quando Ériu, a centáurides, lhe atacava e avança um para estocá-la. Fora assim que Wander havia lhe ensinado há um bom tempo atrás, mas agora percebia que todas as aulas que tivera com ele não serviam para nada. Ali, com guerreiros e amazonas de verdade, não passava de uma dança boba com espada.

— Descanse. — disse Ériu, colocando a espada na bainha.

Susie soltou um profundo suspiro e se jogou na grama verde, arfando. Seu peito subia e descia freneticamente para recuperasse o folego perdido. Passou as costas da mão sobre a testa, retirando o excesso de suor.

— Você foi bem, senhorita Susie. — A jovem espantou e procurou a direção da voz. Vinha de Ripchip, parcialmente coberto pela grama.

Ele lhe deu um sorriso afável, pois só estava sendo gentil para incentivá-la, mas Susie sabia que era péssima.

— Não fui, não. Não nasci pra isso! Sou acostumada com passeios de carro, escola, fofocas, comida e as coisas que minha mãe ensinou. Mas isso aqui— ergueu a espada. — Não!

Ripchip pôs a pata sobre a mão de Susie, e sorriu solidário.

— Não desista tão fácil, senhorita. Você foi enviada por Aslam para nós, para nos ajudar.

— Se tivesse um meio de volta para casa, eu teria desistido faz tempo. Aslam nunca apareceu para mim fisicamente, só nos sonhos e por algum motivo estou obedecendo a ele! Achei que as coisas seriam mias facies quando eu os encontrassem, mas foi engano. — suspirou, frustrada. — Tenho que dormir numa caverna, comer frutas e treinar para uma batalha. Eu não nasci para isso!

— Ninguém nasceu para isso. — retrucou. — Ninguém nasce para lutar numa guerra, mas todos nós somos obrigados. Contudo, você pode escolher lutar pelo que acha certo.

Susie o olhou de relance e bufou. Pôs-se de pé, colocou a espada na bainha e marchou para dentro do monte deixando para trás um Ripchip curioso. Escolher o certo, foi o que o rato dirá, mas Susie praticamente não sabia nada sobre os dois lados, exceto que lutavam entre si e que havia dois reis para um trono: Caspian e Miraz.

Seria fácil escolher Telmar, afinal havia “caído” lá e permanecido mais tempo entre eles do que com os narnianos. Contudo, não era bem-vista por eles, e o único amigo que pensou ter feito naquele lugar havia lhe traído. Ou talvez ela o tivesse traído.

Por outro lado, os narnianos prometiam que voltaria para casa, para seu mundo de verdade. E que os reis de Nárnia, que supostamente vieram do outro lado também, estavam perdido em algum lugar naquele mundo e que juntos salvariam aquela terra.

— Acho que precisa de água, senhorita Susie — disse o doutor Cornelius oferendo um odre com água.

Susie não pensou duas vezes, agarrou o odre e bebeu com sofreguidão a água. Estava com tanta sede que sequer pensara que talvez aquela água fosse para todos, já que a fonte ficava próxima ao limite do acampamento inimigo. Limpou a boca com as costas da mão e entregou o odre a Cornelius.

— Desculpe… Eu estava com muita sede.

O doutor riu.

— Você treinou bastante hoje. Estou surpreso com seu progresso.

Susie o olhou de viés.

— O senhor não mente muito bem, sabia.

— Mas eu não estou mentindo. A senhorita realmente foi boa. Não será da noite para o dia que se tornara um espadachim habilidosa, por isso peço como seu amigo que não fique se lamentando ou se sobrecarregando por achar que não está boa o suficiente.

— Eu não acho, tenho certeza — retrucou.

Doutor Cornelius pôs a mão sobre o ombro da garota.

— De qualquer forma só saberá quando a hora chegar. Até la´, sempre faça seu melhor.

Ela aquiesceu, agradeceu as palavras do doutor e entrou para o monte. Porem, antes que entrasse na sala da mesa, parou na porta. A voz de Nikabrik sobressaltava das do presente na sala.

— Sem desmerecer ninguém, mas aquela garota trouxe mais preocupação do que alívio, vossa alteza.

— Não acho isso. Ela ajudou o doutor Cornelius a sair de Telmar e vem nos ajudando desde então. Talvez ela também tenha vindo com a ajuda da trompa.

— Bah! A trompa nunca funcionou, meu príncipe. E se funcionou trouxe a pessoa errada para nós. Enviamos Trumpik para os inimigos acreditando que os reis e rainhas de Nárnia estivessem aqui, mas sequer temos notícias deles.

Caspian de um longo suspiro.

— Aonde você quer chegar, Nikabrik?

O anão pigarreou.

— Quero falar sobre uma outra forma de ganharmos, vossa alteza.

Caspian ficou alguns instantes em silêncio, ponderando. A vontade de Susie era de abrir a porta e ver o que estava acontecendo.

— É melhor falar na frente de todos. A noite farei uma reunião e assim poderá falar abertamente.

— Sim, vossa alteza.

Susie se espantou, e correu para fora do monte antes que Caspian abrisse a porta e a encontrasse escorada.

****

Depois daquilo, Susie passou a tarde toda ansiosa e nervosa com a tal reunião. Não contara a ninguém, tampouco para doutor Cornelius e Ripchip sobre o que ouvira, embora não lhe faltasse vontade. Quando a noite finalmente chegou, a garota estava ainda ansiosa com o que poderia vir.

— Não vai comer? — perguntou um dos ratos companheiros de Ripchip.

Negaceou. Não sentia fome. Os ratos foram gentis em buscar frutas para o jantar, mas era inegável que todos sentiam falta de pão e carne.

Susie abraçou os joelhos e observou o céu estrelado.

— Bem que alguma coisa podia acontecer hoje… — murmurou ela.

— Hã? — um dos ratos mexeu uma das orelhas. — Disse alguma coisa?

— Não. Nada.

Talvez Nikabrik estava certo; ela não estava ajudando ninguém.

Uma movimentação estranha chamou a atenção de Susie. Caça-Trufas e Nikabrik entravam no monte acompanhados por duas figuras estranhas, cobertos por um manto de capuz preto.

Assim que eles entraram, não demorou para que Cornelius aparecesse. Pôs-se de pé e correu em direção ao idoso.

— Doutor Cornelius! — chamou ela. — Quem são aquelas pessoas?

— Eu não sei direito… são conhecidos do Nikabrik, pelo que sei. — respondeu ele. — Você parece assustada, senhorita. Está tudo bem?

— Eu.. Eu… — ela deu um profundo suspirou. — Não confiou no Nikabrik! Ele é estranho. Parece não apoiar Telmar, mas também não gosta do príncipe Caspian! Ele não parece defender nenhum dos lados, apenas causar discórdia.

Cornelius colocou a mão sobre o ombro da garota, tranquilizando-a.

— Ele só é difícil, senhorita. Deve ser comum aos anões negros esse comportamento… complicado.

— Mesmo assim não confiou nele… Tome cuidado, doutor.

Ele sorriu.

— Tomarei… Mas por que não vem comigo, senhorita, assim poderá ouvir o que Nikabrik quer nos falar.

Ela negaceou.

— Já tenho uma noção do que ele vai falar. — disse ela. — Eu vou fica aqui fora com Ériu e os outros. Meu dever agora é proteger o monte.

Cornelius riu e bagunçou os cabelos da garota.

— Parece que Aslam nos trouxe uma guerreira!

Susie ficou surpresa e sorriu. Era aquilo que deveria ser; uma guerreira. Aslam não a trouxera para ser mais uma lady como sua avó fora outrora. Seu destino era luta por Nárnia ao lado dos reis e rainhas.

— Ériu! — gritou e correu em procura da centáurides

****

— Quieta! — sibilou Ériu pela terceira vez. — Você faz muito barulho.

— Mas…

— Shh!

Susie cruzou os braços, apenas queria explicar que só estava respirando. Encontrara a centáurides numa clareira no bosque, imóvel e o com o olhar fixo no nada.

Susie suspirou.

— É impossível para sua raça ficar em silêncio?

— Mas eu ‘to quieta! — reclamou.

Ériu suspirou resignada.

— Sei… Olha, você consegue sentir isso? — A centáurides fechou os olhos e ergueu a cabeça. Susie tentou, mas não sentia absolutamente nada ali.

— O que eu deveria sentir?

— A mudança. — respondeu ela, abrindo os olhos. — Algo está mudando, não sente? Sutilmente, algo se aproxima de nós. — Ela sorriu para Susie. — É melhor nos prepararmos.


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