.Capítulo 2. .Tom Riddle Jr.

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Apesar das crianças parecerem bem cuidadas, o Orfanato Wool’s era um lugar frio, antigo e feio... O tipo de lugar do qual Tom Riddle geralmente mantinha distância, mas a curiosidade fora mais forte do que ele.

- Você deve ser o amigo do Sr. e da Sra. Campbell, eles me ligaram ontem, dizendo que o senhor viria – a mulher sorriu, mas não conseguiu disfarçar o jeito como examinava Riddle dos pés à cabeça – Disseram que você queria conhecer o Tom.

- Não faço questão de falar com ele, Sra. Cole – o jovem explicou – Quero apenas vê-lo.

- É claro.

A mulher o levou até um cômodo vazio e empoeirado que devia ser um tipo de biblioteca. Tom já estava abrindo a boca para perguntar por que ela o levara até ali, mas ficou quieto ao ver que havia um menino sentado em uma das mesas.

Era exatamente como Charles havia dito... O garoto tinha os mesmos cabelos castanhos escuros, a mesma pele pálida, o mesmo nariz retinho e os mesmos olhos azuis penetrantes. Riddle ainda percebeu que o menino mordia constantemente o lábio inferior enquanto passava os olhos pelas páginas empoeiradas do livro, coisa que ele mesmo fazia o tempo todo quando estava concentrado.

“Você viu o garoto, Tom, e agora?”

- Sra. Cole, tenho que ir embora – o homem murmurou, não querendo chamar a atenção do garoto na biblioteca – Tenho um compromisso, mas muito obrigado por tudo.

- Senhor?

A senhora não viu a expressão perturbada que tomava conta do rosto de Riddle enquanto ele saia apressadamente do orfanato.

***

- O que ele decidiu?

- Vai ficar com o garoto – o homem viu o sorriso aliviado que tomou conta do rosto da esposa – Mas não acho que Tom sinta alguma coisa por ele... Acho que é mais como uma obrigação para ele.

- O tempo vai fazer o seu trabalho quanto à isso, querido – Ellen murmurou – E os pais dele?

- Por que você acha que ele está no telefone há quase quarenta minutos?

Os dois olharam para a porta que dava para a sala de visitas. Tom estava ali dentro há quase uma hora, falando com os pais pelo telefone... A conversa não parecia estar indo muito bem.

- Eu sei o que estou fazendo, pai... Não, não! Eu não estou louco, droga!... Vocês não precisam cuidar dele, é só deixar que algum empregado cuide... Como assim não tem dinheiro para pagar alguém? Vocês têm sei lá quantas pessoas cuidando da casa! É só pedir para que algum deles cuide de um menino... Deixe-me falar com a mãe, por favor... Mãe? É, o nome dele é Tom... É... Não sei como ele é ainda, mas parece ser bem quieto, não vai atrapalhar vocês em nada... É, mãe, um neto...

A voz do amigo ecoava pelo corredor, fazendo com que o casal sorrisse. Ele poderia não estar com muita vontade de tomar conta de um menininho, mas pelo menos estava tentando.

***

- Então o senhor é o pai biológico do Tom? – a Sra. Cole perguntou, erguendo os olhos dos papéis em sua mesa e vendo o homem concordar com a cabeça – Foi o que eu pensei, a semelhança é assustadora... Certo, a papelada já esta toda acertada... Por acaso o senhor quer falar com ele antes de levá-lo para casa?

- Só quero que a senhora acabe com isto logo.

O rosto da mulher se contorceu em uma expressão séria, não aprovando a grosseria daquele homem, mas mesmo assim ela se levantou e foi até o quarto do menino, mandando o pai esperar por ele no hall de entrada.

Riddle ficou olhando em volta nervosamente. O que diabos ele iria dizer para o garoto? “Oi, eu sou seu pai e vou levá-lo para casa mesmo não o conhecendo direito”?

Não demorou muito para que a diretora do orfanato aparecesse, descendo as escadas com uma pequena mala de viagem em uma mão e o garotinho na outra. O olhar do menino recaiu sobre o homem e Riddle sentiu-se totalmente exposto ao ser analisado por aqueles olhos frios.

- Aqui está – a mulher praticamente jogou a mala nos braços do Riddle mais velho e se abaixou para ficar da altura do garoto – Cuide-se, Tom, por favor...

O menino não falou nada, nem demonstrou a menor emoção quando a Sra. Cole o abraçou com força. Quando a mulher se afastou, algumas lágrimas brilhavam em seus olhos... Ela nunca demonstrara isso, mas ela sentia um carinho especial por Tom, afinal, ela cuidara dele desde que ele nascera.

- Adeus, querido – ela deu um beijinho estalado na testa dele antes de se levantar e abrir a porta para os dois saírem – Cuide bem dele, senhor.

O mais velho não respondeu nada, apenas deu um breve aceno para a mulher antes de sair do orfanato, segurando o filho pela mão, e entrar no carro que os esperava.

- Quem é você? – essa fora primeira vez que ele ouvira o menino falar.

- Seu pai.

- Você me adotou, logo, de acordo com a lei, é meu pai – o jovem Tom resmungou, o não pôde deixar de se perguntar se todas as crianças de seis anos falavam daquele jeito – Quero saber o que o senhor era antes de entrar naquele orfanato e me adotar.

- Moro em Little Hangleton, fica há alguns quilômetros daqui, e ajudo os meus pais a cuidarem dos negócios deles – o homem respondeu – E, aliás, eu já era seu pai antes de entrar naquele prédio e adotá-lo...

- Como assim?

- Seu nome é Tom Riddle, certo? – o garoto concordou com a cabeça – É um prazer conhecê-lo, Tom... Eu sou Tom Riddle.