.Capítulo 1. .Tom Riddle Sr.

            Tom Riddle gostava de ir à Londres, era uma oportunidade de sair de sua vida pacata, naquela cidade simples e calma que era Little Hangleton... Era uma chance de passear por uma cidade mais agitada sem a constante vigilância de seus pais.

            Onde ficar não era um problema, pois, além dos inúmeros imóveis que a família possuía na capital, o jovem Riddle tinha vários amigos que sempre lhe ofereciam um lugar para ficar. Era com um desses amigos que Tom iria ficar naqueles poucos dias que passaria em Londres.

            Charles Campbell, um bom amigo que o conhecia fazia algum tempo e conhecia alguns de seus segredos também. O homem também era bem visto pelo Sr. e Sra.Riddle, pois tomava conta de algumas propriedades que eles mantinham na cidade.

            A casa dos Campbell não era tão grande quanto a dos Riddle, mas era grande o suficiente para acomodar confortavelmente o casal e seus empregados. Quando o carro parou na frente da residência do amigo, Tom sorriu, abrindo a porta e saindo do veículo.

            O homem dirigiu-se até a porta, batendo na madeira e esperando alguém atender, não prestando a menor atenção no motorista, que tentava tirar as suas malas do carro sem batê-las em nada. Não demorou muito para que a porta se abrisse, dando lugar a imagem de um homem alto, de cabelos castanhos e olhos verdes.

            - Tom – o homem estendeu a mão para o amigo – É um prazer vê-lo novamente.

            - Posso dizer o mesmo, Charles.

            - Vamos, entre – assim que o outro entrou, o Sr.Campbell chamou um empregado para ajudar o motorista com a bagagem do Sr.Riddle.

            Tom entrou na sala de visitas, onde Ellen, esposa de Charles, estava sentada em um sofá com um livro aberto no colo. A mulher ergueu a cabeça e sorriu ao ver o outro homem.

            - Quanto tempo, Tom – a Sra.Campbell se levantou e abraçou o amigo rapidamente – Sente-se.

            - Quer beber alguma coisa? – Charles perguntou.

            - Sim, obrigado.

            O dono da casa encheu dois copos com bebida e entregou um ao amigo. Tom aceitou o copo e bebeu um gole, sentindo-se bem ao engolir o líquido gelado...

            - Então, Charles, qual é o motivo da sua insistência para eu vir a Londres? – o jovem riu, bebendo mais um pouco.

            Quando levantou os olhos da bebida, Riddle percebeu que não era um motivo muito bom pelo qual o amigo o chamara. O Sr. e a Sra.Campbell tinham  uma expressão estranha no rosto, como se eles estivessem se preparando para lhe contar uma má notícia.

            - Não me digam que vocês deixaram alguma coisa acontecer com um dos imóveis dos meus pais – o homem deu uma risada debochada – Eles iriam ficar loucos caso descobrissem que alguém quebrou uma janela, roubou um vaso do jardim ou deixou de pagar o aluguel...

            - Isso não tem nada a ver com os imóveis, Tom – a voz de Campbell estava séria.

            - Então o que é? O que é tão urgente assim, Charles? Pelo amor de Deus, fale logo ao invés de ficar fazendo suspense...

            - Tom, eu sei que você não gosta de falar sobre isso – o amigo sentou-se ao lado da esposa no sofá – Mas... Há alguns anos atrás, quando você fugiu com a...

            - Charles, por favor, você sabe que...

            - Você não gosta de falar disso, eu sei, mas isto é importante. Não sei o que aconteceu com vocês, como vocês ficaram juntos e como se separaram, mas... – Charles suspirou – Ela estava grávida quando você a deixou, certo?

            O homem resmungou alguma coisa incompreensível.

            - Você nunca se perguntou o que aconteceu com ela e com a criança? – dessa vez foi Ellen quem perguntara.

            - Não... E espero nunca ter que pensar sobre isso.

            - Tom! – a mulher deu um gritinho – Como você pode pensar assim? É seu filho!

            - Eu sei que é meu filho, mas é um filho que eu não quis ter, está certo? – o homem cortou a fala da outra, quase esmurrando o copo de vidro sobre uma mesinha de canto – E é por isso que eu não quero saber sobre isso.

            - Você está agindo feito uma criança, Tom!

            - Você não sabe do que está falando, Charles! E, se for por isto que você me chamou, para me importunar com perguntas sem nexo, eu vou ir embora... – Riddle deu as costas para eles, saindo da sala e indo em direção à porta da frente.

            Quando já estava abrindo a porta, pensando apenas em aonde iria ficar depois que saísse da casa dos Campbell, Tom ouviu a voz do amigo gritar por detrás dele.

            - Nós o achamos! A mãe dele morreu dando-lhe a luz, e, desde então, ele mora em um orfanato aqui em Londres! O nome dele é Tom Marvolo Riddle – o homem ficou estático – E ele é uma cópia perfeita sua...