Estava muito calor dentro daquele caminhão. Eu já esperava que fosse quente, mas nunca imaginei que seria tanto assim. Bucky, Steve, Natasha, Sam e eu estávamos dentro de um caminhão de mudanças que Steve havia roubado. Aliás, roubado não, pegado emprestado. Não era nenhuma chegada gloriosa, mas era a única forma que encontramos de chegar à sede da Hydra sem levantar suspeitas.

O caminho entre a casa do Sam e o prédio era um pouco longo, e o percurso foi desconfortável. Eu estava sentada sobre uma caixa e Bucky estava em pé ao meu lado. Ele se segurava em uma barra que estava fixada ao teto. Em sua outra mão estava um revólver. Eu estava segurando uma Hk UMP.

Quando o caminhão parou, eu senti meu coração acelerar. Todos olharam para mim, essa era a minha deixa. Eu respirei pesadamente antes de me levantar. Aquilo deveria ser como as minhas antigas missões, mas dessa vez era diferente. Da última vez em que estive neste prédio, eu sofri torturas físicas e psicológicas, é natural que eu esteja um pouco relutante.

– Georgiana, vai ficar tudo bem – Bucky sussurrou em meu ouvido. – Eu irei atrás de você, e não deixarei que nada te aconteça. Eu prometo.

De alguma forma, aquilo conseguiu me tranquilizar. Eu virei o rosto para Bucky e balancei a cabeça, assentindo. Dei um meio sorriso e virei de costas. Abaixei-me para pegar a bomba que havíamos pegado na W.H.I.S.C e dei alguns passos à frente. Abri uma das portas do caminhão e saí.

O caminhão estava estacionado na esquina do prédio da Hydra. Era um lugar enorme e que, se qualquer pessoa olhasse, não diria que dentro deste ocorriam coisas tão terríveis. Dois guardas estavam de sentinela na entrada, e as portas estavam trancadas. Já era começo de noite, e não havia ninguém na rua.

Eu caminhei até atrás de uma árvore e me escondi ali. Estendi a bomba até ben próximo ao meu rosto e apertei alguns botões, programando-a. Depois de acionada, eu soltei-a das minhas mãos e guiei-a, usando a telecinese, até a porta do prédio. Tendo cuidado em mantê-la sempre no alto, para não despertar a atenção dos guardas antes do tempo. Fiquei segurando a bomba no ar, em frente a porta, por alguns segundos, até que eu ouvisse a explosão.

O alcance da bomba era pequeno, apenas o suficiente para apagar os dois guardas, explodir a porta e atrair a atenção das pessoas que estavam dentro do prédio.

Quando me dei conta, Steve, Sam, Natasha e Bucky já estavam próximos a mim. Tony Stark apareceu no céu com sua armadura do homem de ferro e pousou no chão rapidamente.

– Parece que a festinha vai começar – ele sorriu.

Todos nós corremos até a entrada do prédio e entramos. Como já era de se esperar, alguns agentes da Hydra já haviam se aglomerado no primeiro corredor. Eu olhei para todos eles e reconheci alguns da W.H.I.S.C. Traidores, pensei enquanto estendia minha arma e atirava no primeiro que corria em minha direção.

Pela minha visão periférica eu conseguia enxergar os outros lutando. Tony lutava com tanta maestria que até parecia fácil fazê-lo com aquela armadura. Natasha estava com uma arma em cada uma das mãos, e nenhum agente ficava em pé por muito tempo ao seu lado, ela os derrotava com muita facilidade. Tony e Natasha não ficaram conosco por muito tempo, depois de chegar ao fim do corredor, eles viraram para a esquerda, em direção à sala de controle, para injetar o vírus.

Sam, Bucky, Steve e eu seguimos pela direita. Mais uma horda de agentes da Hydra apareceram, eu olhava para cada um deles esperando encontrar Edward, não via a hora de dar a ele o que merecia. E também sabia que Bucky pensava o mesmo.

Houve um momento Bucky, Steve e Sam estavam ocupados, cada um lutando com um agente, e eu tinha acabado de abater o que me enfrentava, então decidi seguir em frente sozinha, esperando que eles me seguissem quando pudessem.

Eu virei o corredor e parei imediatamente. Havia chegado ao local onde Edward havia me socado, à minha direita estava a sala onde eu tinha levado os choques. Parecia que meu coração ia parar, e comecei a lembrar de toda a dor que eu havia sentido naquele dia. Vi três homens correrem em minha direção e fiquei olhando eles se aproximarem. Eu devia me mexer, mas não conseguia. As imagens do sorriso sádico de Edward, as perguntas de Collins, tudo aquilo ocupava a minha mente. Senti meu rosto esquentar de raiva. Eles quase me mataram uma vez, eu não vou deixar que isso aconteça novamente.

Ergui o olhar para os agentes à minha frente, eles já estavam bem próximos. Estendi o braço e fiz um movimento horizontal da esquerda para a direita, e todos os três foram arremessados para trás com o poder da minha mente. Corri em direção ao local para onde eles haviam sido atirados enquanto trocava o cartucho da minha arma. Parei em frente aos seus corpos, eles estavam atordoados e me olhavam confusos. Eu estendi a arma e atirei no primeiro. Quando me virei para o segundo, ele estava rastejando para trás, tentando pegar sua arma no chão. Eu sorri por sua tentativa miserável de sobreviver. Ergui a arma e atirei.

– Não comemore sua vitória antes do tempo – ouvi uma voz desconhecida.

Quando virei o rosto para o lado para ver quem era o dono da voz, me deparei com o cano de uma arma apontado para a minha cabeça. Eu engoli em seco. Antes que pudesse tentar fazer algo para me defender, eu ouvi o barulho do tiro.

Fechei os olhos com força e meu coração começou a acelerar. O corpo do agente ao meu lado caiu, e eu abri os olhos novamente. Virei o rosto para trás, e vi Bucky com a arma apontada para o lugar onde estava o homem.

– Eu disse que ia te proteger – ele afirmou.

Meu coração continuou acelerado. Ele sempre ficava assim inquieto quando eu via Bucky. Steve e Sam viraram o corredor e todos os três caminharam em minha direção. Mais agentes apareceram e nós entramos em posição de batalha. Parecíamos um grupo de super-heróis. Algo como os Vingadores. Mas se eu fosse dar um nome, seríamos os Justiceiros, unidos pela mesma causa; derrotar a Hydra. Lutando, parecíamos imponentes. Era visível a vantagem que tínhamos sobre os oponentes. Afinal, éramos o Capitão América, o Soldado Invernal, o Falcão e a Agente Wayland, todos juntos em batalha.

– É só isso? – comentei assim que o corredor acabou.

À nossa frente havia apenas uma porta, e dois homens faziam a guarda desta. Quando nos viram, imediatamente vieram em nossa direção. Eles eram os mesmos brutamontes que me seguravam durante aquela sessão de tortura. Eu senti um nó no estômago quando os vi. Achava que a qualquer instante eles fossem me agarrar e me afogar novamente. E, ao invés de ficar assustada, fiquei furiosa.

Eu ultrapassei Steve que corria para ataca-los e fiz isso eu mesma. Descontei toda a raiva que estava sentindo naqueles caras. Chutei, soquei, golpeei, bati a cabeça de um deles na do outro, e quando eles caíram no chão, atirei com muito gosto. Nunca me considerei uma pessoa sádica, mas fazer aquilo me deixou, de alguma forma, aliviada.

Segurei a maçaneta da porta e antes de girá-la, olhei para trás.

– Vocês não vêm? – Perguntei para os rapazes, que me olhavam surpresos.

– Claro – Steve disse.

– Você primeiro – Sam afirmou.

Eu abri a porta e me deparei com uma sala que parecia um escritório. Era bem ampla e cheia de telas por todos os lados. Telas onde eram transmitidas as imagens das câmeras de segurança. Mas as imagens não estavam sendo transmitidas em tempo real porque Natasha havia colocado para repetir as imagens que ela tinha pegado na W.H.I.S.C.

– Ora, ora. Ora. – Collins estava sentado em uma cadeira atrás da mesa que estava ao centro do escritório. – Olha só quem resolveu aparecer. Vocês demoraram. E Georgiana – ele olhou diretamente para mim – é bom ver que você está recuperada. E devo dizer, está linda como sempre.

Eu franzi o cenho e apertei os dentes.

– E eu devo dizer que é um prazer estar aqui para assistir à sua cara frustrada enquanto percebe que tudo no qual você acredita está indo por água abaixo – sorri, vitoriosa. – Porque é isso que está acontecendo. A Hydra? Vai acabar. Seus ideais? Vão se perder, e em breve vocês serão apenas passado, história.

Ele deu uma gargalhada forçada sem tirar os olhos de mim.

– Georgiana, você já foi mais esperta. Já esqueceu do nosso lema? Se cortar uma cabeça, duas nascerão no lugar.

Nesse momento, a porta atrás de nós se abriu e dezenas de outros soldados da Hydra apareceram. Eram tantos que conseguiram nos imobilizar. Haviam dois deles para segurar cada um de nós, e os outros apontavam armas. Eu fiquei me rebatendo e tentando me soltar, mas minha tentativa foi falha. Levantei o olhar para Collins, que estava com um sorriso enorme no rosto.

– Admiro a tentativa de vocês – ele começou a falar. – Mas vocês são pequenos demais em comparação à Hydra. E seus esforços nunca serão o suficiente.

Collins acenou com a cabeça para um dos agentes que estavam na sala e este caminhou em direção a Bucky. Os agentes que estavam segurando-o, saíram da sala e levaram-no com eles, seguidos por dois outros com armas apontadas em direção à sua cabeça.

Se eu já estava tentando me soltar dos braços daqueles homens antes, eu agora estava desesperada. Eu não gritava porque não tinha forças para isso. Lágrimas começaram a sair de meus olhos. Eu estava perdendo o Bucky. Eles estavam tirando-o de mim.

– Levem-nos para o pátio e... – Collins passou os olhos por cada um de nós e não tirou o sorrido do rosto. – Executem-os.